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O Herói Perdido - CAP. 6

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo VI - Leo



— COMO ELE MORREU? — perguntou Leo. — Digo, Beckendorf.
Will Solace marchou em frente.
— Explosão. Beckendorf e Percy Jackson explodiram um cruzeiro cheio de monstros. Beckendorf não resistiu.
Lá estava aquele nome novamente — Percy Jackson, o namorado desaparecido de Annabeth. O cara parecia estar envolvido em tudo por aqui, Leo pensou.
— Então Beckendorf era muito popular? — Leo perguntou. — Digo... antes de explodir?
— Ele era impressionante — Will concordou. — Foi difícil para todo o acampamento quando ele morreu. Jake... ele se tornou conselheiro no meio da guerra. Do mesmo jeito que eu, na verdade. Jake deu o seu melhor, mas ele nunca quis ser líder. Ele só vive construindo coisas. Então, depois da guerra, as coisas começaram a dar errado. As bigas do chalé 9 explodiram. Seus autômatos ficaram loucos. Suas invenções começaram a dar problemas. Era como uma maldição, e no fim as pessoas começaram a chamar isso assim mesmo: a Maldição do Chale 9. Então Jake teve seu acidente...
— Que tinha algo a ver com o problema que ele mencionou — Leo supôs.
— Eles estão trabalhando nisso — Will disse sem entusiasmo. — E aqui estamos nós.
A forja parecia uma locomotiva movida a vapor que batera no Partenon grego e se fundiram. Colunas brancas de mármore acompanhavam as paredes manchadas de fuligem. A fumaça saía por uma elaborada chaminé, entalhada com desenhos de deuses e monstros. A estrutura estava no canto de um riacho, com várias turbinas girando uma série de engrenagens de bronze. Leo ouviu o rugir das máquinas, chamas crepitando e martelos batendo em bigornas.
Eles passaram pela entrada, e uma dúzia de garotos e garotas que estavam trabalhando em vários projetos congelaram. O barulho morreu sob o ruído da forja e do click-click-click de engrenagens e alavancas.
— E aí, galera — Will disse. — Esse é o novo irmão de vocês, Leo... hã, qual é o seu sobrenome?
— Valdez — Leo percorreu os olhos pelos outros campistas.
Ele realmente era parente de todos eles? Seus primos vinham de algumas grandes famílias, mas ele sempre teve apenas sua mãe — até ela morrer.
Crianças subiram e começaram a apertar mãos e apresentarem-se. Seus nomes se misturaram juntos: Shane, Christopher, Nyssa, Harley (e, como a moto). Leo sabia que não podia decorar todos eles. Eram muitos. Muita pressão.
Nenhum deles se parecia um com os outros — rostos de todos os diferentes tipos, tons de pele, cor do cabelo, altura. Você nunca pensaria, Ei, olha, é a turma de Hefesto! Mas todos eles tinham mãos poderosas, repletas com calos e manchas de graxa de motor. Até o pequeno Harley, que não devia ter mais que oito anos, parecia que podia ir a seis rounds contra Chuck Norris sem suar.
E todas as crianças compartilhavam um triste tipo de seriedade. Seus ombros estavam caidos como se a vida os tivesse abatido duramente. Vários pareciam ter sido fisicamente abatidos, também. Leo contou dois braços com gesso, um par de muletas, um tapa-olho, seis bandagens, e aproximadamente sete mil Band-Aids.
— Ok, muito bem! — Leo disse. — Eu ouvi que esse é o chalé da festa!
Ninguém riu. Todos apenas olharam para ele.
Will Solace bateu de leve no ombro de Leo.
— Eu vou deixar vocês se entenderem. Alguém pode levar Leo para jantar quando for a hora?
— Eu posso — uma das garotas disse.
Nyssa, Leo lembrou. Ela usava calças de camuflagem, um top que exibia seus braços musculosos e uma bandana vermelha sobre um punhado de cabelos negros. Exceto pelo seu Band-Aid sorridente no queixo, ela parecia uma daquelas heroínas de ação, como se a qualquer segundo ela fosse pegar uma metralhadora e começar a matar aliens do mal.
— Legal — Leo disse. — Eu sempre quis uma irmã que pudesse me vencer.
Nyssa não sorriu.
— Vamos lá, piadista. Eu vou te mostrar tudo por aqui.

Leo não era nenhum desconhecido das oficinas. Ele crescera rodeado por ferramentas e graxa. Sua mãe costumava brincar que sua primeira chupeta foi um trocador de pneu. Mas ele nunca tinha visto um lugar como a forja do acampamento.
Um rapaz estava trabalhando num machado de batalha. Ele ficava testando a lâmina numa placa de concreto. Cada vez que ele batia, o machado cortava a placa como se fosse de queijo quente, mas ele parecia insatisfeito e voltava para afiar a ponta.
— O que ele está planejando abater com aquilo? — Leo perguntou para Nyssa. — Um encouraçado?
— Impossível saber. Mesmo com o bronze celestial...
— É esse o metal?
Ela assentiu.
— Extraído do próprio Monte Olimpo. Extremamente raro. Afinal, geralmente desintegra monstros só com um toque, mas grandes monstros poderosos muitas vezes tem couraças bem duras. Drakons, por exemplo...
— Você quer dizer dragões?
— Espécies similares. Você aprenderá a diferença na aula de luta com monstros.
— Aula de luta com ombros. É, já consegui minha faixa preta lá.
Ela não abriu um sorriso. Leo esperou que ela não fosse tao séria todo o tempo. O lado da família do seu pai tinha que ter algum senso de humor, certo? Eles passaram por alguns rapazes fazendo um brinquedo de corda. Pelo menos era o que parecia. Era um centauro de quinze centímetros — meio homem, meio cavalo
— armado com um arco em miniatura. Um dos campistas acionou a manivela no rabo do centauro, e ele zumbiu em vida. Ele galopou pela mesa, gritando, “Morra, mosquito! Morra, mosquito!” e atirando em tudo no caminho.
Aparentemente isso já havia acontecido antes, pois todos sabiam que deveriam atirar-se ao chão, exceto Leo. Seis flechas do tamanho de agulhas enterraram-se na sua camisa antes que um campista pegasse um martelo e esmagasse o centauro em pedaços.
— Maldição estúpida! — O campista agitou o martelo no ar. — Eu só quero um matador mágico de insetos! E pedir muito?
— Ai — Leo disse.
Nyssa tirou as agulhas da sua camisa.
— Ah, você esta bem. Vamos continuar antes que eles o reconstruam.
Leo esfregou o peito enquanto andavam.
— Esse tipo de coisa acontece muito?
— Nos últimos tempos — Nyssa disse — tudo que construímos vira sucata.
— A maldição?
Nyssa franziu a testa.
— Eu não acredito em maldiçoes. Mas alguma coisa está errada. E se não descobrirmos o problema do dragão, isso vai ficar cada vez pior.
— O problema do dragão? — Leo esperou que ela estivesse falando sobre um dragão em miniatura, talvez um que matasse baratas, mas ele teve a sensação que não teria tanta sorte.
Nyssa o levou para um grande mapa de parede que um par de meninas estava estudando. O mapa mostrava o acampamento — um semi-circulo de terra com o Estreito de Long Island na costa do norte, a floresta ao oeste, os chalés ao leste, e um anel de colinas no sul.
— Tem que ser nas colinas — a primeira garota disse.
— Nos olhamos nas colinas — a segunda argumentou. — A floresta é um lugar melhor para se esconder.
— Mas já colocamos armadilhas...
— Espere — Leo disse. — Vocês perderam um dragão? Um dragão de tamanho real, verdadeiro?
— É um dragão de bronze — Nyssa disse. — Mas sim, um automato de tamanho real. O chalé de Hefesto o construiu anos atrás. Então ele se perdeu na floresta alguns verões passados, quando Beckendorf o encontrou em pedaços e o reconstruiu. Tem ajudado a proteger o acampamento, mas, hã, é um pouco imprevisível.
— Imprevisível — Leo disse.
— Fica louco e derruba chalés, incendeia as pessoas, tenta comer os sátiros.
— E bastante imprevisível.
Nyssa assentiu.
— Beckendorf era o único que podia controlá-lo. Então ele morreu, e o dragão só foi ficando cada vez pior. No fim, ele ficou furioso e fugiu. Ocasionalmente ele aparece, destrói alguma coisa, e parte novamente. Todos esperamos encontrá-lo e destruí-lo...
— Destruí-lo? — Leo estava pálido. — Vocês tem um dragão de bronze em tamanho real, e querem destruí-lo?
— Ele solta fogo — Nyssa explicou. — É mortal e fora de controle.
— Mas é um dragão! Cara, é impressionante. Você não pode tentar conversar com ele, controlá-lo?
— Tentamos. Jake Mason tentou. Você viu como isso acabou bem.
Leo pensou em Jake, enrolado num gesso, dormindo sozinho no seu beliche.
— Mas...
— Não temos opção — Nyssa virou para as outras garotas. — Vamos tentar colocar mais armadilhas na floresta... aqui, aqui, e aqui. Encha-as com trinta litros de óleo de motor.
— O dragão bebe isso? — perguntou Leo.
— Bebe. — Nyssa suspirou pesarosamente. — Ele costumava gostar disso com um pouco de molho de pimenta, antes de dormir. Se ele pular numa armadilha, podemos entrar com pulverizadores ácidos... isso deve derreter sua couraça. Então entraremos com cortadores de metal e... e acabamos o trabalho.
Todas pareciam tristes. Leo percebeu que elas não queriam matar o dragão tanto quanto ele queria.
— Gente — ele disse. — Tem que haver outro jeito.
Nyssa pareceu incerta, mas alguns outros campistas pararam com o que estavam trabalhando e amontoaram-se para ouvir a conversa.
— Como o quê? — um perguntou. — A coisa solta fogo. Não podemos nem chegar perto.
Fogo, Leo pensou. Ah, cara, as coisas que ele podia dizer para eles sobre fogo... Mas ele tinha que ser cuidadoso, mesmo se esses fossem seus irmãos e irmas. Especialmente se ele tivesse que viver com eles.
— Bem... — Ele hesitou. — Hefesto é o deus do fogo, certo? Então ninguém de vocês tem, tipo, resistência ao fogo ou algo parecido?
Ninguém agiu como se fosse uma pergunta louca, o que era um alívio, mas Nyssa balançou a cabeça gravemente.
— É uma habilidade dos ciclopes, Leo. Semideuses filhos de Hefesto... somos apenas bons com nossas mãos  Somos construtores, artesãos, fabricantes de armas... coisas assim.
Os ombros de Leo caíram.
— Ah.
Um garoto no fundo disse:
— Bem, um longo tempo atrás...
— Sim, ok — Nyssa reconheceu. — Um longo tempo atrás algum filho de Hefesto nasceu com poder sobre o fogo. Mas aquela habilidade era muito, muito rara. E sempre perigosa. Nenhum semideus assim nasceu em séculos. O último… — Ela olhou para um dos garotos por ajuda.
— 1666 — a garota ofereceu. — Cara chamado Thomas Faynor. Ele começou o Grande Incêndio de Londres, destruiu quase toda a cidade.
— Certo — Nyssa disse. — Quando uma criança de Hefesto assim aparece, normalmente significa que algo catastrófico esta prestes a acontecer. E não precisamos de mais nenhuma catástrofe.
Leo tentou manter seu rosto limpo de emoção, o que não era seu ponto forte.
— Acho que estou entendendo. Muito mau, porém. Se você pudesse resistir as chamas, poderia chegar perto do dragão.
— Então ele te mataria com suas garras e dentes — Nyssa disse. — Ou simplesmente pisaria em você. Não, temos que destruí-lo. Confie em mim, se alguém pudesse descobrir outra resposta...
Ela não terminou, mas Leo captou a mensagem. Esse era o grande teste do chalé. Se eles pudessem fazer algo que só Beckendorf podia fazer, se eles pudessem subjugar o dragão sem matá-lo, então talvez a sua maldição seria retirada. Mas eles estavam vazios de ideias. Qualquer campista que descobrisse como, seria um herói.
Uma trombeta de concha soprou à distância. Campistas começaram a levantar suas ferramentas e projetos. Leo não havia percebido que havia ficado tão tarde, mas ele olhou pela janela e viu o sol baixando. Seu TDAH fazia isso com ele as vezes. Se ele estava aborrecido, uma aula de cinquenta minutos parecia ter seis horas. Se ele estava interessado em alguma coisa, como fazer um tour no acampamento semideus, as horas
passavam despercebidas e bam — o dia havia acabado.
— Jantar — Nyssa disse. — Vamos, Leo.
— Lá no pavilhão, certo? — ele perguntou.
Ela assentiu.
— Vocês vão na frente — Leo disse. — Você pode... me dar um segundo?
Nyssa hesitou. Depois sua expressão derreteu.
— Certo. É muito para processar. Lembro do meu primeiro dia. Suba quando estiver pronto. Apenas não toque em nada. Quase todos os projetos aqui podem te matar se não for cuidadoso.
— Não vou tocar em nada — Leo prometeu.
Seus companheiros saíram da forja. Logo, Leo estava sozinho com os sons dos foles, turbinas, e pequenas máquinas clicando e zunindo.
Ele olhou para o mapa do acampamento — os locais onde seus novos irmãos iriam colocar armadilhas para pegar um dragão. Estava tudo errado. O plano era equivocado.
Muito disperso, ele pensou. E também perigoso.
Ele estendeu sua mão e estudou seus dedos. Eles eram longos e finos, e não cheio de calos como os dos outros campistas de Hefesto. Leo nunca fora o garoto maior ou mais forte. Ele sobreviveu em bairros violentos, escolas duras e casas de adoção complicadas usando o que sabia fazer de melhor. Ele era o palhaço da sala, o bobo da corte, porque aprendeu cedo que quem faz piadas e finge não estar assustado, geralmente não recebe os golpes. Até o menino mais malvado iria lhe tolerar, mantê-lo por perto para rir um pouco. E mais, humor era um bom jeito de esconder a dor. E se isso não funcionasse, sempre haveria o Plano B. Fugir. Quantas vezes fosse preciso.
E havia um Plano C, mas ele prometera a si próprio nunca usá-lo de novo.
Ele sentiu um impulso de tentar isso agora — algo que ele não fizera desde o acidente, desde a morte de sua mãe.
Ele estendeu seus dedos e os sentiu formigando, como se estivessem acordando. Então chamas trêmulas ganharam vida, ondulações de fogo vermelho dançando pela sua palma.

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