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A Casa de Hades - CAP. LXIII

.. sábado, 15 de março de 2014
Capítulo LXIII - Percy

ATÉ ALI, O PLANO DE se camuflar com a Névoa da Morte parecia estar funcionando. Então, naturalmente, Percy esperava que alguma coisa desse muito errado no último minuto.
Quando faltavam apenas dez metros para chegar às Portas, ele e Annabeth congelaram.
— Ah, deuses — murmurou Annabeth — elas são idênticas.
Percy entendeu o que ela queria dizer. Emoldurado com ferro estígio, o portal mágico era um elevador – as portas decoradas com painéis prateados e negros com desenhos art déco. Tirando o fato de as cores serem invertidas, eram exatamente iguais às dos elevadores do Edifício Empire State, a entrada do Olimpo.
Ao vê-las, Percy sentiu tanta saudade de casa que perdeu o fôlego. Não sentia saudade apenas do Monte Olimpo. Sentia falta de tudo que deixara para trás: a cidade de Nova York, o Acampamento Meio-Sangue, a mãe e o padrasto. Seus olhos arderam. Não tentou falar por medo que a voz o traísse.
As Portas da Morte pareciam um insulto pessoal, criadas para lembrá-lo de tudo que não podia ter.
Assim que superou o choque inicial, Percy reparou em outros detalhes: o gelo que se espalhava a partir das portas, o brilho arroxeado em torno delas e as correntes que as prendiam no chão. Correntes de ferro negro pendiam das laterais do portal, como os cabos de sustentação de uma ponte suspensa. Estavam presas a ganchos fixados no solo carnoso. Os dois titãs, Crios e Hiperíon, montavam guarda próximos a eles.
Enquanto Percy observava, o portal estremeceu. Um raio negro atravessou o céu. As correntes sacudiram, e os titãs pisaram com força nos ganchos para mantê-las presas. As portas do elevador deslizaram, revelando o interior dourado.
Percy se preparou para avançar, mas Bob colocou a mão em seu ombro.
— Espere — alertou ele.
Hiperíon gritou para a multidão ao redor.
— Grupo A-22! Depressa, suas lesmas!
Uma dúzia de ciclopes se aproximou, sacudindo bilhetes vermelhos e gritando de empolgação. Eles não deveriam conseguir passar pelas portas de tamanho humano, mas quando se aproximaram, seus corpos se distorceram e encolheram, e as Portas da Morte os sugaram para dentro.
O titã Crios apertou com o polegar o botão SUBIR do lado direito do elevador. As portas se fecharam.
O portal tornou a estremecer. O relâmpago negro se esvaiu.
— Vocês precisam entender como funciona — murmurou Bob.
Ele estava se dirigindo ao gatinho em sua mão, talvez para que os outros monstros não ficassem se perguntando com quem estava falando.
— Cada vez que as Portas se abrem, elas tentam teletransportar para um lugar diferente. Tânatos as fez assim para que apenas ele pudesse localizá-las. Mas agora elas foram acorrentadas. As portas não conseguem sair dali.
— Então precisamos cortar as correntes — sussurrou Annabeth.
Percy olhou para a forma reluzente de Hiperíon. Da última vez que lutara com o titã, ele precisara de toda a sua força. E mesmo assim quase morrera. Agora tinham que enfrentar dois titãs, com milhares de monstros como reforço.
— Nossa camuflagem... — disse Percy — ela vai desaparecer se fizermos alguma coisa agressiva, como cortar as correntes?
— Não sei — disse Bob para seu gatinho.
— Miau — respondeu Bob Pequeno.
— Bob, você vai precisar distraí-los — disse Annabeth — Percy e eu vamos dar a volta sem sermos vistos e cortar as correntes por trás.
— Está bem — Bob respondeu — mas ainda tem um problema. Quando alguém passa pelas Portas, outra pessoa tem que ficar do lado de fora para apertar o botão e defendê-lo.
Percy engoliu em seco.
— Hã... defender o botão?
Bob assentiu enquanto acariciava o queixo do gatinho.
— Alguém precisa continuar apertando o botão SUBIR por doze minutos, ou a viagem não termina.
Percy olhou para as Portas. Era verdade, Crios ainda estava apertando o botão SUBIR com o polegar. Doze minutos... De alguma forma, teriam que afastar os titãs daquelas portas. Depois Bob, Percy ou Annabeth teria que manter o botão apertado por doze longos minutos, no meio de um exército de monstros no coração do Tártaro, enquanto os outros dois subiam para o mundo mortal. Era impossível.
— Por que doze minutos? — perguntou Percy.
— Não sei — disse Bob — por que doze Olimpianos ou doze titãs?
— É, faz sentido — Percy concordou, sentindo um gosto amargo na boca.
— O que quer dizer com “a viagem não termina”? — perguntou Annabeth. — O que acontece com os passageiros?
Bob não respondeu. A julgar por sua expressão aflita, Percy decidiu que não queria estar naquele elevador se ele ficasse parado entre o Tártaro e o mundo mortal.
— Se apertarmos o botão por doze minutos — disse Percy — e cortarmos as correntes...
— As Portas deverão se restaurar — Bobcompletou — pelo menos é isso que deviam fazer. Vão desaparecer do Tártaro e ressurgir em outro lugar, onde Gaia não possa usá-las...
— Tânatos pode tomá-las de volta — disse Annabeth — a morte volta ao normal, e os monstros perdem seu atalho para o mundo mortal.
Percy deu um suspiro.
— Molezinha. Exceto por... bem, tudo.
Bob Pequeno ronronou.
— Posso ficar e apertar o botão — ofereceu Bob.
Uma mistura de sentimentos dominou Percy: tristeza, pesar, gratidão e culpa. Aquilo tudo pesava tanto quanto cimento em seu estômago.
— Bob, não podemos pedir que faça isso. Você também quer passar pelas Portas. Quer ver o céu de novo, e as estrelas, e...
— Eu ia gostar disso — concordou Bob — mas alguém tem que apertar o botão. E quando as correntes forem cortadas... meus irmãos vão lutar para impedir sua passagem. Não vão querer que as Portas desapareçam.
Percy olhou para a horda infinita de monstros. Mesmo se deixasse Bob se sacrificar, como um único titã poderia se defender contra tantos por doze minutos sem tirar o dedo do botão?
O cimento assentou dentro dele. Percy sempre desconfiara de como aquilo ia acabar. Ele teria que ficar para trás. Enquanto Bob enfrentava o exército, Percy pressionaria o botão do elevador para garantir que Annabeth chegasse em segurança.
De algum modo, tinha que convencê-la a ir sozinha. Enquanto ela estivesse a salvo e as Portas desaparecessem, ele podia morrer sabendo que tinha feito a coisa certa.
— Percy...? — Annabeth o encarou, um tom desconfiado na voz.
Ela era inteligente demais. Se seus olhos se encontrassem, saberia exatamente o que Percy estava pensando.

— Uma coisa de cada vez — ele falou — vamos cortar estas correntes.

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