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O Mar de Monstros - CAP. 16

.. domingo, 17 de março de 2013

Capítulo 16 - Eu afundo com o navio

– E a gente imaginou que o estoque de pedras dele tivesse acabado – resmunguei.

– Saiam nadando! – disse Grover.
Ele e Clarisse mergulharam nas ondas. Annabeth se agarrou ao pescoço de Clarisse e tentou remar com uma das mãos, o Velocino molhado pesando sobre ela. Mas a atenção do monstro não estava no Velocino.
– Você, jovem ciclope! – rugiu Polifemo. – Traidor da nossa espécie!
Tyson parou.
– Não dê ouvidos a ele! – implorei. – Venha.
Puxei o braço de Tyson, mas era como se estivesse puxando uma montanha. Ele se virou e enfrentou o ciclope mais velho.
– Não sou um traidor.
– Você serve a mortais! – bradou Polifemo. – Seres humanos ladrões!
Polifemo atirou sua primeira pedra. Tyson rebateu-a para o lado com o punho.
– Não sou traidor – disse Tyson. - E você não é da minha espécie.
– Morte ou vitória!
Polifemo avançou para as ondas, mas seu pé ainda estava ferido. Ele imediatamente tropeçou e caiu de cara. Aquilo teria sido engraçado, só que ele começou a se levantar, cuspindo água salgada e rosnando.
– Percy! – gritou Clarisse. – Venha!
Eles já estavam quase no navio com o Velocino. Se eu ao menos pudesse manter o monstro distraído mais um pouco...
– Vá – disse-me Tyson. – Eu seguro o Grandão Feioso.
– Não! Ele vai matá-lo.
Eu já havia perdido Tyson uma vez. Não ia perdê-lo dê novo.
– Vamos enfrentá-lo juntos.
– Juntos – concordou Tyson.
Puxei minha espada. Polifemo avançou cautelosamente, mancando como nunca. Mas não havia nada de errado com seu braço. Ele atirou a segunda pedra. Mergulhei para um lado, mas ainda teria sido esmagado se Tyson não a tivesse arrebentado, transformando-a em cascalho. Desejei que o mar subisse. Uma onda de seis metros se ergueu, levantando-me na crista. Peguei uma carona em direção ao ciclope e chutei-o no olho, pulando por cima da cabeça dele enquanto a água o atirava na praia.
– Vou destruí-lo! – bradou Polifemo. – Ladrão de Velocino!
– Você roubou o Velocino – gritei. – Você o está usando para atrair sátiros para a morte!
– E daí? Sátiros são boa comida!
– O Velocino deve ser usado para curar! Ele pertence aos filhos dos deuses!
– Eu sou um filho dos deuses! – Polifemo tentou me varrer com um golpe, mas eu me desviei para o lado. – Pai Poseidon, amaldiçoe este ladrão!
Ele piscava muito agora, como se mal pudesse enxergar, e percebi que estava se guiando pelo som da minha voz.
– Poseidon não vai me amaldiçoar – falei, recuando enquanto o ciclope agarrava o ar. – Eu também sou seu filho. Ele não vai escolher um favorito.
Polifemo rugiu. Ele arrancou uma oliveira da encosta do penhasco e golpeou com ela o lugar onde eu estava um momento antes.
– Os seres humanos não são mais os mesmos! Maus, trapaceiros, mentirosos!
Grover estava ajudando Annabeth a embarcar no navio. Clarisse acenava freneticamente para mim, me chamando. Tyson deu a volta, tentando ficar atrás de Polifemo.
– Jovem ciclope! – chamou o ciclope mais velho. – Onde está você? Ajude-me! – Tyson parou. – Você não foi criado como deveria! – lamuriou-se Polifemo, sacudindo seu porrete de oliveira. – Pobre irmão órfão! Ajude-me!
Ninguém se mexeu. Nenhum som além do oceano e das batidas do meu coração. Então Tyson deu um passo à frente, erguendo as mãos na defensiva.
– Não lute, irmão ciclope. Abaixe a...
Polifemo girou o corpo na direção da voz dele.
– Tyson! – gritei. A árvore atingiu-o com tamanha força que teria me achatado como uma pizza de Percy com uma porção extra de azeitonas. Tyson voou de costas, cavando uma trincheira na areia. Polifemo avançou atrás dele, mas eu gritei:
– Não!
E me atirei o mais longe que pude com Contra-corrente. Esperava atingir Polifemo na parte de trás da coxa, mas consegui pular um pouquinho mais alto.
– Béééééé!
Polifemo baliu exatamente como seus carneiros, e me golpeou com sua árvore. Eu mergulhei, mas ainda assim uma dúzia de galhos pontudos arranhou minhas costas. Estava sangrando, contundido e exausto. O porquinho-da-índia dentro de mim quis fugir. Mas eu engoli o medo. Polifemo desferiu outro golpe com a árvore, mas dessa vez eu estava preparado. Agarrei um galho quando ela passou, ignorando a dor nas mãos ao ser jogado para o céu, e deixei o ciclope me erguer no ar. No topo do arco eu me soltei e caí diretamente na cara do gigante – aterrissando com os dois pés no seu olho já machucado.
Polifemo ululou de dor. Tyson se atracou com ele, puxando-o para baixo. Eu caí ao lado deles – espada na mão, à distância de uma estocada no coração do monstro. Mas meus olhos cruzaram os de Tyson e vi que não poderia fazer aquilo. Simplesmente não era certo.
– Largue-o – disse a Tyson. – Corra.
Com um último e enorme esforço, Tyson empurrou o ciclope mais velho, que praguejava, para longe, e nós corremos para as ondas.
– Eu vou esmagá-lo! – berrou Polifemo, dobrando-se de dor.
Ele pôs as mãos enormes em concha sobre o olho. Tyson e eu mergulhamos nas ondas.
– Onde está você? – berrou Polifemo.
Ele pegou o porrete de árvore e lançou-o para a água. Aquilo caiu à nossa direita. Ordenei a uma corrente que nos carregasse, e começamos a ganhar velocidade. Eu estava começando a pensar que conseguiríamos chegar ao navio quando Clarisse gritou do convés:
– Aí, Jackson. Se ferrou, ciclope!
Cale a boca, eu quis gritar.
– Rarrrr!
Polifemo pegou uma pedra. Ele a atirou na direção da voz de Clarisse, mas ela não chegou até lá, e por pouco não acertou Tyson e eu.
– Aí, aí! – provocou Clarisse. – Você joga pedras como um fracote! Vou ensiná-lo a tentar se casar comigo, seu idiota!
– Clarisse! – berrei, incapaz de aguentar aquilo. – Cale a boca!
Tarde demais. Polifemo atirou outra pedra, e dessa vez fiquei olhando impotente enquanto ela voava por cima da minha cabeça e acertava o casco do Vingança da Rainha Ana. Você não acreditaria em como um navio pode afundar depressa. O Vingança da Rainha Ana rangeu, gemeu e se inclinou para a frente como se fosse descer por um escorrega de parque de diversões. Eu praguejei, desejando que o mar nos empurrasse mais depressa, mas os mastros do navio já estavam submergindo.
– Mergulhe! – disse a Tyson. E enquanto outra pedra voava por cima de nossas cabeças, submergimos.


Meus amigos estavam afundando depressa, tentando nadar, mas sem sorte, na esteira borbulhante dos destroços do navio. Nem todo o mundo sabe que quando um navio afunda funciona como um ralo de pia, puxando tudo o que está em volta dele para baixo. Clarisse era uma nadadora vigorosa, mas nem ela conseguiu fazer qualquer progresso. Grover agitava freneticamente seus cascos. Annabeth se agarrava ao Velocino, que brilhava na água como uma onda de moedinhas novas. Eu nadei até eles, sabendo que poderia não ter força para puxar meus amigos para fora. Pior ainda, pedaços de madeira redemoinhavam em volta deles; nenhum dos meus poderes com a água iria ajudar se uma viga acertasse minha cabeça.
Precisamos de ajuda, pensei.
Sim. A voz de Tyson, alta e clara na minha cabeça. Olhei para ele, perplexo. Já tinha ouvido nereidas e outros espíritos da água falando comigo embaixo d'água, mas nunca me ocorrera... Tyson era filho de Poseidon. Podíamos nos comunicar.
Arco-íris, disse Tyson. Fiz que sim, e então fechei os olhos e me concentrei, somando minha voz à de Tyson:
ARCO-ÍRIS! Precisamos de você! Formas tremeluziram na escuridão embaixo de nós imediatamente – três cavalos com cauda de peixe, galopando para cima mais rápido que golfinhos. Arco-íris e seus amigos olharam em nossa direção e pareceram ler nossos pensamentos. Eles se moveram com velocidade para o meio dos destroços e, um momento depois, explodiram para o alto numa nuvem de bolhas – Grover, Annabeth e Clarisse, cada qual agarrado ao pescoço de um cavalo-marinho. Arco-íris, o maior, estava com Clarisse. Correu até nós e permitiu que Tyson se agarrasse à sua crina. Seu amigo que trazia Annabeth fez o mesmo comigo. Chegamos à superfície e nos afastamos depressa da ilha de Polifemo. Atrás de nós, pude ouvir o ciclope rugindo triunfante:
– Consegui! Finalmente afundei Ninguém!
Esperei que ele jamais descobrisse que estava errado. Deslizamos pelo mar enquanto a ilha ia encolhendo, até se transformar em um ponto e depois desaparecer.
– Conseguimos – murmurou Annabeth, exausta. – Nós...
Ela tombou no pescoço do cavalo-marinho e adormeceu instantaneamente. Eu não sabia até onde os cavalos-marinhos poderiam nos levar. Não sabia aonde estávamos indo. Apenas apoiei Annabeth para que ela não caísse, cobri-a com o Velocino de Ouro que tanto trabalho nos custara e fiz uma oração silenciosa em agradecimento. O que me lembrou... Eu ainda tinha uma dívida com os deuses.
– Você é um gênio – disse a Annabeth baixinho.
Então encostei a cabeça no Velocino e, antes que percebesse, também estava dormindo.

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