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A Casa de Hades - CAP. XXXIII

.. segunda-feira, 10 de março de 2014
Capítulo XXXIII - Jason
JASON ADORMECEU EM PLENA MISSÃO. O que era ruim, já que estava a mais de trezentos metros de altura.
Deveria ter imaginado. Era a manhã seguinte de seu encontro com Círon, o bandido, e estava no ar, lutando com alguns venti selvagens que ameaçavam o navio. Quando destruiu o último, esqueceu-se de prender a respiração.
Um erro idiota. Quando um espírito do vento se desintegra, cria um vácuo. Se você não estiver prendendo a respiração, o ar é sugado de seus pulmões. A pressão nos ouvidos internos cai tão rápido que a pessoa desmaia.
Foi o que aconteceu com Jason.
Para piorar, ele mergulhou imediatamente em um sonho. Do fundo de seu subconsciente, perguntou-se: Sério? Agora?
Precisava acordar ou morreria; mas não conseguiu se concentrar nesse pensamento. No sonho, estava no teto de um edifício alto, a silhueta dos prédios de Manhattan espalhando-se à sua volta na paisagem noturna. Um vento frio açoitava suas roupas. A poucos quarteirões dali, algumas nuvens se juntavam acima do Empire State – a entrada para o Monte Olimpo. Relâmpagos cortavam o céu. O ar estava metálico, cheirando a chuva iminente. O topo do arranha-céu estava iluminado como de costume, mas as luzes pareciam não estar funcionando direito. Ficavam mudando de roxo para laranja, como se as cores estivessem em uma disputa.
Junto com Jason no teto do prédio estavam seus antigos companheiros do Acampamento Júpiter: uma tropa de semideuses trajando armaduras, suas armas e escudos de ouro imperial brilhando na escuridão. Viu Dakota e Nathan, Leila e Marcus. Octavian estava um pouco afastado, magro e pálido, os olhos avermelhados devido à insônia ou à raiva, com vários bichinhos de pelúcia para sacrifícios presos ao cinto. Usava o manto branco de áugure sobre uma camiseta roxa e uma calça cargo.
No meio da fileira estava Reyna com os cães de metal Aurum e Argentum a seu lado. Ao vê-la, Jason sentiu uma grande pontada de culpa. Ele a deixara crer que os dois tinham um futuro juntos. Nunca fora apaixonado por ela, e não lhe dera esperanças... mas também nunca a desencorajara.
Ele desaparecera, e Reyna teve que liderar o acampamento sozinha. (O.k., aquilo não fora exatamente ideia de Jason, mas mesmo assim...) Então voltou para o Acampamento Júpiter com sua nova namorada, Piper, e um bando de amigos gregos em um navio de guerra. Dispararam contra o Fórum e fugiram, deixando-a com uma guerra nas mãos.
No sonho, ela parecia cansada. Os outros podiam não notar, mas Jason já trabalhara com Reyna por tempo suficiente para reconhecer o cansaço em seus olhos, a tensão em seus ombros sob as tiras da armadura. Seu cabelo escuro estava molhado, como se tivesse tomado um banho rápido.
Os romanos encaravam a porta de acesso ao teto do prédio como se estivessem à espera de alguém.
Quando a porta se abriu, duas pessoas surgiram. Uma delas era um fauno – não, pensou Jason – um sátiro. Aprendera a diferença no Acampamento Meio-Sangue, e o treinador Hedge sempre o corrigia quando ele se confundia. Os faunos romanos vagavam por aí mendigando e comendo. Os sátiros eram mais úteis, mais envolvidos com os assuntos dos semideuses. Jason não acreditava ter visto aquele sátiro em particular antes, mas tinha certeza de que ele estava do lado dos gregos. Nenhum fauno caminharia com tanta segurança em direção a um grupo armado de romanos no meio da noite.
Ele usava uma camiseta verde do Nature Conservancy com imagens de animais ameaçados de extinção, baleias, tigres e outros tantos. Nada cobria seus cascos e suas pernas peludas. Tinha um cavanhaque espesso, cabelos castanhos encaracolados escondidos sob um gorro rastafári e uma flauta de bambu pendurada no pescoço. Ele remexia na barra da camisa, mas, considerando a maneira como estudava os romanos, prestando atenção em suas posições e armas, Jason percebeu que aquele sátiro já estivera em um combate.
Ao seu lado estava uma menina ruiva que Jason reconhecia do Acampamento Meio-Sangue: era o oráculo, Rachel Elizabeth Dare. Ela tinha longos cabelos encaracolados, usava uma blusa branca e uma calça jeans cheia de desenhos feitos à mão. Segurava uma escova de cabelo de plástico azul que batia nervosamente na coxa, como um talismã da sorte.
Jason lembrou-se dela junto à fogueira do acampamento, recitando a profecia que o enviara junto com Piper e Leo em sua primeira missão. Ela era uma adolescente mortal normal – não uma semideusa – contudo, por razões que Jason jamais entendera, o espírito de Delfos a escolhera como seu porta-voz.
A verdadeira questão era: o que ela estava fazendo com os romanos?
A garota deu um passo à frente, os olhos fixos em Reyna.
— Você recebeu minha mensagem.
Octavian sorriu com desdém.
— Esse é o único motivo de terem chegado vivos até aqui, graecus. Espero que tenham vindo para discutir os termos de sua rendição.
— Octavian — advertiu Reyna.
— Ao menos os reviste! — protestou Octavian.
— Não há necessidade — disse Reyna, estudando Rachel Dare — vocês estão armados?
Rachel deu de ombros.
— Certa vez, acertei o olho de Cronos com esta escova. Fora isso, não.
Os romanos pareciam não saber como reagir àquela resposta. A mortal não parecia estar brincando.
— E seu amigo? — Reyna apontou para o sátiro. — Pensei que viria sozinha.
— Este é Grover Underwood — disse Rachel. — Ele é um líder do Conselho.
— Qual conselho? — questionou Octavian.
— Conselho dos Anciãos de Casco Fendido, cara.
A voz de Grover soava alta e esganiçada, como se estivesse com medo, mas Jason suspeitou que o sátiro era mais corajoso do que deixava transparecer.
— Sério, os romanos não têm natureza, árvores e tal? Tenho algumas notícias que vocês precisam ouvir. Além disso, sou um protetor de carteirinha. Estou aqui para, vocês sabem, proteger Rachel.
Reyna parecia estar tentando segurar o riso.
— Sem nenhuma arma?
— Apenas a flauta de bambu — a expressão de Grover tornou-se melancólica — Percy sempre disse que meu cover de “Born to be Wild” deveria contar como uma arma perigosa, mas não creio que seja tão ruim assim.
Octavian zombou:
— Outro amigo de Percy Jackson. Só me faltava essa.
Reyna ergueu a mão pedindo silêncio. Seus cães de ouro e prata farejaram o ar, mas se mantiveram calmos e atentos ao seu lado.
— Até agora nossos visitantes só disseram a verdade — disse Reyna. — Estejam avisados, Rachel e Grover, que, se começarem a mentir, esta conversa terminará muito mal para vocês. Digam o que vieram dizer.
Rachel puxou um guardanapo do bolso da calça jeans.
— Uma mensagem. De Annabeth.
Jason não tinha certeza se ouvira direito. Annabeth estava no Tártaro. Ela não podia mandar um bilhete em um guardanapo para ninguém.
Talvez eu tenha caído na água e morrido, disse seu subconsciente. Esta não é uma visão real. É uma espécie de alucinação pós-morte.
Mas o sonho parecia muito real. Ele podia sentir o vento varrendo o teto do prédio. Podia sentir o cheiro da chuva. Relâmpagos cortavam o céu sobre o edifício Empire State, fazendo as armaduras dos romanos brilharem.
Reyna pegou o bilhete. Enquanto lia, suas sobrancelhas se erguiam cada vez mais. Abriu a boca, chocada. Finalmente, olhou para Rachel.
— Isso é uma piada?
— Gostaria que fosse — disse Rachel — eles realmente estão no Tártaro.
— Mas como...
— Não sei — respondeu Rachel — o bilhete apareceu no fogo sacrificial do pavilhão de refeições. Essa é a letra de Annabeth. E ela cita seu nome.
Octavian se intrometeu.
— Tártaro? O que você quer dizer com isso?
Reyna entregou-lhe o bilhete.
Octavian murmurou enquanto lia:
— Roma, Aracne, Atena... Atena Partenos? — Ele olhou em volta, indignado, como se esperasse que alguém questionasse o que estava lendo. — Um truque dos gregos! Os gregos são famosos por seus truques!
Reyna pegou o bilhete de volta.
— Por que pedir isso a mim?
Rachel sorriu.
— Porque Annabeth é esperta. Acredita que você é capaz, Reyna Avila Ramírez-Arellano.
Jason sentiu como se tivesse levado um tapa. Ninguém nunca usava o nome completo de Reyna. Ela odiava ter que dizê-lo a alguém. A única vez em que Jason o dissera em voz alta, apenas para tentar pronunciá-lo corretamente, ela lhe lançou um olhar assassino. Esse era o nome de uma menininha em San Juan, dissera para ele. Deixei-o para trás quando saí de Porto Rico.
Reyna fez uma careta.
— Como você...
— Hum... — interrompeu Grover Underwood. — Quer dizer que suas iniciais são RARA?
A mão de Reyna baixou até sua adaga.
— Mas isso não é importante! — disse o sátiro rapidamente. — Olhe, não teríamos nos arriscado a vir até aqui se não confiássemos nos instintos de Annabeth. Um líder romano devolvendo a mais importante estátua grega para o Acampamento Meio-Sangue... ela sabe que isso pode evitar a guerra.
— Isto não é um truque — acrescentou Rachel. — Não estamos mentindo. Pergunte aos seus cães.
Os cães metálicos não reagiram. Reyna acariciou a cabeça de Aurum, pensativa.
— A Atena Partenos... então a lenda é verdadeira.
— Reyna! — exclamou Octavian. — Você não pode estar considerando isso seriamente! Mesmo que a estátua ainda exista, perceba o que eles estão fazendo. Estamos prestes a atacá-los, a destruir esses gregos cretinos de uma vez por todas, e eles inventam esta missão idiota para desviar sua atenção. Querem que você rume para a própria morte!
Os outros romanos murmuraram entre si, olhando feio para os visitantes. Jason se lembrou de quão persuasivo Octavian poderia ser, e ele estava ganhando o apoio dos oficiais.
Rachel Dare encarou o áugure.
— Octavian, Legado de Apolo, você deveria levar isso mais a sério. Até mesmo os romanos respeitam o Oráculo de Delfos de Apolo.
— Há! — disse Octavian. — Você é o Oráculo de Delfos? Certo. E eu sou o imperador Nero!
— Pelo menos Nero entendia de música — murmurou Grover.
Octavian cerrou os punhos.
Subitamente, o vento mudou de direção. Passou a rodopiar em torno dos romanos com um som sibilante, como um ninho de cobras. Rachel Dare emanava uma aura verde, como se tivesse sido iluminada por um suave refletor de luz esmeralda. Então o vento voltou ao normal e a aura se foi.
O desprezo se esvaiu do rosto de Octavian. Os romanos se remexeram, inquietos.
— A decisão é sua — disse Rachel, como se nada tivesse acontecido — não tenho nenhuma profecia específica para oferecer a vocês, mas posso ter vislumbres do futuro. Vejo a Atena Partenos na Colina Meio-Sangue. E vejo ela trazendo a estátua — Rachel apontou para Reyna — Além disso, Ella tem murmurado trechos dos livros sibilinos.
— O quê? — interrompeu Reyna. — Os livros sibilinos foram destruídos há séculos.
— Eu sabia! — Octavian bateu com o punho na palma da mão. — Aquela harpia que eles trouxeram ao voltarem da missão, Ella. Sabia que ela estava recitando profecias! Agora entendo. Ela... de algum modo memorizou uma cópia dos livros sibilinos.
Reyna balançou a cabeça em sinal de descrença.
— Como isso é possível?
— Não sabemos — admitiu Rachel — mas, sim, parece ser esse o caso. Ella tem memória eidética. E adora livros. Em algum lugar, de algum modo, ela leu o livro romano de profecias. Agora é a única fonte deles.
— Seus amigos mentiram — disse Octavian — eles nos disseram que a harpia apenas murmurava coisas sem sentido. Eles a roubaram!
Grover bufou, indignado.
— Ella não é sua propriedade! É uma criatura livre. Além disso, quer ficar no Acampamento Meio-Sangue. Está namorando um de meus amigos, Tyson.
— O ciclope — lembrou-se Reyna — uma harpia namorando um ciclope...
— Isso não é relevante! — disse Octavian — a harpia conhece profecias romanas valiosas. Se os gregos não a devolverem, devemos tomar seu oráculo como refém! Guardas!
Dois centuriões avançaram com as pila em riste. Grover levou a flauta aos lábios, tocou uma rápida melodia, e as lanças se transformaram em árvores de Natal. Os guardas as largaram, surpresos.
— Basta! — gritou Reyna.
Não costumava erguer a voz. Quando o fazia, todos a ouviam.
— Estamos nos desviando do assunto. Rachel Dare, você está me dizendo que Annabeth está no Tártaro. No entanto, ela encontrou um modo de enviar esta mensagem. Quer que eu leve essa estátua das terras antigas para o seu acampamento.
Rachel assentiu.
— Apenas um romano pode devolvê-la e restaurar a paz.
— E por que os romanos buscariam a paz depois que seu navio atacou nossa cidade? — perguntou Reyna.
— Você sabe por quê — replicou Rachel — para evitar esta guerra. Para reconciliar as personalidades gregas e romanas dos deuses. Precisamos trabalhar juntos para derrotar Gaia.
Octavian se adiantou para falar, mas Reyna lançou-lhe um olhar fulminante.
— De acordo com Percy Jackson — disse Reyna — a batalha contra Gaia será travada nas terras antigas. Na Grécia.
— É onde estão os gigantes — concordou Rachel — seja qual for a magia ou o ritual que os gigantes estejam planejando para despertar a Mãe Terra, sinto que isso vai acontecer na Grécia. Mas... bem, nossos problemas não estão limitados às terras antigas. Por isso trouxe Grover para conversar com vocês.
O sátiro passou a mão pelo cavanhaque.
— Sim... Ao longo dos últimos meses, estive conversando com sátiros e espíritos da natureza por todo o continente. Todos dizem a mesma coisa. Gaia está despertando, quer dizer, está no limiar da consciência. Ela está sussurrando nas mentes das náiades, tentando convencê-las a mudar de lado. Está causando terremotos, arrancando as árvores das dríades. Só na semana passada apareceu em sua forma humana em uma dúzia de lugares diferentes, assustando meus amigos até os chifres. No Colorado, um punho de pedra gigante ergueu-se de uma montanha e acertou alguns pôneis de festa como se fossem moscas.
Reyna fez uma careta.
— Pôneis de festa?
— É uma longa história — disse Rachel — o fato é: Gaia vai se erguer em toda parte. Já está despertando. Nenhum lugar estará seguro. E sabemos que seus primeiros alvos serão os acampamentos dos semideuses. Ela quer nos destruir.
— É tudo especulação — disse Octavian — uma distração. Os gregos temem nosso ataque. Estão tentando nos confundir. É mais um Cavalo de Troia!
Reyna mexeu no anel de prata que sempre usava, com o símbolo da espada e da tocha de sua mãe, Belona.
— Marcus — disse ela — traga Scipio dos estábulos.
— Reyna, não! — protestou Octavian.
Ela voltou-se para os gregos.
— Farei isso por Annabeth, pela paz entre nossos acampamentos, mas não pensem que me esqueci dos insultos ao Acampamento Júpiter. Seu navio disparou contra nossa cidade. Vocês declararam guerra, não nós. Agora, saiam.
Grover bateu com o casco no chão.
— Percy jamais...
— Grover, vamos — disse Rachel.
Seu tom de voz dizia: Antes que seja tarde demais.
Depois que os dois se foram, Octavian voltou-se para Reyna.
— Você ficou louca?
— Sou pretora da legião — disse Reyna. — Creio que isso seja do interesse de Roma.
— Morrer? Infringir nossas mais velhas leis e viajar para as terras antigas? Como pretende encontrar o navio deles, supondo-se que sobreviva à jornada?
— Vou encontrá-los — disse Reyna — se estão navegando para a Grécia, conheço um lugar que Jason terá que visitar. Para enfrentar os fantasmas na Casa de Hades, precisará de um exército. Há apenas um lugar onde pode conseguir esse tipo de ajuda.
No sonho de Jason, o prédio pareceu se inclinar sob seus pés. Ele se lembrou de uma conversa que tivera com Reyna anos antes, uma promessa que fizeram um ao outro. Sabia ao que ela estava se referindo.
— Isso é loucura — murmurou Octavian — já estamos sob ataque. Devemos assumir a ofensiva! Aqueles anões peludos estão roubando nossos suprimentos, sabotando nossos batedores. Você sabe que eles foram enviados pelos gregos.
— Talvez — disse Reyna — mas você não vai lançar um ataque sem que eu ordene. Continue a monitorar o acampamento dos gregos. Mantenha a posição. Reúna todos os aliados que puder e, se capturar os anões, você tem minha autorização para enviá-los de volta ao Tártaro. Mas não ataque o Acampamento Meio-Sangue até eu voltar.
Octavian estreitou os olhos.
— Enquanto você estiver fora, o áugure é o oficial sênior. Estarei no comando.
— Eu sei — Reyna não parecia feliz com aquilo — mas você ouviu minhas ordens. Todos ouviram.
Ela examinou o rosto dos centuriões, desafiando-os a questioná-la.
A garota saiu bruscamente, o manto roxo esvoaçando atrás dela, e os cães seguindo-a de perto.
Depois que ela se foi, Octavian voltou-se para os centuriões.
— Reúna todos os oficiais seniores. Quero uma reunião assim que Reyna partir para essa missão ridícula. Haverá algumas mudanças nos planos da legião.
Um dos centuriões abriu a boca para responder, mas, por algum motivo, falou com a voz de Piper:
— ACORDE!
Jason abriu os olhos e viu a superfície do oceano aproximando-se rapidamente.

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