Curta a página oficial do blogger para receber as notificações direto em seu Facebook, além de novidades que serão apenas postadas lá.

Procurando por algo?

2

A Casa de Hades - CAP. XLIV

.. domingo, 16 de março de 2014
Capítulo XLIV - Piper

ELA ABRIU CAMINHO ENTRE OS boréadas, o que foi como passar por um grande freezer. O ar em torno deles era extremamente frio e queimava o rosto dela. Parecia até que estava respirando neve pura.
Piper tentou não olhar para o corpo congelado de Jason quando passou. Tentou não pensar nos amigos lá embaixo, ou em Leo lançado para o céu, para um lugar sem volta. Ela com certeza tentava não pensar nos boréadas nem na deusa da neve, que a estavam seguindo. Fixou os olhos na figura de proa.
O barco sacudia sob seus pés. Um único sopro de ar de verão infiltrou-se em meio ao frio e Piper inspirou, considerando isso um bom presságio. Ainda era verão lá fora. Quione e os irmãos não pertenciam àquele lugar.
Piper sabia que não podia vencer uma luta direta contra Quione e dois caras alados que carregavam espadas. Não era tão inteligente quanto Annabeth, nem tão boa para solucionar problemas quanto Leo. Mas possuía poder. E pretendia usá-lo.
Na noite anterior, durante a conversa com Hazel, Piper se dera conta de que o domínio do charme era muito parecido com o do uso da Névoa. No passado, tivera muitas dificuldades para fazer seu charme funcionar, porque sempre mandava inimigos fazerem o que ela queria. Ela berrava “Não nos mate” quando o maior desejo do monstro era matá-los. Botava todo seu poder na voz e torcia para que fosse suficiente para superar a vontade do inimigo.
Às vezes funcionava, mas era exaustivo e incerto. Afrodite não era conhecida por seus confrontos diretos. Ela era sutileza, inteligência e sedução. Piper decidiu não se concentrar em mandar as pessoas fazerem o que ela queria. Precisava levá-los a fazer o que eles queriam.
Excelente na teoria, mas tinha dúvidas quanto à prática...
Parou no mastro principal e olhou para Quione.
— Uau, acabei de entender porque você nos odeia tanto — afirmou, enchendo a voz de piedade — a gente a humilhou feio em Sonoma.
Os olhos de Quione brilharam como café congelado, e ela lançou um olhar desconfortável para os irmãos.
Piper riu.
— Ah, você não contou para eles! — deduziu. — Não a culpo. Você tinha um gigante do seu lado, além de um exército de lobos e nascidos da terra e nem assim conseguiu nos derrotar.
— Cale a boca! — sibilou a deusa.
O ar ficou enevoado. Piper sentiu o gelo se acumular em suas sobrancelhas e congelar seus ouvidos, mas fingiu sorrir.
— Não importa — ela piscou para Zetes — mas foi bem engraçado.
— A garota bonita deve estar mentindo — disse Zetes — Quione não foi derrotada na Casa do Lobo. Ela disse que foi um... ah, qual foi a expressão? Uma retirada estratégica.
— Estra... o quê? — perguntou Cal. — Isso é de comer?
Piper empurrou o peito enorme do cara de maneira bem-humorada.
— Não, Cal. Isso significa que sua irmã fugiu.
— Não fugi! — gritou Quione.
— Do que foi mesmo que Hera chamou você? — Piper parou pensativa. — Ah, claro, uma deusa de meia-tigela!
Caiu novamente na gargalhada, e estava realmente se divertindo tanto que Zetes e Cal começaram a rir também.
— Isso é très bon! — disse Zetes. — Deusa de meia-tigela. Há!
— Há! — disse Cal. — A irmã fugiu! Há!
O vestido branco de Quione começou a emitir vapor. Uma camada de gelo se formou sobre a boca de Zetes e Cal para calá-los.
— Mostre-nos seu segredo, Piper McLean — grunhiu Quione. — E reze para que eu a deixe ilesa neste navio. Se estiver brincando conosco, vou lhe mostrar os horrores das queimaduras provocadas pelo frio. Duvido que Zetes ainda a queira sem os dedos das mãos ou dos pés... talvez sem nariz ou orelhas.
Zetes e Cal cuspiram as tampas de gelo da boca.
— A moça bonita ia ficar menos bonita sem nariz — admitiu Zetes.
Piper tinha visto fotos de vítimas de queimaduras provocadas pelo frio. A ameaça a assustou, mas não deixou que isso transparecesse.
— Venham, então — ela os conduziu na direção da popa, cantarolando uma das canções favoritas do pai, “Summertime”.

* * *

Quando chegou à proa, pôs a mão no pescoço de Festus. Suas escamas de bronze estavam frias. Não havia ruído de engrenagens em funcionamento. Seus olhos de rubi estavam escuros e sem brilho.
— Lembra de nosso dragão? — perguntou Piper.
Quione riu com desdém.
— Esse não pode ser seu segredo. O dragão está quebrado. Seu fogo se extinguiu.
— Bem, sim... — Piper acariciou o focinho do dragão.
Não tinha o poder de Leo para ligar motores ou acionar circuitos. Não entendia nada sobre o funcionamento de máquinas. Tudo o que podia fazer era falar com sentimento e honestidade e dizer ao dragão o que ele mais queria ouvir.
— Mas Festus é mais que uma máquina. É uma criatura viva.
— Ridículo — respondeu a deusa com raiva — Zetes, Cal... peguem os semideuses congelados lá embaixo. Depois vamos destruir a esfera dos ventos.
— Podem fazer isso, rapazes — concordou Piper — mas aí não vão ver Quione humilhada. Sei que gostariam disso.
Os boréadas hesitaram.
— Hóquei? — perguntou Cal.
— Quase tão bom — prometeu Piper — você lutou do lado de Jasão e os Argonautas, não lutou? Em um barco como este, o primeiro Argo.
— É — concordou Zetes — o Argo. Bem parecido com este, mas não tínhamos um dragão.
— Não preste atenção nela! — repreendeu Quione.
Piper sentiu o gelo se formando sobre seus lábios.
— Você pode me calar — disse depressa — mas quer saber meu poder secreto... como vou destruir você, Gaia e os gigantes.
O ódio fervilhava nos olhos de Quione, mas a deusa conteve seu poder de congelamento.
— Você... não... tem... nenhum... poder — insistiu.
— Falou como uma deusa de meia-tigela. Uma que nunca é levada a sério, que sempre quer mais poder — Piper observou.
Ela se virou para Festus e passou a mão por trás de suas orelhas de metal.
— Você é um bom amigo, Festus. Ninguém pode realmente desativá-lo. É mais que uma máquina. Quione não entende isso.
Piper se virou para os boréadas.
— Ela também não valoriza vocês, sabiam? Acha que pode mandar nos dois porque são semideuses, não são totalmente deuses. Ela não entende que formam uma equipe poderosa.
— Uma equipe — grunhiu Cal — Como os ca-na-den-ses.
Cal se esforçou para dizer a palavra, já que possuía mais de duas sílabas. Ele sorriu e pareceu muito satisfeito consigo mesmo.
— Exatamente — concordou Piper — igual a um time de hóquei. O todo é maior que as partes.
— Como uma pizza — acrescentou Cal.
Piper riu.
— Você é esperto, Cal! Até eu subestimei você.
— Espere aí — protestou Zetes — também sou esperto. E bonito.
— Muito esperto — concordou Piper, ignorando a parte do e bonito — então largue essa bomba de vento e veja Quione ser humilhada.
Zetes sorriu. Ele se agachou e jogou a esfera de gelo rolando pelo convés.
— Seu tolo! — berrou Quione.
Antes que a deusa pudesse ir atrás da esfera, Piper gritou.
— Nossa arma secreta, Quione! Não somos só um bando de semideuses. Somos uma equipe. Assim como Festus é mais que um monte de peças. Ele tem vida. Ele é meu amigo. E quando seus amigos estão com problemas, especialmente Leo, ele desperta por conta própria.
Pôs toda confiança na voz, todo seu amor pelo dragão de metal e a lembrança de tudo o que ele fez por eles.
A parte racional dela sabia que era uma tentativa fadada ao fracasso. Como podia acionar uma máquina usando emoções? Mas Afrodite não era racional. Ela exercia seus poderes através das emoções. Era a mais velha e mais primordial dos olimpianos, nascida do sangue de Urano em agitação no mar. Seu poder era mais antigo que o de Hefesto, de Atena ou mesmo de Zeus.
Por um minuto terrível, nada aconteceu. Quione apenas olhava para ela. Os boréadas, então, começaram a sair de seu transe e pareciam decepcionados.
— Esqueçam nosso plano — rosnou Quione. — Matem-na!
Quando os boréadas ergueram suas espadas, a pele metálica do dragão esquentou sob a mão de Piper. Ela saiu do caminho e saltou sobre a deusa da neve, enquanto Festus virou a cabeça cento e oitenta graus, explodiu os boréadas e os vaporizou no ato. Por algum motivo, a espada de Zetes foi poupada. Ela caiu no convés, ainda fumegante.
Piper conseguiu ficar de pé. Viu a esfera dos ventos na base do mastro principal. Correu para pegá-la, mas antes que conseguisse chegar perto, Quione se materializou a sua frente em um redemoinho de gelo. Sua pele reluzia com brilho o bastante para cegar.
— Sua desgraçada — rosnou — acha que pode me derrotar? A mim, uma deusa?
Atrás de Piper, Festus rugiu e expeliu vapor, mas a garota sabia que ele não podia lançar fogo de novo sem acertá-la também.
Cerca de cinco metros atrás da deusa, a esfera de gelo começou a rachar e emitir um chiado. Piper não tinha mais tempo para detalhes. Berrou, ergueu a adaga e atacou a deusa. Quione agarrou seu pulso, e o braço de Piper se cobriu de gelo. A lâmina de Katoptris ficou branca.
O rosto da deusa estava a vinte centímetros do dela. Quione sorria, sabendo que tinha vencido.
— Uma filha de Afrodite — repreendeu-a — você não é nada.
Festus tornou a crepitar. Piper podia jurar que ele estava tentando gritar palavras de estímulo.
De repente, seu peito se aqueceu, não devido à raiva ou ao medo, mas ao amor por aquele dragão; e por Jason, que dependia dela; e por seus amigos congelados; e Leo, que estava perdido e ia precisar de sua ajuda.
Talvez o amor não fosse páreo para o gelo... mas Piper o havia usado para despertar um dragão de metal. Mortais eram capazes de feitos sobre-humanos em nome do amor o tempo todo. Mães erguiam carros para salvar seus filhos. E Piper era mais que uma simples mortal. Era uma semideusa. Uma heroína.
O gelo em sua lâmina derreteu. Seu braço soltava vapor onde Quione a segurava.
— Ainda está me subestimando — disse Piper para a deusa — você precisa reavaliar isso.
A expressão arrogante de Quione perdeu forças quando Piper golpeou para baixo com sua adaga.
A lâmina tocou o peito de Quione, e a deusa explodiu numa tempestade de neve em miniatura. Piper desmoronou, sem forças por causa do frio. Ouviu o ruído de Festus em funcionamento, e o som dos alarmes foi reativado.
A bomba.
Piper se esforçou para levantar. A esfera estava a uns três metros de distância, chiando e girando à medida que os ventos em seu interior começavam a se agitar. Piper pulou para pegá-la.
Seus dedos se fecharam ao redor da bomba no momento exato em que o gelo se despedaçou e os ventos explodiram.

2 comentários:

Obrigada pela visita. Que tal deixar um comentário?

:) :( ;) :D ;;-) :-/ :x :P :-* =(( :-O X( :7 B-) :-S #:-S 7:) :(( :)) :| /:) =)) O:-) :-B =; :-c :)] ~X( :-h :-t 8-7 I-) 8-| L-) :-a :-$ [-( :O) 8- 2:-P (:| =P~ #-o =D7 :-SS @-) :^o :-w 7:P 2):) X_X :!! \m/ :-q :-bd ^#(^ :ar!

Percyanaticos BR / baseado no Simple | por © Templates e Acessórios ©2013