Curta a página oficial do blogger para receber as notificações direto em seu Facebook, além de novidades que serão apenas postadas lá.

Procurando por algo?

0

O Sangue do Olimpo - CAP. XXXVIII

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XXXVIII - Reyna

REYNA NUNCA TINHA FICADO TÃO feliz em ver um ciclope; pelo menos até Tyson botá-los no chão e partir para cima de Leila e Dakota.
— Romanos maus!
— Tyson, espere! — disse Reyna. — Não os machuque!
Tyson franziu a testa, confuso. Ele era pequeno para um ciclope; uma criança, na verdade: pouco mais de dois metros de altura, cabelo castanho emaranhado e coberto de crostas de sal da água do mar. Seu único olho era grande e da cor de melado. Ele usava apenas sunga e uma blusa de pijama de flanela, como se não conseguisse decidir se ia nadar ou dormir. Exalava um cheiro forte de manteiga de amendoim.
— Eles não são maus? — perguntou Tyson.
— Não — disse Reyna. — Estavam apenas cumprindo ordens más. Acho que eles estão arrependidos. Não estão, Dakota?
Dakota levantou os braços tão rápido que mais parecia o Super-Homem prestes a levantar voo.
— Reyna, eu estava tentando avisar você! Leila e eu tínhamos combinado de surpreender Michael ajudando vocês a derrotá-lo.
— Isso mesmo! — Leila quase caiu de costas da amurada. — Mas o ciclope se adiantou e fez isso antes!
— Até parece! — zombou o treinador Hedge.
Tyson espirrou.
— Desculpe. Pelo de bode. Tenho alergia. Nós confiamos em romanos?
— Eu confio — disse Reyna. — Dakota, Leila, vocês entendem qual é a nossa missão?
Leila assentiu.
— Vocês querem devolver a Atena Partenos aos gregos como uma oferta de paz. Por favor, nos deixe ajudar.
— É — Dakota assentiu vigorosamente. — A legião não está nem de perto tão unida quanto Michael afirmou. Não confiamos em todas as forças auxiliares que Octavian reuniu.
Nico deu um riso amargo.
— É um pouco tarde para ter dúvidas. Vocês estão cercados. Assim que o Acampamento Meio-Sangue cair, esses aliados vão se voltar contra vocês.
— Então o que faremos? — perguntou Dakota. — Temos no máximo uma hora antes do nascer do sol.
— Cinco horas e cinquenta e dois minutos — disse Ella, ainda pousada no teto da cabine do convés. — É o horário em que o sol vai nascer no dia primeiro de agosto na costa leste. Horários para meteorologia naval. Uma hora e doze minutos é mais que uma hora.
Dakota lançou um olhar atravessado para a harpia.
— Eu acato a correção.
O treinador Hedge olhou para Tyson.
— Corremos algum risco ao entrarmos no Acampamento Meio-Sangue? Mellie está bem?
Tyson coçou o queixo, pensativo.
— Está bem roliça.
— Mas ela está bem? — insistiu Hedge. — Ainda não deu à luz?
— O parto ocorre no fim do terceiro trimestre — aconselhou Ella. — Página quarenta e três do Guia da mãe de primeira viagem para...
— Eu preciso chegar lá!
Hedge parecia prestes a pular do iate e ir nadando. Reyna pôs a mão em seu ombro.
— Treinador, vamos levar você até sua esposa, mas vamos fazer isso direito. Tyson, como você e Ella chegaram aqui?
— Arco-Íris!
— Vocês... vocês pegaram um arco-íris?
— Meu amigo cavalo-peixe.
— Um cavalo-marinho — corrigiu Nico.
— Entendo — Reyna pensou por um instante. — Você e Ella podem levar o treinador para o acampamento em segurança?
— Claro! — disse Tyson. — Com certeza!
— Ótimo. Treinador, vá encontrar sua esposa. Diga aos campistas que devo levar a Atena Partenos à Colina Meio-Sangue ao amanhecer. É um presente de Roma para a Grécia, para encerrar nossas desavenças. Se eles puderem não atirar em mim nem me derrubar do céu, eu agradeço.
— Pode deixar — disse Hedge. — Mas e a legião romana?
— Isso é um problema — disse Leila com ar sério. — Aqueles onagros vão derrubar vocês.
— Vamos precisar distraí-los — decidiu Reyna. — Algo que atrase o ataque ao Acampamento Meio-Sangue e, de preferência, deixe essas armas fora de combate. Dakota e Leila, suas coortes vão seguir vocês?
— E-eu acho que sim... — gaguejou Dakota. — Mas se pedirmos a eles que cometam traição...
— Não é traição — disse Leila. — Não quando estamos agindo sob ordens diretas de nossa pretora. E Reyna ainda é pretora.
Reyna se virou para Nico.
— Preciso que você vá com Dakota e Leila. Enquanto eles estiverem criando problemas entre as fileiras, tentando retardar o ataque, você tem que dar um jeito de sabotar aqueles onagros.
O sorriso de Nico foi tão sombrio que fez Reyna sentir alívio por ele estar do lado dela.
— Vai ser um prazer. Vamos ganhar tempo para você entregar a Atena Partenos.
— Hã... — Dakota parecia desconfortável. — Digamos que você consiga entregar esse presente aos gregos; o que vai impedir Octavian de destruir a Atena Partenos depois que a estátua tiver sido entregue? Ele tem muito poder de fogo, mesmo sem os onagros.
Reyna olhou para o rosto de marfim de Atena sob o véu da rede de camuflagem.
— Quando a estátua for devolvida aos gregos... acho que vai ser difícil destruí-la. Ela tem muita magia. Só decidiu não usar seu poder ainda.
Leila se abaixou devagar e pegou sua espada, sem tirar os olhos da Atena Partenos.
— Vou confiar na sua palavra. E quanto a Michael, o que fazemos com ele?
Reyna olhou para o semideus havaiano, uma montanha roncando.
— Coloque-o na lancha em que vocês vieram. Não o machuque nem o amarre. Sinto que, no fundo, Michael está do lado certo. Só teve o azar de ser apadrinhado pela pessoa errada.
Nico embainhou sua espada negra.
— Tem certeza disso, Reyna? Não quero deixar você sozinha.
Blackjack relinchou e lambeu o rosto de Nico.
— Argh! Tudo bem, me desculpe — Nico limpou a baba do cavalo. — Reyna não está sozinha. Ela tem uma tropa de pégasos excelentes.
Reyna não teve como não sorrir.
— Vou ficar bem. Com sorte, em breve vamos todos nos reencontrar, a tempo de lutar lado a lado contra as forças de Gaia. Tomem cuidado, e Ave Romae!
Dakota e Leila repetiram a saudação.
Tyson franziu sua única sobrancelha.
— Que ave é essa?
— Significa Avante, romanos — Reyna apertou carinhosamente o braço do ciclope. — Mas também Avante, gregos, sem dúvida. — As palavras soaram estranhas em sua boca.
Ela encarou Nico. Queria abraçá-lo, mas não sabia se ele receberia bem o gesto. Ela estendeu a mão.
— Foi uma honra sair em missão com você, filho de Hades.
Nico apertou-lhe a mão com força.
— Você é a semideusa mais corajosa que eu já conheci, Reyna. Eu... — A voz do menino falhou, talvez por ele perceber que tinha um grande público assistindo. — Não vou decepcioná-la. Vejo você na Colina Meio-Sangue.
O céu começava a clarear no leste quando o grupo se dispersou. Logo Reyna estava no convés do Mi Amor sozinha... exceto pelos oito pégasos e uma estátua de doze metros de altura.
Ela tentou acalmar os nervos. Não podia fazer nada até que Nico, Dakota e Leila tivessem tempo de desestabilizar os planos de ataque da legião, mas odiava ficar parada esperando.
Logo além da linha escura das montanhas, seus companheiros da Décima Segunda Legião se preparavam para um ataque desnecessário. Se Reyna tivesse ficado com eles, poderia tê-los guiado melhor. Poderia ter impedido a ascensão de Octavian. Talvez o gigante Órion tivesse razão: ela havia falhado como pretora.
Reyna se lembrou dos fantasmas nas sacadas de sua casa em San Juan, todos apontando para ela, sussurrando acusações: Assassina. Traidora. Lembrou-se da sensação do sabre de ouro na mão quando acertou o espectro do pai, o rosto dele contorcendo-se em uma expressão de ultraje e traição.
Você é uma Ramírez-Arellano!, seu pai sempre repetia. Nunca abandone seu posto. Nunca baixe a guarda. E, acima de tudo, nunca traia os seus!
Ao ajudar os gregos, Reyna tinha feito tudo isso. O que se esperava de um romano era que destruísse os inimigos. Mas, em vez disso, Reyna se juntara a eles. Deixara sua legião nas mãos de um louco. O que sua mãe diria? Belona, a deusa da guerra...
Blackjack deve ter sentido sua agitação, pois foi até Reyna e esfregou o focinho nela.
Ela o acariciou.
— Não tenho nenhuma guloseima para você, garoto.
Ele bateu a cabeça contra o corpo dela carinhosamente. Nico dissera a Reyna que Blackjack normalmente era a montaria de Percy, mas ele parecia amigável com todo mundo. Tinha levado o filho de Hades sem protestar. E agora estava confortando uma romana.
Ela abraçou o poderoso pescoço do cavalo com os dois braços. A pelagem de Blackjack tinha o mesmo cheiro que a de Scipio, um misto de grama recém-cortada e pão quente. Ela deixou escapar um soluço que estava preso em sua garganta fazia algum tempo. Como pretora, Reyna não podia demonstrar fraqueza nem medo na frente de seus companheiros de luta. Tinha que permanecer forte. Mas, aparentemente, o cavalo não se importava.
Ele relinchou baixinho. Reyna não falava cavalês, mas achou que ele queria dizer: Está tudo bem. Você agiu bem.
Ela olhou para as estrelas, já desbotando no céu.
— Mãe — disse ela — não tenho rezado o suficiente para você. Nunca a conheci. Nunca pedi sua ajuda. Mas, por favor... me dê forças hoje para fazer o que é certo.
Justo nesse momento, um ponto de luz brilhou no horizonte, algo vindo do outro lado do estreito, aproximando-se depressa como se fosse outra lancha.
Por um prolongado momento, Reyna pensou que fosse um sinal de Belona.
A forma escura se aproximava. A esperança de Reyna foi se transformando em medo. Ela esperou e esperou, paralisada pela incredulidade, enquanto a figura se revelava um grande homem correndo em sua direção pela superfície da água.
A primeira flecha acertou Blackjack no flanco. Ele caiu com um guincho de dor.
Reyna gritou, mas, antes que pudesse sequer se mexer, uma segunda flecha se cravou no piso bem entre seus pés. Preso ao cabo havia um pequeno display de LED brilhante, do tamanho de um relógio de pulso, marcando uma contagem regressiva começando em 5:00.
4:59.
4:58.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita. Que tal deixar um comentário?

Percyanaticos BR / baseado no Simple | por © Templates e Acessórios ©2013