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O Sangue do Olimpo - CAP. XLIX

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo XLIX - Jason

JASON TINHA OUVIDO FALAR SOBRE a vida de uma pessoa passar diante de seus olhos.
Mas ele não imaginou que seria daquele jeito.
De pé com os amigos em um círculo defensivo, cercado por gigantes, depois olhando para algo impossível no céu... Jason viu a si mesmo, muito claramente, cinquenta anos no futuro.
Ele estava sentado em uma cadeira de balanço no pórtico de uma casa no litoral da Califórnia. Piper servia limonada. O cabelo dela era grisalho. Rugas profundas marcavam os cantos de seus olhos, mas ela ainda estava bonita como sempre. Com os netos sentados aos seus pés, Jason tentava explicar a eles o que tinha acontecido naquele dia em Atenas.
Não, é sério, dizia ele. Éramos só seis semideuses no chão, e mais um em um navio em chamas acima da Acrópole. Estávamos cercados por gigantes de dez metros de altura prestes a nos matar. Aí o céu se abriu, e os deuses desceram!
Vovô, diziam as crianças, você é muito mentiroso.
Não estou mentindo!, protestava ele. Os deuses do Olimpo desceram dos céus em suas bigas ao som de clarins e com espadas em chamas. E seu bisavô, o rei dos deuses, liderava o ataque, com uma lança de eletricidade pura crepitando na mão!
Seus netos riam dele. E Piper olhava para ele e ria, como quem dizia Será que você acreditaria se não tivesse estado lá?
Mas Jason estava lá. Ele olhou para o alto quando as nuvens se abriram acima da Acrópole, e quase duvidou dos óculos de grau que Asclépio tinha dado a ele. Em vez de céus azuis, ele viu um espaço negro pontilhado de estrelas, com os palácios do Monte Olimpo brilhando prateados e dourados ao fundo. E um exército de deuses desceu lá do alto.
Era muita coisa para processar. E provavelmente foi melhor para sua saúde não ver tudo. Só mais tarde Jason conseguiria se lembrar de detalhes isolados.
Havia Júpiter em tamanho gigante – não, aquele era Zeus, sua forma original – entrando na batalha com uma biga dourada e um raio do tamanho de um poste crepitando na mão. Quatro cavalos feitos de vento puxavam a biga, todos mudando da forma equina para a humana a todo momento, tentando escapar. Por uma fração de segundo, um deles assumiu a imagem sombria de Bóreas. Outro usava a coroa de fogo e vapor de Noto. Um terceiro exibia o sorriso presunçoso e preguiçoso de Zéfiro. Zeus tinha amarrado e selado os quatro deuses do vento.
No fundo do Argo II, as portas de vidro do porão se abriram. A deusa Nice saiu de lá, livre de sua rede de bronze. Ela abriu as asas douradas e voou para o lado de Zeus, assumindo seu lugar de direito como condutora de sua biga.
— MINHA MENTE ESTÁ CURADA! — gritou ela. — VITÓRIA AOS DEUSES!
Hera vinha à esquerda de Zeus. Sua biga era puxada por pavões enormes com uma plumagem multicolorida tão brilhante que deixou Jason tonto.
Ares gritava de alegria enquanto descia estrondosamente montado em um cavalo que cuspia fogo. Sua lança brilhava, vermelha.
No último segundo, antes que os deuses chegassem ao Partenon, eles desapareceram, como se tivessem saltado pelo hiperespaço. As bigas sumiram. De repente, Jason e seus amigos viram-se cercados pelos olimpianos, agora em tamanho humano, pequenos perto dos gigantes, mas reluzindo de poder.
Jason gritou e atacou Porfírion.
Seus amigos se juntaram à carnificina.
A luta tomou todo o Partenon e se espalhou pela Acrópole. Pelo canto do olho, Jason viu Annabeth lutando contra Encélado. Ao lado dela havia uma mulher de cabelo preto comprido e armadura dourada sobre uma túnica branca. A deusa enfiou a lança no gigante, depois ergueu o escudo com a assustadora imagem em bronze de Medusa. Juntas, Atena e Annabeth fizeram Encélado recuar até o andaime de metal mais próximo, que então desmoronou sobre ele.
Do outro lado do templo, Frank Zhang e o deus Ares se lançaram contra uma falange inteira de gigantes, Ares com a lança e o escudo, Frank (na forma de um elefante africano) com a tromba e as patas. O deus da guerra ria, golpeava e estripava como uma criança destruindo piñatas.
Hazel corria pelo campo de batalha montada em Arion, desaparecendo na Névoa sempre que um gigante se aproximava, para em seguida reaparecer atrás dele e golpeá-lo nas costas. A deusa Hécate seguia em seu rastro, ateando fogo a seus inimigos com duas tochas flamejantes. Jason não viu Hades, mas sempre que um gigante caía, o chão se abria e o engolia por inteiro.
Percy combatia os gigantes gêmeos, Oto e Efialtes, tendo a seu lado um homem barbado com um tridente e uma camisa havaiana berrante. Os gigantes gêmeos cambalearam. O tridente de Poseidon se transformou em uma mangueira de incêndio, e, com um jato ultrapoderoso na forma de cavalos selvagens, o deus lançou os gigantes para fora do Partenon.
Piper talvez fosse a mais impressionante. Ela duelava com a giganta Peribeia, espada contra espada. Apesar de sua adversária ser cinco vezes maior, Piper parecia estar se saindo bem. A deusa Afrodite flutuava em torno delas em uma pequena nuvem branca, jogando pétalas de rosa nos olhos da giganta e dizendo palavras de estímulo para Piper:
— Ótimo, querida. Isso, muito bem. Acerte-a de novo!
Sempre que Peribeia tentava atacar, pombas surgiam do nada e acertavam a cara da giganta.
Quanto a Leo, ele corria pelo convés do Argo II disparando balistas, jogando martelos na cabeça dos gigantes e incinerando suas túnicas. Atrás dele, ao timão, um sujeito barbado e musculoso de macacão de mecânico mexia nos controles, tentando furiosamente evitar que o barco caísse.
A imagem mais estranha era o velho gigante Toas, que estava sendo surrado até a morte por três velhas com maças de latão, as Parcas, armadas para a guerra. Jason achou que não havia nada no mundo mais assustador do que uma gangue de vovós armadas com porretes.
Ele percebeu todas essas coisas e mais uma dezena de outros confrontos em andamento, mas a maior parte de sua atenção estava concentrada no inimigo à sua frente, Porfírion, o rei dos gigantes, e no deus que lutava ao seu lado, Zeus.
Meu pai, pensou Jason, sem conseguir acreditar.
Porfírion não deu a ele muita oportunidade de saborear o momento. O gigante usou sua lança em um turbilhão de estocadas, giros e cortes.
Ficar vivo era o máximo que Jason podia fazer.
Mesmo assim... a presença de Zeus era tranquilizadoramente familiar. Apesar de Jason nunca ter conhecido pessoalmente o pai, ele se lembrou de todos os seus momentos mais felizes: seu piquenique de aniversário com Piper em Roma; o dia em que Lupa lhe mostrara o Acampamento Júpiter pela primeira vez; as brincadeiras de esconde-esconde com Thalia na casa deles, quando era pequeno; uma tarde na praia quando sua mãe o pegara, o beijara e lhe mostrara uma tempestade que se aproximava. Nunca tema uma tempestade, Jason. É seu pai dizendo que o ama.
Zeus tinha cheiro de chuva e vento fresco. Ele fazia o ar queimar de energia. De perto, seu raio parecia uma vara de bronze de um metro afiada nas duas pontas, com lâminas de energia se projetando dos dois lados de maneira a formar uma lança de eletricidade branca. Com um golpe, ele bloqueou o caminho do gigante, e Porfírion caiu em seu trono improvisado, que desmoronou sob seu peso.
— Não há trono para você — disse Zeus com raiva. — Nem aqui, nem nunca.
— Você não pode nos impedir! — gritou o gigante. — Já está feito! A Mãe Terra despertou!
Em resposta, Zeus explodiu o trono. O rei dos gigantes voou de costas para fora do templo, e Jason correu até ele, com o pai logo atrás. Eles encurralaram Porfírion na beira da colina, com a Atenas moderna inteira abaixo deles. O raio tinha derretido todas as armas no cabelo do gigante. Bronze celestial derretido escorria por seus dreadlocks como caramelo. Sua pele soltava fumaça e estava cheia de bolhas.
Porfírion rosnou de raiva e ergueu sua lança.
— Sua causa está perdida, Zeus. Mesmo se me derrotar, a Mãe Terra vai simplesmente me trazer de volta outra vez!
— Então talvez — disse Zeus — você não deva morrer nos braços de Gaia. Jason, meu filho...
Jason nunca tinha se sentido tão bem, tão reconhecido, como ao ouvir o pai dizer seu nome. Foi como no inverno anterior, no Acampamento Meio-Sangue, quando suas lembranças finalmente voltaram. Por fim, Jason entendeu outro nível de sua existência, uma parte de sua identidade que antes estivera nublada.
Agora ele não tinha dúvida: era filho de Júpiter, o deus do céu. Ele era o filho de seu pai.
Jason avançou.
Porfírion golpeava alucinadamente com a lança, mas Jason a cortou ao meio com seu gládio. Então cravou a espada no peitoral do gigante, depois invocou os ventos e lançou Porfírion no precipício. Enquanto o gigante caía gritando, Zeus apontou seu raio. Um arco de puro calor branco desintegrou Porfírion em pleno ar. Suas cinzas desceram lentamente em uma nuvem delicada que cobriu de poeira o topo das oliveiras na encosta da Acrópole.
Zeus virou-se para Jason. Seu raio se apagou, e ele prendeu a vara de bronze celestial no cinto. Os olhos do deus eram cinza e tempestuosos. Seu cabelo e sua barba grisalhos pareciam nuvens. Jason achou estranho que o senhor do universo, o rei do Olimpo, fosse apenas alguns centímetros mais alto que ele.
— Meu filho — Zeus segurou o ombro de Jason. — Há tanta coisa que eu gostaria de dizer a você.
O deus respirou fundo, fazendo o ar crepitar e os óculos de Jason embaçarem.
— Infelizmente, como rei dos deuses, não posso demonstrar favoritismos. Quando nos unirmos aos outros olimpianos, não vou poder elogiá-lo tanto quanto eu gostaria, nem lhe dar o crédito que você merece.
— Eu não quero elogios — disse Jason, com a voz trêmula. — Só um pouco de tempo juntos já seria bom. Quer dizer, eu nem conheço você.
O olhar de Zeus estava tão distante quanto a camada de ozônio.
— Estou sempre com você, Jason. Acompanhei seu progresso com orgulho, mas nunca vai ser possível sermos... — Ele fez um gesto como se estivesse tentando pegar a palavra certa no ar. Próximos. Normais. Verdadeiros pai e filho. — Desde seu nascimento você foi destinado a ser de Hera, para apaziguar sua ira. Até seu nome, Jason, foi escolha dela. Você não pediu por isso. Eu não queria isso. Mas quando eu o entreguei a ela... não tinha ideia do homem que você iria se tornar. Você foi formado por sua jornada, que o tornou bom e grandioso. O que quer que aconteça quando voltarmos ao Partenon, saiba que eu não considero você responsável. Você provou ser um verdadeiro herói.
As emoções de Jason estavam uma confusão em seu peito.
— O que quer dizer com... o que quer que aconteça?
— O pior ainda está por vir — avisou Zeus. — E alguém deve levar a culpa pelo que aconteceu. Venha.

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