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O Herói Perdido - CAP. 41

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XLI - Leo


LEO TORCEU PARA QUE O TÁXI PUDESSE LEVÁ-LOS o caminho todo até o topo.
Mas não tanta sorte. O táxi engasgava, rangendo enquanto subia a estrada da montanha e na metade do caminho encontraram o posto da guarda-florestal fechado e uma corrente bloqueando o caminho.
— Não posso ir adiante — o taxista disse. — Tem certeza que querem ficar aqui? Será uma longa caminhada de volta, e meu carro não está bom. Não posso esperar por vocês.
— Nós temos certeza — Leo foi o primeiro a sair.
Ele tinha um mau pressentimento sobre o que estava errado com o táxi, e quando olhou para baixo viu que estava certo. As rodas estavam afundando na estrada com se ela fosse feita de areia movediça. Não de forma rápida — apenas o suficiente para o motorista pensar que era um problema de transmissão ou um eixo ruim — mas Leo sabia que era diferente.
A estrada era feita de terra batida. Não havia razão para ela ser macia, mas os sapatos de Leo já começavam a afundar. Gaia estava aprontando com eles.
Enquanto seus amigos saiam, Leo pagou o taxista. Ele foi generoso — e por que não? Era o dinheiro de Afrodite. E ainda mais, ele tinha um pressentimento de que talvez nunca sairia desse Monte.
— Fique com o troco — ele disse. — E dê o fora daqui. Rápido.
O motorista não discutiu. Logo, tudo que podiam ver era seu rastro de poeira. A vista da montanha era bem incrivel. O vale ao redor era uma teia de cidades — ruas arborizadas e um subúrbio de classe media legal, lojas e escolas. Todas essas pessoas normais vivendo suas vidas normais — o tipo que Leo nunca teve.
— Isso é Concord — Jason disse, apontando para o norte. — Walnut Creek está abaixo de nós. Ao sul, Danville, atrás daqueles vales. E naquele caminho...
Ele apontou para o oeste, onde um cume de vales dourados eram cobertos por uma camada de neblina, como uma borda de uma tigela.
— Aquela é Berkeley Hills. A baía do leste. Atrás dela, São Francisco.
— Jason? — Piper tocou seu braço. — Você se lembra de algo? Já esteve aqui antes?
— Sim... não. — Ele deu a ela um olhar angustiado. — Isso apenas parece importante.
— Essa é a terra dos titãs. — O Treinador Hedge assentiu para o oeste. — Lugar ruim, Jason. Confie em mim, isso é tão perto de São Francisco quanto queremos chegar.
Mas Jason olhou pra a bacia do nevoeiro com tanta cobiça que Leo se sentiu receoso. Por que Jason parecia tão conectado com aquele lugar — um lugar que Hedge disse ser mau, cheio de magia do mal e inimigos antigos? E se Jason tivesse vindo daqui? Todos ficavam insinuando que Jason era um inimigo, que sua chegada ao Acampamento Meio-Sangue era um erro perigoso.
Não, Leo pensou. Ridículo. Jason era seu amigo.
Leo tentou mover o pé, mas agora suas solas estavam completamente afundadas na lama.
— Ei, galera — ele disse. — Vamos continuar andando.
Os outros perceberam o problema.
— Gaia é mais forte aqui — Hedge resmungou. Ele tirou seus cascos dos sapatos, e então entregou seus sapatos para Leo. — Guarde eles para mim, Valdez. Eles são bons.
Leo bufou.
— Sim, senhor, treinador. Quer que eu engraxe também?
— Esse é o espírito, Valdez — Hedge assentiu, aprovando. — Mas primeiro, é melhor subirmos essa montanha enquanto ainda podemos.
— Como sabemos onde está o gigante? — Piper perguntou.
Jason apontou para o pico. Havia fumaça em volta do cume. De longe, Leo tinha pensado que era uma nuvem, mas não. Era algo queimando.
— Onde tem fumaça, tem fogo — Jason disse. — É melhor nos apressarmos.

A Escola da Vida Selvagem havia forçado Leo a participar de várias marchas. Ele pensou que estava em boa forma. Mas escalar uma montanha quando a terra estava tentando engolir seus pés era como correr em uma esteira forrada com fita adesiva.
Sem tempo, Leo havia enrolado suas mangas na sua camisa sem gola, mas ainda sim o vendo era frio e afiado. Ele desejou que Afrodite tivesse dado a ele shorts de caminhada e uns sapatos mais confortáveis, mas estava grato pelos Ray-Bans que mantinham o sol fora de seus olhos. Ele levou as mãos até seu cinto de ferramentas e começou a convocar utensílios — rodas dentadas, uma pequena chave inglesa e algumas tiras de bronze. Enquanto andava, construía — sem nem mesmo pensar nisso, apenas brincando com as peças.
No momento em que eles se aproximavam do cume do monte, Leo era o herói suado e sujo mais fashion de todos os tempos. Suas mãos estavam cobertas com graxa.
O pequeno objeto que ele fez era como um brinquedo de corda — do tipo que chacoalha e anda pela mesa. Não tinha certeza do que isso podia fazer, mas colocou no seu cinto de ferramentas.
Ele sentia falta do seu casaco do exército com todos os seus bolsos. Sentia ainda mais falta de Festus. Poderia usar um dragão de bronze que cospe fogo agora mesmo. Mas Leo sabia que Festus não voltaria — pelo menos não na sua forma antiga.
Ele passou a mão na gravura em seu bolso — o desenho que havia feito na mesa de piquenique debaixo da árvore quando tinha cinco anos. Ele lembrou da Tía Callida cantando enquanto ele trabalhava e quão chateado ele ficou quando os ventos arrebataram o seu desenho. Ainda não é hora, meu pequeno herói, Tía Callida havia lhe dito. Algum dia, você terá sua missão. Você encontrará seu destino, e sua dura jornada finalmente fará sentido.
Agora Éolo havia devolvido a gravura. Leo sabia que aquilo significava que seu destino estava se aproximando; mas a jornada era tão frustrante quanto esse Monte estúpido. Toda vez que Leo achava que haviam alcançado o topo, descobria que  era apenas mais uma subida, com uma maior ainda a sua frente.
Prioridades primeiro, Leo disse a si mesmo. Sobreviver hoje. Desvendar desenho do destino depois.
Finalmente Jason se abaixou atrás de uma parede de pedras. Ele gesticulou para os outros fazerem o mesmo. Leo ajoelhou ao seu lado. Piper teve que puxar o Treinador Hedge para baixo.
— Eu não quero sujar minhas roupas! — Hedge reclamou.
— Shhhh! — Piper disse.
Relutante, o sátiro ajoelhou-se.
Depois do lugar onde eles estavam escondidos, na sombra da última parte da montanha, estava uma depressão cheia de árvores do tamanho aproximado de uma campo de futebol, onde o gigante Encélado havia armado acampamento.
Árvores haviam sido cortadas para fazer uma fogueira roxa bem forte. A outra beira da clareira estava cheia de tocos grande e equipamentos de construção — uma escavadeira, um grande guindaste com lâminas que giravam na ponta parecendo um barbeador elétrico — deve ser um ceifador de árvores, Leo pensou — e
uma longa coluna de metal com uma lâmina de machado, como uma guilhotina de dois lados — um machado hidráulico.
O porque de um gigante precisar de máquinas de construção, Leo não tinha ideia. Não entendia como a criatura a sua frente poderia ao menos caber no assento do motorista. O gigante Encélado era tão grande, tão feio, Leo não queria nem olhar para ele.
Mas ele se forçou a focar no monstro.
Ele tinha nove metros de altura — facilmente tão alto quanto as árvores. Leo tinha certeza que o gigante podia tê-los visto de trás da cordilheira, mas parecia interessado na estranha fogueira roxa, dando voltas nela e cantando baixinho.
Da cintura pra cima, o gigante parecia humanoide, seu peito musculoso dentro de uma armadura de bronze, decorada com desenhos de chamas. Seus braços estavam completamente para fora. Cada bíceps era maior que Leo. Sua pele era bronzeada, mas coberta de cinzas. Sua face era grosseiramente afinada, como uma escultura de barro pela metade, mas seus olhos brilhavam brancos, seus cabelos eram trançados ao estilo medonho e iam até os ombros, presos com ossos.
Da cintura para baixo, ele era ainda mais aterrorizante. Suas pernas eram escamosas e verdes, com garras ao invés de pés — como pernas traseiras de um dragão. Na mão, Encélado segurava uma lança do tamanho de uma haste de bandeira. E às vezes ele enfiava a ponta no fogo, tornando o metal vermelho incandescente.
— Ok — o Treinador Hedge disse. — O plano é o seguinte...
Leo lhe deu uma cotovelada.
— Você não vai correr até ele sozinho.
— Ahh, qual é...
Piper deu um soluço.
— Olhem.
Visivelmente do outro lado da fogueira estava um homem amarrado a um poste. Sua cabeça estava caída como se estivesse inconsciente, por isso Leo não conseguia reconhecer seu rosto, mas Piper parecia não ter nenhuma dúvida.
— Pai — ela disse.
Leo se afundou, ele queria que isso fosse um filme de Tristan McLean. Assim o pai de Piper estaria fingindo a inconsciência. Ele iria desamarrar os nós e nocautear o gigante com algum inteligentíssimo gás anti-gigante. Música heroica começaria a tocar, e Tristan McLean escaparia de forma incrível  correndo em câmera lenta enquanto um lado da montanha explodia atrás dele.
Mas isso não era um filme. Tristan McLean estava meio morto e prestes a ser comido. As únicas pessoas que poderiam parar isso — três herois adolescentes bem vestidos e um bode megalomaníaco.
— Há quatro de nós — Hedge sussurrou urgentemente. — É apenas um dele.
— Você deixou escapar o fato de que ele tem nove metros de altura — Leo falou.
— Certo — Hedge disse. — Então você, eu e Jason o distraímos. Piper vai de mansinho e liberta seu pai.
Todos olharam para Jason.
— O quê? — Jason perguntou. — Eu não sou o líder.
— Sim — Piper disse. — Você é.
Eles nunca haviam falado nisso, mas ninguém discordou, nem mesmo Hedge. Chegando tão longe, havia sido um trabalho de equipe, mas quanto surgia uma decisão de vida ou morte, Leo sabia que Jason era a quem devia perguntar. Mesmo que ele não tivesse memória, Jason tinha um bom discernimento. Você podia
dizer que ele jé esteve em batalhas antes, e ele sabia como se manter calmo. Leo não era exatamente do tipo que confia, mas ele confiava em Jason com sua vida.
— Eu odeio dizer isso — Jason suspirou — mas o Treinador Hedge está certo. Uma distração é a melhor chance de Piper.
Não é bem uma boa chance, Leo pensou. Nem mesmo uma chance de sobreviver. Apenas a melhor chance.
Eles podiam ficar sentados ali o dia inteiro e falar sobre isso. Era quase meio-dia — o prazo limite do gigante — e a terra ainda estava tentando puxá-los para baixo. Os joelhos de Leo já haviam afundado cinco centímetros na lama.
Leo olhou para os equipamentos de construção e teve uma ideia louca. Ele tirou o pequeno brinquedo que ele havia feito na subida, e percebeu o que isso podia fazer — se ele tivesse sorte, o que quase nunca tinha.
— Vamos rápido — ele disse. — Antes que eu recupere meu juízo.

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