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O Herói Perdido - CAP. 48

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XLVIII - Leo


NO COMEÇO, LEO PENSOU que eram pedras caindo no para-brisa. Mas logo percebeu que era granizo. Gelo começou a aparecer nas bordas do vidro e ondas lamacentas de gelo borraram sua visão.
— Uma tempestade de gelo? — Piper gritou mais alto que as hélices e o vento. — É para ser tão frio assim em Sonoma?
Leo não tinha certeza, mas alguma coisa nessa tempestade parecia consciente, malévola — como se intencionalmente estivesse os castigando.
Jason acordou rapidamente. Ele inclinou para frente, agarrando os assentos para se equilibrar.
— Nós devemos estar chegando perto.
Leo estava muito ocupado lutando contra o controle para responder. De repente não estava mais tão fácil pilotar o helicóptero. Seus movimentos se tornaram lentos e bruscos. A máquina inteira estremeceu no vento de gelo. O helicóptero provavelmente não tinha sido feito para voar em tempo frio. Os controles se recusavam a responder. E eles começaram a perder altitude.
Abaixo deles, o chão era uma mistura escura de árvores e nevoeiro. O cume de uma colina apareceu na frente deles e Leo puxou o controle, raspando nas copas das árvores.
— Ali! — Jason gritou.
Um pequeno vale abriu-se diante deles, com uma forma escura de um edifício no meio. Leo dirigiu o helicóptero diretamente para ele. Em volta deles havia lampejos de luz que lembrou Leo da vez que se aproximaram da casa de Midas. Árvores estalaram e explodiram nas bordas da clareira. Sombras moveram-se através do nevoeiro. Combates pareciam estar acontecendo em todos os lugares.
Ele desceu o helicóptero para um campo de gelo a uns cinquenta metros da casa e desligou o motor. Estava prestes a relaxar quando ouviu um silvo e viu uma sombra escura indo rapidamente na direção deles fora do nevoeiro.
— Saiam! — Leo gritou.
Eles saltaram do helicóptero e mal saíram debaixo das hélices antes de um massivo BUM tremer a terra, derrubando Leo e jogando gelo em cima dele. Ele levantou tremendo e viu a maior bola de neve do mundo — um amontoado de neve, gelo, e sujeira do tamanho de uma garagem — que cobriu completamente o
Bell 412.
— Você está bem? — Jason correu para ele com Piper do seu lado. Os dois pareciam bem, exceto pelo fato de estarem cobertos de neve e lama.
— Sim — Leo estremeceu. — Acho que devemos a aquela pilota um novo helicóptero.
Piper apontou para o sul.
— A luta está para lá. — Depois ela franziu a testa. — Não... está em todos os lugares.
Ela estava certa. O som de combate atravessou todo o vale. A neve e a neblina fez com que ficasse difícil dizer, mas parecia haver um círculo de lutas em volta da Casa do Lobo. Atrás deles assomava a casa dos sonhos de Jack London — uma enorme ruína de pedras vermelhas e acinzentadas, com vigas de madeira rústica. Leo podia imaginar o lugar antes de incendiar — uma combinação de casa de madeira e
castelo, como uma casa de um lenhador bilionário poderia construir. Mas na neblina e no granizo, o local parecia solitário e assombrado. Leo podia acreditar que as ruínas eram amaldiçoadas.
— Jason! — a voz de uma garota chamou.
Thalia apareceu na neblina, a sua jaqueta coberta de neve. O seu arco estava na mão, a aljava quase vazia. Ela correu para encontrá-los, mas só deu alguns passos antes de um ogro de seis braços — um dos Nascidos da Terra — aparecer da tempestade atrás dela, um porrete erguido em cada mão.
— Cuidado! — Leo gritou.
Eles se apressaram para ajudar, mas Thalia tinha tudo sobre controle. Ele deu um salto como se fosse uma ginasta, atirando uma flecha enquanto se posicionava de joelhos. O ogro conseguiu uma flecha de prata bem no meio do seus olhos e derreteu em uma pilha de pó.
Thalia levantou e recuperou a flecha, mas a ponta tinha caído.
— Essa era a minha última flecha. — Ela chutou a pilha de pó ressentida. — Ogro estúpido.
— Belo tiro, aliás — Leo disse.
Thalia o ignorou como sempre (o que sem dúvida queria dizer que ela pensava que ele era legal como sempre). Ela abraçou Jason e acenou para Piper.
— Bem na hora. Minhas Caçadoras estão cobrindo um perímetro em volta da mansão, mas vamos ser sobrepujados a qualquer minuto.
— Pelos Nascidos da Terra? — Jason perguntou.
— E pelos lobos... subordinados de Licáon — Thalia tirou um pedaço de gelo do seu nariz. — E também espíritos da tempestade.
— Mas nós o entregamos para Éolo! — Piper protestou.
— Que tentou matar a gente — Leo a lembrou. — Talvez ele esteja ajudando Gaia de novo.
— Eu não sei — Thalia disse. — Mas os monstros continuam se reformando quase tão rápido quanto conseguimos matá-los. Nós tomamos a Casa do Lobo sem problemas: surpreendemos os guardas e os mandamos direto para o Tártaro. Mas então, essa tempestade de neve maluca apareceu. Onda após onda de monstros começaram a atacar. Agora estamos cercados. Eu não sei quem ou o que está liderando o assalto, mas acho que planejaram isso. Era uma armadilha para matar qualquer um que tentasse salvar Hera.
— Onde ela está? — Jason perguntou.
— Lá dentro — Thalia disse. — Nós tentamos salvá-la, mas não temos ideia de como quebrar as grades. São só alguns minutos até o pôr do sol. Hera acha que nesse momento Porfírion vai renascer. Além disso, a maior parte dos monstros são mais fortes de noite. Se nós não salvarmos Hera logo...
Ela não precisava terminar.
Leo, Jason e Piper a seguiram para a mansão arruinada.

Logo que Jason atravessou a soleira da porta, ele desmaiou.
— Ei! — Leo segurou ele. — Sem essa, cara. Qual é o problema?
— Esse lugar... — Jason balançou a cabeça. — Desculpa... sempre bate forte em mim.
— Então você esteve aqui — Piper disse.
— Nós dois estivemos — Thalia disse. Sua expressão estava sombria, como se estivesse revivendo a morte de alguém. — Foi aqui que mamãe nos trouxe quando Jason era criança. Ela o deixou aqui e me disse que estava morto. Ele simplesmente desapareceu.
— Ela me deu para os lobos — Jason murmurou. — Por causa da insistência de Hera. Ela me deu para Lupa.
— Essa parte eu não sabia — Thalia franziu a testa. — Quem é Lupa?
Uma explosão balançou o edifício. Lá fora, uma nuvem azul em forma de cogumelo subiu ao céu, chovendo flocos de neve e gelo, como uma explosão nuclear feita de frio ao invés de calor.
— Talvez não seja o momento para perguntas — Leo sugeriu. — Mostre-nos a deusa.
Uma vez dentro, Jason parecia ter se recuperado. A casa era construída em um gigante U. E Jason os liderou por entre as alas chegando a um pátio com uma piscina vazia. No fundo dela, assim como Jason havia descrito a partir do seu sonho, duas espirais de pedra e raízes surgiam através da fundação.
Uma das espirais era muito maior — uma massa escura de aproximadamente seis metros de altura, que para Leo parecia um saco de dormir de pedra. Embaixo da massa de raízes fundidas ele podia ver o formato de uma cabeça, ombros largos, um peito e braços maciços, como se a criatura estivesse presa da cintura para baixo na terra. Não, não presa — se erguendo.
Do outro lado da piscina, a segunda espiral era menor e mais entrelaçada. Cada raiz era tão grossa como um poste de telefone, com tão pouco espaço entre eles que Leo duvidava que podia passar até mesmo um braço. Mesmo assim, ele podia ver dentro. E no meio da cela estava Tía Callida.
Ela parecia exatamente como Leo se lembrava: cabelo preto coberto por um xale, o vestido negro de uma viúva, a cara enrugada e os mesmos olhos assustadores.
Ela não brilhava ou emitia nenhum tipo de poder. Parecia uma mulher mortal comum, a sua boa e velha babá psicopata.
Leo entrou na piscina e se aproximou da cela.
— Hola Tía. Está com algum problema?
Ela cruzou seus braços e suspirou exasperada.
— Não me trate como uma de suas máquinas, Leo Valdez. Me tire daqui!
Thalia se aproximou dele e olhou para a cela com desgosto — ou talvez ela estivesse olhando para a deusa.
— Tentamos tudo o que conseguimos pensar, Leo, mas talvez não tenha tentado de coração  Se fosse por mim, eu a deixaria aí.
— Ah, Thalia Grace — a deusa disse — quando eu sair daqui, você vai se arrepender de ter nascido.
— Já chega! — Thalia a cortou. — Você tem sido nada menos do que uma maldição para todas as crianças de Zeus por eras. Você mandou um monte de vacas com problemas intestinais atrás da minha amiga Annabeth...
— Ela me faltou com respeito!
— Você derrubou uma estátua na minha perna.
— Isso foi um acidente!
— E você levou o meu irmão! — A voz de Thalia falhou com emoção. — Aqui... nesse lugar. Você arruinou as nossas vidas. Nós deveríamos deixá-la para Gaia!
— Ei — Jason interviu. — Thalia... Mana... eu sei. Mas não é a hora. Você deveria ajudar as suas Caçadoras.
Thalia endireitou a sua jaqueta.
— Tudo bem. Por você, Jason. Mas se me perguntar, ela não vale a pena.
Leo virou para Hera com respeito invejoso.
— Vacas com problemas intestinais?
— Se concentre na cela, Leo — ela grunhiu. — E Jason... você é mais sábio que a sua irmã. Eu escolhi bem meu campeão.
— Eu não sou seu campeão, senhora — Jason disse. — Só estou te ajudando porque você roubou as minhas memorias e você é melhor que a outra alternativa. Falando de feitiço  o que está acontecendo com aquilo ali?
Ele acenou para a outra espiral que parecia uma bolsa humana de granito tamanho king-size. Leo estava imaginando se aquilo cresceu um pouco desde que chegaram ali.
— Aquilo, Jason — Hera disse — é o rei dos gigantes renascendo.
— É gigante — Piper disse.
— De fato — Hera disse. — Porfírion, o mais forte de todos. Gaia precisava um grande poder para reerguê-lo novamente... o meu poder. Por semanas fiquei cada vez mais fraca enquanto minha essência era usada para dá-lo uma nova forma.
— Então você é uma espécie de incubadora? — Leo adivinhou. — Ou fertilizante. — A deusa olhou para ele, mas Leo não se importou. Essa velha senhora vinha fazendo sua vida miserável desde que era um bebê. Ele tinha direito de pegar no pé dela.
— Brinque o quanto quiser — Hera disse em um tom macabro. — Mas ao pôr do sol, será tarde demais. O gigante irá acordar. Ele me oferecerá uma escolha: casar com ele ou ser consumida pela terra. E eu não posso me casar com ele. Todos nós seremos destruídos. E enquanto morremos, Gaia irá despertar.
Leo franziu para a espiral gigante.
— Não podemos explodi-la ou algo assim?
— Sem mim, vocês não teriam o poder necessário — Hera disse. — Seria como tentar destruir uma montanha.
— Fizemos isso hoje — Jason disse.
— Apenas se apresse e me tire daqui! — Hera demandou.
Jason coçou a sua cabeça.
— Leo, você consegue fazer isso?
— Eu não sei — Leo tentou não entrar em pânico. — Aliás, se ela é uma deusa, por que ela mesma não escapa?
Hera andou furiosa em volta da cela, xingando em grego antigo.
— Use seu cérebro, Leo Valdez. Eu escolhi você porque era inteligente. Uma vez capturado, o poder de um deus é inútil. O seu próprio pai me capturou em uma cadeira de ouro. Foi humilhante! Eu tive que implorar, implorar pela minha liberdade e me desculpar por jogá-lo do Olimpo.
— Parece justo — Leo disse.
Hera lhe deu um olhar feio piedoso.
— Eu o observo desde que era criança, filho de Hefesto, porque eu sabia que poderia me ajudar neste momento. Se alguém pode achar um jeito de destruir essa abominação, esse alguém é você.
— Mas isso não é uma máquina. É como se Gaia levantasse a sua mão do chão e... — Leo se sentiu tonto. Uma linha da profecia voltou para ele: A forja e a pomba devem abrir a cela. — Espera aí. Eu tenho uma ideia. Piper, vou precisar da sua ajuda. E vamos precisar de tempo.
O ar se tornou quebradiço com o frio. A temperatura caiu tão rápido que os lábios de Leo secaram e sua respiração formou névoa. Gelo cobriu as paredes da Casa do Lobo. Os venti entraram... mas ao invés de homens com asas, esses eram como cavalos, com corpos de nuvens de tempestades e crinas que estalavam relâmpagos. Alguns tinham flechas de pratas espetadas nos flancos. Atrás deles vieram os lobos com olhos vermelhos e os Nascidos da Terra de seis braços.
Piper pegou a sua adaga. Jason pegou um galho coberto de gelo do fundo da piscina. Leo procurou no seu cinto de ferramentas, mas estava tão abalado, que tudo que conseguiu foi balinhas de menta. Ele atirou de volta, esperando que ninguém percebe-se e tirou um martelo instantaneamente.
Um dos lobos andou para frente. Estava carregando uma estátua de tamanho real pela perna. Na beirada da  piscina, o lobo abriu a boca e deixou cair a estátua para eles verem — uma escultura de gelo de uma garota, uma arqueira com o cabelo curto e espetado com um olhar surpreso.
— Thalia! — Jason correu para frente, mas Piper e Leo o puxaram de volta.
O chão ao redor de Thalia já estava coberto de gelo. Leo temia que se Jason a toca-se, congelaria também.
— Quem fez isso? — Jason gritou. Seu corpo estalou com eletricidade. — Eu o matarei eu mesmo!
De algum lugar atrás dos monstros, Leo ouviu uma risada de uma garota, clara e fria. Ela andou para fora da névoa com seu vestido branco de neve, uma tiara de prata no topo de seus cabelos negros. Ela olhou-o com aqueles profundos olhos castanhos que Leo tinha achado tao lindos em Quebec.
— Bon soir, mes amis — disse Quione, a deusa da neve. Ela deu a Leo um sorriso frio. — Ah, filho de Hefesto, você diz que precisa de tempo? Temo que tempo seja uma ferramenta que você não tem.

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