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A Casa de Hades - CAP. XIII

.. sábado, 8 de março de 2014

Capítulo XIII - Percy

PERCY LEVARA A NAMORADA PARA passeios românticos antes. Este não era um deles.
Seguiam o Rio Flegetonte. Caminhavam com dificuldade sobre o solo negro de cacos de vidro. Saltavam fendas e se escondiam atrás de rochas sempre que o grupo de vampiras reduzia o passo à frente deles.
Era difícil ficar para trás o bastante para não serem notados e ao mesmo tempo perto o suficiente para não perderem de vista Kelli e suas amigas em meio ao ar escuro e enevoado. O calor do rio tostava a pele de Percy. Cada vez que respirava era como se estivesse inalando fibra de vidro com cheiro de enxofre. Quando ficavam com sede, o máximo que podiam fazer era tomar um gole refrescante de fogo líquido.
É. Percy sabia mesmo fazer uma garota se divertir.
Pelo menos o tornozelo de Annabeth parecia estar melhor. Ela quase não mancava mais. Seus vários cortes e arranhões tinham desaparecido. Ela prendera os cabelos louros com uma tira que rasgara da calça jeans e, na luz abrasadora do rio, seus olhos cinzentos brilhavam.
Apesar de exausta, imunda e vestida como uma mendiga, Percy achava que ela estava linda. E daí que estavam no Tártaro? E daí que tinham uma chance ínfima de sobreviver? Ficou tão feliz por estarem juntos que sentiu uma necessidade ridícula de sorrir.
Fisicamente, Percy também estava melhor, apesar de suas roupas parecerem ter passado por um furacão de cacos de vidro. Estava com sede, fome e morrendo de medo (mas não ia contar isso para Annabeth), porém estava livre do frio desesperançado do Rio Cócito. E por pior que fosse o gosto do fogo líquido, ele parecia lhe dar forças.
Era impossível ter noção do tempo. Continuavam a acompanhar penosamente o rio que cortava a paisagem. Por sorte, as empousai não caminhavam muito rápido. Arrastavam as pernas diferentes, uma de bronze, outra de burro, reclamando e discutindo entre si, aparentemente sem pressa de chegar às Portas da Morte.
Em certo momento, as vampiras, animadas, apertaram o passo e enxamearam em torno de algo que parecia uma carcaça lançada na praia às margens do rio. Percy não conseguiu identificar o que era... um monstro morto? Algum tipo de animal? As empousai a atacaram com voracidade.
Quando os demônios retomaram seu caminho, Percy e Annabeth foram até o local e nada encontraram além de alguns ossos quebrados e manchas reluzentes secando ao calor do rio. Percy não tinha a menor dúvida de que as empousai devorariam semideuses com o mesmo prazer.
— Vamos lá — ele afastou Annabeth gentilmente daquela cena — não queremos perdê-las de vista.
Enquanto caminhavam, Percy se lembrou da primeira vez em que enfrentara a empousa Kelli na orientação dos alunos de primeiro ano do ensino médio na Goode High School, quando ele e Rachel Elizabeth Dare ficaram presos na sala de música. Na época, parecia uma situação sem saída. Agora, daria qualquer coisa para que seus problemas fossem assim tão simples. Pelo menos naquele tempo estava no mundo mortal. Ali não havia para onde fugir.
Uau! Já estava até pensando na guerra contra Cronos como os bons tempos... Isso era triste.
Mantinha as esperanças de que as coisas fossem melhorar para ele e Annabeth, mas a vida de ambos só ficava cada vez mais perigosa, como se as Três Parcas estivessem lá em cima fiando o seu futuro com arame farpado em vez de fios só para ver quanto dois semideuses podiam aguentar.
Após alguns quilômetros, as empousai desapareceram por trás de uma elevação do terreno. Quando Percy e Annabeth chegaram lá, encontraram-se diante de outro precipício gigantesco.
O Rio Flegetonte despencava em uma série irregular de cascatas flamejantes. O grupo de mulheres demônios descia o precipício, pulando de uma saliência a outra como cabras montanhesas.
O coração de Percy quase saiu pela boca. Mesmo que ele e Annabeth chegassem ao fundo do abismo vivos, o futuro não era promissor. A paisagem abaixo deles era uma planície desolada e cinzenta de onde se projetavam árvores negras, como pelos de um inseto. O chão estava coberto de bolhas. De vez em quando uma delas inchava e explodia, fazendo surgir um monstro parecido com uma larva saída de um ovo.
De repente, Percy perdeu toda a fome.
Todos os monstros recém-formados rastejavam e mancavam na mesma direção, rumo a uma barreira de nuvens negras que engolia o horizonte como se uma tempestade se aproximasse. O Flegetonte seguia seu curso e, perto do centro da planície, encontrava outro rio de águas negras, quem sabe o Cócito? As duas correntes se misturavam em uma corredeira fervente e borbulhante e seguiam juntas na direção da névoa preta.
Quanto mais Percy olhava para aquela tempestade de escuridão, menos queria ir até lá. Aquilo podia esconder qualquer coisa: um oceano, um poço sem fundo ou um exército de monstros. Mas se as Portas da Morte ficassem naquela direção, era sua única chance de voltar para casa.
Espiou a borda do precipício.
— Queria que a gente pudesse voar.
Annabeth esfregou os braços.
— Lembra dos tênis voadores de Luke? Será que ainda estão por aqui?
Percy lembrava. Aqueles tênis tinham uma maldição que os fazia arrastar para o Tártaro qualquer um que os calçasse. Quase haviam levado Grover, seu melhor amigo.
— Eu me contentaria com uma asa-delta.
— Talvez não seja uma boa ideia.
Annabeth apontou para o alto, onde formas escuras aladas descreviam círculos, entrando e saindo das nuvens vermelho-sangue.
— Fúrias? — perguntou Percy.
— Ou algum outro tipo de demônio — supôs Annabeth. — No Tártaro há milhares deles.
— Incluindo o tipo que devora asas-deltas — comentou Percy. — Está bem, então vamos descer o penhasco.
Ele não conseguia mais ver as empousai lá embaixo. Elas tinham desaparecido por trás de alguma outra elevação, mas isso não importava. O caminho estava claro. Como todas as larvas monstruosas que rastejavam pelas planícies do Tártaro, eles deviam seguir na direção do horizonte sombrio. Percy mal podia esperar.

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