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O Sangue do Olimpo - CAP. LI

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo LI - Jason

UMA DESPEDIDA CALOROSA ERA PEDIR demais.
A última visão que Jason teve do pai foi Zeus com trinta metros de altura segurando o Argo II pela proa. Ele gritou: SEGUREM FIRME!
Então jogou o barco para o alto e bateu nele no ar como um jogador de vôlei dando um saque.
Se Jason não estivesse preso ao mastro com um dos cintos de segurança de vinte pontos de Leo, teria se desintegrado. Do jeito que foi, seu estômago tentou ficar para trás, na Grécia, e todo o ar foi sugado de seus pulmões.
O céu ficou negro. O navio chacoalhava e rangia. Rachaduras se espalharam pelo convés como se Jason estivesse sobre gelo fino, e, com um estrondo sônico, o Argo II saiu em alta velocidade das nuvens.
— Jason! — gritou Leo. — Depressa!
Mesmo sentindo os dedos como se fossem plástico derretido, ele conseguiu soltar as correias.
Leo estava preso ao painel de controle, tentando desesperadamente estabilizar o navio enquanto eles mergulhavam em queda livre. As velas estavam em chamas. Festus crepitava em alarme. Uma catapulta se soltou e subiu no ar. A força centrífuga arremessou os escudos presos às amuradas como se fossem frisbees de metal.
Rachaduras maiores se abriram no convés enquanto Jason cambaleava na direção do porão, usando os ventos para se manter de pé. Se ele não conseguisse chegar até os outros...
Então a portinhola se abriu. Frank e Hazel saíram com dificuldade por ali, puxando a corda que eles tinham amarrado no mastro. Piper, Annabeth e Percy surgiram logo depois, todos parecendo desorientados.
— Vão! — berrou Leo. — Vão, vão, vão!
Pela primeira vez, o tom de Leo estava mortalmente sério.
Eles haviam discutido o plano de evacuação, mas aquele tapa para o outro lado do mundo tinha deixado a mente de Jason lenta. A julgar pela expressão dos outros, eles não estavam em condições muito melhores.
Buford os salvou. A mesa veio chacoalhando pelo convés com seu Hedge holográfico gritando:
— VAMOS! MEXAM-SE! PAREM COM ISSO!
Então o tampo da mesa se abriu em hélices de helicóptero, e Buford alçou voo.
Frank mudou de forma. Em vez de um semideus atordoado, ele agora era um dragão cinza atordoado. Hazel subiu em suas costas. Frank agarrou Percy e Annabeth com as patas da frente, depois abriu as asas e saiu voando.
Jason segurou Piper pela cintura, pronto para levantar voo, mas cometeu o erro de olhar para baixo. O que viu foi um caleidoscópio giratório de céu, terra, céu, terra. O chão estava ficando terrivelmente próximo.
— Leo, você não vai conseguir! — gritou Jason. — Venha com a gente.
— Não! Saiam daqui!
— Leo! — pediu Piper. — Por favor...
— Poupe o charme, Pipes! Eu já disse que tenho um plano. Agora sumam!
Jason deu uma última olhada no navio que se desfazia.
O Argo II tinha sido a casa deles por muito tempo. Agora o estavam abandonando para sempre, e deixando um amigo para trás.
Jason odiava aquilo, mas viu a determinação nos olhos de Leo. Tal como no encontro com seu pai, Zeus, não havia tempo para uma despedida adequada.
Jason domou os ventos, e ele e Piper se lançaram aos céus.

* * *

A situação lá no chão não era menos caótica.
Enquanto caíam, Jason viu um enorme exército de monstros espalhado pelos montes – cinocéfalos, homens de duas cabeças, centauros selvagens, ogros e outros cujos nomes ele nem sabia – cercando dois pequenos grupos de semideuses. No alto da Colina Meio-Sangue, a principal força do Acampamento Meio-Sangue estava reunida aos pés da Atena Partenos junto com a Primeira e a Quinta Coortes, agrupadas em torno da águia dourada da legião. As outras três coortes romanas estavam em formação defensiva a centenas de metros de distância e pareciam estar recebendo a pior parte do ataque.
Águias gigantes rodearam Jason, piando com urgência, como se aguardassem ordens.
Frank, o dragão cinza, e seus passageiros voavam ao seu lado.
— Hazel! — gritou Jason. — Aquelas três coortes estão com sérios problemas! Se elas não conseguirem se juntar ao restante dos semideuses...
— Estou vendo! — disse Hazel. — Vamos lá, Frank!
O dragão Frank deu uma guinada para a esquerda, com Annabeth gritando em uma de suas garras:
— Vamos pegá-los!
E Percy, na outra garra, berrando:
— Eu odeio voar!
Piper e Jason seguiram bruscamente para a direita, rumo ao topo da Colina Meio-Sangue.
Jason se animou quando viu Nico di Angelo na linha de frente ao lado dos gregos, abrindo caminho com sua espada em meio a uma multidão de homens de duas cabeças. A poucos metros dele, Reyna, com a espada em punho, estava montada em um novo pégaso. Ela gritava ordens para a legião, e os romanos lhe obedeciam sem questionar, como se ela nunca tivesse se afastado deles.
Jason não viu Octavian em lugar algum. Ótimo. Ele também não viu nenhuma colossal deusa da terra devastando o mundo. Melhor ainda. Talvez Gaia tivesse despertado, dado uma olhada no mundo moderno e resolvido voltar a dormir. Jason desejou que eles pudessem ter tal sorte, mas duvidava disso.
Quando ele e Piper pousaram na colina, com as espadas desembainhadas, os gregos e romanos deram vivas.
— Já estava na hora! — gritou Reyna. — Que bom que você conseguiu se juntar a nós!
Surpreso, Jason percebeu que ela se dirigia a Piper, não a ele.
Piper sorriu.
— Tivemos que matar uns gigantes!
— Excelente! — Reyna devolveu o sorriso. — Agora pode se servir de alguns bárbaros.
— Ora, obrigada!
As duas partiram para a batalha lado a lado.
Nico cumprimentou Jason com um aceno de cabeça como se eles tivessem se visto apenas cinco minutos antes, depois voltou a transformar homens de duas cabeças em cadáveres sem cabeça.
— Chegaram bem na hora. Onde está o navio?
Jason apontou. O Argo II despencou pelo céu em uma bola de fogo; pedaços dos mastros, do casco e armamentos caíam em chamas. Jason não sabia como mesmo o Leo à prova de fogo poderia sobreviver àquilo, mas ele precisava ter esperança.
— Pelos deuses — disse Nico. — Está todo mundo bem?
— Leo... — A emoção era perceptível na voz de Jason. — Ele disse que tinha um plano.
O cometa desapareceu atrás das montanhas. Jason esperou, com apreensão, o som de uma explosão, mas não ouviu nada em meio ao clamor da batalha.
Nico o encarou.
— Ele vai ficar bem.
— Com certeza.
— Mas por via das dúvidas... Por Leo.
— Por Leo — concordou Jason.
E eles se lançaram juntos no meio da batalha.
A raiva de Jason deu a ele forças renovadas. Os gregos e romanos aos poucos forçavam os inimigos a recuar. Centauros selvagens caíam. Homens com cabeça de lobo uivavam ao serem golpeados com espadas e transformados em pó.
Mais monstros continuavam a aparecer: karpoi, espíritos dos grãos, que subiam da grama em turbilhão, grifos que mergulhavam do céu e formas humanoides de barro que lembravam a Jason bonecos de massa de modelar malvados.
— São fantasmas com carapaças de terra! — alertou Nico. — Não deixem que acertem vocês!
Obviamente, Gaia tinha guardado alguns truques na manga. Em determinado momento, Will Solace, líder do chalé de Apolo, correu até Nico e disse alguma coisa em seu ouvido. Em meio aos gritos e ao ruído das espadas, Jason não conseguiu distinguir as palavras.
— Preciso ir! — disse Nico.
Ele não entendeu direito, mas assentiu, e Will e Nico foram correndo para o meio do confronto.
No momento seguinte, Jason se viu cercado por um grupo de filhos de Hermes que apareceram ali sem nenhum motivo aparente.
Connor Stoll sorriu.
— E aí, Grace?
— Tudo bem — disse Jason. — E você?
Connor se esquivou da clava de um ogro e enfiou a espada em um espírito dos grãos, que explodiu em uma nuvem de trigo.
— É, não posso reclamar. Um dia como outro qualquer.
— Eiaculare flammas! — berrou Reyna.
Uma saraivada de flechas incendiárias traçou um arco acima da parede de escudos da legião e destruiu um pelotão de ogros. As fileiras romanas avançaram, empalaram centauros e passaram por cima de ogros feridos com suas botas com ponta de bronze.
De algum ponto na base da colina, Jason ouviu Frank berrar em latim:
— Repellere equites!
Um enorme bando de centauros disparou em pânico enquanto os soldados das outras três coortes da legião avançavam em formação perfeita, suas lanças reluzindo com sangue de monstros. Frank marchava à frente deles. No flanco esquerdo, montada em Arion, Hazel estava radiante de orgulho.
— Ave, pretor Zhang! — saudou Reyna.
— Ave, pretora Ramírez-Arellano! — disse Frank. — Vamos lá. Legião, FORMAÇÃO ÚNICA!
Os romanos deram vivas, e as cinco coortes se uniram em uma máquina mortífera maciça. Frank apontou a espada para a frente, e, do estandarte da águia dourada, raios dourados se lançaram sobre o inimigo, fritando várias centenas de monstros.
— Legião, cuneum formate! — gritou Reyna. — Avançar!
Jason ouviu mais gritos de comemoração a sua direita quando Percy e Annabeth se juntaram às forças do Acampamento Meio-Sangue.
— Gregos! — gritou Percy. — Vamos... hã... matar uns monstros aí!
Eles gritaram como loucos e atacaram.
Jason sorriu. Ele adorava os gregos. Eles não tinham nenhuma organização, mas compensavam com entusiasmo.
Jason estava com um bom pressentimento em relação àquela batalha, exceto por duas grandes perguntas: onde estava Leo? E onde estava Gaia?
Infelizmente, a segunda resposta veio primeiro. Sob seus pés, a terra começou a ondular como se a Colina Meio-Sangue tivesse se transformado em um colchão de água gigante.
Semideuses tombaram. Ogros escorregaram. Centauros caíram de cara na grama.
DESPERTA, trovejou uma voz em torno deles.
A cem metros de distância, no topo de um monte, a grama e a terra se ergueram em um redemoinho como se fosse a broca de uma furadeira gigante. A coluna de terra ficou mais espessa e se transformou em uma figura feminina de seis metros de altura usando um vestido de folhas de grama, com pele branca como quartzo e cabelo castanho emaranhado como raízes de árvore.
— Tolinhos. — Gaia, a Mãe Terra, abriu seus olhos verdes. — A magia fraca dessa estátua não pode me deter.
Enquanto ela dizia isso, Jason entendeu por que Gaia não tinha aparecido até então. A Atena Partenos estava protegendo os semideuses, contendo a ira da terra, mas nem o poder de Atena podia durar tanto contra uma deusa primordial.
Um medo tão palpável quanto uma frente fria passou por todos os semideuses.
— Mantenham-se firmes! — gritou Piper com o charme. — Gregos e romanos: juntos, nós podemos vencê-la!
Gaia riu. Ela abriu os braços, e a terra foi atraída em sua direção: árvores se inclinando, o leito de rocha rangendo, o solo se movendo em ondas. Jason se elevou com o vento, mas, a sua volta, monstros e semideuses começaram a afundar na terra. Um dos onagros de Octavian tombou e desapareceu na encosta da colina.
— A terra inteira é meu corpo — trovejou Gaia. — Como podem lutar contra a deusa da...
TUUUUMP!
Com um reluzir de bronze, Gaia foi varrida da encosta, arrancada dali pelas garras de um dragão de metal de cinquenta toneladas.
Festus, renascido, subiu aos céus com as asas reluzentes, cuspindo fogo em triunfo. Enquanto subia, a pessoa montada em suas costas ficava cada vez menor e mais difícil de identificar, mas o sorriso de Leo era inconfundível.
— Pipes! Jason! — gritou ele, olhando para baixo. — Vocês não vêm? A batalha é aqui em cima!

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