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O Sangue do Olimpo - CAP. L

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo L - Jason

NÃO SOBROU NADA DOS GIGANTES além de pilhas de pó, algumas lanças e um punhado de dreadlocks em chamas.
O Argo II ainda estava no ar, mas por pouco, atracado no topo do Partenon. Quase todos os remos tinham sido arrancados ou estavam emaranhados. Saía fumaça de várias rachaduras no casco. As velas estavam pontilhadas de furos em chamas.
Leo tinha um aspecto quase tão ruim quanto o barco. Ele estava no meio do templo junto dos outros membros da tripulação, o rosto coberto de fuligem e as roupas flamejando.
Os deuses se dispersaram em um semicírculo quando Zeus se aproximou. Nenhum deles parecia muito satisfeito com a vitória. Apolo e Ártemis estavam juntos à sombra de uma coluna, como se estivessem tentando se esconder. Hera e Poseidon discutiam intensamente com uma deusa que vestia uma túnica verde e dourada, talvez Deméter. Nice tentou botar uma coroa de louros na cabeça de Hécate, mas a deusa da magia a afastou. Hermes se aproximou discretamente de Atena, tentando passar o braço em torno dela, mas Atena virou o escudo Aegis na direção dele, e Hermes se afastou, aborrecido.
O único olimpiano que parecia de bom humor era Ares, que ria e fingia cortar um inimigo enquanto Frank escutava, com expressão educada mas constrangida.
— Irmãos — começou Zeus — estamos curados graças ao trabalho destes semideuses. A Atena Partenos, que antigamente ficava neste templo, agora está no Acampamento Meio-Sangue. Ela uniu nossa descendência e, com isso, nossos aspectos.
— Senhor Zeus — disse Piper tomando a palavra. — Reyna está bem? E Nico e o treinador Hedge?
Jason quase não podia acreditar que Piper estivesse preocupada com Reyna, mas ficou satisfeito com isso.
Zeus franziu as sobrancelhas cor de nuvem.
— Eles foram bem-sucedidos em sua missão. E, até o momento, estão vivos. Se estão bem ou não...
— Ainda há trabalho a ser feito — interrompeu a rainha Hera. Ela abriu os braços como se quisesse um abraço coletivo. — Mas, meus heróis... vocês triunfaram sobre os gigantes, como eu sabia que fariam. Meu plano foi lindamente bem-sucedido.
Zeus virou-se para a esposa. Um trovão abalou a Acrópole.
— Hera, não ouse ficar com o crédito! Você causou pelo menos tantos problemas quanto resolveu!
A rainha dos céus ficou lívida.
— Meu marido, certamente você agora vê... que esse era o único modo.
— Nunca há apenas um modo! — berrou Zeus. — É por isso que há três Parcas, não uma. Correto?
Junto aos destroços do trono do rei dos gigantes, as três velhas assentiram em silêncio. Jason percebeu que os outros deuses preferiram ficar bem longe das Parcas e de suas reluzentes maças de latão.
— Por favor, meu marido — Hera tentou sorrir, mas estava tão nitidamente amedrontada que Jason quase sentiu pena dela. — Eu só fiz o que...
— Silêncio! — interrompeu-a Zeus. — Você desobedeceu às minhas ordens. Mesmo assim... reconheço que teve boas intenções. O valor destes sete heróis provou que você não agiu de forma completamente ignorante.
Hera pareceu querer discutir, mas manteve a boca fechada.
— Apolo, entretanto... — Zeus olhou para as sombras onde estavam os gêmeos. — Meu filho, venha cá.
Apolo avançou bem devagar, como se estivesse caminhando para a forca. Chegava a ser enervante quanto ele parecia um semideus adolescente: cerca de dezessete anos, usando calça jeans e camiseta do Acampamento Meio-Sangue, com um arco no ombro e uma espada presa no cinto. Com o cabelo louro despenteado e os olhos azuis, podia ser irmão de Jason tanto pelo lado mortal quanto pelo divino.
Jason se perguntou se o deus tinha assumido aquela forma para não chamar atenção ou para inspirar piedade no pai. O medo no rosto de Apolo com certeza parecia real, e também muito humano. As três Parcas cercaram o deus, as mãos enrugadas erguidas.
— Você me desafiou duas vezes — disse Zeus.
Apolo umedeceu os lábios.
— Meu... meu senhor...
— Você não cumpriu com seus deveres. Você sucumbiu à lisonja e à vaidade. Você encorajou seu filho, Octavian, a seguir um caminho perigoso, e revelou prematuramente uma profecia que ainda pode destruir a todos.
— Mas...
— Basta! — interrompeu Zeus. — Depois conversaremos sobre sua punição. Por enquanto, você vai esperar no Olimpo.
Zeus agitou a mão.
Apolo se transformou em uma nuvem de purpurina. As Parcas giraram em torno dele para então se dissolverem no ar, e o redemoinho de purpurina subiu para o céu.
— O que vai acontecer com Apolo? — perguntou Jason.
Os deuses olharam para ele, mas Jason não ligou. Depois de conhecer Zeus pessoalmente, ele sentia certa simpatia por Apolo.
— Não é da sua conta — disse Zeus. — Temos outros problemas com que nos preocupar.
Um silêncio insuportável se abateu sobre o Partenon.
Não parecia certo simplesmente deixar o assunto para depois. Jason não via a razão de apenas Apolo ser castigado.
Alguém deve levar a culpa, dissera Zeus.
Mas por quê?
— Pai — disse Jason — eu jurei cultuar todos os deuses. Prometi a Cimopoleia que, quando esta guerra terminasse, nenhum deus ficaria sem um templo nos acampamentos.
Zeus franziu a testa.
— Está bem. Mas... Cimo quem?
Poseidon pigarreou, cobrindo a boca com a mão.
— Ela é uma das minhas.
— O que estou dizendo — continuou Jason — é que culpar uns aos outros não vai resolver nada. Foi assim que começou a rixa entre gregos e romanos.
O ar ficou perigosamente ionizado. O couro cabeludo de Jason formigou.
Ele percebeu que estava se arriscando a sofrer a ira do pai. Podia ser transformado em purpurina ou jogado para longe da Acrópole. Ele conhecera Zeus havia cinco minutos e tinha causado uma boa impressão.
Agora estava jogando isso fora.
Um bom romano ficaria calado.
Jason continuou:
— Apolo não foi o problema. Castigá-lo pelo despertar de Gaia é... — ele queria dizer burrice, mas se segurou — não seria sábio.
— Não seria sábio... — A voz de Zeus era quase um sussurro. — Diante de todos os deuses, você diz que eu não sou sábio.
Os amigos de Jason observavam, totalmente alertas. Percy parecia pronto para interferir e se juntar a ele.
Então Ártemis saiu das sombras:
— Pai, esse herói lutou muito e por muito tempo pela nossa causa. Seus nervos estão abalados. Devemos levar isso em conta.
Jason ia protestar, mas Ártemis o impediu com um olhar. A expressão dela mandava uma mensagem tão clara que era como se estivesse falando com ele mentalmente. Obrigada, semideus. Mas não abuse. Vou conversar com Zeus quando ele estiver mais calmo.
— E sem dúvida, pai — prosseguiu a deusa — como o senhor observou, devemos nos ater a nossos problemas mais urgentes.
— Gaia — reforçou Annabeth, nitidamente ansiosa para mudar de assunto. — Ela despertou, não foi?
Zeus virou-se para ela. Em volta de Jason, as moléculas do ar pararam de vibrar. Seu crânio parecia ter acabado de sair do micro-ondas.
— Isso mesmo — disse Zeus. — O sangue do Olimpo foi derramado. Ela está totalmente consciente.
— Ah, qual é! — reclamou Percy. — Eu sangro um pouquinho pelo nariz e acordo a terra inteira? Isso não é justo!
Atena pôs Aegis no ombro.
— Reclamar de injustiça é como culpar alguém, Percy Jackson: não faz bem a ninguém — ela lançou um olhar de aprovação para Jason. — Agora vocês têm que se apressar. Gaia está se preparando para destruir seu acampamento.
Poseidon se apoiou em seu tridente.
— Desta vez, Atena tem razão.
— Desta vez? — protestou Atena.
— Por que Gaia voltaria ao acampamento? — perguntou Leo. — Percy sangrou aqui.
— Cara — disse Percy — primeiro de tudo, você ouviu Atena: não culpe meu nariz. Segundo: Gaia é a terra. Ela pode aparecer onde quiser. Além do mais, ela nos contou que ia fazer isso. Disse que a primeira coisa em sua lista era destruir nosso acampamento. A pergunta é: como vamos impedi-la?
Frank olhou para Zeus.
— Hã... senhor, Sua Majestade, vocês não podem simplesmente ir lá com a gente? Vocês têm as bigas e os poderes mágicos e tudo o mais.
— Isso! — disse Hazel. — Nós derrotamos os gigantes juntos em dois segundos. Vamos todos até lá...
— Não — disse Zeus, secamente.
— Não? — perguntou Jason. — Mas, pai...
Os olhos de Zeus cintilaram de poder, e Jason percebeu que tinha levado o pai ao limite naquele dia... e talvez pelos séculos seguintes.
— Esse é o problema com as profecias — resmungou Zeus. — Quando Apolo permitiu que a Profecia dos Sete fosse pronunciada, e quando Hera tomou a decisão de interpretar suas palavras, as Parcas teceram o futuro de uma maneira que ele tinha apenas determinado número de resultados, determinado número de soluções. Vocês sete, os semideuses, estão destinados a derrotar Gaia. Nós, deuses, não podemos.
— Não entendo — disse Piper. — Qual é o sentido em vocês serem deuses se precisam contar com a ajuda de simples mortais para fazerem o que querem?
Todos os deuses trocaram olhares sombrios. Entretanto, Afrodite riu com carinho e beijou a filha.
— Piper, querida, você não acha que nós nos fazemos essa pergunta há milhares de anos? Mas é isso o que nos une, o que nos torna eternos. Precisamos de vocês, mortais, tanto quanto vocês precisam de nós. Por mais irritante que isso seja, é a verdade.
Frank se remexia, desconfortável, como se sentisse falta de ser um elefante.
— Então como podemos chegar ao Acampamento Meio-Sangue a tempo de salvá-lo? Levamos meses para vir até a Grécia.
— Os ventos — disse Jason. — Pai, você pode fazer com que os ventos mandem nosso navio de volta?
Zeus fechou a cara.
— Eu podia mandá-los de volta a Long Island com um tapa.
— Hã... isso foi uma piada, uma ameaça ou...?
— Não — disse Zeus. — Estou falando bem literalmente. Eu podia dar um tapa em seu barco e mandá-lo de volta para o Acampamento Meio-Sangue, mas a força envolvida nisso...
Perto do trono em ruínas do gigante, o deus desgrenhado com macacão de mecânico balançou a cabeça.
— O meu menino Leo construiu um bom navio, mas o Argo II não vai suportar tamanha força. Vai se desfazer assim que chegar, talvez antes.
Leo ajeitou seu cinto de ferramentas.
— O Argo II aguenta. Ele só precisa ficar inteiro até chegarmos em casa. Depois, podemos abandonar o navio.
— É perigoso — alertou Hefesto. — Talvez até fatal.
A deusa Nice girava uma coroa de louros no dedo.
— A vitória é sempre arriscada. E muitas vezes exige um sacrifício. Leo Valdez e eu já discutimos isso.
Ela olhou diretamente para Leo.
Jason não gostou nada daquilo. Ele se lembrou da expressão grave de Asclépio quando o médico examinou Leo. Minha nossa. Ah, estou vendo... Jason sabia o que eles precisavam fazer para derrotar Gaia. Conhecia os riscos. Mas ele queria correr esses riscos sozinho, não jogá-los sobre Leo.
Piper está com a cura do médico, disse ele a si mesmo. Ela vai cuidar de nós dois.
— Leo, do que Nice está falando? — perguntou Annabeth.
Leo fez pouco caso da pergunta com um aceno.
— O de sempre. Vitória. Sacrifício. Blá-blá-blá. Não importa. Nós podemos fazer isso, gente. Nós temos que fazer isso.
Jason foi tomado por um medo súbito. Zeus estava certo sobre uma coisa: o pior ainda estava por vir.
Quando tiver que escolher, dissera Noto, o Vento Sul, entre tempestade ou fogo, não entre em pânico.
Jason tomou a decisão:
— Leo tem razão. Todos a bordo para uma última viagem.

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