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A Casa de Hades - CAP. XXXI

.. segunda-feira, 10 de março de 2014
Capítulo XXXI - Percy
POR UM EMPOLGANTE MINUTO, PERCY sentiu como se estivesse vencendo. Contracorrente cortava as arai como se fossem feitas de manteiga. Uma entrou em pânico, correu e deu de cara com uma árvore. Outra gritou e tentou escapar voando, mas ele cortou suas asas e lançou-a girando para o abismo.
Cada vez que um demônio se desintegrava, Percy recebia uma nova maldição, o que fazia crescer nele uma sensação de medo. Algumas maldições eram cruéis e dolorosas: uma punhalada na barriga, ou uma sensação de queimação como se estivesse sendo atacado por um maçarico. Outras eram sutis: um calafrio na espinha, um tique incontrolável no olho direito. Fala sério, quem usa o último suspiro para amaldiçoar você com: Espero que tenha um tique nervoso!
Percy sabia que tinha matado muitos monstros, mas nunca pensou nisso do ponto de vista de suas vítimas. Agora, toda a dor, raiva e amargura delas se derramaram sobre ele, minando sua resistência.
Mesmo assim as arai continuavam a atacar. Para cada uma que derrubava, pareciam surgir mais seis.
O braço que segurava a espada ficou ainda mais cansado. Seu corpo doía, e a visão começou a embaçar. Tentou abrir caminho na direção de Annabeth, mas ela estava longe demais, chamando-o e andando sem rumo entre os demônios.
Enquanto tentava chegar até ela, um demônio deu um bote e cravou os dentes em sua coxa. Percy urrou e transformou o demônio em pó com um golpe, mas caiu de joelhos. Sua boca queimava mais do que se houvesse engolido fogo líquido do Flegetonte. Ele se curvou, tremendo e com ânsias de vômito, sentindo como se serpentes de chamas descessem por seu esôfago.
Você escolheu, disse a voz das arai. A Maldição de Fineu... uma morte dolorosa excelente.
Percy tentou falar, mas sua língua parecia estar assando. Lembrou do velho rei cego que tinha perseguido harpias por Portland com um aparador de grama. Percy o desafiou para um confronto, e o perdedor bebeu o fatal sangue de górgona. Percy não se lembrava de ouvir o velho moribundo murmurar uma maldição em seus segundos finais, mas enquanto Fineu se dissolvia e voltava para o Mundo Inferior, provavelmente não desejara a Percy uma vida longa e próspera.
Depois da vitória, Gaia o alertou: Não abuse da sorte. Quando chegar a hora de sua morte, prometo que ela será muito mais dolorosa que o sangue de górgona.
Agora estava no Tártaro morrendo por causa do sangue de górgona além de muitas outras maldições torturantes enquanto via a namorada cambalear sem rumo, indefesa, cega e acreditando que fora abandonada. Apertou a espada. As juntas dos dedos começaram a fumegar. Uma fumaça branca veio subindo de seus antebraços.
Não vou morrer assim, pensou ele. Não apenas por ser um jeito doloroso e extremamente tosco, mas porque Annabeth precisava dele. Quando morresse, os demônios se concentrariam nela. Não podia abandoná-la.
As arai se amontoaram em torno dele, rindo, rosnando e sibilando.
Primeiro, a cabeça dele vai explodir, especulou a voz.
Não, a voz respondeu a si mesma de outra direção. Ele vai entrar em combustão espontânea.
Estavam fazendo apostas sobre sua morte... sobre o formato da marca calcinada que deixaria no chão.
— Bob — gemeu sem forças — preciso de você.
Era uma súplica desesperada. Mal conseguia ouvir a si mesmo. Por que Bob deveria atender seu chamado pela segunda vez? O titã agora sabia a verdade. Percy não era amigo.
Ergueu os olhos uma última vez. Tudo em torno dele parecia tremeluzir. O céu fervia e o solo estava coberto de bolhas.
Percy percebeu que o que vira no Tártaro era apenas uma versão diluída de seu verdadeiro horror, apenas aquilo com que seu cérebro de semideus podia lidar. O pior ficava oculto, do mesmo modo que a neblina escondia os monstros de olhos mortais. Agora, enquanto morria, Percy enxergou a verdade.
O ar era a respiração de Tártaro. Todos aqueles monstros eram apenas células sanguíneas que circulavam por seu corpo. Tudo que Percy via era um sonho na mente do deus sombrio das profundezas.
Nico deve ter visto Tártaro assim, e isso quase o enlouquecera. Nico... uma das muitas pessoas que Percy não tinha tratado bem o suficiente. Ele e Annabeth só tinham conseguido chegar tão longe no Tártaro porque Nico di Angelo tornara-se amigo verdadeiro de Bob.
Está vendo o horror das profundezas?, disseram as arai em voz tranquilizadora. Desista, Percy Jackson. Não é melhor morrer do que sofrer aqui?
— Sinto muito — murmurou Percy.
Ele está se desculpando!, as arai riram de prazer. Ele se arrepende de sua vida fracassada, de seus crimes contra os filhos do Tártaro!
— Não — disse Percy. — Sinto muito, Bob. Devia ter sido honesto com você. Por favor... me perdoe. Proteja Annabeth.
Não esperava que Bob ouvisse ou se importasse, mas pareceu o certo a fazer para ter a consciência limpa. Não podia culpar mais ninguém por seus problemas. Nem os deuses. Nem Bob. Nem sequer Calipso, a garota que deixara sozinha naquela ilha. Talvez ela houvesse ficado amargurada e, por desespero, amaldiçoado a namorada de Percy. Mesmo assim... ele devia ter buscado informações sobre Calipso e se assegurado de que os deuses a houvessem libertado de seu exílio em Ogígia como prometeram. Não a tratara nem um pouco melhor do que tratara Bob. Nem pensou muito nela, apesar de sua planta de enlace lunar ainda florescer na jardineira da mãe dele.
Usou suas últimas forças e conseguiu se levantar. Todo seu corpo exalava vapor. Suas pernas tremiam. Suas entranhas se revolviam como o interior de um vulcão.
Pelo menos partiria lutando. Percy ergueu Contracorrente.
Mas antes que pudesse atacar, todas as arai à sua frente explodiram e viraram pó.

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