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A Casa de Hades - CAP. V

.. quinta-feira, 6 de março de 2014
Capítulo V - Annabeth
NOVE DIAS.
Enquanto caía, Annabeth pensou em Hesíodo, o antigo poeta grego que especulara que o tempo que leva para alguém cair da terra até o Tártaro seria de nove dias.
Esperava que Hesíodo estivesse errado. Tinha perdido a noção de por quanto tempo Percy e ela estavam caindo... horas? Um dia? Parecia uma eternidade. Eles estavam de mãos dadas desde que foram lançados no abismo. Depois, Percy a havia puxado mais para perto, abraçando-a com força enquanto despencavam pela escuridão absoluta.
O vento assoviava nos ouvidos de Annabeth. O ar ia ficando mais quente e úmido, como se estivessem mergulhando na garganta de um dragão enorme. O tornozelo quebrado latejava, mas não sabia dizer se ainda estava envolto em teias de aranha.
Aracne, aquele monstro maldito. Apesar de ter sido capturada por sua própria teia, atropelada por um carro e lançada no Tártaro, a aranha tinha conseguido sua vingança. De algum modo, seu fio de seda tinha se emaranhado na perna de Annabeth e a puxado para o abismo, arrastando Percy junto.
Annabeth não podia imaginar que Aracne ainda estivesse viva em algum lugar na escuridão abaixo deles. Não queria encontrar aquele monstro outra vez quando chegassem ao fundo.
Pensando pelo lado positivo, supondo que houvesse um fundo, Annabeth e Percy provavelmente seriam esmagados com o impacto, por isso aranhas gigantes eram a menor de suas preocupações.
Abraçou Percy e tentou não chorar. Ela nunca havia esperado que sua vida fosse fácil. A maioria dos semideuses morria jovem nas mãos de monstros terríveis. Era assim desde a Antiguidade. Os gregos inventaram a tragédia. Eles sabiam que os maiores heróis não tinham finais felizes.
Mesmo assim, não era justo. Ela tinha passado por tanta coisa para recuperar aquela estátua de Atena. Quando enfim conseguiu e as coisas estavam parecendo melhorar e ela reencontrara Percy, eles tinham despencado para a morte.
Nem os deuses poderiam imaginar um destino tão cruel.
Mas Gaia não era como os outros deuses. A Mãe Terra era mais velha, mais perversa, mais sanguinária. Annabeth podia imaginá-la rindo enquanto eles despencavam nas profundezas.
Annabeth encostou os lábios no ouvido de Percy.
— Eu te amo.
Não sabia se ele podia ouvi-la, mas, se morressem, queria que aquelas fossem suas últimas palavras.
Tentou desesperadamente pensar em um plano para salvá-los. Era uma filha de Atena. Tinha provado seu valor nos túneis sob Roma, superado uma série de desafios apenas com sua inteligência. Mas não conseguia pensar em um modo de reverter ou mesmo reduzir a velocidade de sua queda.
Nenhum deles tinha o poder de voar, não como Jason, que era capaz de controlar o vento, ou Frank, que podia se transformar em um animal alado. Se chegassem ao fundo em velocidade terminal... bem, ela entendia o suficiente de física para saber que seria terminal.
Estava se perguntando seriamente se eles poderiam montar um paraquedas com suas camisas (sim, o desespero chegara a esse ponto) quando algo mudou ao seu redor. A escuridão assumiu um tom cinza avermelhado. Ela se deu conta de que enxergava os cabelos de Percy. O assovio em seus ouvidos se transformou em algo mais parecido com um rugido. O ar ficou insuportavelmente quente, permeado por um fedor que lembrava ovos podres.
De repente, o poço por onde estavam caindo se abriu em uma caverna ampla. Annabeth conseguiu ver o fundo cerca de um quilômetro abaixo deles. Por um instante, ficou atônita demais para pensar direito. Toda a ilha de Manhattan caberia no interior daquela caverna. E ela nem conseguia vê-la por inteiro. Nuvens vermelhas pairavam no ar como se fossem vapor de sangue. A paisagem, pelo menos o que podia ver dela, era composta por uma planície negra rochosa, pontuada por montanhas íngremes e abismos causticantes. À esquerda de Annabeth, o chão se abria numa série de penhascos semelhantes a degraus colossais que levavam para ainda mais fundo do abismo.
O fedor de enxofre dificultava a concentração, mas ela encarou o chão diretamente abaixo deles e viu uma faixa de um líquido negro reluzente, um rio.
— Percy! — gritou no ouvido dele. — Água!
Gesticulou freneticamente. Era difícil interpretar a expressão de Percy naquela penumbra avermelhada. Ele parecia exausto, em estado de choque e apavorado, mas assentiu com a cabeça como se tivesse entendido.
Percy era capaz de controlar a água, supondo que o que estivesse abaixo deles fosse água. Ele podia dar um jeito de suavizar a queda. Claro que Annabeth tinha ouvido histórias horríveis sobre os rios do Mundo Inferior. Eles podiam roubar suas lembranças, queimar seu corpo e sua alma até virarem cinzas. Mas decidiu não pensar nisso. Aquela era sua única chance.
O rio se aproximava rapidamente. No último segundo, Percy soltou um grito desafiador, e então a água jorrou em um gêiser gigantesco que os engoliu inteiros.

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