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O Herói Perdido - CAP. 44

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XLIV - Jason

O TEMPO PARECEU DESACELERAR, o que era realmente muito frustrante, já que Jason ainda não conseguia se mover. Ele se sentiu afundando na terra como se o terreno fosse um colchão d’água: confortável, instigando-o a relaxar e se entregar. Ele ficou imaginando se as histórias do submundo eram verdadeiras. Será que acabaria nos Campos da Punição ou no Elísio? Como não conseguia lembrar de nenhum de seus atos, será que eles ainda contavam? Questionou se os juízes levariam isso em consideração ou se o seu pai, Zeus, iria escrever-lhe uma nota: “Por favor poupem Jason da condenação eterna. Ele teve amnésia."
Jason não conseguia sentir seus braços. Podia ver a ponta da lança, vindo para o seu peito em câmera lenta. Sabia que deveria se mover, mas não conseguia fazê-lo. Engraçado, pensou ele. Todo esse esforço para se manter vivo e, em seguida, bum. Caído ali, sem poder fazer nada, com um gigante que lançava fogo sobre ele. Até o momento que Leo gritou:
— Cuidado!
Uma cunha de metal preto bateu em Encélado com um baque enorme. O gigante tombou e caiu no buraco.
— Jason, levante-se! — Piper chamou. Sua voz o energizou, tirando-o de seu entorpecimento. Ele se sentou, sua cabeça girando enquanto Piper agarrava seus braços e puxava para cima.
— Não morra agora — ela ordenou. — Você não vai falhar comigo.
— Sim, madame. — Ele sentia-se tonto, mas Piper era a coisa mais linda que ele já tinha visto. Seu cabelo estava queimando sem chamas. Seu rosto estava manchado com fuligem. Ela tinha um corte no braço, o vestido fora rasgado e estava sem uma bota. Linda.
Cerca de cem metros atrás dela, Leo estava em pé sobre um equipamento de construção — uma coisa como um canhão com um único pistão maciço, a ponta quebrada.
Em seguida, Jason olhou para baixo na cratera e viu onde a outra extremidade do machado hidráulico tinha ido. Encélado estava lutando para subir, uma lâmina de machado do tamanho de uma máquina de lavar roupa presa em seu peitoral. Surpreendentemente, o gigante conseguiu puxar o machado. Ele gritou de dor e as montanhas tremeram. Icor dourado encharcou a frente de sua armadura, mas Encélado continuou de pé.
Tremendo, ele se abaixou e pegou seu arpão.
— Boa tentativa. — O gigante estremeceu. — Mas não posso ser derrotado.
Enquanto observavam, a armadura do gigante remendava-se, e o icor parou de escorrer. Mesmo os cortes nas pernas do tamanho, que Jason tinha trabalhado tanto para fazer, agora eram apenas cicatrizes pálidas.
Leo correu até eles, viu o gigante e amaldiçoou.
— O que há com esse cara? Morra!
— Meu destino está predeterminado — disse Encélado. — Gigantes não podem ser mortos por deuses ou heróis.
— Só pelos dois juntos — disse Jason. O sorriso do gigante vacilou e Jason viu em seus olhos, algo como o medo. — É verdade, não é? Deuses e semideuses tem que trabalhar juntos para matá-lo.
— Você não vai viver tempo suficiente para tentar! — O gigante começou a tropeçar na encosta da cratera, escorregando nas laterais.
— Alguém tem um deus à mão? — Leo perguntou.
O coração de Jason estava cheio de temor. Ele olhou para o gigante abaixo deles, lutando para sair da cova, e sabia o que tinha que fazer.
— Leo — disse ele — se você tem uma corda no seu cinto de ferramentas, deixe-a pronta.
Ele pulou no gigante sem nenhuma arma, apenas suas mãos.
— Encélado! — Piper gritou. — Olhe atrás de você!
Foi um truque óbvio, mas a voz dela era tão convincente, que até mesmo Jason olhou. O gigante falou:
— O quê? — E virou-se como se houvesse uma enorme aranha em suas costas.
Jason atacou suas pernas no momento certo. O gigante perdeu o equilíbrio. Encélado bateu na cratera e deslizou para o fundo. Enquanto tentava subir, Jason colocou os braços ao redor do pescoço do gigante. Quando Encélado tentou levantar, Jason já tinha montado em seus ombros.
— Saia! — Encélado gritou. Ele tentou agarrar as pernas de Jason, mas ele não parou de se mexer, se contorcendo e escalando os cabelos do gigante.
Pai, Jason pensou. Se eu já fiz algo de bom, qualquer coisa que você aprovou, ajude-me agora. Ofereço minha própria vida... basta salvar os meus amigos.
De repente, ele pôde sentir o cheiro metálico de uma tempestade. A escuridão engoliu o sol. O gigante congelou, estava sentindo também.
Jason gritou para seus amigos:
— Se preparem!
E cada fio de cabelo em sua cabeça se eriçou.
Crack!
Um raio percorreu o corpo de Jason, indo direto para Encélado e em seguida para a terra. O gigante endureceu novamente, e Jason foi arremessado. Quando recuperou sua visão, estava escorregando cratera abaixo, e ela estava rachando. O raio dividiu a própria montanha em duas. A terra tremeu, e as pernas de Encélado deslizaram para o abismo. Ele se agarrou desesperadamente nas paredes do poço, e por um momento conseguiu segurar-se à margem, suas mãos trêmulas.
Ele fixou em Jason um olhar de ódio.
— Você não ganhou nada, rapaz. Meus irmãos estão se reerguendo, e são dez vezes mais fortes que eu. Vamos destruir os deuses em suas raízes! Você morrerá, e o Olimpo perecerá...
O gigante perdeu o equilíbrio e caiu na fenda.
A terra tremeu. Jason caiu em uma rachadura.
— Segure firme! — Leo gritou.
Os pés de Jason estavam na beira do abismo quando ele pegou a corda, e Leo e Piper puxaram-no para cima.
Eles estavam juntos, exaustos e aterrorizados, e o abismo se fechando como uma boca com raiva. A terra parou de puxar seus pés. Por ora, Gaia tinha ido embora.
A montanha estava em chamas. Fumaça subia a centenas de metros no ar. Jason viu um helicóptero — talvez bombeiros ou repórteres — vindo na direção deles.
Em torno deles haviam muitos mortos. Os Nascidos da Terra tinham derretido em montes de barro, deixando para trás apenas suas pedras e alguns pedaços desagradáveis de roupa, mas Jason imaginou que recuperariam sua forma em breve. Equipamentos de construção estavam em ruínas. O chão estava sujo e cheio de buracos.
O treinador Hedge começou a se mexer. Sentou-se com um gemido e coçou a cabeça. Sua calça amarelo-canário estava agora com a cor de mostarda Dijon misturado com lama.
Ele piscou e olhou em volta para a cena de batalha.
— Eu fiz isso?
Antes de Jason pudesse responder, Hedge pegou seu bastão e chacoalhou seus pés.
— Sim, vocês queriam um casco? Eu lhes darei alguns cascos, cupcakes! Quem é o bode, hein?
Ele fez uma pequena dança, chutando pedras e fazendo o que provavelmente foram gestos rudes de um sátiro na pilha de barro.
Leo esboçou um sorriso, e Jason não poderia deixar de acompanhá-lo — ele começou a rir. Muito provável que tenha soado um pouco histérico, mas era um alívio estar vivo, então ele não se importou.
De repente, um homem se levantou do outro lado da clareira. Tristan McLean cambaleou para a frente. Seus olhos estavam fundos, alguém em estado de choque, como quem tinha acabado de andar no meio de um deserto nuclear.
— Piper? — chamou. Sua voz falhou. — Pipes, o que... o que é...
Ele não pôde concluir o pensamento. Piper correu até ele e o abraçou com força, mas ele quase não parecia  reconhecê-la.
Jason havia se sentido assim naquela manha no Grand Canyon, quando ele acordou sem memória. Mas o Sr. McLean tinha o problema oposto. Ele tinha muitas lembranças, muitos traumas, que sua mente simplesmente não podia guardar. Ele estava desmoronando.
— Precisamos tirá-lo daqui — disse Jason.
— Sim, mas como? — Leo disse. — Ele está sem condições de andar.
Jason olhou para o helicóptero, que estava circulando acima deles.
— Você pode nos dar um megafone ou algo assim? — ele perguntou a Leo. — Piper tem algumas coisas para dizer.

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