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O Sangue do Olimpo - CAP. XXXII

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XXXII - Nico

— TRÊS DIAS?
Nico não sabia se tinha ouvido direito nas primeiras doze vezes.
— Não podíamos mover você — disse Reyna. — Quer dizer... literalmente, não tinha como, pois você praticamente não possuía substância. Se não fosse pelo treinador Hedge...
— Não foi nada de mais — garantiu o treinador. — Uma vez, durante um jogo decisivo de futebol americano, tive que fazer uma tala para a perna do quarterback apenas com galhos de árvore e fita adesiva.
Apesar do tom casual, o treinador exibia olheiras profundas. Suas faces estavam encovadas. Ele parecia tão mal quanto Nico. Nico não conseguia acreditar que tinha ficado tanto tempo inconsciente. Ele contou aos amigos sobre os sonhos estranhos que tivera: os murmúrios da harpia Ella, a visão da ninfa Mellie (o que deixou o treinador preocupado). Para Nico parecia que aquelas visões tinham durado apenas segundos. Segundo Reyna, era a tarde de trinta de julho. Ele tinha passado dias em uma espécie de coma.
— Os romanos vão atacar o Acampamento Meio-Sangue depois de amanhã — Nico bebeu mais Gatorade, que desceu bem e gelado, mas sem sabor. Suas papilas gustativas pareciam ter desaparecido para sempre no mundo das sombras. — Temos que correr. Eu preciso me preparar.
— Não — Reyna pressionou de leve o braço dele, produzindo um craquelado nos curativos. — Mais uma viagem nas sombras e você morre.
Ele cerrou os dentes.
— Se eu morrer, morri e pronto. Temos que levar a estátua para o Acampamento Meio-Sangue.
— Ei, garoto — disse o treinador. — Admiro sua dedicação, mas não vai adiantar nada se você nos levar para a escuridão eterna com a Atena Partenos. Nesse ponto Bryce Lawrence estava certo.
À menção de Bryce, os cães metálicos de Reyna levantaram as orelhas e rosnaram.
Reyna lançou um olhar cheio de angústia para o dólmen, como se mais espíritos indesejáveis pudessem emergir das pedras.
Nico respirou fundo, o cheiro do remédio caseiro de Hedge preencheu suas narinas.
— Reyna, eu... eu agi sem pensar. O que fiz com Bryce...
— Você o destruiu — disse Reyna. — Transformou-o em um fantasma. E, sim, foi como o que aconteceu com meu pai.
— Não era minha intenção assustar você — disse Nico, amargurado. — Eu não queria... estragar mais uma amizade. Me desculpe.
Reyna observou o rosto dele.
— Nico, tenho que admitir que durante o primeiro dia em que você ficou inconsciente, eu não sabia o que pensar nem sentir. O que você fez foi difícil de ver... difícil de processar.
O treinador Hedge mascava um graveto.
— Sou forçado a concordar com ela nesse ponto, garoto. Uma coisa é acertar alguém na cabeça com um taco de beisebol. Mas transformar aquele ser detestável em fantasma? Foi bem sinistro.
Nico achou que fosse sentir raiva, gritar com eles por tentarem julgá-lo. Era isso o que ele normalmente fazia. Mas sua raiva não se concretizava. Ele ainda estava furioso com Bryce Lawrence e Gaia e os gigantes. Queria encontrar Octavian e estrangulá-lo com o próprio cinto do áugure. Mas não estava com raiva de Reyna nem do treinador.
— Por que vocês me trouxeram de volta? — perguntou ele. — Vocês sabiam que eu não poderia ajudá-los mais. Podiam ter encontrado outro jeito de seguir em frente com a estátua. Mas desperdiçaram três dias cuidando de mim. Por quê?
O treinador Hedge bufou.
— Você faz parte da equipe, seu idiota. Não vamos abandonar você.
— É mais que isso — Reyna pôs a mão sobre a de Nico. — Enquanto você dormia, eu pensei muito. Aquilo que lhe contei sobre meu pai... Nunca tinha contado a ninguém. Acho que eu sabia que você era a pessoa certa com quem me abrir. Você aliviou o meu fardo. Eu confio em você, Nico.
Ele a encarou, desconcertado.
— Como pode confiar em mim? Vocês dois sentiram minha raiva, viram meus piores sentimentos...
— Ei, garoto — disse o treinador Hedge com um tom de voz mais suave. — Todo mundo sente raiva. Até um fofo como eu.
Reyna abriu um meio sorriso e apertou a mão de Nico.
— Ele tem razão, Nico. Você não é o único que libera escuridão de vez em quando. Eu lhe contei o que aconteceu com meu pai, e você me apoiou. Você revelou suas experiências mais dolorosas; como poderíamos não lhe dar apoio? Somos seus amigos.
Nico não sabia o que dizer. Eles tinham visto seus segredos mais profundos. Sabiam quem ele era, o que ele era.
Mas pareciam não se importar. Não... na verdade, importavam-se ainda mais com ele.
Aqueles dois não o julgavam. Estavam preocupados. Nada daquilo fazia sentido para Nico.
— Mas, Bryce, eu... — Nico não conseguiu continuar.
— Você fez o que tinha que ser feito. Eu agora sei disso — disse Reyna. — Mas prometa uma coisa: se pudermos evitar, nada de transformar pessoas em fantasmas.
— É — disse o treinador. — A menos que você me deixe bater nelas primeiro. Além disso, temos boas notícias também.
Reyna assentiu.
— Não vimos nenhum sinal de outros romanos, o que nos leva a concluir que Bryce não avisou a mais ninguém onde estávamos. Também nenhum sinal de Órion. Vamos torcer para que isso signifique que as Caçadoras deram um jeito nele.
— E quanto a Hylla? — perguntou Nico. — E Thalia?
Reyna franziu os lábios.
— Nenhuma notícia. Mas preciso acreditar que ainda estão vivas.
— Você não contou a ele a melhor notícia — disse o treinador, ansioso.
Reyna franziu a testa.
— Talvez porque seja difícil demais de acreditar. O treinador Hedge acha que encontrou outro jeito de transportar a estátua. Ele passou os últimos três dias falando nisso. Mas até agora não vimos nem sinal do...
— Ei, vai acontecer! — O treinador sorriu para Nico. — Você se lembra daquele aviãozinho de papel que eu recebi antes de o Desprezível-Mor Lawrence aparecer? Era uma mensagem de um dos contatos de Mellie no palácio de Éolo. Tem uma harpia chamada Nuggets; ela e Mellie são amigas há muito tempo. Enfim... ela conhece um cara que conhece um cara que conhece um cavalo que conhece um bode que conhece outro cavalo...
— Treinador — reclamou Reyna — desse jeito ele vai se arrepender de ter saído do coma.
— Está bem. — O sátiro bufou de irritação. — Resumindo: tive que mexer vários pauzinhos. Consegui avisar aos espíritos do vento legais que precisávamos de ajuda. Sabe a carta que eu comi? Era a confirmação de que a cavalaria está a caminho. Eles disseram que precisavam de algum tempo para se organizar, mas logo ele deve estar chegando... na verdade, a qualquer minuto.
— Quem é ele? — perguntou Nico. — Que cavalaria?
Reyna se levantou de repente. Ao olhar para o norte, ficou de queixo caído.
— Aquela cavalaria...
Nico acompanhou seu olhar. Viu um bando de aves no horizonte... aves grandes.
À medida que elas se aproximavam, Nico percebeu que eram cavalos com asas, pelo menos meia dúzia deles, em formação em V. Nenhum cavaleiro os montava.
Na frente voava um garanhão enorme, de pelo dourado e plumagem multicolorida como a de uma águia. Sua envergadura era duas vezes maior que a dos outros.
— Pégasos — disse Nico. — E muitos. O suficiente para carregarem a estátua.
O treinador riu de prazer.
— E não só pégasos quaisquer, garoto. Você vai ter uma grande surpresa.
— O garanhão na frente... — Reyna balançava a cabeça, sem acreditar. — Aquele é o Pégaso, o senhor imortal dos cavalos.

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