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O Sangue do Olimpo - CAP. XLVII

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XLVII - Nico

NICO NÃO SABIA SE QUERIA socar a si mesmo ou Will Solace.
Se não tivesse se distraído discutindo bobagens com o filho de Apolo, nunca teria permitido que o inimigo chegasse tão perto.
Quando os homens com cabeça de cachorro avançaram, Nico ergueu a espada. Ele duvidava que ainda lhe restasse alguma força para vencer, mas antes que pudesse atacá-los, Will soltou um assovio muito alto.
Todos os seis homens-cão largaram as armas, levaram as mãos às orelhas e caíram em agonia.
— Cara — Cecil abriu a boca para reduzir a pressão nos ouvidos. — Que barulho do Hades! Da próxima vez, avise.
— É ainda pior para os cachorros. — Will deu de ombros. — Um dos meus poucos talentos musicais. Um assovio ultrassônico horrível.
Nico não reclamou. Ele avançava com dificuldade entre os homens-cão, cravando neles sua espada. Os monstros se dissolviam em sombras. Os romanos, entre eles Octavian, estavam sem ação, assombrados com o que viam.
— Minha... minha guarda de elite! — Octavian olhou ao redor em busca de compreensão, de piedade. — Vocês viram o que ele fez com a minha guarda de elite?
— Alguns cães precisam ser sacrificados — Nico deu um passo à frente. — Como você.
Por um belo momento, toda a Primeira Coorte hesitou. Mas então eles voltaram a si e ergueram seus pila.
— Vocês serão destruídos! — ameaçou Octavian, em um grito estridente. — Vocês, graeci, ficam aí se infiltrando pelo acampamento, sabotando nossas armas, matando nossos homens...
— As armas que vocês estavam prestes a disparar contra nós, você quer dizer — corrigiu Cecil.
— E os homens que estavam prestes a queimar nosso acampamento — completou Lou Ellen.
— Típico dos gregos! — berrou Octavian. — Tentando distorcer as coisas! Pois saibam que não vai funcionar! — Ele apontou para os legionários mais próximos. — Você, você, você e você. Verifiquem todos os onagros. Vejam se estão todos em boas condições. Quero que sejam disparados assim que possível. Vão!
Os quatro romanos saíram correndo.
Nico tentou manter a expressão inalterada.
Por favor, não verifiquem a trajetória de tiro, pensou.
Nico só torcia para que Cecil tivesse feito tudo direito. Uma coisa era sabotar uma arma grande; outra era sabotar de maneira tão sutil que só percebessem quando já fosse tarde demais. Mas se alguém tinha essa habilidade, esse alguém seria um filho de Hermes, o deus das trapaças.
Octavian marchou até Nico. Para seu crédito, o áugure não parecia estar com medo, embora portasse apenas uma adaga. Ele parou tão perto que Nico podia ver as veias injetadas em seus olhos pálidos e vidrados. Seu rosto estava abatido. Seu cabelo era da cor de macarrão cozido demais.
Nico sabia que Octavian era um legado – um descendente de Apolo com muitas gerações de distância do deus. Agora ele não conseguia evitar pensar que Octavian parecia uma versão diluída e doentia de Will Solace, como uma foto que tivesse sido copiada vezes demais. Octavian não tinha nada do que quer que tornava um filho de Apolo especial.
— Então me diga, filho de Plutão — sibilou o áugure — por que está ajudando os gregos? O que eles já fizeram algum dia por você?
Nico estava louco de vontade de enfiar a espada no peito de Octavian. Vinha sonhando com isso desde que Bryan Lawrence os atacara na Carolina do Sul. Mas, agora que estavam cara a cara, Nico hesitava. Ele não tinha dúvida de que podia matar Octavian antes que a Primeira Coorte interviesse. E não se importava em morrer por conta de seus atos. Valeria a pena.
Mas depois do fim que Bryce tivera, a ideia de matar outro semideus a sangue-frio, mesmo Octavian, não lhe caía bem. Além do mais, não lhe parecia certo condenar Cecil, Lou Ellen e Will a morrer com ele.
Não parece certo?, perguntava-se outra parte dele. Desde quando eu me preocupo com o que é certo?
— Estou ajudando os gregos e os romanos — disse Nico.
Octavian riu.
— Não tente me enrolar. O que ofereceram a você? Um lugar no acampamento deles? Pois saiba que não vão cumprir o acordo.
— Eu não quero um lugar no acampamento deles — respondeu Nico com raiva. — Nem no de vocês. Quando esta guerra terminar, vou deixar os dois acampamentos para sempre.
Will Solace fez um som como se tivesse levado um soco.
— Por que você faria isso?
Nico franziu a testa.
— Não é da sua conta, mas eu não pertenço a nenhum desses lugares. Isso é óbvio. Ninguém me quer. Sou filho de...
— Ah, por favor. — Will deixou transparecer uma raiva que não lhe era usual. — Ninguém no Acampamento Meio-Sangue nunca afastou você. Você tem amigos, ou pelo menos há quem gostaria de ser seu amigo. Você é que se afastou. Se tirasse a cabeça dessa sua nuvem de ressentimento pelo menos uma vez na vida...
— Basta! — interrompeu Octavian. — Di Angelo, cubro qualquer oferta que os gregos possam fazer. Sempre achei que você daria um aliado poderoso. Vejo crueldade em você e gosto disso. Posso garantir seu lugar em Nova Roma. Basta que você saia do caminho e deixe os romanos vencerem. O deus Apolo me mostrou o futuro...
— Não! — Will Solace empurrou Nico para o lado e avançou, ficando cara a cara com Octavian. — Eu sou filho de Apolo, seu perdedor anêmico. Meu pai não mostrou o futuro a ninguém, porque o poder da profecia não está funcionando. Mas isto... — Ele fez um gesto amplo, indicando a legião reunida, as hordas de exércitos monstruosos espalhadas pela encosta. — Isto não é o que Apolo desejaria!
Octavian franziu os lábios.
— É mentira. O deus me disse pessoalmente que eu seria lembrado como o salvador de Roma. Vou conduzir a legião à vitória, e vou começar...
Nico sentiu o som antes mesmo de ouvi-lo: tum-tum-tum, reverberando pela terra, como as engrenagens gigantes de uma ponte móvel. Todos os onagros dispararam simultaneamente, e seis cometas dourados subiram aos céus.
— ... destruindo os gregos! — concluiu Octavian, em uma exclamação de alegria. — Os dias do Acampamento Meio-Sangue estão contados!

* * *

Nico não conseguia pensar em nada mais bonito que um projétil fora de curso. As cargas das três máquinas sabotadas fizeram um desvio para o lado ao serem lançadas, subindo em um arco na direção das cargas disparadas pelos outros três onagros.
As bolas de fogo não colidiram diretamente. Nem precisavam. Assim que os mísseis se aproximaram uns dos outros, todas as seis ogivas detonaram em pleno ar, abrindo uma abóbada de ouro e fogo que queimou o oxigênio do céu.
O calor atingiu com força o rosto de Nico. A grama soltou um chiado. As copas das árvores fumegaram. Mas, quando os fogos de artifício se apagaram, nenhum dano sério resultara da explosão.
Octavian foi o primeiro a reagir. Batendo os pés no chão, ele gritou:
— NÃO, NÃO, NÃO! RECARREGAR!
Ninguém na Primeira Coorte se mexeu. Nico ouviu o som de botas à direita. A Quinta Coorte estava em marcha acelerada na direção deles, liderada por Dakota.
Mais abaixo na encosta, o restante da legião tentava entrar em formação, mas a Segunda, a Terceira e a Quarta Coortes estavam agora cercadas por um mar de monstros em péssimo humor. As forças auxiliares não pareciam satisfeitas com as explosões ocorridas no céu. Sem dúvida esperavam que o Acampamento Meio-Sangue se incendiasse para que pudessem ter semideuses carbonizados para o café da manhã.
— Octavian! — chamou Dakota. — Temos novas ordens.
O olho esquerdo de Octavian se contraía tão violentamente que parecia prestes a explodir.
— Ordens? De quem? Não de mim!
— De Reyna — disse Dakota, alto o suficiente para que todos na Primeira Coorte ouvissem. — Ela ordenou uma retirada.
— Reyna? — Octavian riu, embora parecesse que ninguém tinha entendido a piada. — A fora da lei que eu mandei você prender? A ex-pretora que conspirou para trair o próprio povo com esse graecus?  — Ele enfiou o dedo no peito de Nico. — Está obedecendo a ordens dela?
A Quinta Coorte assumiu posição de combate atrás de Octavian, encarando desconfortavelmente seus companheiros da Primeira.
Dakota cruzou os braços; determinado, disse:
— Reyna é a pretora até que o Senado vote o contrário.
— Estamos em guerra! — berrou Octavian. — Eu os trouxe à iminência da vitória definitiva, e vocês querem desistir? Primeira Coorte: prenda o centurião Dakota e qualquer um que concorde com ele. Quinta Coorte: lembrem-se do juramento que fizeram a Roma e à legião. Vocês obedecerão a mim!
Will Solace interveio:
— Não faça isso, Octavian. Não obrigue seu povo a escolher. Esta é sua última chance.
— Minha última chance? — Octavian sorriu, a loucura brilhando em seus olhos. — Eu vou SALVAR ROMA! Agora, romanos, sigam minhas ordens! Prendam Dakota. Prendam essa escória graeca. E recarreguem os onagros!
Nico não sabia o que os romanos teriam feito se tivessem sido deixados para decidir segundo a própria consciência.
Mas ele não contara com os gregos.
Naquele momento, todo o exército do Acampamento Meio-Sangue surgiu no topo da Colina Meio-Sangue. Clarisse La Rue vinha à frente, em uma biga vermelha puxada por cavalos de metal. Cem semideuses a seguiam, com duas vezes esse número de sátiros e espíritos da natureza, liderados por Grover Underwood. Tyson avançava pesadamente, ao lado de outros seis ciclopes. Quíron vinha no modo garanhão branco completo, o arco a postos.
Era uma visão impressionante, mas Nico só conseguia pensar: Não. Agora, não.
Clarisse gritou:
— Romanos, vocês investiram contra nosso Acampamento! Retirem-se, ou serão destruídos!
Octavian virou-se para suas tropas.
— Viram? Era tudo um plano! Eles nos dividiram para poder lançar um ataque-surpresa. Legião, cuneum formate! ATACAR!

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