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O Sangue do Olimpo - CAP. XXXI

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XXXI - Nico

MAIS TARDE, CONTARAM A ELE o que tinha acontecido. Nico só se lembrava de gritar.
Segundo Reyna, o ar em volta dele congelou. O chão enegreceu. Com um grito medonho, ele lançou uma onda de dor e raiva que varreu a todos na clareira. Reyna e o treinador vivenciaram a jornada de Nico pelo Tártaro, sua captura pelos gigantes, os dias que ele ficara dentro do jarro de bronze. Sentiram a angústia de Nico nos dias passados no Argo II e seu encontro com Cupido nas ruínas de Salona. Ouviram o desafio não verbal que ele dirigia a Bryce Lawrence, em alto e bom som: Você quer segredos? Então tome.
Os spartoi se desintegraram, desfazendo-se em cinzas. As pedras do monumento funerário ficaram brancas, cobertas de gelo. Bryan Lawrence cambaleou, as mãos na cabeça, o nariz sangrando.
Nico marchou na direção dele. Ao alcançá-lo, pegou o cordão de probatio do romano e o arrancou do pescoço dele.
— Você não é digno disso — disse Nico com raiva.
A terra se abriu aos pés de Bryce, e ele afundou até a cintura.
— Pare!
Bryce tentou se segurar na terra e nos buquês de plástico, mas seu corpo continuava afundando.
— Você fez um juramento à legião — no frio, a respiração de Nico saía em forma de vapor. — Você violou seus votos. Causou dor. Matou o próprio centurião.
— Eu... eu não o matei! Eu...
— Você deveria ter morrido por seus crimes — prosseguiu Nico. — Essa era a pena. Mas não, você foi exilado. Você deveria ter ficado lá, longe. Seu pai, Orco, pode não aprovar a quebra de juramentos, mas meu pai com certeza não aprova aqueles que escapam de sua devida punição.
— Por favor!
Aquela expressão não fazia sentido para Nico. Não havia piedade no Mundo Inferior. Apenas justiça.
— Você já está morto — disse Nico. — É um fantasma sem língua, sem memória. Não vai revelar nenhum segredo.
— Não! — O corpo de Bryce ficou escuro e enfumaçado. Ele afundou na terra até o peito. — Não, eu sou Bryce Lawrence! Eu estou vivo!
— Quem é você? — perguntou Nico.
O som seguinte que saiu da boca de Bryce foi um sussurro indefinido. Seu rosto perdeu a definição. Ele podia ser qualquer um; apenas mais um espírito sem nome entre milhões.
— Desapareça — ordenou Nico.
O espírito se dissipou. A terra se fechou.
Nico olhou para trás e viu que os amigos estavam a salvo. Reyna e Hedge não tiravam os olhos dele, horrorizados. O rosto de Reyna sangrava. Aurum e Argentum giravam em círculos, como se seus cérebros mecânicos tivessem entrado em curto-circuito.
Nico desmaiou.

* * *

Os sonhos não faziam sentido algum, o que era quase um alívio.
Um bando de corvos voava em círculos no céu escuro. Depois as aves se transformavam em cavalos que galopavam na praia em meio à arrebentação das ondas.
Ele viu Bianca sentada no pavilhão do refeitório do Acampamento Meio-Sangue com as Caçadoras de Ártemis, sorrindo e se divertindo com seu novo grupo de amigas. Então Bianca se transformava em Hazel, que dava um beijo no rosto do irmão e dizia:
— Quero que você seja uma exceção.
Ele viu a harpia Ella com o cabelo vermelho emaranhado, as penas vermelhas e os olhos que pareciam café torrado. Estava empoleirada no sofá da sala da Casa Grande. Ao lado dela estava a cabeça empalhada mágica de Seymour. Ella balançava para a frente e para trás, dando Cheetos para o leopardo.
— Queijo não é bom para harpias — resmungava ela. Depois seu rosto se retorcia, e ela recitava uma das linhas de profecia que havia memorizado: — A queda do sol, o último verso. — Ela dava mais Cheetos para Seymour. — Queijo é bom para cabeças de leopardo.
E Seymour concordava com um rosnado.
Ella então se transformava em uma ninfa das nuvens de cabelo negro e de gravidez avançada, retorcendo-se de dor em um dos beliches do acampamento. Clarisse La Rue, sentada ao lado dela, passava um pano úmido fresco na testa da ninfa.
— Você vai ficar bem, Mellie — dizia Clarisse, apesar do tom de preocupação na voz.
— Não, não está nada bem! — gemia Mellie. — Gaia está despertando!
Outra cena. Nico com Hades em Berkeley Hills no dia em que o pai o levara pela primeira vez ao Acampamento Júpiter.
— Vá até eles — ordenava o deus. — Apresente-se como filho de Plutão. É importante que você atue como um elo.
— Por quê? — perguntava Nico.
Mas Hades se dissolvia no ar. Nico se via outra vez no Tártaro, diante de Akhlys, a deusa da miséria. Pelo rosto dela escorria sangue. De seus olhos brotavam lágrimas, que caíam no escudo de Hércules em seu colo.
— Filho de Hades, o que mais eu poderia fazer por você? Você é perfeito! Tanto pesar e sofrimento!
Nico arfou.
Então abriu os olhos de uma vez.
Estava estirado de costas, fitando a luz do sol que jorrava sobre os galhos das árvores.
— Graças aos deuses.
Reyna se debruçou sobre ele e tocou sua testa com a mão fria. Não havia mais vestígios do corte no rosto dela.
O treinador Hedge estava ao lado de Reyna com uma expressão séria.
Para infelicidade de Nico, dali de baixo ele tinha uma vista completa do interior das narinas do sátiro.
— Ótimo — disse Hedge. — Só mais algumas aplicações.
Ele então colocou sobre o nariz de Nico uma grande atadura quadrada coberta com uma gosma marrom.
— O que é...? Urgh.
A gosma fedia a adubo misturado com lascas de cedro, suco de uva e um leve toque de fertilizante. Nico não tinha forças para tirar aquilo do rosto.
Seus sentidos voltaram a funcionar outra vez. Ele percebeu que se encontrava deitado sobre um saco de dormir fora da barraca. Estava só de cueca e com o corpo coberto de curativos marrons. A lama quase seca fazia seus braços, pernas e peito coçarem.
— Você está... está tentando me plantar? — murmurou ele.
— É medicina do esporte com um pouco de magia da natureza — explicou o treinador. — Uma espécie de hobby.
Nico tentou se concentrar no rosto de Reyna.
— Você aprovou isso?
Ela parecia prestes a desmaiar de exaustão, mas conseguiu abrir um sorriso.
— O treinador Hedge trouxe você de volta, e foi por pouco. Poção de unicórnio, ambrosia, néctar... não podíamos usar nada disso. Você estava praticamente desaparecendo.
— Desaparecendo...?
— Não se preocupe com isso agora, garoto — Hedge aproximou um canudinho da boca de Nico. — Beba um pouco de Gatorade.
— Não... não quero...
— Você precisa beber um pouco — insistiu o treinador.
Nico tomou uns goles. Ficou surpreso ao ver como estava com sede.
— O que aconteceu comigo? — perguntou o menino. — E com Bryce... e aqueles esqueletos...?
Reyna e o treinador trocaram um olhar constrangido.
— Temos boas e más notícias — disse Reyna. — Mas primeiro coma alguma coisa. Você precisa recuperar as forças antes de ouvir as más.

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