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O Herói Perdido - CAP. 56

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo LVI - Jason


O CONSELHO NÃO ERA NADA DO QUE Jason imaginara. Em primeiro lugar, acontecia na sala de recreação da Casa Grande, em volta de uma mesa de pingue-pongue, com um dos sátiros servindo nachos e refrigerantes. Em segundo, alguém trouxe a cabeça do leopardo Seymour da sala de estar e o pendurara na parede. De vez em quando, um conselheiro jogava um biscoito para ele.
Jason olhou em torno da sala e tentou lembrar o nome de todos.
Felizmente, Leo e Piper estavam sentados perto dele — era a primeira reunião deles como conselheiros seniores. Clarisse, a líder do chale de Ares, estava com as botas na mesa, mas ninguém parecia se importar. Clovis, de Hipnos, estava roncando no canto enquanto Butch do chalé de Íris estava vendo quantas canetas podia colocar nas narinas dele. Travis Stoll, de Hermes, estava segurando um isqueiro sob uma bola de pingue-pongue para ver se ela iria queimar, e Will Solace, de Apolo, estava distraidamente cobrindo e descobrindo o pulso com uma bandagem. A conselheira do chalé de Hécate, Lou Ellen, ou parecido, estava brincando de “peguei o seu nariz” com Miranda Gardiner, de Deméter, embora Lou Ellen estivesse realmente desconectando magicamente o nariz de Miranda, e ela estava tentando pegá-lo de volta.
Jason esperara que Thalia aparecesse. Ela prometera, afinal. Mas não estava em lugar nenhum para ser vista. Quíron disse a ele para não se preocupar. Thalia geralmente ficava fora lutando com monstros ou em missões para Ártemis, e provavelmente chegaria logo. Mas ainda assim, Jason se preocupou.
Rachel Dare, o oráculo, se sentava perto de Quíron na ponta da mesa. Ela estava usando seu vestido-uniforme da Clarion Academy, o que parecia um pouco estranho, mas sorriu para Jason.
Annabeth não parecia tão relaxada. Ela usava uma armadura sobre suas roupas do acampamento, com sua faca no lado e seu cabelo loiro amarrado num rabo de cavalo. Assim que Jason entrou, ela fixou um olhar de expectativa para ele, como se estivesse tentando extrair informações dele com seu olhar.
— Voltemos a ordem — disse Quíron. — Lou Ellen, por favor devolva o nariz de Miranda. Travis, caso possa, apague essa bola flamejante, e Butch, acho que vinte canetas são realmente muito para qualquer nariz humano. Obrigado. Agora, como podem ver, Jason, Piper e Leo retornaram com sucesso... mais ou menos. Alguns de vocês ouviram partes das histórias deles, mas vou deixar eles lhe informarem.
Todos olharam para Jason. Ele limpou a garganta e começou a história. Piper e Leo interrompiam de tempos em tempos, informando os detalhes que ele esquecia. Só levou alguns minutos, mas pareceu muito mais com todos os observando. O silêncio era forte, e para tantos semideuses com TDAH se sentarem ouvindo por tanto tempo, Jason sabia que a história deveria ter soado bastante selvagem. Ele finalizou com
a visita de Hera logo antes da reunião.
— Então Hera esteve aqui — disse Annabeth. — Conversando com você.
Jason assentiu.
— Olhem, não estou dizendo que confio nela...
— Isso é inteligente da sua parte — disse Annabeth.
— ...mas ela não está inventando isso sobre outro grupo de semideuses. É de onde eu vim.
— Romanos — Clarisse jogou um biscoito para Seymour. — Você espera que acreditemos que há outro acampamento para semideuses, mas eles seguem as formas romanas dos deuses. E nunca ouvimos falar deles.
Piper se sentou mais para frente.
— Os deuses mantiveram os dois grupos separados, porque toda a vez que se encontravam, tentavam se matar.
— Posso entender isso — disse Clarisse. — Ainda assim, por que nunca cruzamos uns com os outros em missões?
— Ah, sim — disse Quíron tristemente. — Vocês se encontraram, várias vezes. E foi sempre uma tragédia. Os deuses sempre fazem o melhor para limpar as memórias dos envolvidos. A rivalidade começou na Guerra de Troia, Clarisse. Os gregos invadiram Troia e a queimaram tudo. O heroi troiano Eneias escapou, e em algum momento foi para a Itália, onde fundou o que depois se tornaria Roma. Os romanos ficaram cada vez mais poderosos, idolatrando os mesmos deuses, mas sob nomes diferentes, e personalidades um tanto distintas.
— Mais militares — disse Jason. — Mais unidos. Mais ligados à expansão, conquista e disciplina.
— Eca — colocou Travis.
Vários deles pareceram igualmente desconfortáveis, porém Clarisse deu de ombros como se parecesse tudo bem para ela.
Annabeth girou sua faca na mesa.
— E os romanos odiavam os gregos. Eles conseguiram sua revanche quando conquistaram as ilhas gregas, e as tornaram parte do Império Romano.
— Não exatamente odiavam eles — disse Jason. — Os romanos admiravam a cultura grega, e eram um pouco ciumentos. Em troca, os gregos pensaram que os romanos eram bárbaros, mas respeitaram seu poder militar. Então durante os tempos romanos, semideuses começaram a se dividir... entre gregos ou romanos.
— E foi assim desde então — supôs Annabeth. — Mas isso é loucura. Quíron, onde estavam os romanos durante a Guerra dos Titãs? Por que não ajudaram?
Quíron puxou sua barba.
— Eles ajudaram Annabeth. Enquanto você e Percy estavam liderando a batalha para salvar Manhattan, quem você acha que conquistou o Monte Otris, a base dos titãs na Califórnia?
— Espere — disse Travis. — Você disse que o Monte Otris ruiu quando derrotamos Cronos.
— Não — disse Jason. Ele se lembrou de lampejos da batalha. Lembrou-se de um gigante com armadura estrelada e um elmo com chifres de carneiro. Ele se lembrou do seu exército de semideuses escalando o Monte Tam, lutando com hordas de monstros em forma de cobra. — Ele não ruiu simplesmente. Destruímos o palácio deles. Eu venci o titã Crio sozinho.
Os olhos de Annabeth estavam mais tempestuosos que um ventus. Jason quase pôde ver seus pensamentos se agitando, encaixando as peças.
— Bay Area. Nós, semideuses, sempre fomos avisados para ficar longe porque o Monte Otris ficava por lá. Mas esse não era o único motivo, era? O acampamento romano... tem que estar em algum lugar perto de São Francisco. Aposto que foi posto lá para ficar de patrulha no território dos titãs. Onde ele fica?
Quíron se deslocou na sua cadeira de rodas.
— Não posso dizer. Nem mesmo tenho essa informação. Minha correlativa, Lupa, não é exatamente do tipo que compartilha coisas. E a memória de Jason também foi apagada.
— O acampamento fica sobre um grande véu de magia — disse Jason. — E fortemente guardado. Poderíamos procurar por anos e nunca encontrá-lo.
Rachel Dare juntou as mãos e entrelaçou os dedos. De todas as pessoas na sala, apenas ela não parecia nervosa com a conversa.
— Mas vocês tentarão, não tentarão? Irão construir o navio de Leo, o Argo II. E antes de irem à Grécia, navegarão para o acampamento romano. Precisarão da ajuda deles para confrontar os gigantes.
— Péssimo plano — avisou Clarisse. — Se aqueles romanos virem um navio de guerra chegando, assumirão que estamos atacando.
— Você provavelmente tem razão — concordou Jason. — Mas temos de tentar. Fui mandado aqui para aprender sobre o Acampamento Meio-Sangue, tentar convencer vocês que os dois acampamentos não tem que ser inimigos. Uma oferta de paz.
— Humm — disse Rachel. — Por isso que Hera está tão convencida de que os dois acampamentos precisam trabalhar juntos para ganhar a guerra contra os gigantes. Sete heróis do Olimpo... alguns gregos, alguns romanos.
Annabeth assentiu.
— Sua Grande Profecia... qual é a ultima linha?
— E inimigos com armas às Portas da Morte afinal.
— Gaia abriu as Portas da Morte — disse Annabeth. — Ela está soltando os piores vilões do Mundo Inferior para lutar conosco. Medeia, Midas... haverá mais, tenho certeza. Talvez o verso signifique que os semideuses romanos e gregos se unirão, encontrarão as portas e as fecharão.
— Ou pode significar que eles lutam uns com os outros nas Portas da Morte — lembrou Clarisse. — Não diz se cooperamos.
Houve silêncio enquanto os pensavam no tema, preferindo a versão positiva.
— Eu vou — disse Annabeth. — Jason, quando construírem esse navio, eu vou com vocês.
— Estava esperando você se oferecer — disse Jason. — De todas as pessoas, é de você que vamos precisar mais.
— Espere — Leo franziu o cenho. — Digo, por mim tudo bem, é claro. Mas por que Annabeth?
Annabeth e Jason estudaram um ao outro, e Jason sabia que ela unira os fatos. Ela enxergou a perigosa verdade.
— Hera disse que minha chegada aqui significava uma troca de líderes — disse Jason. — Um modo para os dois acampamentos saberem da existência do outro.
— Sim... — disse Leo. — Mais de daí?
— Uma troca é uma via de mão dupla — disse Jason. — Quando cheguei aqui, minha memória foi apagada. Eu não sabia quem era ou de onde vinha. Felizmente, vocês me trouxeram aqui e eu encontrei um novo lar. Sei que não são meus inimigos. Mas o acampamento romano... eles não são tão amigáveis. Lá, quem não prova o seu valor rapidamente... não sobrevive. Talvez não sejam tão gentis com ele, e se descobrirem de onde ele vem, ele estará em sérios problemas.
— Ele? — Leo disse. — De quem você está falando?
— Do meu namorado — disse Annabeth, com uma cara triste. — Ele desapareceu mais ou menos na mesma época em que Jason apareceu. Se Jason veio ao Acampamento Meio-Sangue...
— Exatamente — concordou Jason. — Percy Jackson está no outro acampamento e, assim como eu, provavelmente nem se lembra de quem é.

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