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A Casa de Hades - CAP. XXIX

.. sábado, 8 de março de 2014
Capítulo XXIX - Percy
FOI UM ALÍVIO PARA PERCY quando as vovós demoníacas se aproximaram para a matança.
Ele estava apavorado, claro. Não gostava da desvantagem de três contra várias dezenas. Mas pelo menos lutar lhe era familiar. Caminhar pelas trevas, apenas à espera de ser atacado... Isso o estava deixando maluco.
Além do mais, ele e Annabeth tinham lutado juntos inúmeras vezes. E agora tinham um titã do seu lado.
— Para trás.
Percy brandiu Contracorrente na direção da bruxa enrugada mais próxima, mas ela apenas deu um sorriso de desprezo.
Nós somos as arai, ecoou outra vez a estranha voz, como se a floresta inteira estivesse falando. Vocês não podem nos destruir.
Annabeth encostou-se nele.
— Não encoste nelas — alertou a garota — são os espíritos das maldições.
— Bob não gosta de maldições — disse o zelador, decidido.
O gatinho esqueleto, Bob Pequeno, desapareceu dentro do macacão do titã. Gato esperto.
Bob descreveu um arco amplo com a vassoura e forçou os espíritos a recuarem, mas eles voltaram como uma onda.
Nós servimos aos amargos e derrotados, disseram as arai. Servimos aos que foram mortos e rezaram por vingança em seu último suspiro. Temos muitas maldições para dividir com vocês.
O fogo líquido no estômago de Percy começou a subir por sua garganta. Como seria bom se o Tártaro tivesse uma maior opção de bebidas, ou talvez uma árvore de frutos antiácidos.
— Muito obrigado — agradeceu ele. — Mas minha mãe me disse para nunca aceitar maldições de estranhos.
A criatura demoníaca mais próxima deu um bote. Suas garras se projetavam como navalhas de ossos. Percy a cortou ao meio, mas assim que ela se evaporou, os lados do peito dele arderam de dor. Recuou, com as mãos apertando a caixa torácica. Quando viu seus dedos, estavam molhados e vermelhos.
— Percy, você está sangrando! — gritou Annabeth, o que àquela altura era meio óbvio para ele. — Ah, meus deuses, dos dois lados.
Era verdade. Sua camisa esfarrapada estava ensopada de sangue dos lados direito e esquerdo, como se ele tivesse sido atravessado por uma lança. Ou uma flecha...
A sensação de náusea quase o derrubou. Vingança. Uma maldição dos que foram mortos.
Ele se lembrou de uma luta no Texas dois anos antes, contra um fazendeiro monstruoso que só podia ser morto se todos os seus três corpos fossem atingidos ao mesmo tempo.
— Geríon — disse Percy. — Foi assim que eu o matei...
Os espíritos mostraram suas presas. Mais arai saltaram das árvores negras, batendo suas asas de morcego.
Isso, concordaram elas. Sinta a dor que você infligiu a Geríon. Tantas maldições foram lançadas contra você, Percy Jackson... De qual você vai morrer? Escolha, ou vamos destruí-lo!
De algum modo Percy conseguiu continuar de pé. O sangue parou de escorrer, mas ele ainda sentia como se uma barra de metal quente estivesse atravessando suas costelas. O braço da espada estava pesado e fraco.
— Não entendo — murmurou ele.
A voz de Bob parecia muito distante, como se ecoasse do fim de um túnel comprido.
— Se matar uma, ela passa uma maldição para você.
— Mas se nós não as matarmos... — disse Annabeth.
— Elas vão matar a gente de qualquer jeito — adivinhou Percy.
Escolha!, gritaram as arai. Quer ser esmagado como Campe? Ou desintegrado como os jovens telquines que matou aos pés do Monte Santa Helena? Você causou muita morte e sofrimento, Percy Jackson. Nós vamos lhe dar o troco!
As bruxas aladas se aproximaram mais. Tinham um bafo azedo, e seus olhos brilhavam de ódio. Pareciam Fúrias, mas Percy concluiu que eram criaturas ainda piores. Pelo menos as três Fúrias estavam sob o controle de Hades. Essas coisas eram selvagens e não paravam de se multiplicar.
Se elas eram realmente as personificações das maldições lançadas à beira da morte de todos os inimigos que Percy destruíra... então estava com sérios problemas. Tinha enfrentado muitos inimigos.
Um dos demônios avançou em Annabeth. Ela se esquivou instintivamente, golpeou a cabeça da velha com sua pedra e a transformou em poeira.
Annabeth não teve escolha, assim como Percy. Instantaneamente, entretanto, Annabeth soltou a pedra e gritou apavorada.
— Não consigo ver!
Ela tocou o rosto, olhando desesperada de um lado para outro. Seus olhos estavam completamente brancos.
Percy correu para seu lado enquanto as arai falavam.
Polifemo a amaldiçoou quando você o enganou com sua invisibilidade no Mar de Monstros. Você disse se chamar Ninguém. Ele não podia vê-la. Agora é você que não vai ver quem a atacar.
— Estou aqui — disse Percy.
Ele envolveu Annabeth com um braço, mas quando as arai avançassem, ele não sabia como poderia proteger nenhum dos dois.
Uma dúzia de demônios atacou de todas as direções, mas Bob gritou:
— VARRER!
Sua vassoura passou zunindo acima da cabeça de Percy. Toda a linha ofensiva das arai foi derrubada como pinos de boliche.
Outras avançaram. Bob acertou uma na cabeça e perfurou outra, transformando-as em pó. As demais recuaram.
Percy prendeu a respiração, à espera de que seu amigo titã fosse derrubado por alguma maldição terrível, mas Bob parecia bem, um guarda-costas enorme e prateado que mantinha a morte à distância com a mais assustadora de todas as ferramentas de limpeza.
— Bob, você está bem? — perguntou Percy. — Sem maldições?
— Nada de maldições para Bob! — confirmou ele.
As arai rosnavam e formaram um círculo, atentas à vassoura. O titã já está amaldiçoado. Por que deveríamos torturá-lo mais? Você, Percy Jackson, já destruiu a memória dele.
A lança de Bob baixou rapidamente.
— Bob, não dê ouvidos a elas — pediu Annabeth. — Elas são más!
O tempo pareceu ficar mais lento. Percy se perguntou se o espírito de Cronos estaria em algum lugar por perto, espreitando na escuridão e se divertindo tanto com aquele momento que desejara fazê-lo durar para sempre. Percy se sentiu exatamente como quando tinha 12 anos, enfrentando Ares naquela praia em Los Angeles, no momento em que a sombra do senhor dos titãs passou pela primeira vez sobre ele.
Bob se virou. Seus cabelos prateados desgrenhados pareciam um halo.
— Minha memória... Foi você?
Amaldiçoe-o, titã!, insistiram as arai com os olhos vermelhos e brilhantes. Aumente nossas maldições!
O coração de Percy bateu mais rápido.
— Bob, é uma longa história. Não queria que você fosse meu inimigo. Tentei fazer de você um amigo.
Roubando sua vida, disseram as arai. Eles o deixaram no palácio de Hades para limpar o chão!
Annabeth segurou a mão de Percy.
— Para onde? — sussurrou. — Se tivermos que correr.
Ele entendeu.
Se Bob não os protegesse, sua única chance era correr, o que significava que na verdade não tinham chance.
— Bob, escute — disse, tentando de novo — as arai querem que você fique com raiva. Elas são fruto de pensamentos amargos. Não dê a elas o que querem. Nós somos seus amigos.
Mesmo enquanto dizia essas palavras, Percy se sentiu um mentiroso. Ele tinha deixado Bob no Mundo Inferior e nunca mais pensara nele desde então. Por que seriam amigos? Só por que precisava do titã agora? Percy sempre odiava quando os deuses o usavam para realizar suas tarefas. Agora estava tratando Bob do mesmo jeito.
Está vendo o rosto dele?, rosnaram as arai. O garoto não consegue nem se convencer. Ele visitou você alguma vez depois que roubou sua memória?
— Não — murmurou Bob. Seu lábio inferior estava trêmulo — o outro visitou.
Percy ficou confuso.
— O outro?
— Nico — Bob o olhou de cara feia, com uma expressão magoada — Nico me visitou. Ele me falou de Percy. Disse que Percy era bom. Disse que ele era amigo. Foi por isso que Bob ajudou.
— Mas... — A voz de Percy falhou como se alguém o tivesse atingido com uma lâmina de bronze Celestial. Nunca tinha se sentido tão baixo e vil, tão pouco merecedor de uma amizade.
As arai atacaram, e dessa vez Bob não as deteve.

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