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A Casa de Hades - CAP. XXXIV

.. segunda-feira, 10 de março de 2014
Capítulo XXXIV - Jason
JASON SOBREVIVEU, MAS POR POUCO.
Mais tarde, seus amigos explicaram que não o viram cair até o último segundo. Não houve tempo para Frank se transformar em uma águia e pegá-lo, nem para formular um plano de resgate.
Apenas o raciocínio rápido e o poder das palavras de Piper salvaram sua vida. Ela gritou ACORDE! tão alto que Jason sentiu como se tivesse levado um choque de um desfibrilador. No milésimo de segundo que lhe restava, convocou os ventos e evitou se transformar em uma poça flutuante de gordura de semideus no meio do Adriático.
De volta a bordo, Jason puxou Leo para o lado e sugeriu uma mudança de curso. Felizmente, Leo confiava nele o suficiente para não fazer perguntas.
— Lugar estranho para passar as férias — disse Leo, sorrindo. — Mas tudo bem, você que manda!
Agora, sentado com os amigos no refeitório, Jason se sentia tão acordado que duvidava que fosse conseguir dormir durante uma semana. Suas mãos estavam irrequietas. Não conseguia parar de balançar os pés. Imaginou que era assim que Leo se sentia o tempo todo. Só que Leo tinha senso de humor.
Depois do que vira em seu sonho, não estava com vontade de contar piadas.
Enquanto almoçavam, Jason contou a eles sobre a visão que teve em pleno ar. Seus amigos ficaram em silêncio por tempo suficiente para o treinador Hedge terminar de comer um sanduíche de manteiga de amendoim com banana, inclusive o prato de cerâmica.
O navio rangia enquanto navegavam pelo Mar Adriático, com os remos restantes ainda desalinhados devido ao ataque da tartaruga gigante. De vez em quando, Festus, a figura de proa, rangia e guinchava pelos alto-falantes, relatando a situação do piloto automático naquela estranha linguagem de máquina que só Leo conseguia entender.
— Um bilhete de Annabeth — Piper balançou a cabeça, pasma — não vejo como isso é possível, mas se for...
— Ela está viva — disse Leo — graças aos deuses e me passe o molho de pimenta.
Frank franziu a testa.
— O que isso significa?
Leo limpou as migalhas do rosto.
— Isso significa: me passe o molho de pimenta, Zhang. Ainda estou com fome.
Frank passou o molho.
— Não podia imaginar que Reyna iria tentar nos encontrar. É tabu vir às terras antigas. Ela vai perder a pretoria.
— Se sobreviver — acrescentou Hazel — foi muito difícil para nós chegar tão longe com sete semideuses e um navio de guerra.
— E eu — lembrou o treinador Hedge — não se esqueça, docinho, vocês tiveram a ajuda de um sátiro.
Jason teve que sorrir.
O treinador Hedge podia ser bem ridículo, mas Jason estava feliz que ele tivesse vindo. Lembrou-se do sátiro que vira em seu sonho, Grover Underwood. Ele não poderia imaginar um sátiro mais diferente do treinador Hedge, mas ambos pareciam corajosos a seu modo.
Aquilo fez Jason pensar nos faunos do Acampamento Júpiter – se poderiam ser como os sátiros caso os semideuses romanos exigissem mais deles. Outra coisa a acrescentar à sua lista...
Sua lista. Não tinha percebido que tinha uma lista até aquele momento, mas, desde que deixara o Acampamento Meio-Sangue, vinha pensando em maneiras de tornar o Acampamento Júpiter mais... grego.
Crescera no Acampamento Júpiter e se dera bem por lá. Mas Jason sempre fora um tanto não convencional. Ele se irritava com as regras. Ingressou na Quinta Coorte porque todos lhe disseram para não fazer isso. Ele foi avisado de que era a pior unidade. Então pensou: Ótimo, vou transformá-la na melhor.
Quando se tornou pretor, fez uma campanha para mudar o nome da Décima Segunda Legião para Primeira Legião, simbolizando um novo começo para Roma. Sua ideia quase provocou um motim. Nova Roma era muito apegada à tradição e aos costumes – as regras não mudavam com facilidade. Jason aprendera a conviver com isso e até mesmo chegara ao topo.
Mas agora que vira os dois acampamentos, não conseguia se livrar da sensação de que talvez o Acampamento Meio-Sangue tivesse lhe ensinado mais sobre si mesmo. Caso sobrevivesse àquela guerra contra Gaia e retornasse ao Acampamento Júpiter como pretor, poderia melhorar as coisas?
Esse era seu dever.
Então, por que a ideia o enchia de medo? Sentia-se culpado por deixar Reyna no comando sozinha, mas mesmo assim... parte dele queria voltar para o Acampamento Meio-Sangue com Piper e Leo. Supôs que isso o tornava um péssimo líder.
— Jason? — chamou Leo. — Argo II para Jason. Responda.
Ele percebeu que seus amigos o olhavam com expectativa. Precisavam ser tranquilizados. Voltando ou não à Nova Roma depois da guerra, Jason teria que tomar a frente agora e agir como pretor.
— Sim, desculpe — tocou o buraco que Círon, o bandido, abrira em seu cabelo — cruzar o Atlântico é uma viagem difícil, sem dúvida. Mas jamais apostaria contra Reyna. Se há alguém que pode fazer isso, é ela.
Piper remexeu sua sopa com a colher. Jason ainda ficava um pouco preocupado, temendo que ela tivesse ciúmes de Reyna, mas, ao encará-lo, ela abriu um sorrisinho que parecia mais provocante do que inseguro.
— Bem, eu adoraria ver Reyna de novo — ela falou — mas como vai nos encontrar?
Frank ergueu a mão.
— Você não pode lhe mandar uma mensagem de Íris?
— Elas não estão funcionando muito bem — intrometeu-se o treinador Hedge — a recepção anda horrível. Todas as noites, juro, tenho vontade de chutar aquela deusa do arco-íris...
Ele hesitou. Seu rosto ficou vermelho.
— Treinador? — Leo sorriu. — Para quem você tem ligado todas as noites, seu bode velho?
— Ninguém! — vociferou Hedge. — Nada! Só quis dizer...
— Ele quis dizer que já tentamos isso — interveio Hazel. O treinador lançou-lhe um olhar agradecido. — Alguma magia está interferindo... talvez seja Gaia. Contatar os romanos é ainda mais difícil. Acho que eles têm algum tipo de proteção.
Jason olhou de Hazel para o treinador, perguntando-se o que estava acontecendo com o sátiro, e como Hazel sabia daquilo. Pensando bem, havia um bom tempo que o treinador não mencionava sua namorada, Mellie, a ninfa das nuvens...
Frank tamborilou os dedos na mesa.
— Será que Reyna tem celular...? Ah. Não importa. Provavelmente teria uma péssima recepção com ela voando sobre o Atlântico em um pégaso.
Jason pensou na viagem pelo mar a bordo do Argo II, nas dezenas de encontros quase mortais. Pensar em Reyna fazendo aquela viagem sozinha... não conseguia decidir se era aterrorizante ou inspirador.
— Reyna vai nos encontrar.  Ela mencionou algo no sonho. Espera que eu vá a um determinado lugar em nosso caminho para a Casa de Hades. Eu... eu tinha me esquecido dele, na verdade, mas ela está certa. É um lugar que preciso visitar.
Piper se inclinou em sua direção, a trança caindo sobre o ombro. Seus olhos brilhantes não o deixavam pensar direito.
— E onde fica esse lugar? — perguntou ela.
— Em uma... hã... uma cidade chamada Split.
— Split.
Ela cheirava muito bem, como madressilvas florescendo.
— Hum, sim.
Jason se perguntou se Piper estaria usando algum tipo de magia de Afrodite – por exemplo: toda vez que ele mencionasse o nome de Reyna, ela o confundisse a tal ponto que ele não conseguiria pensar em mais nada além de Piper. Não era uma vingança das piores.
— Na verdade, devemos estar perto. Leo?
Leo apertou o botão do interfone.
— Como vão as coisas aí em cima, cara?
Festus, a figura de proa, rangeu e soltou vapor.
— Ele disse que estamos a uns dez minutos do porto — informou Leo. — Embora eu ainda não entenda por que você quer ir para a Croácia, especialmente para uma cidade chamada Split. Ora, se você batiza uma cidade de Split está praticamente dando um aviso: se separarem. É como chamar uma cidade de Dê o fora!
— Espere — disse Hazel — por que estamos indo para a Croácia?
Jason notou que os outros estavam relutantes em encará-la. Desde seu truque com a Névoa contra Círon, o bandido, até mesmo Jason se sentia um pouco nervoso perto dela. Sabia que isso era injusto com Hazel. Já era muito difícil ser uma filha de Plutão, mas ela fizera magia de verdade naquele penhasco. E, depois, de acordo com Hazel, o próprio Plutão aparecera para ela.
Isso era algo que os romanos normalmente chamariam de mau agouro.
Leo empurrou para o lado o molho de pimenta e as batatinhas chips.
— Bem, tecnicamente, estamos em território croata há mais ou menos um dia. Este litoral pelo qual estamos navegando é da Croácia, mas acho que, no tempo dos romanos, chamava-se... como foi mesmo que você disse, Jason? Bodácia?
— Dalmácia — disse Nico, assustando Jason.
Santo Rômulo... Jason desejou poder amarrar um sino no pescoço de Nico di Angelo para lembrá-lo de que o garoto estava por perto. Nico tinha o hábito perturbador de ficar quieto em um canto, misturando-se às sombras.
Deu um passo à frente, os olhos escuros fixos em Jason. Desde que fora resgatado do jarro de bronze em Roma, Nico vinha dormindo muito pouco e comendo menos ainda, como se ainda estivesse sobrevivendo daquelas sementes de romã de emergência do Mundo Inferior. Ele lembrou a Jason um ghoul comedor de carne com quem lutara em San Bernardino.
— A Croácia era a Dalmácia — Nico continuou — uma grande província romana. Você quer visitar o Palácio de Diocleciano, não é?
O treinador Hedge soltou um arroto heroico.
— Palácio de quem? E os dálmatas vêm da Dalmácia? Aquele filme dos 101 Dálmatas... ainda tenho pesadelos.
Frank coçou a cabeça.
— Por que alguém teria pesadelos com isso?
O treinador Hedge parecia estar prestes a iniciar um longo discurso sobre a maldade dos dálmatas de desenho animado, mas Jason decidiu que não queria ouvir.
— Nico está certo.  Preciso ir ao Palácio de Diocleciano. É para onde Reyna irá primeiro, porque ela sabe que eu iria até lá.
Piper ergueu uma sobrancelha.
— E por que Reyna pensa isso? Você sempre teve um louco fascínio pela cultura croata?
Jason olhou para o sanduíche intocado em seu prato. Era difícil falar sobre sua vida de antes de Juno ter apagado sua memória. Seus anos no Acampamento Júpiter pareciam inventados, como um filme no qual ele houvesse atuado décadas antes.
— Reyna e eu conversávamos sobre Diocleciano. Nós meio que idolatrávamos o cara como um líder. Dizíamos como gostaríamos de visitar o Palácio de Diocleciano. Claro que sabíamos que isso era impossível. Ninguém podia viajar para as terras antigas. Mas, ainda assim, fizemos um pacto de que, se um dia pudéssemos, era para lá que iríamos.
— Diocleciano... — Leo pensou no nome, então balançou a cabeça. — Não conheço. Por que ele é tão importante?
Frank pareceu ofendido.
— Foi o último grande imperador pagão!
Leo revirou os olhos.
— Por que não estou surpreso que você saiba disso, Zhang?
— Por que não saberia? Ele foi o último imperador a adorar os deuses do Olimpo antes de Constantino assumir o poder e adotar o cristianismo.
Hazel assentiu.
— Lembro-me de algo sobre isso. As freiras de St. Agnes nos ensinaram que Diocleciano era um grande vilão, como Nero e Calígula — ela olhou de soslaio para Jason. — Por que você o idolatra?
— Ele não era um vilão completo — disse Jason. — Está certo que perseguiu cristãos, mas, tirando isso, era um bom governante. Diocleciano começou do nada, unindo-se à legião. Seus pais eram ex-escravos... ou pelo menos sua mãe era. Os semideuses sabem que ele era filho de Júpiter e foi o último semideus a governar Roma. Foi também o primeiro imperador a se aposentar, tipo, pacificamente e a abrir mão de seu poder. Era da Dalmácia, então voltou para lá e construiu um palácio para passar o restante da vida. A cidade de Split cresceu em torno...
Ele vacilou ao olhar para Leo, que fingia estar tomando notas com um lápis invisível.
— Vá em frente, professor Grace! — disse Leo com os olhos arregalados. — Quero tirar dez na prova.
— Cale a boca, Leo.
Piper tomou outra colherada de sopa.
— Mas por que o Palácio de Diocleciano é tão especial?
Nico inclinou-se e pegou uma uva. Provavelmente era tudo o que ele comeria naquele dia.
— Dizem que é assombrado pelo fantasma de Diocleciano.
— Que era filho de Júpiter, como eu — disse Jason. — Seu túmulo foi destruído há séculos, mas Reyna e eu costumávamos imaginar se poderíamos encontrar o fantasma de Diocleciano e perguntar onde ele foi enterrado... bem, de acordo com as lendas, seu cetro foi enterrado com ele.
Nico lançou a Jason um sorriso irônico e assustador.
— Ah... essa lenda.
— Que lenda? — perguntou Hazel.
Nico voltou-se para a irmã.
— Supostamente, o cetro de Diocleciano pode convocar os fantasmas de qualquer legião romana que adorasse os deuses antigos.
Leo assobiou.
— O.k., agora estou interessado. Seria bom ter um exército de zumbis pagãos da pesada ao nosso lado quando entrarmos na Casa de Hades.
— Eu não colocaria dessa forma — murmurou Jason — mas, é isso mesmo.
— Não temos muito tempo — advertiu Frank — hoje já é nove de julho. Temos que chegar a Épiro, fechar as Portas da Morte...
— Que são protegidas por um gigante sombrio e uma feiticeira que quer... — Hazel hesitou — bem, não tenho certeza. Mas, de acordo com Plutão, ela pretende “reconstruir o seu domínio”. Seja lá o que isso signifique, é ruim o suficiente para que meu pai viesse me avisar pessoalmente.
Frank resmungou.
— E, se sobrevivermos a tudo isso, ainda teremos que descobrir onde os gigantes vão despertar Gaia e chegar lá antes de primeiro de agosto. Além disso, quanto mais tempo Percy e Annabeth ficarem no Tártaro...
— Eu sei — disse Jason — não vamos demorar muito em Split. Mas vale a pena tentar encontrar o cetro. Enquanto estivermos no palácio, posso deixar uma mensagem para Reyna informando nossa rota para Épiro.
Nico assentiu.
— O cetro de Diocleciano poderia nos dar uma grande vantagem. Você vai precisar da minha ajuda.
Jason tentou não demonstrar seu desconforto, mas sua pele se arrepiou com a ideia de ir a qualquer lugar com Nico di Angelo.
Percy lhe contara algumas histórias perturbadoras sobre o rapaz. Suas lealdades nem sempre eram claras. Ele passava mais tempo com os mortos do que com os vivos. Certa vez, atraíra Percy para uma armadilha no palácio de Hades. Talvez Nico tenha compensado tudo isso ajudando os gregos contra os titãs, mas ainda assim...
Piper apertou a mão dele.
— Ei, parece divertido. Irei também.
Jason queria gritar: Graças aos deuses!
Mas Nico balançou a cabeça.
— Você não pode ir, Piper. Apenas Jason e eu. O fantasma de Diocleciano pode aparecer para um filho de Júpiter, mas qualquer outro semideus provavelmente... hum, o mataria de medo. E eu sou o único que pode falar com seu espírito. Nem mesmo Hazel seria capaz de fazer isso.
Os olhos de Nico tinham um brilho de desafio. Ele parecia curioso para saber se Jason protestaria ou não.
O sino do navio soou. Festus rangeu e zumbiu no alto-falante.
— Chegamos a Split — anunciou Leo — hora de nos separarmos.
Frank gemeu.
— Podemos deixar Valdez na Croácia?
Jason levantou-se.

— Frank é o encarregado de defender o navio. Leo, você tem reparos a fazer. Quanto ao resto de vocês, ajudem sempre que possível. Nico e eu... — Olhou para o filho de Hades. — Precisamos encontrar um fantasma.

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