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O Herói Perdido - CAP. 52

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo LII - Piper


PIPER NÃO SE LEMBRAVA MUITO bem do resto da noite. Eles contaram sua história e responderam as perguntas de um milhão de outros campistas, mas finalmente Quíron viu como eles estavam cansados e ordenou que fossem dormir.
Foi tão bom dormir em um colchão de verdade, e Piper estava tão exausta que dormiu imediatamente, o que poupou suas preocupações sobre como era voltar para o chalé de Afrodite.
Na manhã seguinte, ela acordou em sua cama, sentindo-se revigorada. O sol entrava através das janelas, juntamente com uma brisa agradável. Ela pensou que poderia ser primavera, ao invés do inverno. Os pássaros cantavam. Monstros uivavam nos bosques. O cheiro do café-da-manha vinha do pavilhão — bacon, panquecas e todos os tipos de coisas maravilhosas.
Drew e sua gangue estavam franzindo a testa para ela, com os braços cruzados.
— Bom dia — Piper sentou-se e sorriu. — Belo dia.
— Você está nos fazendo atrasar para o café-da-manha — disse Drew — o que significa que você limpará o chalé para a inspeção.
Uma semana atrás, Piper teria dado um soco no rosto Drew ou se escondido debaixo das cobertas. Mas pensou nos Ciclopes em Detroit, Medeia em Chicago, Midas transformando-a em ouro em Omaha. Olhando para Drew, que ousava incomodá-la, Piper riu.
A expressão satisfeita de Drew desmoronou. Ela recuou, então se lembrou que deveria estar com raiva.
— O que...
— Desafio você — disse Piper. — Meio-dia na Arena? Você pode escolher as armas.
Ela saiu da cama e sorriu para os campistas. Avistou Mitchell e Lacy, que a ajudaram a fazer sua mochila para a viagem. Eles sorriam timidamente, os seus olhos voando de Piper para Drew como se este pudesse ser um jogo de tênis muito interessante.
— Eu esqueci vocês, garotos! — Piper anunciou. — Vamos ter grandes momentos quando eu for conselheira-chefe.
Drew ficou vermelha como  um pimentão. Mesmo suas melhores tenentes pareciam um pouco nervosas. Aquilo não estava em seu roteiro.
— Você... — Drew balbuciou. — Sua bruxa feia! Estou aqui há mais tempo. Você não pode simplesmente...
— Desafiar você? — disse Piper. — Claro que posso. Regras do Acampamento. Eu fui reclamada por Afrodite, completei uma missão, que é uma a mais do que você concluiu. Se eu sinto que posso fazer um trabalho melhor, posso desafiá-la. A menos que você queira renunciar. Entendi tudo direitinho, Mitchell?
— Muito bem, Piper — Mitchell estava sorrindo. Lacy estava saltando para cima e para baixo como se estivesse tentando decolar.
Algumas das outras crianças começaram a sorrir, como se estivessem apreciando as cores diferentes que o rosto de Drew estava se transformando.
— Renunciar? — Drew gritou. — Você está louca!
Piper deu de ombros. Então, num movimento muito rápido, puxou Katoptris de debaixo do travesseiro, a desembainhou e apontou para o queixo de Drew. Todos congelaram. Uma garota caiu em uma mesa de maquiagem e enviou uma nuvem de pó cor de rosa pelo chalé.
— Um duelo, então — disse Piper alegremente. — Se você não quiser esperar até o meio-dia, agora está ótimo. Você transformou este chalé em uma ditadura, Drew. Silena Beauregard sabia melhor do que isso. Afrodite é a deusa do amor e da beleza. Trata-se de ser amorosa. Espalhar beleza. Bons amigos. Bons tempos. Boas ações. Não apenas boa aparência. Silena cometeu erros, mas no final ficou do lado de seus amigos. Por isso é uma heroína. Eu vou acertar as coisas, e tenho o pressentimento que mamãe vai
estar do meu lado. Quer saber mais?
Drew ficou vesga olhando para a lâmina do punhal de Piper. Um segundo se passou. Em seguida, dois. Piper não se importava. Ela estava absolutamente feliz e confiante. Deve ter mostrado isso em seu sorriso.
— Eu... renuncio — resmungou Drew. — Mas saiba que nunca vou esquecer isso, McLean.
— Ah, eu espero que não — disse Piper. — Agora, corra pro refeitório e explique para Quíron porque estamos atrasados. Houve uma mudança de líder por aqui.
Drew seguiu para a porta. Até seus ajudantes mais próximos não estavam seguindo-a. Ela estava prestes a sair quando Piper disse:
— Ah, Drew, querida?
A ex-conselheira olhou para trás com relutância.
— No caso de você pensar que eu não sou uma verdadeira filha de Afrodite — disse Piper — nunca mais olhe para Jason Grace. Ele pode não saber ainda, mas ele é meu. Se tentar fazer uma jogada, vou colocar você em uma catapulta e atirá-la do outro lado de Long Island.
Drew virou-se depressa e correu para a porta. Então ela se foi.
O chalé ficou em silêncio. Os outros campistas olharam para Piper. Esta foi a parte em que ela estava insegura. Ela não queria governar pelo medo. Ela não era como Drew, mas não sabia se eles a aceitariam.
Porém, espontaneamente, os campistas do chalé de Afrodite aplaudiram tão alto que devem ter sido ouvidos em todo o acampamento. Eles se agruparam ao redor de Piper e a levaram para fora do chalé, colocando-a sobre os seus ombros, e carregaram-na todo o caminho até o pavilhão de refeições. Ela ainda estava de pijama, o cabelo bagunçado, mas ela não se importou. Nunca se sentira melhor.

Pela tarde, Piper tinha trocado de roupa. Colocou uma confortável roupa do acampamento e coordenou o chalé de Afrodite nas suas atividades da manhã. Ela estava pronta para um momento de folga.
Alguns dos burburinhos de sua vitória se tinham desvanecido, porque ela tinha um encontro na Casa Grande.
Quíron a encontrou na varanda da frente em forma humana, compactada em sua cadeira de rodas.
— Venha para dentro, minha querida. A videoconferência está pronta.
O único computador que havia no acampamento estava no escritório de Quíron, e toda a sala era revestida por chapas de bronze.
— Semideuses e tecnologia não combinam — explicou Quíron. — Ligações telefônicas, mensagens de texto, até navegar pela internet... todas essas coisas podem atrair monstros. Por conta disso, neste último outono tivemos que resgatar um jovem herói numa escola em Cincinnati que buscou no Google por górgonas e encontrou um pouco mais que procurava. Mas isso não importa. Aqui no acampamento você está protegida. Ainda assim a gente tenta ser cauteloso. Você só vai ser capaz de falar por alguns minutos.
— Vamos lá — disse Piper. — Obrigado, Quíron.
Ele sorriu e guiou sua cadeira de rodas para fora do escritório. Piper hesitou antes de clicar no botão de chamada. O escritório de Quíron dava uma sensação acolhedora. Uma parede estava coberta com camisetas de diferentes convenções: Pôneis de Festa 2009, Vegas; Pôneis de Festa 2010, Honolulu, etc. Piper não sabia o que eram os pôneis de festa, mas a julgar pelas manchas, marcas de queimaduras e os buracos de bala nas camisetas, eles deviam ter encontros bastante selvagens. Na prateleira mais perto da escrivaninha de Quíron estava um aparelho de som à moda antiga com fitas cassete rotulados “Dean Martin” e “Frank Sinatra” e “Maiores Hits dos anos 40.” Quíron era tão velho, que Piper se perguntou se aquilo significava 1940, 1840 ou mesmo 40 d.C.
Mas a maior parte do espaço da parede do escritório era coberta por fotos de semideuses, como um hall da fama. Uma das imagens mais recente mostrava um adolescente com cabelos escuros e olhos verdes. Como estava de braço dado com Annabeth, Piper assumiu o cara deveria ser Percy Jackson. Em algumas das fotos mais antigas, reconheceu pessoas famosas: empresários, atletas, até mesmo alguns atores que seu pai
conhecia.
— Inacreditável — ela murmurou.
Piper se perguntou se a foto dela estaria naquela parede um dia. Pela primeira vez, sentiu como se fosse parte de algo maior que ela. Semideuses estavam por aí há seculos. Tudo o que ela fez, fez por todos eles.
Ela respirou fundo e fez a chamada. A tela de vídeo apareceu.
Gleeson Hedge sorriu do escritório de seu pai.
— Viu as notícias?
— É difícil não ver — disse Piper. — Espero que você saiba o que está fazendo.
Quíron tinha-lhe mostrado um jornal na hora do almoço. O misterioso retorno de seu pai tinha aparecido na primeira pagina. Sua assistente pessoal Jane foi demitida por encobrir o seu desaparecimento e não notificar a polícia. A nova equipe foi contratada e pessoalmente examinada pelo novo assistente pessoal de Tristan McLean, o treinador Gleeson Hedge. Segundo o jornal, o Sr. McLean afirmou não ter nenhuma memória da semana anterior e a mídia especulava. Alguns imaginaram que era uma jogada de marketing inteligente para um filme, talvez McLean fosse interpretar alguém que sofresse de amnésia. Outros achavam que ele tinha sido sequestrado por terroristas, por fãs raivosos ou que tinha escapado heroicamente de sequestradores usando suas habilidades de combate. Qualquer que fosse a verdade, Tristan McLean estava mais famoso do que nunca.
— Está indo muito bem — prometeu Hedge. — Mas não se preocupe. Vamos mantê-lo fora do olhar público durante o próximo mês ou até as coisas esfriarem. Seu pai tem mais coisas importantes para fazer, como descansar e conversar com sua filha.
— Não fique muito à vontade aí em Hollywood, Gleeson — disse Piper.
Hedge bufou.
— Você está brincando? Essas pessoas fazem Éolo parecer normal. Eu estarei de volta logo que puder, mas seu pai tem que ficar de pé de novo em primeiro lugar. Ele é um bom rapaz. Ah, e por falar nisso, também cuidei daquela outra questão. O Park Service da Bay Area... recebeu uma doação anônima: um novo helicóptero. E a pilota que nos ajudou? Recebeu uma oferta muito boa para trabalhar para o Sr. McLean.
— Obrigado, Gleeson — disse Piper. — Por tudo.
— Sim, tudo bem. Eu tento não ser impressionante. Vem apenas naturalmente. Conheça a nova assistente de seu pai.
Hedge foi empurrado para fora do caminho e uma bela jovem sorriu para a câmera.
— Mellie? — Piper olhou, mas era definitivamente ela: a aura que tinha ajudado a escapar da fortaleza de Éolo. — Você está trabalhando para o meu pai agora?
— Não é fantástico?
— Ele sabe... que você é... um espirito do vento?
— Ah, não. Mas eu amo este trabalho. É... hã... uma brisa.
Piper não podia deixar de rir.
— Estou contente. Isso é incrível. Mas onde...
— Só um segundo — Mellie beijou Gleeson na bochecha. — Vamos lá, seu bode velho. Pare de monopolizar a tela.
— O quê? — Hedge perguntou. Mas Mellie conduziu-o para longe e chamou: — Sr. McLean? Ela está aqui!
Um segundo depois, o pai de Piper apareceu.
Ele abriu um sorriso enorme.
— Pipes!
Ele parecia ótimo, de volta ao normal, com seus brilhantes olhos castanhos, barba feita, sorriso confiante e cabelo recém-cortado, como se estivesse pronto para filmar uma cena. Piper estava aliviada, mas também se sentia um pouco triste. Voltar ao normal não era necessariamente o que ela queria.
Em sua mente, começou a contar. Em uma chamada normal como esta, em um dia de trabalho, ela não teria a atenção de seu pai por mais de trinta segundos.
— Ei — ela disse fracamente. — Você está se sentindo bem?
— Querida, eu sinto muito por você se preocupar com esse negócio de desaparecimento. Eu não sei... — Seu sorriso vacilou, e ela poderia dizer que ele estava tentando lembrar uma memória que deveria estar lá, mas não estava. — Eu não tenho certeza do que aconteceu, sinceramente. Mas estou bem. Treinador Hedge tem sido uma dádiva de Deus.
— Uma dádiva de Deus — ela repetiu. Escolha engraçada das palavras.
— Ele me contou sobre sua nova escola — disse papai. — Lamento pela Escola da Vida Selvagem. Você estava certa. Jane estava errada. Eu fui um tolo por ouvi-la.
Dez segundos passaram, talvez. Mas pelo menos o pai dela parecia sincero, como se ele realmente sentisse remorso.
— Você não lembra de nada? — Disse ela, um pouco melancólica.
— Claro que sim — disse ele.
Um arrepio desceu de seu pescoço.
— Você lembra?
— Eu me lembro que eu te amo — disse ele. — E eu estou orgulhoso de você. Está feliz na sua nova escola?
Piper piscou. Ela não ia chorar agora. Afinal, pelo que ela tinha passado, isso seria ridículo.
— Sim, papai. É mais como um acampamento, não uma escola, mas... sim, acho que vou ser feliz aqui.
— Chame-me quantas vezes puder — disse ele. — E venha pra casa para o Natal. E Pipes...
— Sim?
Ele tocou a tela como se estivesse tentando alcançá-la com sua mão.
— Você é uma jovem maravilhosa. Eu não digo isso com frequência suficiente. Você me lembra muito sua mãe. Ela ficaria orgulhosa. E o vovô Tom — ele riu — ele sempre disse você iria ser a voz mais poderosa em nossa família. Você vai me ofuscar algum dia, sabe. Eles vão se lembrar de mim como pai Piper McLean, e isso é o melhor legado que posso imaginar.
Piper tentou responder, mas ficou com medo de chorar. Ela apenas tocou com os dedos na tela e balaçou a cabeça.
Mellie disse algo em segundo plano, e seu pai suspirou.
— Estúdio chamando. Querida, me desculpe.
— Está tudo bem, papai — ela conseguiu dizer. — Te amo.
Ele piscou. Em seguida, a chamada de vídeo ficou escura.
Quarenta e cinco segundos? Talvez um minuto inteiro.
Piper sorriu. Uma pequena melhora, mas era um progresso.

Na área comum, encontrou Jason relaxando em um banco, com uma bola de basquete entre seus pés. Ele estava suado do exercício, mas parecia incrível na sua camiseta laranja e shorts. Suas várias cicatrizes e hematomas se foram, graças a um pouco de atenção médica do chalé de Apolo. Seus braços e pernas eram musculosos e bronzeados... enlouquecedores, como sempre. Seus cabelos loiros e curtos capturavam a luz da tarde, assim parecia ouro, ao estilo de Midas.
— Ei — disse ele. — Como foi?
Levou um segundo para ela se concentrar na pergunta.
— Hmm? Ah, sim. Bem.
Ela se sentou ao lado dele e eles viram os campistas passando. Um casal de filhos de Deméter estava pregando uma peça em dois filhos de Apolo que jogavam basquete: faziam grama crescer em torno de seus tornozelos enquanto arremessavam do garrafão. Na loja do acampamento, as crianças Hermes colocavam um cartaz que dizia: sapatos voadores, seminovos, 50% de desconto hoje! Crianças de Ares circundavam seu chalá com arame farpado novo. O chalé de Hipnos roncava. Um dia normal no acampamento.
Enquanto isso, os filhos de Afrodite estavam vendo Piper e Jason, tentando fingir que não estavam. Piper tinha certeza de que vira dinheiro passar nas mãos, como se estivessem apostando se haveria ou não um beijo.
— Dormiu bem? — perguntou-lhe.
Ele olhou para ela como se ela tivesse lido seus pensamentos.
— Não muito. Sonhos.
— Sobre o seu passado?
Ele assentiu.
Ela não insistiu. Se ele quisesse conversar, tudo bem, mas Piper sabia que não devia pressionar. Ela não se preocupava que seu conhecimento sobre ele era baseado em três meses de falsas memórias. Você é capaz de enxergar possibilidades, sua mãe tinha dito. E Piper estava determinado a fazer dessas possibilidades uma realidade.
Jason virou sua bola de basquete.
— Não são boas notícias — advertiu. — Minhas lembranças não são boas... para nenhum de nós.
Piper tinha certeza que ele tinha estado a ponto de dizer para nós, para os dois, e ela perguntou-se se ele havia lembrado de uma garota de seu passado. Mas ela não o incomodou. Não em um dia ensolarado como este, com Jason ao lado dela.
— Nós vamos resolver isso — prometeu.
Ele olhou para ela hesitante como se quisesse muito acreditar no que ela disse.
— Annabeth e Rachel estão chegando para a reunião desta noite. Eu provavelmente deveria esperar até la para explicar...
— Ok — Piper arrancou uma folha de grama do seu pé.
Ela sabia que havia coisas perigosas reservadas pra ambos. Teria que competir com passado de Jason e não poderia mesmo sobreviver a guerra contra os gigantes. Mas agora, ambos estavam vivos, e ela estava determinada a aproveitar este momento.
Jason estudou-a com cautela. Sua tatuagem no antebraço ficou azul claro na luz do sol.
— Você está de bom humor. Como pode ter tanta certeza de que as coisas vão funcionar?
— Porque você vai nos liderar — disse ela simplesmente. — Eu vou segui-lo em qualquer lugar.
Jason piscou. Então, lentamente, ele sorriu.
— Coisa perigosa de dizer.
— Eu sou uma garota perigosa.
— Nisso eu acredito.
Ele se levantou e arrumou seus shorts. Ele ofereceu-lhe uma mão.
— Leo disse que tem algo para nos mostrar no bosque. Você vem?
— Não perderia por nada.
Ela pegou sua mão e levantou-se. Por um momento, eles continuaram de mãos dadas. Jason inclinou a cabeça.
— Nós deveríamos ir.
— Sim — disse ela. — Só um segundo.
Ela soltou de sua mão e pegou um cartão prateado do bolso — o cartão de visitas que Thalia tinha lhe dado, as Caçadoras de Ártemis. Ela atirou-o à fogueira e viu-o queimar. Não haveria corações partidos no chalé de Afrodite a partir de agora. Esse era um ritual de passagem que não havia necessidade.
Do outro lado do campo, ela viu campistas decepcionados, que não tinham presenciado um beijo. Eles começaram a descontar nas suas apostas.
Mas tudo estava bem. Piper era paciente, e ela podia ver muitas boas possibilidades.
— Vamos — disse Jason. — Temos aventuras a planejar.

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