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A Casa de Hades - CAP. VIII

.. quinta-feira, 6 de março de 2014
Capítulo VIII - Annabeth
TINHAM PERCORRIDO APENAS algumas centenas de metros quando Annabeth ouviu vozes.
Annabeth estava seguindo em frente lentamente, parte dela ainda em choque, tentando pensar em um plano. Como era filha de Atena, os planos deviam ser sua especialidade. Mas era difícil raciocinar com o estômago roncando e a garganta queimando. A água causticante do Flegetonte podia tê-la curado e lhe dado força, mas não ajudou a saciar sua fome ou sede. O objetivo do rio não era fazer com que ninguém se sentisse bem, imaginou Annabeth. Ele apenas mantinha a gente viva para poder experimentar mais dor excruciante.
Sua cabeça começou a pender de exaustão. Então ela as ouviu, vozes femininas em algum tipo de discussão, e ficou imediatamente alerta.
— Percy, se abaixe! — sussurrou ela.
Ela o puxou para trás da rocha mais próxima, tão espremida contra a margem do rio que seus sapatos quase tocavam o fogo líquido. Do outro lado, descendo o rio pela passagem estreita entre o Flegetonte e o penhasco, vozes irritadas ficavam mais altas ao se aproximarem.
Annabeth tentou manter a respiração estável. As vozes soavam vagamente humanas, mas isso não significava nada. Ela pressupunha que todos no Tártaro fossem seus inimigos. Não sabia como os monstros ainda não os tinham localizado. Eles podiam farejar semideuses, especialmente os poderosos como Percy, filho de Poseidon. Annabeth duvidava que se esconder atrás de uma rocha fosse adiantar alguma coisa quando os monstros sentissem o cheiro deles.
Mesmo assim, conforme os monstros se aproximavam, não mudavam de tom. Seus passos irregulares – scrap, clump, scrap, clump – não se aceleravam.
— Falta muito? — perguntou um deles com uma voz rouca, como se tivesse acabado de fazer um gargarejo com o fogo do Flegetonte.
— Ah, meus deuses! — resmungou outra voz.
Parecia bem mais jovem e muito mais humana, como de uma adolescente mortal no shopping, ficando irritada com os amigos. Por alguma razão, a voz soava familiar.
— Cara, vocês são muito chatos! Eu já falei, é a três dias daqui.
Percy agarrou o pulso de Annabeth e a olhou alarmado, como se também tivesse reconhecido a voz da garota do shopping.
Houve um coro de resmungos e reclamações. As criaturas, talvez meia dúzia, calculou Annabeth, tinham parado bem do outro lado da rocha, sem dar sinal de terem farejado os semideuses. Annabeth se perguntou se os semideuses tinham um cheiro diferente no Tártaro, ou se os outros odores ali eram fortes o suficiente para mascarar a aura de um semideus.
— Eu acho — disse uma terceira voz, séria e velha como a primeira — que talvez você não saiba o caminho, minha jovem.
— Ah, cale a boca, Serefone, sua imbecil — retrucou a garota do shopping. — Quando foi a última vez que vocês escaparam para o mundo mortal? Eu estive lá há alguns anos. Sei o caminho! Além disso, eu sei o que estamos enfrentando lá em cima. Vocês não têm a mínima ideia!
— A Mãe Terra não fez de você nossa líder! — interveio uma terceira voz aguda.
Mais sussurros, sibilos, discussões e gemidos ferozes, como uma briga de gatos de rua gigantes. Por fim, a que se chamava Serefone berrou:
— Basta!
O bate-boca morreu.
— Por enquanto, vamos seguir você — disse Serefone. — Mas se não nos conduzir direito, se descobrirmos que mentiu sobre as invocações de Gaia...
— Eu não minto! — respondeu bruscamente a menina do shopping. — Podem acreditar, tenho um bom motivo para entrar nessa batalha. Tenho inimigos a devorar, e vocês vão se banquetear no sangue dos heróis. Deixem apenas um pedaço especial para mim... um chamado Percy Jackson.
Annabeth se segurou para não rosnar também. Esqueceu seu medo. Queria pular por cima da rocha e fazer picadinho dos monstros com sua faca... só que a tinha perdido.
— Podem acreditar em mim — continuou a garota do shopping — Gaia nos convocou, e vamos nos divertir muito. Antes do fim desta guerra, mortais e semideuses vão tremer ao som de meu nome: Kelli.
Annabeth quase soltou um grito. Olhou para Percy. Mesmo à luz vermelha do Flegetonte, o rosto dele parecia branco como cera.
Empousai, disse sem som, apenas mexendo os lábios. Vampiras.
Percy assentiu com a cabeça, preocupado.
Ela se lembrava de Kelli. Dois anos antes, no primeiro ano de orientação de Percy, ele e a amiga Rachel Dare foram atacados por empousai disfarçadas de líderes de torcida. Uma era Kelli. Mais tarde, a mesma empousa os havia atacado na oficina de Dédalo. Annabeth a apunhalara nas costas e a enviara... para lá, para o Tártaro.
As criaturas continuaram a andar, e suas vozes foram sumindo. Annabeth rastejou até o canto da rocha e arriscou uma espiada. Como esperava, cinco mulheres caminhavam lentamente sobre pernas de tipos diferentes, mecânicas de bronze à esquerda, e peludas e com cascos à direita. Seus cabelos eram feitos de fogo, e suas peles eram brancas como ossos. A maioria delas usava túnicas gregas antigas esfarrapadas, menos a líder, Kelli, que usava uma blusa queimada e rasgada com uma saia curta plissada... seu disfarce de líder de torcida.
Annabeth cerrou os dentes. Enfrentara muitos monstros malvados ao longo dos anos, mas seu ódio pelas empousai era maior que o normal.
Além de suas garras e presas perigosas, tinham o poder de manipular a Névoa. Conseguiam mudar de forma e usar o charme, enganando mortais e fazendo-os baixarem a guarda. Homens eram especialmente suscetíveis. A tática favorita de uma empousa era fazer com que um homem se apaixonasse por ela para depois beber seu sangue e devorar sua carne. Não era um bom primeiro encontro.
Kelli quase tinha matado Percy. Ela havia manipulado o amigo mais antigo de Annabeth, Luke, levando-o a cometer atos cada vez mais sombrios em nome de Cronos.
Annabeth queria muito ainda ter sua faca.
Percy ficou de pé.
— Elas estão indo para as Portas da Morte — murmurou ele. — Sabe o que isso significa?
Annabeth não queria pensar naquilo, mas, infelizmente, aquele grupo de mulheres devoradoras de carne dignas de um circo de aberrações podia ser a coisa mais próxima de boa sorte que teriam no Tártaro.
— Sei — disse ela. — Temos de segui-las.

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