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O Sangue do Olimpo - CAP. XXVIII

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XXVIII - Jason

— VENENO É UM VÍCIO FEIO. — A um gesto de Cimopoleia, as nuvens turvas se dissiparam. — Veneno de segunda mão pode matar uma pessoa, sabia?
Jason também não gostava de veneno de primeira, mas resolveu não mencionar isso. Ele cortou a rede para libertar Percy e o apoiou contra a parede do templo, envolvendo-o no casulo de ar do ventus. O oxigênio estava ficando rarefeito, mas Jason tinha a esperança de que isso ajudasse a expelir o veneno dos pulmões dele.
Pareceu funcionar: Percy se dobrou para a frente e começou a ter ânsias de vômito.
— Ugh, obrigado.
Jason suspirou de alívio.
— Você me deixou preocupado, cara.
Percy piscou repetidas vezes, os olhos ainda fora de foco.
— Ainda estou um pouquinho confuso. Mas você... você prometeu fazer um action figure da Cimopoleia?
A deusa assomou sobre eles.
— Ele prometeu, sim. E eu espero que cumpra.
— Eu vou cumprir — disse Jason. — Quando ganharmos esta guerra, vou garantir que todos os deuses sejam reconhecidos. — Ele pôs a mão no ombro de Percy. — Meu amigo aqui começou esse processo no verão passado. Ele fez os olimpianos prometerem dar mais atenção a vocês.
Leia fez uma expressão de escárnio.
— Sabemos quanto vale a promessa de um olimpiano.
— E é por isso que eu vou garantir que nenhum dos deuses seja esquecido, nos dois acampamentos. Talvez eles ganhem templos, chalés ou pelo menos santuários...
— Ou cards colecionáveis — sugeriu Leia.
— Claro — Jason sorriu. — Vou servir de ligação entre os dois acampamentos até que isso esteja resolvido.
Percy soltou um assovio.
— Você está falando de dezenas de deuses.
— Centenas — corrigiu Leia.
— Então, bem... — disse Jason. — Pode demorar um pouco. Mas você vai ser a primeira da lista, Cimopoleia... a deusa das tempestades que decapitou um gigante e salvou nossa missão.
Leia acariciou seu cabelo de água-viva.
— Está bem assim — ela olhou para Percy. — Apesar de eu sentir muito por não vê-lo morrer.
— Ouço muito esse comentário — disse Percy. — Agora, e em relação a nosso navio...?
— Ainda está inteiro — confirmou a deusa. — Não em grande forma, mas deve conseguir chegar a Delos.
— Obrigado — disse Jason.
— É — falou Percy. — E na verdade Briareu, seu marido, é um sujeito legal. Você devia dar uma chance a ele.
A deusa apanhou seu disco de bronze.
— Não abuse da sorte, irmão. Briareu tem cinquenta caras, e todas são feias. Tem cem mãos, e mesmo assim não faz nada direito em casa.
— Tudo bem — cedeu Percy. — Não vou abusar da sorte.
Leia virou o disco, revelando correias do outro lado, como em um escudo. Ela o jogou sobre o ombro, estilo Capitão América.
— Vou acompanhar seu progresso. Polibotes não estava se vangloriando quando alertou que seu sangue vai despertar a Mãe Terra. Os gigantes estão muito confiantes nisso.
— Meu sangue, especificamente? — perguntou Percy.
O sorriso de Leia ficou ainda mais assustador que o normal.
— Eu não sou um oráculo, mas ouvi o que o vidente Fineu contou a você em Portland. Há um sacrifício pela frente que talvez você não tenha a coragem de fazê-lo, e isso vai lhe custar o mundo. Você ainda precisa enfrentar seu defeito fatal, meu irmão. Olhe ao redor. Toda a obra de deuses e homens um dia acaba em ruínas. Não seria mais fácil fugir para as profundezas com aquela sua namorada?
Percy se apoiou no ombro de Jason e se levantou.
— Juno me ofereceu uma escolha como essa quando eu encontrei o Acampamento Júpiter. Vou dar a você a mesma resposta: eu não fujo quando meus amigos precisam de mim.
Leia levantou as mãos para o ar.
— E esse é o seu defeito, não conseguir se afastar. Vou me retirar para as profundezas e assistir ao desenrolar desta batalha. As forças do oceano também estão em guerra, sabia? Sua amiga Hazel Levesque causou uma impressão e tanto nas sereias e nos tritões, e também em seus mentores, Afros e Bitos.
— Os sujeitos homem-peixe — murmurou Percy. — Eles não quiseram me conhecer.
— Agora mesmo eles estão lutando uma guerra por sua causa — disse Leia. — Tentando manter os aliados de Gaia longe de Long Island. Se vão sobreviver ou não... isso ainda não sabemos. E em relação a você, Jason Grace, seu caminho não será mais fácil do que o dele. Você será enganado. Vai sofrer uma perda insuportável.
Jason se segurou para não soltar raios. Não sabia se o coração de Percy aguentaria o choque.
— Leia, você disse que não é um oráculo, mas deveria trabalhar com isso. Você é com certeza deprimente o bastante.
A deusa soltou sua risada de golfinho.
— Você me diverte, filho de Júpiter. Espero que viva para derrotar Gaia.
— Obrigado — disse ele. — Alguma dica para derrotar uma deusa que não pode ser derrotada?
Cimopoleia inclinou a cabeça.
— Ah, mas você sabe a resposta. Você é um filho do céu, tem tempestades no sangue. Um deus primordial já foi derrotado antes. Você sabe de quem estou falando.
As entranhas de Jason começaram a se revirar mais rápido que o ventus.
— Urano, o primeiro deus do céu. Mas isso significa...
— Sim — os traços sobrenaturais de Leia assumiram uma expressão que quase lembrava simpatia. — Vamos torcer para que não chegue a isso. Se Gaia realmente despertar... bem, sua tarefa não vai ser fácil. Mas, se vocês vencerem, lembre-se de sua promessa, pontifex.
Jason levou um momento para processar as palavras dela.
— Eu não sou um sacerdote.
— Não? — Os olhos de Leia brilharam. — Mudando de assunto: seu criado ventus diz que deseja ser libertado. Como ele o ajudou, espera que você o solte quando chegarem à superfície. Ele promete não incomodá-lo uma terceira vez.
— Uma terceira vez?
Leia fez uma pausa, como se estivesse escutando.
— Ele diz que se juntou à tempestade lá em cima para se vingar, mas que, se soubesse quanto você ficou forte desde o Grand Canyon, nunca teria se aproximado do seu navio.
— O Grand Canyon... — Jason se lembrou do dia na passarela Skywalk, quando um de seus colegas de turma idiotas se revelou ser um espírito do vento. — Dylan? Você está de brincadeira comigo? Eu estou respirando o Dylan?
— Está — disse Leia. — Parece que esse é o nome dele.
Jason sentiu um calafrio.
— Vou libertá-lo assim que chegarmos à superfície, sem problemas.
— Adeus, então — disse a deusa. — E que as Parcas sorriam para vocês... isto é, se elas sobreviverem.

* * *

Eles precisavam sair dali.
Jason estava ficando sem ar (ar de Dylan... eca), e todos no Argo II deviam estar preocupados com eles.
Mas Percy ainda estava zonzo por causa do veneno, então os dois se sentaram na borda da cúpula dourada em ruínas por alguns minutos para que ele recuperasse o fôlego... ou a água, ou o que quer que um filho de Poseidon recuperasse no fundo do oceano.
— Obrigado, cara — disse Percy. — Você salvou minha vida.
— Ei, é isso que os amigos fazem.
— Mas, hum, o cara de Júpiter salvar o de Poseidon no fundo do oceano... será que podemos manter esse detalhe entre nós? Senão eu nunca vou parar de ouvir falar nisso.
Jason sorriu.
— Fechado. Como está se sentindo?
— Melhor. Eu... eu tenho que admitir que quando estava sufocando com o veneno, pensei em Akhlys, a deusa da miséria no Tártaro. Eu quase a destruí com veneno — ele sentiu um calafrio. — Eu me senti bem, mas de um jeito ruim. Se Annabeth não tivesse me impedido...
— Mas ela impediu — disse Jason. — Isso é outra coisa que os amigos têm que fazer uns pelos outros.
— É... O problema é que, enquanto eu estava sufocando, não parava de pensar: isso é o troco por Akhlys. As Parcas estão me deixando morrer da mesma maneira que eu tentei matar aquela deusa. E... honestamente, parte de mim sentiu que eu merecia. Por isso não tentei controlar o veneno do gigante e afastá-lo de mim. Isso deve parecer loucura.
Jason se lembrou de Ítaca, quando entrou em desespero por causa da visita do espírito de sua mãe.
— Não, acho que eu entendo.
Percy observou seu rosto. Quando Jason parou de falar, Percy mudou de assunto:
— O que Leia quis dizer sobre derrotar Gaia? Você mencionou Urano...
Jason olhou para o lodo que se acumulava em torno das colunas do velho palácio em ruínas.
— O deus do céu... os titãs o derrotaram chamando-o à terra. Eles o tiraram de seu território, o emboscaram, o prenderam e o cortaram em pedaços.
Parecia que o enjoo de Percy estava voltando.
— Como faremos isso com Gaia?
Jason lembrou-se de um verso da profecia: Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado. Ele agora tinha uma ideia do que aquilo significava... mas se estivesse certo, Percy não poderia ajudar. Na verdade, ele poderia, sem querer, tornar as coisas ainda piores.
Eu não fujo quando meus amigos precisam de mim, dissera Percy.
E esse é o seu defeito, alertara Leia. Não conseguir se afastar.
Era dia vinte e sete de julho. Em cinco dias, Jason ia descobrir se tinha razão.
— Vamos a Delos primeiro — disse ele. — Apolo e Ártemis podem ter algum conselho para nós.
Percy assentiu, apesar de não parecer satisfeito com essa resposta.
— Por que Leia chamou você de Pontiac?
O riso de Jason literalmente limpou o ar.
— Pontifex. Significa sacerdote.
— Ah. — Percy franziu a testa. — Ainda parece uma marca de carro. O novo Pontifex XLS. Você vai ter que usar um colarinho branco e abençoar as pessoas?
— Não. Os romanos tinham um pontifex maximus, que supervisionava todos os sacrifícios apropriados e coisas assim, para garantir que nenhum dos deuses ficasse com raiva. O que eu me ofereci para fazer... acho que parece o trabalho de um pontifex.
— Então você estava falando sério? — perguntou Percy. — Vai mesmo tentar construir templos para todos os deuses menores?
— Vou. Na verdade, nunca havia pensado nisso antes, mas gosto da ideia de ser a ligação entre os acampamentos; supondo, você sabe, que estejamos vivos depois da semana que vem e que os dois acampamentos ainda existam. O que você fez ano passado no Olimpo, recusando a imortalidade e em vez disso pedindo aos deuses que fossem mais legais... aquilo foi muito nobre, cara.
Percy resmungou.
— Acredite, às vezes eu me arrependo dessa escolha. Ah, você quer recusar nossa oferta? Tudo bem! ZAP! Perca a memória! Vá para o Tártaro!
— Você fez o que um herói deveria fazer. Eu o admiro por isso. O mínimo que posso fazer, se sobrevivermos, é dar continuidade a esse trabalho, garantir que todos os deuses tenham algum reconhecimento. Se os deuses se entenderem melhor, talvez possamos impedir que mais guerras aconteçam. Quem sabe?
— Isso com toda a certeza seria bom — concordou Percy. — Sabe, você parece diferente... um diferente bom. Seu ferimento ainda dói?
— Meu ferimento...
Jason ficara tão ocupado com o gigante e a deusa que tinha se esquecido do ferimento em sua barriga, apesar de apenas uma hora antes estar morrendo na enfermaria do navio.
Ele levantou a camisa e tirou os curativos. Nenhuma fumaça. Nenhum sangramento. Nenhuma cicatriz. Nenhuma dor.
— Meu ferimento... desapareceu — disse ele, surpreso. — Eu me sinto completamente normal. Mas o que aconteceu?
— Você o derrotou, cara! — Percy riu. — Você encontrou sua própria cura.
Jason refletiu sobre isso. Devia ser verdade. Talvez deixar a dor de lado para ajudar os amigos fosse o que faltava.
Ou talvez sua decisão de cultuar os deuses nos dois acampamentos o tivesse curado, mostrando a ele um caminho nítido para o futuro. Romano ou grego... a diferença não importava. Como ele dissera aos fantasmas em Ítaca, sua família só havia aumentado. Agora Jason encontrara seu lugar nela. Ele ia manter sua promessa à deusa das tempestades. E, graças a isso, a espada de Michael Varus não significava nada.
Morra como um romano.
Não. Se ele tivesse que morrer, morreria como filho de Júpiter, um filho dos deuses – o sangue do Olimpo. Mas ele não iria se deixar ser sacrificado... pelo menos, não sem lutar.
— Vamos — Jason deu um tapinha nas costas do amigo. — Vamos ver como está nosso barco.

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