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A Casa de Hades - CAP. XLII

.. sábado, 15 de março de 2014
Capítulo XLII - Piper

LEO OLHOU PARA A ADAGA.
— Ok... então não gosto tanto da sua interpretação quanto pensava. Você acha que um de nós vai derrotar Gaia, e o outro morrer? Ou talvez um de nós morra enquanto a derrota? Ou...
— Gente — disse Jason — vamos ficar loucos se pensarmos muito nisso. Vocês sabem como são as profecias. Os heróis sempre se ferram quando tentam mudá-las.
— É — murmurou Leo — e nós odiaríamos isso. Porque as coisas estão indo perfeitamente bem até agora.
— Você sabe o que quero dizer. O trecho do alento final pode não estar ligado à parte da tempestade ou fogo. Pelo que sabemos, nós dois podemos nem mesmo ser a tempestade e o fogo. Percy pode criar furacões.
— E eu sempre posso incendiar o treinador Hedge — observou Leo com humor — então ele seria o fogo.
A ideia de um sátiro em chamas gritando “Morra, sua vaca!” enquanto atacava Gaia quase conseguiu fazer Piper rir... Quase.
— Espero estar enganada — disse com cautela — mas a missão começou com a gente: encontramos Hera e despertamos o rei dos gigantes, Porfírio. Tenho a sensação de que nós também vamos terminar esta guerra. Para o bem ou para o mal.
— Ei — disse Jason — eu, pessoalmente, gosto do nós.
— Concordo — acrescentou Leo — nós são minhas pessoas favoritas.
Piper conseguiu sorrir. Amava mesmo aqueles dois. Queria poder usar seu charme nas Parcas, descrever um final feliz e forçá-las a torná-lo realidade.
Infelizmente, era difícil imaginar um final feliz com todos aqueles pensamentos sombrios na cabeça. Temia que o gigante Clítio tivesse sido mandado atrás deles para tirar Leo do caminho. Se isso fosse verdade, significaria que Gaia também ia tentar eliminar Jason. Sem tempestade ou fogo, a missão deles fracassaria.
E aquele frio também a incomodava... tinha certeza de que estava sendo provocado por algo além do cetro de Diocleciano. O vento frio e a chuva de granizo pareciam agressivos e hostis. E, de algum modo, familiares.
Aquele cheiro no ar, um cheiro forte de...
Piper devia ter percebido o que estava acontecendo antes, mas morara durante a maior parte da vida no sul da Califórnia, com temperaturas amenas o ano todo. Não tinha crescido com aquele cheiro... o cheiro de neve iminente.
Todos os músculos em seu corpo se contraíram.
— Leo, toque o alarme!
Piper não tinha percebido que estava usando o charme, mas Leo largou a chave de fenda imediatamente e apertou o botão do alarme. Franziu a testa quando nada aconteceu.
— Hum, não está funcionando — lembrou Leo — Festus está desligado. Me dê um minuto para colocar o sistema on-line de novo.
— Não temos um minuto! Fogo, precisamos de frascos de fogo grego. Jason, convoque os ventos. Ventos quentes, do sul.
— Como é? — Jason olhou para ela, confuso. — Piper, qual o problema?
— É ela! — respondeu Piper já empunhando a adaga. — Ela voltou! Temos que...
Antes que pudesse terminar, o barco guinou para bombordo. A temperatura caiu tão rápido que as velas congelaram imediatamente. Os escudos de bronze ao longo das amuradas saltaram como uma rolha de champanhe.
Jason sacou a espada, mas era tarde demais. Uma onda de partículas de gelo caiu sobre ele, cobrindo-o como a calda de uma maçã do amor e paralisando-o no lugar. Sob a camada de gelo, seus olhos estavam arregalados de surpresa.
— Leo! Fogo! Agora! — berrou Piper.
A mão direita de Leo pegou fogo, mas o vento girou em torno dele e apagou as chamas. Ele segurou a esfera de Arquimedes com força quando um redemoinho de chuva e neve o ergueu do chão.
— Ei! — gritou ele. — Ei! Me solte!
Piper correu em sua direção, mas uma voz na tempestade disse:
— Ah, sim, Leo Valdez. Vou soltar você, e vai ser para sempre.
Leo disparou para o alto tão rápido que pareceu ter sido arremessado por uma catapulta, e desapareceu nas nuvens.
— Não! — Piper ergueu a adaga, mas não havia nada para atacar.
Olhou desesperada para as escadas, torcendo para ver os amigos chegando para resgatá-los, mas um bloco de gelo havia selado a escotilha. Tudo abaixo do convés principal devia estar completamente congelado.
Ela precisava de uma arma melhor para lutar – algo melhor que sua voz, uma adaga que dizia o futuro e uma cornucópia da qual saíam presunto e frutas frescas.
Piper se perguntou se conseguiria chegar à balista.
Então seus inimigos surgiram, e ela se deu conta de que nenhuma arma seria suficiente. No meio do navio, Piper viu uma garota usando um vestido esvoaçante de seda branca, o cabelo negro preso com um arco cravejado de diamantes. Tinha olhos escuros como café, mas sem qualquer calor.
Atrás dela estavam seus irmãos – dois rapazes com asas de penas roxas, cabelos muito brancos e espadas denteadas de bronze celestial.
— É tão bom vê-la outra vez, ma chère — disse Quione, a deusa da neve. — Já era tempo de termos um reencontro congelante.

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