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O Sangue do Olimpo - CAP. XXV

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XXV - Jason

JASON GRACE SE ERGUEU DE seu leito de morte só para se afogar com o restante da tripulação.
O navio balançava com tanta violência que ele teve que ficar de quatro para sair da enfermaria. O casco rangia. O motor bramia como um búfalo. Em meio ao uivo do vento, a deusa Nice gritava dos estábulos:
— VOCÊ PODE FAZER MELHOR DO QUE ISSO, TEMPESTADE! QUERO VER CENTO E DEZ POR CENTO!
Jason subiu até o andar das cabines. Suas pernas tremiam. Sua cabeça girava. O navio guinou para bombordo, jogando-o contra a parede oposta.
Hazel saiu cambaleando de sua cabine, segurando a barriga.
— Eu odeio o mar!
Quando ela o viu, seus olhos se arregalaram.
— O que você está fazendo fora da cama?
— Eu vou lá em cima! — insistiu ele. — Posso ajudar!
Hazel fez menção de argumentar. Então o navio tombou para estibordo, e ela foi trôpega na direção do banheiro, a mão na boca.
Jason teve dificuldade para chegar até a escada. Ele não saía da cama havia um dia e meio, desde que as garotas tinham voltado de Esparta e ele desmaiara inesperadamente. Seus músculos protestavam contra o esforço. Suas entranhas doíam como se Michael Varus estivesse atrás dele, golpeando-o repetidas vezes e gritando: Morra como romano! Morra como romano!
Jason ignorou a dor. Estava cansado de ter pessoas cuidando dele, sussurrando quanto estavam preocupadas. Estava cansado de sonhar que virava churrasquinho. Ele já passara tempo suficiente cuidando da ferida em sua barriga. Ou aquilo ia matá-lo, ou não. Ele não ia ficar esperando que o ferimento se decidisse. Precisava ajudar seus amigos.
De algum modo ele conseguiu chegar ao convés.
O que viu lá o deixou quase tão enjoado quanto Hazel. Uma onda do tamanho de um arranha-céu arrebentou sobre a proa, carregando as balistas e metade da amurada a bombordo para o mar. As velas foram rasgadas em pedaços. Raios lampejavam por todos os lados, atingindo o mar como refletores elétricos. Uma chuva forte fustigou o rosto de Jason. As nuvens estavam tão escuras que ele honestamente não sabia dizer se era dia ou noite.
A tripulação fazia o possível... o que não era muito.
Leo tinha se prendido ao painel de controle com um rolo de cabo elástico. A princípio, aquilo devia ter parecido uma boa ideia, mas toda vez que uma onda quebrava, ele era arrastado e depois jogado de volta sobre o painel como se tivesse levado uma raquetada.
Piper e Annabeth tentavam salvar o cordame. Desde Esparta, elas tinham se tornado uma dupla e tanto, capazes de trabalhar juntas sem sequer trocar uma palavra – o que era ótimo, já que não conseguiriam ouvir uma à outra no meio da tempestade.
Frank – pelo menos Jason imaginava que fosse Frank – tinha virado um gorila. Ele estava pendurado de cabeça para baixo na amurada a estibordo, usando sua força enorme e seus pés flexíveis para se segurar enquanto soltava alguns remos quebrados. Aparentemente eles estavam tentando fazer o navio decolar, mas, mesmo que conseguissem levantar voo, Jason não tinha certeza de que o céu seria mais seguro.
Até Festus, a figura de proa, tentava ajudar. Ele cuspia fogo na chuva, apesar de isso não parecer desanimar a tempestade.
Só Percy tinha algum sucesso. Ele estava de pé junto ao mastro principal com os braços abertos como se estivesse sobre uma corda bamba. Toda vez que o navio inclinava, ele empurrava na direção oposta, e o casco se estabilizava. Ele invocava punhos gigantes de água do oceano para golpear as ondas maiores antes que elas atingissem o convés, fazendo parecer que o oceano estava batendo repetidas vezes na própria cara.
Com a tempestade forte daquele jeito, Jason percebeu que o navio já teria virado ou sido feito em pedaços se Percy não estivesse ali.
Jason foi com dificuldade até o mastro. Leo gritou alguma coisa, provavelmente “Volte lá para baixo!”, mas Jason apenas acenou de volta. Ele chegou perto de Percy e tocou seu ombro.
Percy balançou a cabeça como quem dá oi. Não pareceu chocado nem mandou que Jason voltasse para a enfermaria, o que agradou a Jason.
Se Percy se concentrasse, podia ficar seco, mas obviamente ele tinha coisas mais importantes com que se preocupar naquele momento. Seu cabelo escuro estava grudado no rosto. Sua roupa, encharcada e rasgada. Ele gritou algo no ouvido de Jason, mas o garoto só conseguiu entender algumas palavras:
— LÁ EMBAIXO... AQUELA COISA... PARAR!
Percy apontou para a amurada.
— Tem alguma coisa provocando a tempestade? — perguntou Jason.
Percy sorriu e deu tapinhas nas orelhas. Ele claramente não conseguia ouvir nem uma palavra. Fez um gesto com as mãos como se estivesse mergulhando do barco, depois cutucou Jason no peito.
— Quer que eu vá?
Jason se sentiu um pouco orgulhoso. O resto da tripulação o estava tratando como se ele fosse de cristal, mas Percy... bem, ele parecia concluir que, se Jason estava no convés, estava pronto para a ação.
— É pra já! — gritou Jason. — Mas não posso respirar embaixo d’água!
Percy deu de ombros. Desculpe, não consigo ouvir você.
Então correu para a amurada a estibordo, empurrou outra onda para longe do navio e mergulhou no mar.
Jason olhou para Piper e Annabeth. As duas se agarraram ao cordame e olharam fixamente para ele, chocadas. A expressão no rosto de Piper dizia Ficou maluco?
Ele levantou o polegar para elas, em parte para garantir que ia ficar bem (coisa da qual não tinha certeza), em parte para concordar que, de fato, ele era maluco (coisa da qual ele tinha certeza).
Jason caminhou com dificuldade até a amurada, onde parou e avaliou a tempestade.
Os ventos sopravam, furiosos. As nuvens ribombavam. Jason sentiu um exército inteiro de venti girando acima dele, raivosos e agitados demais para assumir uma forma física, mas famintos por destruição.
Ele ergueu o braço e invocou uma corda de vento. Jason aprendera havia muito tempo que a melhor maneira de controlar uma multidão de valentões era pegar o cara mais poderoso e perverso e submetê-lo à força. Depois os outros seguiriam. Ele jogou sua corda de vento, à procura do ventus mais forte e encrenqueiro da tempestade.
Laçou um pedaço especialmente maldoso de nuvem carregada de tempestade e o puxou.
— Você vai me ajudar hoje.
Uivando em protesto, o ventus o cercou. A tormenta acima do navio pareceu arrefecer um pouco, como se os outros venti estivessem pensando: Droga. Esse cara está falando sério.
Jason levitou do convés envolto em seu próprio furacão em miniatura. Girando como um saca-rolha, mergulhou na água.

* * *

Jason achou que as coisas estariam mais calmas debaixo d’água.
Ledo engano.
É claro que isso podia estar relacionado com a forma como ele foi parar ali. Descer de ciclone até o fundo do mar gerou uma turbulência inesperada. Ele afundava e guinava sem nenhuma lógica aparente; seus ouvidos estalavam, e seu estômago ficou pressionado contra as costelas.
Finalmente ele parou ao lado de Percy, que estava de pé na beira de um abismo.
— E aí? — cumprimentou ele.
Jason podia ouvi-lo perfeitamente, apesar de não saber como.
— O que está acontecendo?
Em seu casulo de ventus, sua voz soava como se ele estivesse falando através de um aspirador de pó.
Percy apontou para o vazio.
— Espere só.
Três segundos depois, um facho de luz verde varreu a escuridão como um refletor, depois desapareceu.
— Tem alguma coisa lá embaixo — disse Percy. — Instigando esta tempestade. — Ele se virou e avaliou o furacão de Jason. — Belo traje. Você tem como mantê-lo se mergulharmos mais fundo?
— Não tenho ideia de como estou fazendo isso — disse Jason.
— Ok. Bem, tente não desmaiar.
— Cale a boca, Jackson.
Percy sorriu.
— Vamos ver o que tem lá embaixo.
Eles afundaram tanto que Jason não conseguia ver nada além de Percy nadando ao seu lado sob a luz fraca de suas espadas de ouro e bronze.
De vez em quando, o holofote verde se projetava para cima. Percy nadava direto em sua direção. O ventus de Jason crepitava e rugia em seu esforço para se libertar. O cheiro de ozônio o estava deixando tonto, mas ele manteve seu casulo de ar intacto.
Por fim, a escuridão a sua volta diminuiu. Faixas brancas de luminosidade suave, como grupos de águas-vivas, flutuavam diante de seus olhos. Conforme se aproximava mais do fundo do mar, ele percebeu que as faixas eram campos reluzentes de algas que cercavam as ruínas de um palácio. Montes de lodo cobriam os pátios vazios com piso de abalone. Colunas gregas cheias de cracas adentravam as sombras. No centro da construção erguia-se uma fortificação maior que a Estação Grand Central, com paredes incrustadas de pérolas e a cobertura dourada da cúpula quebrada e aberta como um ovo.
— Atlântida? — perguntou Jason.
— Ela é um mito — afirmou Percy.
— Hum... Mas nós não lidamos com mitos?
— Não, estou dizendo que é um mito inventado. Tipo, não é um verdadeiro mito real.
— Dá para perceber por que Annabeth é o cérebro desta missão.
— Cale a boca, Grace.
Eles entraram flutuando pela abertura na cúpula e penetraram na escuridão.
— Este lugar me é familiar — a voz de Percy ficou tensa. — Quase como se eu já tivesse estado aqui...
O holofote verde piscou diretamente abaixo deles, cegando Jason. Ele despencou como uma pedra, caindo sobre o chão liso de mármore. Quando sua visão clareou, ele viu que os dois não estavam sozinhos.
À sua frente havia uma mulher de seis metros de altura em um vestido verde ondulante, preso na cintura por um cinto de abalone. Sua pele era de um branco luminoso como os campos de alga. Seu cabelo balançava e reluzia como tentáculos de águas-vivas.
O rosto dela era belo, mas sobrenatural: olhos brilhantes demais, traços delicados demais, sorriso frio demais, como se ela tivesse estudado o sorriso dos humanos mas não dominasse bem essa arte.
Suas mãos repousavam sobre um disco de metal verde polido, de cerca de um metro e oitenta de diâmetro, apoiado sobre um tripé de bronze. Aquilo lembrou a Jason um tambor de aço que ele uma vez tinha visto um artista de rua tocar no Embarcadero, em São Francisco.
A mulher girou o disco de metal como se fosse um volante. Um facho de luz verde se projetou para o alto, agitando a água e abalando as paredes do palácio antigo. Pedaços do teto abobadado se soltaram e desabaram em câmera lenta.
— Você está provocando a tempestade — disse Jason.
— Estou mesmo.
A voz da mulher era melodiosa e ao mesmo tempo tinha uma ressonância estranha, como se ultrapassasse o alcance da audição humana. Jason sentiu uma pressão entre os olhos. Parecia que seus seios da face iam explodir.
— Está bem, eu vou começar — disse Percy. — Quem é você, e o que você quer?
A mulher virou-se para ele.
— Ora, sou sua irmã, Perseu Jackson. E queria conhecê-lo antes de você morrer.

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