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A Casa de Hades - CAP. LXIV

.. sábado, 15 de março de 2014
Capítulo LXIV - Percy

— JÁPETO — GRITOU HIPERÍON. — ORA, ORA. ACHEI que você estivesse se escondendo embaixo de um balde em algum lugar.
Bob, de cara amarrada, caminhou pesadamente até ele.
— Eu não estava me escondendo.
Percy foi discretamente para o lado direito das Portas e Annabeth, para o esquerdo. Os titãs não pareceram reparar neles, mas Percy não queria arriscar. Manteve Contracorrente na forma de caneta. Andava bem agachado, fazendo o mínimo de barulho possível. Os monstros inferiores mantinham uma distância respeitosa dos titãs, por isso havia espaço vazio suficiente para se mover ao redor das Portas; mas Percy estava bem consciente da multidão que rosnava às suas costas.
Annabeth decidira ir para o lado guardado por Hiperíon, pois imaginara que o titã sentiria a presença de Percy mais facilmente. Afinal de contas, o garoto fora o último a matá-lo no mundo mortal. Ele não se opôs. Depois de tanto tempo no Tártaro, mal conseguia olhar para a armadura dourada de Hiperíon sem que pontos escuros surgissem em sua visão.
Do outro lado das Portas, Crios estava parado, sombrio e silencioso, com o elmo de cabeça de carneiro cobrindo seu rosto. Mantinha um pé no gancho das correntes e o polegar no botão SUBIR.
Bob encarou os irmãos. Plantou a lança no chão e tentou parecer o mais feroz possível com um gatinho no ombro.
— Hiperíon e Crios. Eu me lembro de vocês.
— É mesmo, Jápeto? — O titã dourado riu, olhando na direção de Crios para dividir a piada. — É bom saber disso! Soube que Percy Jackson fez uma lavagem cerebral em você e o transformou em uma empregadinha. Como ele rebatizou você... Betty?
— Bob — rosnou ele.
— Bem, já era hora de você aparecer, Bob. Crios e eu estamos presos aqui há meses...
— Semanas — corrigiu Crios.
Sua voz era um retumbar profundo no interior do elmo.
— Não importa! — disse Hiperíon. — É um trabalho entediante: guardar estas portas, fazer os monstros passarem por elas e seguir as ordens de Gaia. Falando nisso... Crios, qual é o próximo grupo?
— Vermelho Duplo — respondeu Crios.
Hiperíon deu um suspiro. As chamas brilharam mais quentes em seus ombros.
— Vermelho Duplo. Por que vamos de A-22 para Vermelho Duplo? Que espécie de sistema é esse? — Ele olhou para Bob. — Isso não é trabalho para mim... o Senhor da Luz! O titã do leste! Mestre do Alvorecer! Por que sou obrigado a esperar na escuridão enquanto os gigantes vão para a batalha e ficam com toda a glória? Agora, Crios eu posso até entender...
— Sempre fico com as piores tarefas — murmurou Crios sem tirar o dedo do botão.
— Mas eu? — disse Hiperíon. — Ridículo! Este devia ser seu trabalho, Jápeto. Venha, fique no meu lugar.
Bob encarava as Portas, mas seu olhar estava distante, perdido no passado.
— Nós quatro seguramos Urano — recordou ele — eu, Coio e vocês dois. Cronos nos prometeu os quatro cantos do mundo por ajudá-lo a assassinar nosso pai.
— É verdade — disse Hiperíon — e eu gostei muito de fazer aquilo! Teria usado a foice eu mesmo se tivesse tido a chance! Mas você, Bob... você sempre esteve em dúvida sobre matá-lo, não é? O titã gentil do oeste, fraco como o pôr do sol! Nunca vou conseguir entender por que nossos pais o chamaram de Empalador. Está mais para Chorão.
Percy se abaixou ao lado do gancho. Tirou a tampa da caneta e Contracorrente voltou à forma original. Crios não reagiu. Sua atenção estava muito concentrada em Bob, que tinha apontado a lança para o peito de Hiperíon.
— Ainda posso empalar — disse Bob, com a voz baixa e firme — você se gaba demais, Hiperíon. É forte e bravo, mas Percy Jackson o derrotou mesmo assim. Soube que você virou uma árvore linda no Central Park.
Os olhos de Hiperíon flamejaram.
— Cuidado, irmão.
— Pelo menos o trabalho de zelador é honesto — disse Bob — eu limpo a lambança dos outros. Deixo o palácio mais bonito do que quando o encontro. Mas você... você não liga para as cagadas que faz. Seguiu Cronos cegamente. Agora recebe ordens de Gaia.
— Ela é nossa mãe! — berrou Hiperíon.
— Mas não despertou para nossa guerra no Olimpo — lembrou Bob — ela prefere seus outros filhos, os gigantes.
Crios resmungou.
— Isso é bem verdade. Os filhos das profundezas.
— Vocês dois, calem a boca! — A voz de Hiperíon estava cheia de medo. — Nunca se sabe quando ele está ouvindo.
A campainha do elevador soou. Os três titãs pularam de susto.
Já tinham se passado doze minutos? Percy havia perdido a noção do tempo. Crios tirou o dedo do botão e chamou:
— Vermelho Duplo! Onde está o Vermelho Duplo?
Grupos de monstros se agitaram e empurraram uns aos outros, mas nenhum deles se aproximou.
Crios suspirou.
— Eu disse a eles para conferirem os bilhetes. Vermelho Duplo! Vocês vão perder o lugar na fila!
Annabeth estava pronta, posicionada bem atrás de Hiperíon. Ela ergueu a espada de osso de drakon acima da base das correntes. Sob a luz brilhante da armadura do titã, a Névoa da Morte a deixava parecida com um ghoul em chamas.
Ela ergueu três dedos, pronta para fazer a contagem regressiva. Tinham que cortar as correntes antes que o grupo seguinte tentasse entrar no elevador, mas também precisavam se assegurar de que os titãs estivessem o mais distraídos possível.
Hiperíon praguejou baixinho.
— Que maravilha! Isso vai atrapalhar completamente o cronograma. — Ele sorriu com desdém para Bob. — Faça sua escolha, irmão. Lute contra nós ou nos ajude. Não tenho tempo para suas lições de moral.
Bob olhou de esguelha para Annabeth e Percy. Percy achou que ele fosse começar uma briga, mas em vez disso, levantou a lança.
— Está bem. Eu fico de vigia. Qual de vocês quer tirar uma folga primeiro?
— Eu, é claro — disse Hiperíon.
— Eu! — rebateu Crios. — Estou segurando este botão há tanto tempo que meu polegar vai cair.
— Estou em pé aqui há mais tempo — resmungou Hiperíon — vocês dois vigiem as Portas enquanto eu vou para o mundo mortal. Tenho que me vingar de alguns heróis gregos!
— Ah, não! — reclamou Crios. — Aquele garoto romano está a caminho de Épiro, aquele que me matou no Monte Otris. Ele teve muita sorte. Agora é minha vez.
— Ah! — Hiperíon sacou a espada. — Vou arrancar suas tripas antes, cabeça de carneiro!
Crios ergueu a própria espada.
— Você pode tentar, mas não vou ficar mais tempo preso neste buraco fedorento!
Annabeth olhou nos olhos de Percy e falou sem emitir nenhum som: Um, dois...
Antes que ele pudesse acertar as correntes, um silvo agudo perfurou seus ouvidos, como o som de um foguete se aproximando. Percy só teve tempo de pensar: Ah, ah, antes de uma explosão abalar toda a encosta. Uma onda de calor o derrubou no chão. Estilhaços pretos atravessaram Crios e Hiperíon, despedaçando-os tão facilmente como papel em um triturador. Uma voz inexpressiva ecoou pela vastidão, abalando o solo quente e carnoso.
BURACO FEDORENTO.
Bob cambaleou, mas conseguiu permanecer de pé. De alguma forma, a explosão não atingira o titã. Ele agitava a lança a sua frente, tentando localizar a origem da voz. Bob Pequeno, o gatinho, desceu de seu ombro e se escondeu dentro do uniforme.
Annabeth tinha aterrissado a uns cinco metros das Portas. Quando conseguiu se levantar, Percy ficou tão aliviado ao vê-la viva que levou um tempo para se dar conta de que ela estava com sua aparência normal. A Névoa da Morte tinha evaporado.
Ele olhou para as próprias mãos. Seu disfarce também tinha desaparecido.
TITÃS, disse a voz, cheia de desdém. SERES INFERIORES. IMPERFEITOS E FRACOS.
Em frente às Portas da Morte, o ar escureceu e se solidificou. O ser que apareceu era tão grande e irradiava tanta maldade que Percy teve vontade de rastejar para longe e se esconder. Em vez disso, forçou-se a olhar para o deus, começando por suas botas de ferro negro, grandes como um caixão. As pernas estavam protegidas por grevas negras; o corpo era musculoso e a pele, roxa e grossa como o chão. O saiote da armadura era feito de milhares de ossos retorcidos e enegrecidos, unidos como os elos de uma corrente. Ele era preso por um cinto de braços monstruosos entrelaçados.
No peitoral do guerreiro, gigantes, ciclopes, górgonas e drakons se comprimiam, suas faces borradas se alternando na superfície como se tentassem sair. Os braços do guerreiro – musculosos, roxos e reluzentes – estavam nus, as mãos grandes como pás de escavadeira.
Mas o pior de tudo era a cabeça: um elmo de rocha e metal retorcidos e sem forma aparente, apenas pontas irregulares e pedaços pulsantes de magma. Todo o seu rosto era um redemoinho; uma espiral de escuridão. Enquanto Percy observava, as últimas partículas da essência de titã de Hiperíon e Crios foram aspiradas pelo guerreiro.
De algum modo, Percy conseguiu falar:
— Tártaro.
O guerreiro produziu um som como o de uma montanha se partindo ao meio. Percy ficou na dúvida se aquilo era um rugido ou uma risada.
Esta forma é apenas uma pequena manifestação de meu poder, disse o deus. Mas é o suficiente para lidar com vocês. Não costumo interferir, pequeno semideus. Lidar com insetos como vocês não está à minha altura.
— Hã... — As pernas de Percy estavam à beira do colapso. — O senhor... hum... não precisa se incomodar.
Vocês demonstraram ser surpreendentemente resistentes, disse Tártaro. Chegaram muito longe. Não posso mais apenas observar seu progresso.
Tártaro abriu os braços. Por todo o vale, milhares de monstros uivaram e rugiram, batendo suas armas e gritando em triunfo. As Portas da Morte estremeceram nas correntes.
Sintam-se honrados, pequenos semideuses, disse o deus das profundezas. Nem mesmo os Olimpianos mereceram minha atenção. Mas vocês... Vocês serão destruídos pelo próprio Tártaro!

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