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O Herói Perdido - CAP. 47

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XLVII - Leo

PILOTAR UM HELICÓPTERO? CLARO, POR QUE NÃO? Leo já tinha feito coisas mais malucas aquela semana.
O sol estava se pondo enquanto voavam para o norte sobre a ponte Richmond, e Leo não conseguia acreditar que o dia tinha se passado tão rapidamente. Mais uma vez, nada como TDAH combinado com uma boa luta pela morte para fazer o tempo voar.
Pilotando o helicóptero, ele ia e voltava entre confiança e pânico. Se não pensasse no que fazia, ele se achava automaticamente apertando os botões certos, verificando o altímetro, mexendo no controle suavemente e voando tranquilamente. Se ele se permitisse considerar o que estava fazendo, começava a entrar em pânico. Imaginou sua Tia Rosa gritando em espanhol, falando que ele era um delinquente lunático que iria bater e morrer queimado. Parte dele suspeitava que ela estivesse certa.
— Indo bem? — Piper perguntou do assento do copiloto. Ela soava mais nervosa que ele, então Leo fez uma cara de corajoso.
— Moleza — ele disse. — Então, o que é a Casa do Lobo?
Jason se ajoelhou entre eles.
— É uma mansão abandonada no Sonoma Valley. Um semideus a construiu... Jack London.
Leo não conseguia localizar o nome.
— É um ator?
— Escritor — Piper disse. — Aventura, certo? O chamado da floresta? Caninos brancos?
— Aham — Jason disse. — Ele era filho de Mércurio... quero dizer, Hermes. Era um aventureiro, viajava ao redor do mundo. Foi um vagabundo por um tempo. Depois fez fortuna escrevendo. Comprou um rancho grande no país e decidiu construir essa mansão enorme: a Casa do Lobo.
— Ele a chamou assim por que escreveu sobre lobos? — perguntou Leo.
— Parcialmente — Jason disse. — Mas o lugar e a razão por que escreveu sobre lobos... ele estava deixando pistas sobre sua experiência pessoal. Tem um monte de buracos na história da sua vida... como ele nasceu, quem era seu pai, por que ele viajava tanto pelo mundo... coisas que você só consegue explicar se você soubesse que ele era um semideus.
A baía passou debaixo deles, e o helicóptero continuou indo para o norte. À frente, morros amarelos apareciam na medida em que Leo podia ver.
— Então Jack London foi para o Acampamento Meio-Sangue — Leo adivinhou.
— Não — Jason disse. — Não, ele não foi.
— Cara, você está me enlouquecendo com essa conversa misteriosa. Está se lembrando do seu passado ou não?
— De algumas partes — Jason disse. — Só pedaços. Nenhum deles muito bom. A Casa do Lobo está em um solo sagrado. Foi onde Jack London começou sua jornada quando criança, onde descobriu que era um semideus. Por isso voltou para lá. Pensou que poderia viver lá, reivindicar a terra, mas não para ele. A Casa do Lobo estava amaldiçoada. Ardeu em chamas uma semana antes que ele e sua esposa se mudassem para lá. Alguns anos depois, London morreu, e suas cinzas foram espalhadas no terreno.
— Mas — Piper disse — como você sabe tudo isso?
Uma sombra cruzou o rosto de Jason. Provavelmente uma nuvem, mas Leo podia jurar que o formato parecia a de uma águia.
— Eu comecei minha jornada lá também — Jason disse. — É um lugar poderoso para semideuses, um lugar perigoso. Se Gaia puder reclamá-lo, usar seu poder para prender Hera no solstício de inverno e reerguer Porfírion... isso poderia ser suficiente para acordar a deusa da terra completamente.
Leo deixou sua mão no controle, guiando o helicóptero na velocidade máxima, seguindo para o norte. Ele podia ver um pouco do tempo a frente — um ponto escuro, como um amontoado de nuvens ou uma tempestade, bem no lugar para onde estavam indo.
O pai de Piper o chamou de herói mais cedo. E Leo não conseguia acreditar em algumas coisas que tinha feito — esmagando ciclopes, desarmando campainhas explosivas, batalhando contra ogros de seis braços com equipamento de construção. Parecia que tinha acontecido com outra pessoa. Ele era apenas Leo Valdez, uma criança órfã de Houston. Passou a vida toda fugindo, e parte dele ainda queria fugir. O que estava pensando, voando para uma mansão amaldiçoada para lutar contra mais monstros maus?
A voz de sua mãe ecoou na sua cabeça: Não há nada que não pode ser consertado.
Exceto o fato de que você se foi para sempre, Leo pensou.
Ver Piper e seu pai juntos novamente tinha realmente o dirigido para esses pensamentos. Mesmo que Leo sobrevivesse a essa missão e salvasse Hera, Leo não voltaria para seu lar. Não voltaria para uma família amorosa. Não iria ver sua mãe.
O helicóptero estremeceu, metal estalou, e Leo podia imaginar que o barulho era código Morse: Não é o fim. Não é o fim.
Ele subiu o helicóptero, e o barulho parou. Estava apenas ouvindo coisas. Ele não podia pensar na sua mãe, ou a ideia continuaria atormentando-o — que Gaia estava trazendo almas de volta do Mundo Inferior — então por que ele não podia fazer vir algo de bom nisso? Pensar desse jeito iria deixá-lo louco. Ele tinha um trabalho a fazer.
Deixou seus instintos assumirem — apenas pilotar o helicóptero. Se ele pensasse muito na missão ou no que aconteceria depois, entraria em pânico. O truque era não pensar — apenas fazer.
— Faltam trinta minutos para chegar — ele contou para seus amigos, mas não tinha certeza como sabia disso. — Se quiserem descansar um pouco, agora é uma boa hora.

Jason voltou para a traseira do helicóptero e dormiu quase imediatamente. Piper e Leo continuaram ainda bem acordados.
Depois de alguns minutos embaraçosos, Leo falou:
— Seu pai vai ficar bem, você sabe. Ninguém vai mexer com ele enquanto aquele bode louco estiver por perto.
Piper olhou para ele, e Leo pensou o quanto ela tinha mudado. Não apenas fisicamente. A sua presença estava mais forte. Ela parecia mais... aqui. Na Escola da Vida Selvagem ela gastava o semestre tentando não ser vista, se escondendo no final da fileira das carteiras da classe, no final do ônibus, no canto do refeitório... o mais distante possível de crianças barulhentas. Agora era impossível perdê-la de vista. Não importava o que estivesse vestindo — você tinha que olhar para ela.
— Meu pai — ela disse pensativa. — Aham, eu sei. Eu estava pensando sobre Jason. Estou preocupada com ele.
Leo assentiu. Quanto mais se aproximavam do amontoado de nuvens escuras, mais Leo ficava preocupado também.
— Ele está começando a se lembrar. Isso pode deixá-lo um pouco confuso.
— Mas e se... e se ele for uma pessoa diferente?
Leo pensava a mesma coisa. Se a Névoa podia afetar as suas memórias, a personalidade do Jason poderia ser uma ilusão também? Se o seu amigo não fosse seu amigo, e eles estavam indo para uma mansão amaldiçoada — um lugar perigoso para semideuses — o que aconteceria se toda a memória de Jason voltasse de uma vez no meio da batalha?
— Não — Leo decidiu. — Depois de tudo o que passamos? Eu não consigo ver isso. Nós somos um time. Jason pode suportar.
Piper alisou seu vestido azul, que estava rasgado e queimado da luta deles no Monte Diablo.
— Espero que você esteja certo. Eu preciso tanto dele... — Ele limpou a garganta. — Quero dizer, eu preciso acreditar nele...
— Eu sei — Leo disse. Depois de ver seu pai arruinado, Leo entendeu, Piper não podia perder Jason também. Ela tinha acabado de ver Tristan McLean, seu pai, astro de cinema, legal e calmo, reduzido quase à insanidade. Leo mal podia suportar a assistir a isto, mas Piper... Nossa, Leo nao podia nem sequer imaginar. Ele figurou se isso a faria ficar insegura de si mesma também. Se a fraqueza fosse herdada, ela provavelmente estaria pensando se terminaria como o seu pai.
— Ei, não se preocupe — Leo disse. — Piper, você é a mais forte, mais poderosa rainha da beleza que eu conheci. Você pode contar consigo mesma. E para o pior, você pode contar comigo também.
O helicóptero caiu em um vento cortante, e Leo se sobressaltou. Ele praguejou e endireitou o helicóptero.
Piper riu nervosa.
— Contar com você, hein?
— Ah, cala a boca, tudo resolvido. — Mas ele sorriu para ela, e por um segundo, sentiu como se estivesse relaxando confortavelmente com um amigo.
Então eles atingiram as nuvens de tempestade.

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