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O Sangue do Olimpo - CAP. XXXIII

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XXXIII - Leo

TÍPICO.
Quando Leo finalmente terminou suas modificações, uma grande deusa das tempestades surgiu e arrancou as alças de vela de seu navio. Depois de seu encontro com Cimopo-sei-lá-o-quê, o Argo II se arrastava pelo Egeu. Danificado demais para voar e lento demais para escapar de monstros, eles enfrentavam serpentes-marinhas famintas de hora em hora e atraíam cardumes de peixes curiosos. Em certo momento, ficaram encalhados em uma rocha, e Percy e Jason tiveram que descer e empurrar.
O som resfolegante do motor deixava Leo com vontade de chorar.
Após três longos dias, quando conseguiu botar o navio em condições minimamente decentes de funcionamento, eles atracaram na ilha de Mykonos, o que provavelmente significava que era hora de serem feitos em pedaços outra vez.
Percy e Annabeth desembarcaram para explorar a cidade, enquanto Leo ficou no tombadilho, ajustando o painel de controle. Estava tão envolvido com a fiação que não percebeu a volta dos dois até Percy falar:
— Oi, cara. Gelato.
Seu dia melhorou na hora. Sem tempestades ou ataques de monstros com que se preocupar, a tripulação se sentou no convés e tomou sorvete.
Bem, menos Frank, que tinha intolerância à lactose. Ele ganhou uma maçã.
O dia estava quente, e ventava. O mar agitado reluzia, mas Leo havia consertado os estabilizadores, o que fez com que Hazel não ficasse tão enjoada.
À esquerda de onde o navio estava ancorado ficava a cidade de Mykonos, um conjunto de construções de estuque branco com telhados, janelas e portas azuis.
— Vimos pelicanos andando pela cidade — contou Percy. — Tipo entrando nas lojas, parando nos bares...
Hazel franziu a testa.
— Monstros disfarçados?
— Não — disse Annabeth, rindo. — Pelicanos normais. Eles são as mascotes da cidade, ou algo assim. E ela tem uma parte italiana. Por isso o sorvete é tão bom.
— A Europa é uma bagunça — Leo balançou a cabeça. — Primeiro vamos a Roma atrás de praças espanholas. Depois vamos à Grécia e compramos sorvete italiano.
Mas ele não podia discutir com o gelato. Ele comeu as duas bolas de chocolate e tentou imaginar que ele e os amigos estavam só relaxando, de férias. O que o fez desejar que Calipso estivesse ao seu lado, o que o fez desejar que a guerra tivesse acabado e que todos eles estivessem vivos... o que o deixou triste. Era dia trinta de julho. Menos de quarenta e oito horas para o Dia G, quando Gaia, a Princesa da Lama e da Imundície, ia despertar em toda a sua glória de cara suja.
O estranho era que, quanto mais se aproximavam de primeiro de agosto, mais ânimo seus amigos tinham. Ou talvez ânimo não fosse a palavra certa. Eles pareciam estar se preparando para o último ato, conscientes de que os dois dias seguintes poderiam consagrá-los ou destruí-los. Não fazia sentido ficar se lamuriando quando se estava diante da morte iminente. O fim do mundo fazia com que o sorvete tivesse um gosto muito melhor.
Claro, o resto da tripulação não tinha descido até os estábulos com Leo e conversado com Nice, a deusa da vitória, nos três dias anteriores...
Piper soltou seu potinho de sorvete.
— Então, a ilha de Delos fica do outro lado da baía. A morada de Ártemis e Apolo. Quem vai lá?
— Eu — disse Leo imediatamente.
Todo mundo olhou para ele.
— O que foi? — perguntou ele. — Eu sou diplomático e tal. Frank e Hazel se ofereceram para ir comigo.
— Nós nos oferecemos? — Frank baixou a maçã comida pela metade. — Quer dizer... claro que sim.
Os olhos dourados de Hazel brilharam sob a luz do sol.
— Leo, você teve algum sonho sobre isso ou algo assim?
— Tive — respondeu Leo, depressa. — Bem... não. Não exatamente. Mas... gente, vocês precisam confiar em mim nessa. Eu preciso falar com Apolo e Ártemis. Tenho uma ideia e preciso discuti-la com eles.
Annabeth franziu a testa, como se fosse protestar, mas Jason tomou a palavra.
— Se Leo tem uma ideia — disse ele — precisamos confiar nele.
Leo se sentia culpado em relação a isso, especialmente considerando qual era a ideia, mas ele esboçou um sorriso.
— Valeu, cara.
Percy deu de ombros.
— Tudo bem. Mas tenho um conselho: quando encontrar Apolo, não mencione haicais.
Hazel franziu as sobrancelhas.
— Por que não? Ele não é o deus da poesia?
— Confie em mim.
— Entendido — Leo ficou de pé. — E, gente, se houver uma loja de lembranças em Delos, com certeza vou trazer para vocês bonequinhos de Apolo e Ártemis!

* * *

Apolo não parecia estar no clima para haicais. E também não vendia bonequinhos.
Frank se transformara em uma águia gigante para voar até Delos, mas Leo pegara uma carona com Hazel e Arion. Nada contra Frank, mas depois do fiasco em Forte Sumter, Leo desistira de montar águias gigantes. Ele tinha um índice de falha de cem por cento.
Eles encontraram a ilha deserta, talvez porque o mar estivesse agitado demais para barcos turísticos. As colinas varridas pelos ventos eram áridas, exceto por rochas, grama e flores silvestres, e, é claro, vários templos em ruínas. Os destroços deviam ser impressionantes, mas, depois de Olímpia, Leo já ultrapassara sua cota de ruínas antigas. Ele tinha enjoado de colunas de mármore branco. Queria voltar para os Estados Unidos, onde os prédios mais antigos eram as escolas públicas e o seu bom e velho McDonald’s.
Eles desceram uma avenida margeada por leões de pedra brancos, com as cabeças tão erodidas pelo tempo que quase não era possível ver mais traços.
— É assustador — disse Hazel.
— Está sentindo algum fantasma? — perguntou Frank.
Ela balançou a cabeça.
— A ausência de fantasmas é assustadora. Na Antiguidade, Delos era um local sagrado. Nenhum mortal podia nascer ou morrer aqui. Não há nenhum espírito mortal em toda esta ilha.
— Por mim tudo bem — disse Leo. — Então quer dizer que ninguém tem permissão de nos matar aqui?
— Não foi isso que eu disse — Hazel parou no alto de um monte. — Olhem. Lá embaixo.
Abaixo deles, um anfiteatro havia sido escavado na encosta. Pequenos arbustos brotavam entre as fileiras de assentos de pedra, parecendo um show para espinheiros. No centro, o deus Apolo estava sentado em um bloco de pedra no palco, debruçado sobre um uquelele, no qual dedilhava uma música triste.
Bom, Leo supôs que fosse Apolo. O sujeito parecia ter dezessete anos, com cabelo louro cacheado e um bronzeado perfeito. Ele usava calça jeans rasgada, camiseta preta e um paletó de linho branco com lapelas cintilantes de strass, como se estivesse tentando criar um visual híbrido de Elvis, Ramones e Beach Boys.
Leo não via o uquelele como um instrumento triste. (Patético, com certeza. Mas não triste.) Entretanto, a melodia que o deus tocava era tão melancólica que mexeu com os sentimentos dele.
Havia uma garota de uns treze anos usando legging preta e túnica prateada sentada na primeira fila. O cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo. Ela estava entalhando um pedaço comprido de madeira... fazendo um arco.
— Aqueles ali são os deuses? — perguntou Frank. — Mas eles não parecem gêmeos.
— Ora, pense bem — disse Hazel. — Se você é um deus, pode ter a aparência que quiser. Se tivesse um irmão gêmeo...
— Eu ia escolher me parecer com qualquer coisa menos meu irmão — concordou Frank. — Então qual é o plano?
— Não atirem! — gritou Leo.
Parecia um bom começo diante de dois deuses arqueiros. Ele ergueu os braços e se aproximou do palco.
Nenhum dos deuses pareceu surpreso ao vê-los.
Apolo deu um suspiro e voltou a tocar seu uquelele.
Quando eles chegaram à primeira fila, Ártemis resmungou:
— Aí estão vocês. Estávamos começando a ficar preocupados.
Isso fez Leo relaxar um pouco. Ele estava prestes a se apresentar, explicar que vieram em paz, contar algumas piadas e oferecer balas de menta.
— Então vocês estavam nos esperando — disse Leo. — Dá para perceber pelo nível de empolgação.
Apolo tocou uma melodia que parecia a versão fúnebre de “Camptown Races”.
— Estávamos esperando ser encontrados, perturbados e atormentados. Só não sabíamos por quem. Vocês não podem nos deixar sofrer em paz?
— Você sabe que não, irmão — interveio Ártemis. — Eles precisam de nossa ajuda em sua missão, mesmo que suas chances sejam quase nulas.
— Vocês dois são muito encorajadores — disse Leo. — Mas, afinal, por que estão escondidos aqui? Vocês não deviam... sei lá, estar combatendo gigantes ou algo assim?
Os olhos pálidos de Ártemis fizeram Leo se sentir como um veado prestes a ser devorado.
— Delos é nossa terra natal — disse a deusa. — Aqui não somos afetados pelo cisma greco-romano. Acredite em mim, Leo Valdez, se eu pudesse, estaria com minhas Caçadoras, enfrentando nosso velho inimigo Órion. Infelizmente, se eu sair desta ilha, ficarei incapacitada pela dor. Tudo o que posso fazer é assistir, impotente, enquanto Órion massacra minhas companheiras. Muitas deram a vida para proteger seus amigos e aquela maldita estátua de Atena.
Hazel soltou um gritinho.
— Está falando de Nico? Ele está bem?
— Bem? — Apolo começou a chorar em cima de seu uquelele. — Nenhum de nós está bem, menina! Gaia está despertando!
Ártemis olhou de relance para Apolo.
— Hazel Levesque, seu irmão ainda está vivo. Ele é valente, assim como você. Eu gostaria de poder dizer o mesmo do meu irmão.
— Você está errada a meu respeito! — gemeu Apolo. — Eu fui enganado por Gaia e aquele garoto romano horrível!
Frank pigarreou.
— Hum, senhor Apolo, você está falando de Octavian?
— Não diga o nome dele! — Apolo tocou um acorde menor. — Ah, Frank Zhang, queria que você fosse meu filho. Eu ouvi suas preces, sabia? Todas aquelas semanas em que você queria ser reclamado. Mas, infelizmente, Marte fica com todos os bons. Eu fico com... aquela criatura como meu descendente. Ele encheu minha cabeça de elogios... Falou dos grandes templos que ia erguer em minha honra.
Ártemis fungou.
— Você é bajulado com muita facilidade, irmão.
— Porque eu tenho muitas qualidades maravilhosas para louvar! Octavian disse que iria tornar os romanos poderosos novamente. E eu só concordei! E dei a ele minha bênção.
— Pelo que me lembro — disse Ártemis — ele também prometeu fazer de você o deus mais importante, acima até de Zeus.
— Como eu poderia recusar uma oferta dessas? Zeus tem um bronzeado perfeito? Ele sabe tocar uquelele? Acho que não! Mas nunca imaginei que Octavian fosse começar uma guerra! Gaia devia estar turvando meus pensamentos, sussurrando mentiras em meu ouvido.
Leo se lembrou do sujeito maluco dos ventos, Éolo, que se tornou homicida após ouvir a voz de Gaia.
— Então resolva isso! — disse Leo. — Diga a Octavian para parar. Ou, você sabe, atire uma de suas flechas nele. Isso também serviria.
— Não posso! — lamentou Apolo. — Veja!
O uquelele se transformou em um arco. Ele o apontou para o céu e disparou. A flecha dourada subiu cerca de sessenta metros, depois virou fumaça.
— Para usar meu arco, eu teria que sair de Delos — lamentou Apolo. — Mas eu ficaria incapacitado, ou Zeus iria me matar. Meu pai jamais gostou de mim. Ele não confia em mim há milênios!
— Bem — disse Ártemis — para ser justa, teve aquela vez em que você conspirou com Hera para derrubá-lo.
— Isso foi um mal-entendido!
— E você matou alguns dos ciclopes de Zeus.
— Tive um bom motivo! De qualquer forma, agora Zeus me culpa por tudo: as armações de Octavian, a queda de Delfos...
— Espere aí. — Hazel fez um sinal pedindo tempo. — A queda de Delfos?
O arco de Apolo se transformou outra vez no uquelele. Ele tocou um acorde dramático.
— Quando o problema entre as personalidades grega e romana começou, eu fiquei muito confuso, e Gaia se aproveitou disso! Ela despertou meu velho inimigo, Píton, a grande serpente, para retomar o Oráculo de Delfos. Aquela criatura horrenda está lá agora habitando as cavernas antigas, bloqueando a magia da profecia. E eu estou preso aqui, por isso nem posso enfrentá-lo.
— Que droga — disse Leo, apesar de, em segredo, achar que a ausência de profecias talvez fosse uma coisa boa. Sua lista de tarefas já estava bem grande.
— Uma droga mesmo! — Apolo suspirou. — Zeus já estava com raiva de mim por indicar aquela garota nova, Rachel Dare, como meu oráculo. Meu pai achou que, ao fazer isso, eu antecipei a guerra com Gaia, pois, assim que dei a Rachel minha bênção, ela anunciou a Profecia dos Sete. Mas as profecias não funcionam assim! Meu pai só precisava de um bode expiatório. Então, é claro que ele escolheu o deus mais bonito, mais talentoso e, com certeza, mais incrível.
Ártemis fingiu que ia vomitar.
— Ah, não venha com essa, irmã! — exclamou Apolo. — Você também está enrascada!
— Só porque eu contrariei os desejos de Zeus e mantive contato com minhas Caçadoras — disse Ártemis. — Mas sempre posso convencer papai a me perdoar. Ele nunca conseguiu ficar com raiva de mim por muito tempo. É com você que estou preocupada.
— Eu também estou preocupado comigo! — concordou Apolo. — Precisamos fazer alguma coisa. Não temos como matar Octavian. Humm. Talvez devêssemos matar estes semideuses.
— Ei, Cara da Música, calma aí. — Leo conteve a vontade de se esconder atrás de Frank e gritar: Quero ver você enfrentar este canadense grandão aqui! — Estamos do seu lado, lembra? Por que você iria nos matar?
— Talvez faça com que eu me sinta melhor! — exclamou Apolo. — Preciso fazer alguma coisa!
— Você podia nos ajudar — disse Leo rapidamente. — Então, temos um plano...
Ele lhes contou que Hera havia orientado que fossem a Delos e obtivessem os ingredientes da cura do médico que Nice revelara.
— A cura do médico? — Apolo se levantou e destruiu o uquelele nas pedras. — É esse o seu plano?
Leo levantou as mãos.
— Ei, hum, normalmente sou totalmente a favor de destruir uqueleles, mas é que...
— Eu não posso ajudar! — exclamou Apolo. — Se eu contasse a vocês o segredo da cura do médico, Zeus jamais me perdoaria!
— Você já está com problemas — observou Leo. — Não pode ficar pior do que já está.
Apolo olhou para ele.
— Se soubesse do que meu pai é capaz, mortal, você não faria essa pergunta. Seria mais simples se eu apenas matasse todos vocês. Talvez isso agrade a Zeus...
— Irmão... — chamou Ártemis.
Os gêmeos se encararam e tiveram uma discussão silenciosa.
Aparentemente, Ártemis venceu. Apolo soltou um grande suspiro e chutou o uquelele quebrado para o outro lado do palco.
Ártemis se levantou.
— Hazel Levesque, Frank Zhang, venham comigo. Há coisas que vocês devem saber sobre a Décima Segunda Legião. Quanto a você, Leo Valdez... — A deusa mirou os olhos prateados e frios nele. — Apolo vai ouvi-lo. Veja se vocês conseguem chegar a um acordo. Meu irmão gosta de uma boa negociação.
Frank e Hazel olharam para ele como quem diz Por favor, não morra. Depois, subiram os degraus do anfiteatro atrás de Ártemis e desceram pelo outro lado do monte.
— E então, Leo Valdez? — Apolo cruzou os braços. Seus olhos tinham um brilho dourado. — Vamos negociar. O que tem a oferecer que poderia me convencer a ajudá-lo em vez de matá-lo?

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