Curta a página oficial do blogger para receber as notificações direto em seu Facebook, além de novidades que serão apenas postadas lá.

Procurando por algo?

0

A Casa de Hades - CAP. XXXVI

.. sexta-feira, 14 de março de 2014
Capítulo XXXVI - Jason
JASON VIAJARA NO VENTO DIVERSAS vezes. Ser o vento era outra história.
Sentia-se fora de controle, com os pensamentos dispersos, sem separação entre o seu corpo e o resto do mundo. Imaginou se era assim que os monstros se sentiam quando eram derrotados, explodindo em pó, impotentes e disformes.
Jason podia sentir Nico próximo. O Vento Oeste levou-os ao céu acima de Split. Juntos, sobrevoaram colinas, antigos aquedutos romanos, rodovias e vinhedos. Quando se aproximaram das montanhas, Jason viu as ruínas de uma cidade romana espalhadas em um vale lá embaixo – paredes em ruínas, alicerces quadrados e estradas rachadas, tudo coberto de vegetação – parecendo um gigantesco jogo de tabuleiro coberto de musgo.
Favônio aterrissou-os no meio das ruínas, ao lado de uma coluna quebrada tão alta quanto uma sequoia.
O corpo de Jason se recompôs. Por um momento, pareceu-lhe ainda pior do que ser o vento, como se subitamente tivesse sido enrolado em um casaco de chumbo.
— É, corpos mortais são terrivelmente volumosos — disse Favônio, como se lesse seus pensamentos. O deus do Vento Oeste acomodou-se com a sua cesta de frutas em um muro perto e abriu as asas avermelhadas ao sol. — Honestamente, não sei como vocês suportam isso, dia após dia.
Jason investigou o entorno. A cidade aparentava ter sido enorme no passado. Dava para perceber as estruturas de templos e casas de banho, um anfiteatro semienterrado e pedestais vazios que outrora suportaram estátuas. Fileiras de colunas levavam a lugar nenhum. As velhas muralhas da cidade serpenteavam pela encosta como uma linha pedregosa costurando um tecido verde.
Existiam pontos de escavação em algumas áreas, mas a maior parte da cidade estava abandonada, como se tivesse sido abandonada à ação dos elementos nos últimos dois mil anos.
— Bem-vindos a Salona — disse Favônio — capital da Dalmácia! Local de nascimento de Diocleciano! Mas antes disso, muito antes disso, aqui era a casa de Cupido.
O nome ecoou como se vozes sussurrassem entre as ruínas.
Aquele lugar tinha algo que o fazia parecer ainda mais assustador do que o porão do palácio em Split. Jason nunca pensara muito em Cupido. Certamente nunca pensara em Cupido como assustador. Mesmo para os semideuses romanos, o nome trazia a lembrança de um tolo bebê alado com um arco e flecha de brinquedo, voando e sacudindo suas fraldas no Dia dos Namorados.
— Ah, mas ele não é assim — disse Favônio.
Jason estremeceu.
— Pode ler a minha mente?
— Não preciso — Favônio atirou o aro de bronze para o alto — todos têm a impressão errada de Cupido... até encontrarem com ele.
Nico encostou-se em uma coluna, as pernas visivelmente trêmulas.
— Ei, cara... — Jason andou em sua direção, mas Nico acenou para que se afastasse.
A grama ficou marrom e murcha sob os pés do semideus. O trecho morto se espalhou ao redor, como se veneno vazasse da sola de seus sapatos.
— Ah... — Favônio balançou a cabeça em sinal de simpatia — não o culpo por estar nervoso, Nico di Angelo. Sabe como eu acabei servindo a Cupido?
— Não sirvo a ninguém — murmurou Nico — especialmente a Cupido.
Favônio continuou como se não tivesse ouvido.
— Eu me apaixonei por uma criatura mortal chamada Jacinto. Ele era extraordinário.
— Ele...? — O cérebro de Jason ainda estava confuso por ter se tornado vento, de modo que demorou um segundo para processar aquilo. — Ah...
— É, Jason Grace — disse Favônio, arqueando uma sobrancelha — eu me apaixonei por um homem. Isso o choca?
Honestamente, Jason não tinha certeza. Tentava não pensar nas minúcias da vida amorosa dos deuses, não importando por quem eles se apaixonassem. Afinal, seu pai, Júpiter, não era exatamente um modelo de bom comportamento. Comparado a alguns dos escândalos amorosos do Olimpo sobre os quais ouvira falar, o fato do Vento Oeste se apaixonar por um mortal não lhe parecia muito chocante.
— Acho que não. Então... Cupido o atingiu com sua flecha e você se apaixonou.
Favônio riu com desdém.
— Você faz parecer tão banal. Ah, o amor nunca é banal. Veja, o deus Apolo também gostava de Jacinto. Ele alegava que eram apenas amigos. Não sei, não. Mas, certo dia me deparei com os dois juntos, jogando quoits...
Aquela palavra estranha outra vez.
— Quoits?
— Um jogo com esses aros — explicou Nico, embora sua voz soasse trêmula — como lançar ferraduras.
— Mais ou menos — interrompeu Favônio — de qualquer jeito, fiquei com ciúmes. Em vez de ir falar com eles e descobrir a verdade, mudei o vento e lancei um pesado anel de metal na cabeça de Jacinto e... bem. — o deus do vento suspirou — enquanto Jacinto morria, Apolo transformou-o em uma flor, o jacinto. Tenho certeza de que Apolo teria se vingado de mim, mas Cupido me ofereceu sua proteção. Fiz algo terrível, mas enlouqueci por amor, de modo que ele me poupou, com a condição de que trabalhasse eternamente para ele.
CUPIDO.
O nome ecoou entre as ruínas de novo.
— Essa é a minha deixa — disse Favônio, levantando-se — pense bem sobre como agir, Nico di Angelo. Não pode mentir para Cupido. Se deixar a raiva governá-lo... bem, o seu destino será ainda mais triste que o meu.
Jason sentia como se seu cérebro estivesse voltando a se transformar em vento. Não compreendia o que Favônio estava dizendo ou por que Nico parecia tão abalado, mas não tinha tempo para pensar naquilo. O deus do vento desapareceu em um redemoinho vermelho e dourado. O ar do verão subitamente tornou-se pesado. O chão estremeceu, e Jason e Nico sacaram as suas espadas.

* * *

Então.
A voz passou raspando pelo ouvido de Jason como uma bala. Quando ele se voltou, não havia ninguém ali.
Vocês vieram reivindicar o cetro.
Nico posicionou-se às suas costas, e, pela primeira vez, Jason ficou contente por ter a companhia do garoto.
— Cupido — chamou Jason — onde você está?
A voz riu. Definitivamente não soava como a de um anjinho bonitinho. Parecia profunda e melodiosa, mas também ameaçadora – como um tremor antes de um forte terremoto.
Onde você menos espera, respondeu Cupido. Como sempre acontece com o amor.
Algo trombou com Jason arremessando-o do outro lado da rua. Ele caiu sobre alguns degraus e se esparramou no chão de um porão romano escavado.
Achava que soubesse disso, Jason Grace. A voz de Cupido rodopiou em volta dele. Você encontrou o verdadeiro amor, afinal de contas. Ou ainda duvida de si mesmo?
Nico desceu os degraus correndo.
— Você está bem?
Jason aceitou a mão estendida e se levantou.
— Estou. Só fui feito de otário.
Ah, você esperava que eu fosse justo? Cupido riu. Sou o deus do amor. Nunca sou justo.
Naquele momento, os sentidos de Jason estavam em alerta máximo. Sentiu o ar ondular quando uma flecha se materializou, disparada em direção ao peito de Nico. Jason interceptou-a com a espada e a desviou para o lado. A flecha explodiu contra a parede próxima, salpicando-os com estilhaços de calcário.
Eles subiram a escada correndo. Jason puxou Nico quando outra rajada de vento derrubou uma coluna que o teria esmagado.
— Esse cara é Amor ou Morte? — rosnou Jason.
Pergunte aos seus amigos, disse Cupido. Frank, Hazel e Percy conheceram o meu antagonista, Tânatos. Não somos tão diferentes. Só que a morte às vezes é mais gentil.
— Tudo que queremos é o cetro! — gritou Nico. — Estamos tentando deter Gaia. Você está do lado dos deuses ou não?
Uma segunda flecha atingiu o chão entre os pés de Nico, brilhando incandescente. Ele cambaleou para trás quando a flecha estourou em um gêiser de chamas.
O amor está em todos os lados, disse Cupido. E do lado de ninguém. Não pergunte o que o amor pode fazer por você.
— Ótimo — disse Jason — agora está recitando músicas bregas.
Movimento atrás dele: Jason girou, golpeando o ar com sua espada. A lâmina atingiu algo sólido. Ouviu um grunhido e atacou novamente, mas o deus invisível já não estava mais lá.
Sobre as pedras do calçamento, brilhava um rastro dourado de icor – o sangue dos deuses.
Muito bom, Jason, disse Cupido. Ao menos você pode sentir a minha presença. Um mero relance do amor verdadeiro é mais do que consegue a maioria dos heróis.
— Então, ganho o cetro? — perguntou Jason.
Cupido riu.
Infelizmente, você não poderia controlá-lo. Apenas um filho do Mundo Inferior poderia convocar as legiões mortas. E apenas um oficial romano poderia liderá-las.
— Mas...
Jason vacilou. Ele era um oficial. Era pretor. Então se lembrou de suas dúvidas quanto a que lugar pertencia. Em Nova Roma, oferecera sua posição para Percy Jackson. Será que isso o tornava indigno de liderar uma legião de fantasmas romanos?
Jason decidiu enfrentar o problema quando chegasse a hora.
— Nós resolvemos — disse ele — Nico pode invocar...
A terceira flecha zuniu sobre o ombro de Jason. Não conseguiu impedi-la. Nico ofegou quando o projétil se alojou no braço que segurava a espada.
— Nico!
O filho de Hades cambaleou. A seta se dissolveu, sem deixar sangue ou ferimento visível, mas o rosto do semideus estava retorcido de raiva e de dor.
— Chega de brincadeira! — gritou Nico. — Apresente-se!
É complicado olhar para a face do amor verdadeiro, disse Cupido.
Outra coluna tombou. Jason afastou-se.
Minha esposa Psique aprendeu esta lição, prosseguiu Cupido. Ela foi trazida para cá éons atrás, quando aqui era o meu palácio. Só nos encontrávamos no escuro. Ela foi advertida a nunca olhar para mim, e ainda assim não conseguiu suportar o mistério. Temia que eu fosse um monstro. Certa noite, acendeu uma vela e viu o meu rosto enquanto eu dormia.
— Você era assim tão feio?
Jason localizou a voz de Cupido na borda do anfiteatro, a uns vinte metros de distância, mas queria ter certeza.
O deus riu.
Acho que eu era bonito demais. Um mortal não pode contemplar a verdadeira forma de um deus sem sofrer as consequências. Minha mãe, Afrodite, amaldiçoou Psique por sua desconfiança. Minha pobre amante foi atormentada, forçada ao exílio e recebeu tarefas terríveis para provar ser digna. Chegou a ser enviada ao Mundo Inferior em uma missão para provar sua dedicação. Conseguiu voltar para o meu lado, mas sofreu muito.
Agora peguei você, pensou Jason.
Apontou a espada para o céu e um trovão sacudiu o vale. Um raio abriu uma cratera no lugar de onde vinha a voz.
Silêncio. Jason já estava pensando: Cara, isso realmente funcionou, quando uma força invisível o derrubou. Sua espada escorregou até o outro lado da rua.
Boa tentativa, disse Cupido, com a voz já distante, mas o amor não pode ser detectado tão facilmente.
Ao lado dele, um muro desabou. Jason conseguiu rolar para o lado por pouco.
— Pare com isso! — gritou Nico. — É a mim que você quer. Deixe-o em paz!
Os ouvidos de Jason zumbiram. Estava tonto de tanto que fora arremessado. Sua boca tinha gosto de pó calcário. Não entendia por que Nico achava ser o alvo principal, mas Cupido pareceu concordar.
Pobre Nico di Angelo. A voz do deus estava repleta de decepção. Não sabe o que você quer, muito menos o que eu quero. Minha amada Psique arriscou tudo em nome do amor. Era a única maneira de expiar a sua falta de fé. E você, o que arriscou em meu nome?
— Estive no Tártaro e voltei — rosnou Nico — você não me assusta.
Eu o assusto muito, muito mesmo. Encare-me. Seja honesto.
Jason se levantou.
Ao redor de Nico, o chão estremeceu. A relva murchou e as pedras racharam como se algo estivesse se movendo embaixo da terra, tentando abrir caminho até a superfície.
— Queremos o cetro de Diocleciano — disse Nico — não temos tempo para brincadeiras.
Brincadeiras? Cupido atingiu Nico, jogando-o de lado contra um pedestal de granito. O amor não é uma brincadeira! Não é a suavidade das flores! É trabalho pesado, uma busca que nunca termina. Exige tudo de você, especialmente a verdade. Somente então lhe concede recompensas.
Jason resgatou sua espada. Se aquele cara invisível era o Amor, Jason estava começando a pensar que o Amor era algo superestimado. Gostava mais da versão de Piper: atencioso, gentil e belo. Afrodite ele conseguia entender. Já Cupido parecia mais um bandido, um opressor.
— Nico, o que esse cara quer de você?
Diga-lhe, Nico di Angelo, replicou Cupido. Diga-lhe que você é um covarde, com medo de si mesmo e de seus sentimentos. Diga-lhe o verdadeiro motivo pelo qual fugiu do Acampamento Meio-Sangue, e por que está sempre sozinho.
Nico emitiu um grito gutural. O chão aos seus pés se abriu e esqueletos se arrastaram para fora: romanos mortos sem as mãos, crânios afundados, costelas partidas e mandíbulas soltas. Alguns estavam vestidos com os restos de suas togas. Outros traziam brilhantes peças de armadura penduradas ao peito.
Vai se esconder entre os mortos, como sempre faz?, provocou Cupido.
Ondas de escuridão emanavam do filho de Hades. Quando atingiram Jason, ele quase desmaiou, oprimido pelo ódio, pelo medo, pela vergonha...
Imagens cruzaram sua mente. Viu Nico e sua irmã em um penhasco nevado, no Maine, e Percy Jackson protegendo-os de um manticore. A espada de Percy brilhava no escuro. Fora o primeiro semideus que Nico vira em ação.
Mais tarde, no Acampamento Meio-Sangue, Percy pegou Nico pelo braço e prometeu manter sua irmã Bianca em segurança. Nico acreditou nele. Olhou em seus olhos verde-mar e pensou: ele não pode fracassar. É um herói de verdade. Percy era o jogo favorito de Nico, Mitomagia, trazido à realidade.
Jason viu o momento em que Percy voltou e disse para Nico que Bianca morrera. O garoto gritou e chamou-o de mentiroso. Ele se sentiu traído, mas ainda assim... quando os guerreiros esqueleto atacaram, não pôde deixá-los ferir Percy. Nico invocara a terra para engoli-los, e então fugiu, aterrorizado com seus próprios poderes, suas próprias emoções.
Jason viu mais uma dezena de cenas como esta do ponto de vista de Nico... E elas o atordoaram, deixando-o incapaz de se mover ou de falar.
Enquanto isso, os esqueletos romanos de Nico avançaram e agarraram algo invisível. Cupido lutou, empurrando os mortos, quebrando costelas e crânios, mas eles continuavam a surgir, prendendo os braços do deus.
Interessante!, disse Cupido. Você tem a força, afinal?
— Deixei o Acampamento Meio-Sangue por amor — disse Nico. — Annabeth... ela...
Ainda se escondendo, disse Cupido, partindo outro esqueleto em pedaços. Você não tem a força.
— Nico — Jason conseguiu dizer — está tudo bem. Eu entendo.
Nico o encarou com dor e aflição estampadas em seu rosto.
— Não — disse ele — você não tem como entender.
E assim você volta a fugir, repreendeu Cupido. De seus amigos, de si mesmo.
— Não tenho amigos! — gritou Nico. — Deixei o Acampamento Meio-Sangue porque não pertenço àquele lugar! Nunca pertencerei!
Os esqueletos haviam imobilizado Cupido, mas o deus invisível riu tão cruelmente que Jason desejou invocar outro raio. Infelizmente, duvidava que tivesse força.
— Deixe-o em paz, Cupido — reclamou Jason — isto não é...
Sua voz falhou. Queria dizer que aquilo não era problema do deus, mas percebeu que isso era exatamente problema de Cupido. Algo que Favônio dissera continuava a zumbir em seus ouvidos: Você está chocado?
A história de Psique finalmente fez sentido para ele: entendeu por que uma garota mortal teria tanto medo. Por que correria o risco de burlar as regras para olhar o rosto do deus do amor, temendo que ele pudesse ser um monstro.
Psique tinha razão. Cupido era um monstro. O Amor era o mais selvagem de todos os monstros.
A voz de Nico soou dolorida.
— E-eu não estava apaixonado por Annabeth.
— Você estava com ciúmes dela — disse Jason — é por isso que não queria ficar perto dela. Especialmente, era por isso que não queria ficar perto... dele. Isso explica tudo.
Toda a luta e negação de Nico pareceram se esvair ao mesmo tempo. A escuridão diminuiu. Os romanos mortos desmoronaram em pilhas de ossos e viraram pó.
— Eu me odiava — disse Nico — odiava Percy Jackson.
Cupido se tornou visível – um jovem magro, musculoso com asas brancas como a neve, cabelos lisos e negros, uma túnica branca simples e calça jeans. O arco e a aljava pendurados no seu ombro não eram de brinquedo. Eram armas de guerra. Seus olhos eram vermelhos como o sangue, como se todos os corações de Dia dos Namorados do mundo tivessem sido espremidos e destilados em uma mistura venenosa. Seu rosto era belo, mas também duro, tão difícil de olhar quanto um holofote. Observou Nico com satisfação, como se tivesse identificado o local exato onde sua próxima seta garantiria uma morte limpa.
— Tive uma queda por Percy — disse Nico — essa é a verdade. Esse é o grande segredo.
Ele olhou para Cupido.
— Feliz agora?
Pela primeira vez, o olhar de Cupido pareceu simpático.
— Ah, eu não diria que o Amor sempre o faz feliz. — Sua voz soava menor, muito mais humana. — Às vezes, ele o faz ficar incrivelmente triste. Mas ao menos agora você enfrentou isso. Essa é a única maneira de me vencer.
Cupido dissolveu-se em vento.
No chão, no lugar onde estivera, havia um cajado de marfim de um metro de comprimento, com um globo escuro de mármore polido do tamanho de uma bola de beisebol no topo, aninhado nas costas de três águias romanas de ouro. O cetro de Diocleciano.
Nico se ajoelhou e pegou o cetro. Olhou para Jason, como se à espera de um ataque.
— Se os outros descobrirem...
— Se os outros descobrirem — disse Jason — você terá mais pessoas a apoiá-lo, capazes de liberar a fúria dos deuses contra quem lhe trouxer problemas.
Nico fez uma careta. Jason ainda sentia a raiva e o ressentimento emanando dele.
— Mas a decisão é sua — acrescentou Jason — a decisão de compartilhar ou não é sua. Só posso dizer que...
— Não me sinto mais assim — murmurou Nico — quer dizer... Desisti de Percy. Eu era jovem e impressionável, e eu, eu não...
Sua voz falhou, e Jason viu que o garoto estava prestes a ficar com os olhos marejados. Se Nico realmente desistira de Percy ou não, Jason não podia imaginar o que ele passara durante todos aqueles anos, mantendo um segredo que teria sido impensável compartilhar na década de 1940, negando quem ele era, sentindo-se completamente sozinho – ainda mais isolado do que os outros semideuses.
— Nico — disse ele gentilmente — já vi um monte de atos de coragem. Mas o que você fez? Esse talvez tenha sido o mais corajoso de todos.
Nico ergueu a cabeça, incerto.
— Devemos voltar ao navio.
— É. Podemos voar...
— Não — anunciou Nico — desta vez viajaremos nas sombras. Quero ficar longe dos ventos por um bom tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita. Que tal deixar um comentário?

Percyanaticos BR / baseado no Simple | por © Templates e Acessórios ©2013