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O Herói Perdido - CAP. 38

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XXXVIII - Jason


JASON FICOU DE QUEIXO CAÍDO. A área central da fortaleza de Éolo era tão grande quanto uma catedral, com o teto alto e abobadado coberto com prata. Equipamentos de televisão flutuavam pelo ar — câmeras  refletores, peças de cenário, plantas em vasos. E não tinha chão. Leo quase caiu no abismo antes que Jason o puxasse de volta.
— Caramba! — Leo engoliu em seco. — Ei, Mellie, que tal um pequeno aviso da próxima vez?
Uma enorme cratera circular mergulhava no coração do monte. Tinha provavelmente oitocentos metros de profundidade, repleta de cavernas, como favos de mel. Alguns dos túneis provavelmente levavam direto para fora. Jason se lembrava de ter visto os ventos que sopram para fora deles quando estavam em Pikes Peak. Outras cavernas estavam seladas com algum material brilhante como vidro ou cera. A caverna inteira alvoroçava com harpias, auras e aviões de papel, mas para alguém que não podia voar, aquela seria uma queda longa e fatal.
— Oh, céus — Mellie engasgou. — Eu sinto muito. — Ela pegou um walkie-talkie de algum lugar de dentro das roupas dela e falou nele: — Alô, cenário? Nuggets? Oi, Nuggets. Você poderia colocar um piso no estúdio principal, por favor? Sim, um sólido. Obrigada.
Poucos segundos depois, um exército de harpias apareceu do buraco — três dúzias ou mais de senhoras-galinhas demoníacas, todas carregando vários materiais de construção. Elas foram trabalhar martelando e colando — e usando uma grande quantidade de fita adesiva, o que não tranquilizava Jason. Em um momento estava montado o piso provisório. Ele era feito de madeira, blocos de mármore, tapetes e grama... havia de tudo por ali.
— Isso não pode ser seguro — Jason disse.
— Ah, mas é! — Mellie o assegurou. — As harpias são muito boas nisso.
Fácil para ela falar. Ela atravessava sem tocar no chão, mas Jason decidiu que ele tinha a melhor chance de sobreviver, já que podia voar. Então pisou primeiro. Incrivelmente, o chão aguentou.
Piper agarrou a mão dele e o seguiu.
— Se eu cair, você me segura.
— Hã, claro — Jason esperava que ele não estivesse corando.
Leo pisou depois.
— Você vai me pegar, também, Super-Homem. Mas eu não vou segurar a sua mão.
Mellie os levou em direção ao meio da sala, onde uma esfera solta de câmeras de vídeo flutuava em volta de um controle central. Um homem pairava dentro, checando monitores e lendo mensagens de aviõezinhos de papel.
O homem não prestou atenção quando Mellie os trouxe para frente. Ela empurrou uma televisão Sony de quarenta e duas polegadas para fora do seu caminho e os levou para a área de controle.
Leo assobiou.
— Eu tenho que conseguir uma sala como essa.
As telas flutuantes mostravam todos os tipos de programas de televisão. Alguns Jason reconhecia — transmissões de notícias, principalmente — mas alguns programas pareciam estranhos: lutas de gladiadores, semideuses batalhando com monstros. Talvez fossem filmes, mas pareciam mais como reality shows.
O outro lado da esfera era um pano de fundo de seda azul como uma tela de cinema, com câmeras e luzes de estúdio flutuando em volta.
O homem no centro estava falando num fone de ouvido. Ele tinha um controle remoto em cada mão e estava apontando-os para várias telas, aparentemente de forma aleatória.
Ele vestia um terno que parecia com o céu — principalmente azul, mas manchado com nuvens que mudavam, escureciam e se moviam ao redor do tecido. Parecia ter uns sessenta anos, com cabelo branco, mas usava uma tonelada de maquiagem e seu rosto parecia ter sofrido muitas plásticas. Não parecia ser novo nem realmente velho, apenas errado — como um boneco que alguém tenha jogado no microondas e derretido. Seus olhos disparavam de tela em tela, como se ele estivesse tentando absorver tudo de uma só vez. Ele murmurou coisas no fone. Era divertido, ou louco, ou os dois.
Mellie flutuou na direção dele.
— Ah, senhor... Sr. Éolo, esses semideuses...
— Espere! — Ele levantou uma mão para silenciá-la, então apontou para uma das telas. — Olhe!
Era um daqueles programas de caçador de tempestades, com aqueles loucos que corriam atrás de tornados. Enquanto Jason assistia, um jipe foi direto para dentro de um funil de nuvem e foi atirado para o céu.
Éolo gritou de alegria.
— O Canal do Desastre. As pessoas fazem isso de propósito! — Ele se virou para Jason com um sorriso louco. — Não é maravilhoso? Vamos assistir de novo.
— Hã, senhor — Mellie disse — este é Jason, filho de...
— Sim, sim, eu lembro — Éolo disse. — Você está de volta. Como foi?
Jason hesitou.
— Desculpe? Eu acho que você me confundiu...
— Não, não, Jason Grace, não é você? Foi... o quê, ano passado? Você estava a caminho para lutar um monstro marinho, creio eu.
— Eu... eu não lembro.
Éolo riu.
— Não deve ter sido um monstro muito bom! Mas eu me lembro de cada herói que vem até mim pedir ajuda. Odisseu... Deuses, ele ancorou na minha ilha por um mês! Pelo menos você ficou só por alguns dias. Agora, assista esse vídeo. Esses patos sugam direto...
— Senhor — Mellie interrompeu. — Dois minutos para entrar no ar.
— Ar! — Éolo exclamou. — Eu amo ar. Como eu estou? Maquiagem!
Imediatamente um pequeno tornado de escovas, cremes e bolas de algodão desceram até Éolo. Dançaram no seu rosto em uma nuvem de fumaça em tons de pele até que a sua cor ficou ainda mais horrível do que antes. Vento passou por seu cabelo e deixou-o espetado para cima como uma árvore de natal coberta de gelo.
— Sr. Éolo — Jason abriu a mochila de ouro. — Nós trouxemos esses espíritos da tempestade arruaceiros para o senhor.
— Você trouxe! — Éolo olhou para a mochila como se fosse um presente de um fã, algo que ele realmente não queria. — Bem, que legal.
Leo cutucou ele, e Jason ofereceu a mochila.
— Bóreas nos mandou capturá-los para você. Esperamos que você aceite-os e deixe... o senhor sabe... de ordenar a morte de semideuses.
Éolo riu, e olhou incredulamente para Mellie.
— Morte de semideuses? Eu ordenei isso?
Mellie checou o seu tablet.
— Sim, senhor, quinze de setembro. "Espíritos da tempestade libertados pela morte de Tifão, semideuses tomados como responsáveis" etc... sim, uma ordem geral para todos serem mortos.
— Ah, poxa — Éolo disse. — Eu só estava mal disposto. Anule essa ordem, Mellie, e hã, quem é o oficial de guarda... Teriyaki? Teri, leve esses espíritos da tempestade para o bloco de células 14E, sim?
Uma harpia apareceu do nada, agarrou a mochila de ouro e desceu para o abismo.
Éolo sorriu para Jason.
— Agora, me desculpe sobre esse negócio de mortes. Mas deuses, eu realmente estava furioso, não estava? — Seu rosto de repente escureceu, e seu terno fez o mesmo, as lapelas piscando com relâmpagos. — Sabe... Eu lembro agora. Quase parecia como uma voz que estava me dando aquelas ordens. Uma pequena voz gélida na minha nuca.
Jason ficou tenso. Uma pequena voz gélida na nuca... Por que isso soava tão familiar?
— Uma... hm, voz na sua mente, senhor?
— Sim. Que estranho. Mellie, nós deveríamos matá-los?
— Não, senhor — ela disse pacientemente. — Eles nos trouxeram espíritos da tempestade, o que deixa tudo bem.
— Claro — Éolo riu. — Desculpem. Mellie, vamos dar algo legal para os semideuses. Uma caixa de chocolate, talvez.
— Uma caixa de chocolate para todos os semideuses do mundo, senhor?
— Não, muito caro. Não importa. Espere, está na hora! Estou no ar!
Éolo voou para frente da tela azul enquanto uma nova seleção de música começou a tocar.
Jason olhou para Piper e Leo, que pareciam tão confusos quanto ele.
— Mellie — ele disse — ele é sempre assim?
Ela sorriu timidamente.
— Bem, você sabe o que costumam dizer. Se não gosta do humor dele, espere cinco minutos. Aquela expressão "ver para onde sopra o vento" foi baseada nele.
— E aquela coisa sobre o monstro marinho? — Jason disse. — Eu estive aqui antes?
Mellie corou.
— Me desculpe, eu não lembro. Sou a nova assistente do Sr. Éolo. Estive com ele por mais tempo que a maioria, mas não tanto tempo.
— Quanto tempo duram as assistentes dele? — Piper perguntou.
— Ah... — Mellie pensou por um momento. — Eu estive fazendo isso por... doze horas?
Uma voz bradou dos alto-falantes flutuantes:
— E agora, o tempo a cada doze minutos! Aqui está o seu homem do tempo do Canal do Tempo Olimpiano: Éolo!
Luzes brilhavam em Éolo, que estava agora na frente da tela azul. Seu sorriso era de um branco não natural e ele parecia ter tomado tanta cafeína que estava prestes a explodir.
— Ol´s, Olimpo! Éolo, mestre dos ventos aqui, com o tempo a cada doze minutos! Teremos um sistema de baixa pressão que se desloca sobre a Flórida hoje, então espere temperaturas mais amenas porque Deméter pretende ajudar os plantadores de frutas cítricas! — Ele gesticulou para a tela azul, mas quando Jason checou os monitores, viu que uma imagem digital estava sendo projetada atrás de Éolo, então parecia que ele estava na frente do mapa dos Estados Unidos com sorrisos animados de sóis e nuvens de tempestades. — Ao longo do litoral oriental... oh, espere. — Ele bateu no fone de ouvido. — Desculpe, pessoal! Poseidon está bravo com Miami hoje, então parece que o frio na Flórida está de volta! Desculpe, Deméter. No centro-oeste, não tenho certeza o que St. Louis fez para ofender Zeus, mas você pode esperar tempestades de inverno! Bóreas está sendo chamado para punir essa área com gelo. Más noticias, Missouri! Não, espere. Hefesto sente pena do centro de Missouri, então todos terão temperaturas moderadas e céus ensolarados.
Éolo continuou com sua apresentação, com suas previsões para cada área do paí, mudando-as duas ou três vezes a cada vez que recebia mensagens pelo fone de ouvido... os deuses aparentemente diziam várias ordens de ventos e de clima.
— Isso não pode estar certo — Jason sussurrou. — O clima não é assim.
Mellie sorriu.
— E com quanta frequência o homem do tempo mortal está certo? Eles falam sobre as frentes frias, pressão do ar e umidade, mas o clima os surpreende todo o tempo. Ao menos Éolo nos diz o porquê de ele ser tão imprevisível. Trabalho muito duro, tentar satisfazer todos os deuses de uma só vez. É o bastante para deixar qualquer um...
Ela parou, mas Jason sabia que ela queria dizer. Louco. Éolo era completamente louco.
— E essa é a previsão do tempo — Éolo concluiu. — Vejo vocês em doze minutos, porque tenho certeza que ela vai mudar!
As luzes apagaram, os monitores de vídeo voltaram para a cobertura aleatória, e só por um momento, o rosto de Éolo cedeu para o cansaço. Então ele se lembrou que tinha convidados, e botou o sorriso de volta.
— Então, vocês me trouxeram alguns espíritos da tempestade — Éolo disse. — Eu suponho... Obrigado! E vocês querem mais alguma coisa? Eu suponho que sim. Semideuses sempre querem.
Mellie disse:
— Hm, senhor, este é o filho de Zeus.
— Sim, sim. Eu sei disso. Eu disse que lembrava dele antes.
— Mas, senhor, eles estão aqui do Olimpo.
Éolo parecia pasmo. Então ele riu tão repentinamente que Jason quase pulou dentro do abismo.
— Você quer dizer que está em nome do seu pai desta vez? Finalmente! Eu sabia que eles iriam mandar alguém renegociar o meu contrato!
— Hã, o quê? — Jason perguntou.
— Ah, graças aos deuses! — Éolo suspirou em alívio. — Faz o quê, três mil anos desde que Zeus me nomeou senhor dos ventos. Não que eu seja ingrato, claro! Mas realmente, o meu contrato é tão vago. Obviamente eu sou imortal, mas "senhor dos ventos." O que isso significa? Eu sou um espírito da natureza? Um semideus? Um deus? Eu quero ser o deus dos ventos, porque os benefícios são tão melhores. Nós podemos começar com isso?
Jason olhou para os seus amigos, mistificado.
— Cara — Leo disse — você acha que viemos aqui te promover?
— Acho — Éolo sorriu. Seu terno se tornou completamente azul, sem nenhuma nuvem no tecido. — Maravilha! Quero dizer, acho que mostrei um pouco de iniciativa com o canal do tempo, hein? E é claro que estou na imprensa o tempo todo. Tantos livros foram escritos sobre mim: No Ar Rarefeito, Amor sem Escalas, E o vento Levou...
— Er, eu não acho que eles sejam sobre você — Jason disse, antes de notar Mellie sacudindo a cabeça.
— Absurdo — Éolo disse. — Mellie, eles são biografias minhas, não são?
— Absolutamente, senhor — ela guinchou.
— Viu? Eu não leio. Quem tem tempo? Mas obviamente os mortais me amam. Então, nós vamos mudar meu titulo para deus dos ventos. Sobre salario e essas coisas...
— Senhor — Jason disse — Nós não somos do Olimpo.
Éolo piscou.
— Mas...
— Eu sou filho de Zeus, sim — Jason disse — mas não estamos aqui para renegociar o seu contato. Estamos em uma missão e precisamos da sua ajuda.
A expressão de Éolo se endureceu.
— Como da última vez? Como todos os heróis que vem aqui? Semideuses! E sempre sobre vocês, não é?
— Senhor, por favor, eu não lembro da última vez, mas se você me ajudou uma vez antes...
— Estou sempre ajudando! Bem, às vezes estou destruindo, mas principalmente estou ajudando, e às vezes eu sou mandado a fazer os dois ao mesmo tempo! Por que Eneias, o primeiro da sua espécie...
— Minha espécie? — Jason perguntou. — Você quer dizer, semideus?
— Ah, por favor! — Éolo disse. — Quero dizer a sua linhagem de semideuses. Você sabe, Eneias, filho de Vênus, o único herói sobrevivente de Troia. Quando os gregos queimaram a sua cidade, ele fugiu para a Itália, onde fundou o reinado que eventualmente se tornou Roma, blá, blá, blá. Isso é o que quero dizer.
— Não entendi — Jason admitiu.
Éolo revirou os olhos.
— O ponto é, eu fui jogado no meio desse conflito, também! Juno chama: "Ah, Éolo, destrua o barco de Eneias para mim. Eu não gosto dele." Então Netuno diz, "Não, não destrua! Esse é o meu território! Acalme os ventos." Então Juno replicou: "Não, afunde seus navios, ou então vou contar a Júpiter que você não colabora!" Você acha que é fácil fazer malabarismo com pedidos como esses?
— Não — Jason disse. — Eu acho que não.
— E sem falar em Amelia Earhart! Eu ainda estou recebendo ligações furiosas do Olimpo por ter jogado ela do céu!
— Nós só queremos informações — Piper disse com a sua voz mais calma. — Ouvimos falar que você sabe de tudo.
Éolo ajeitou a gola e pareceu um pouco amolecido.
— Bem... isso é verdade, claro. Por exemplo, eu sei que esse negocio aqui — ele sacudiu os dedos para os três — esse plano desajeitado de Juno de trazer vocês todos é mais um derramamento de sangue. Já para você  Piper McLean, sei que seu pai está em sérios problemas. — Ele estendeu a mão e um pedaço de papel flutuou para as suas mãos. Era uma foto de Piper com um cara que devia ser o seu pai. Seu rosto parecia familiar. Jason tinha certeza que já vira ele em alguns filmes.
Piper pegou a foto. Suas mãos estavam tremendo.
— Essa foto... estava na carteira dele.
— Sim — Éolo disse. — Todas as coisas perdidas no vento eventualmente vem para mim. A foto se perdeu quando um Nascido da Terra o capturou.
— Quem? — Piper perguntou.
Éolo deixou de lado a questão e estreitou os olhos para Leo.
— Agora, você, filho de Hefesto... sim, eu vejo o seu futuro. — Outro papel caiu nas mãos do deus dos ventos, um antigo desenho feito com giz de cera.
Leo o pegou como se aquilo pudesse estar revestido de veneno. Ele cambaleou para trás.
— Leo? — Jason disse. — O que é isso?
— Algo que eu... desenhei quando era criança. — Ele dobrou o desenho rapidamente e colocou-o dentro do casaco. — Não... não é nada.
Éolo riu.
— Sério? É apenas a chave do sucesso! Agora, onde estávamos? Ah, sim, vocês queriam informações. Tem certeza disso? Às vezes informação pode ser perigoso.
Ele sorriu para Jason como se ele estivesse insinuando um desafio. Atrás dele, Mellie balançou sua cabeça em aviso.
— Sim — Jason disse. — Precisamos encontrar o covil de Encélado.
Éolo sorriu.
— O gigante? Por que vocês gostariam de ir lá? Ele é horrível! Nem mesmo assiste o meu programa!
Piper segurou a foto.
— Éolo, ele pegou o meu pai. Precisamos resgatar ele e encontrar onde Hera está presa .
— Agora, isso é impossível — Éolo disse. — Até mesmo eu não posso ver isso, e acredite em mim, eu tentei. Existe um véu mágico sobre a localização de Hera... muito forte, impossível de localizar.
— Ela está em um local chamado a Casa do Lobo — Jason disse.
— Espere! — Éolo colocou uma mão na sua testa e fechou os olhos. — Estou conseguindo algo! Sim, ela está em um lugar chamado a Casa do Lobo! Infelizmente, eu não sei onde é.
— Encélado sabe — Piper insistiu. — Se você nos ajudar a achá-lo, conseguiríamos a localização da deusa...
— Sim — Leo disse, se recuperando. — Se nós a salvarmos, ela será muito grata a você...
— E Zeus poderia lhe promover — Jason finalizou.
As sobrancelhas de Éolo subiram.
— Uma promoção... e tudo o que vocês querem de mim é a localização do gigante?
— Bem, se você pudesse nos levar lá, também — Jason emendou — seria ótimo.
Mellie bateu as mãos com empolgação.
— Oh, ele poderia fazer isso! Ele frequentemente envia ventos de ajuda...
— Mellie, quieta! — Éolo disse. — Estou quase demitindo você por deixar esses meninos terem falsas esperanças.
O rosto dela ficou pálido.
— Sim, senhor. Desculpe, senhor.
— Não foi culpa dela — Jason disse. — Mas sobre aquela ajuda...
Éolo inclinou a cabeça como se estivesse pensando. Então Jason pensou que ele estivesse ouvindo vozes no fone de ouvido.
— Bem... Zeus aprova — Éolo murmurou. — Ele diz... ele diz que seria melhor se você pudesse evitar salvando Hera até depois do final de semana, porque ele tem uma grande festa planejada... Ei! Isso é Afrodite gritando com ele, lembrando-o que o solstício começa ao amanhecer. Ela diz que deveria ajudá-los. E Hefesto... sim. Hmm. Muito raro eles concordarem com algo. Espere...
Jason sorriu para os seus amigos. Finalmente, eles estavam tendo boa sorte. Seus parentes divinos estavam ajudando.
De volta para a entrada, Jason ouviu um arroto alto. O Treinador Hedge apareceu com grama em todo o seu rosto. Mellie o viu vindo do chão improvisado e prendeu a respiração.
— Quem é aquele?
Jason sufocou uma tosse.
— Aquele? Aquele é só o treinador Hedge. Uh, Gleeson Hedge. Ele é o nosso... — Jason não tinha certeza de como chama-lo: professor, amigo, problema? — Nosso guia.
— Ele é tão bode — Mellie murmurou.
Atrás dela, Piper encheu as bochechas de ar, fingindo vomitar.
— E aí, pessoal? — Hedge trotou para mais perto. — Uau, lugar legal. Ah! Grama!
— Treinador, você acabou de comer — Jason disse. — E estamos usando a grama como chão. Essa é, hã, Mellie...
— Uma aura — Hedge sorriu atraentemente. — Linda como uma brisa de verão.
Mellie corou.
— E Éolo aqui está quase nos ajudando — Jason disse.
— Sim — o lorde do vento murmurou. — Parece que sim. Vocês irão encontrar Encélado no Monte Diablo.
— Montanha do Diabo? — Leo perguntou. — Isso não parece bom.
— Eu lembro desse lugar! — Piper disse. — Fui lá uma vez com o meu pai. Fica a leste da baía de San Francisco.
— Bay Area de novo? — O treinador balançou a cabeça. — Não é bom. Não é bom mesmo.
— Agora... — Éolo começou a sorrir. — Sobre levá-los até lá...
De repente seu rosto deu uma folga. Ele se inclinou e bateu no fone de ouvido como se estivesse com defeito. Quando ele se endireitou novamente, seus olhos eram selvagens. Apesar da maquiagem, ele parecia um homem velho — um velho muito assustado.
— Ela não fala comigo há séculos. Eu não posso... sim, sim entendo. — Ele engoliu em seco, em relação a Jason como se tivesse de repente se tornado uma barata gigante. — Sinto muito, filho de Júpiter. Novas ordens. Vocês todos tem que morrer.
Mellie tremeu.
— Mas... mas, senhor! Zeus disse para ajudá-los. Afrodite, Hefesto...
— Mellie! — Éolo insistiu. — Seu trabalho já esta por um fio. Além do mais, existem ordens que ultrapassam até mesmo os pedidos dos deuses, especialmente quando vem de forças da natureza.
— Ordens de quem? — Jason disse. — Zeus vai despedi-lo se não nos ajudar!
— Duvido — Éolo agitou o pulso e à distância, a porta de uma cela se abriu.
Jason podia ouvir espíritos da tempestade gritando, voando em espiral na direção deles, gritando por sangue.
— Até mesmo Zeus entende a ordem das coisas — Éolo disse. — E se ela está acordando... pelos deuses... ela não pode estar enganada. Adeus, heróis. Eu estou terrivelmente arrependido, mas tenho que fazer isso rápido. Estou de volta no ar em quatro minutos.
Jason pegou a sua espada. O treinador Hedge puxou o seu bastão. A aura Mellie gritou:
— Não!
Ela mergulhou nos pés assim que os espíritos da tempestade chegaram com a força de um furacão, soprando o chão em pedaços, rasgando as amostras de mármore, carpete e linóleo para o que deveria ter sido projeteis letais, e o vestido de Mellie se espalhou como um escudo e absorveu todo o impacto. Os cinco caíram no abismo, e Éolo gritou por cima deles:
— Mellie, você está demitida!
— Rápido — Mellie gritou. — Filho de Zeus, você tem algum poder sobre o ar?
— Um pouco!
— Então me ajude, ou todos morrem! — Mellie pegou sua mão, e uma carga elétrica passou pelo braço de Jason. Ele entendeu o que ela precisava. Eles tinham que controlar a queda e ir para um dos túneis abertos. Os espíritos da tempestade estavam seguindo, fechando-se rapidamente, levando com eles uma nuvem de estilhaços.
Jason pegou a mão de Piper.
— Abraco em grupo!
Hedge, Leo e Piper tentaram se amontoar juntos, se segurando em Jason e Mellie enquanto caiam.
— Isso NÃO É NADA BOM! — Leo gritou.
— Podem vir, sacos de gás! — Hedge gritou para os espíritos da tempestade. — Eu vou pulverizar vocês!
— Ele é magnifico — Mellie suspirou.
— Concentração? — Jason propôs.
— Certo! — ela disse.
Eles canalizaram o vento, então a queda foi bem mais suave no túnel mais próximo. Ainda assim, eles bateram dentro do túnel a uma velocidade dolorosa e foram rolando uns sobre os outros por um buraco de ventilação que não era projetado para pessoas. Não havia nenhuma maneira de parar.
A roupa de Mellie inflou sobre seu corpo, Jason e os outros se agarraram a ela desesperadamente e eles começaram a desacelerar, mas os espíritos da tempestade gritavam dentro do túnel atrás deles.
— Não consigo... aguentar... muito — Mellie avisou. — Fiquem juntos! Quando o vento nos acertar...
— Você está indo bem, Mellie — Hedge disse. — Minha própria mãe foi uma aura, sabe. Ela não poderia ter feito melhor.
— Me manda uma Mensagem de Íris? — Mellie pediu.
Hedge piscou.
— Vocês dois poderiam planejar o seu encontro mais tarde? — Piper gritou.
— Olhem!
Atrás deles, o túnel estava se tornando escuro. Jason podia sentir seus ouvidos estalarem com a pressão.
— Não consigo segurá-los — Mellie avisou. — Mas vou tentar agir como escudo, conceder a vocês mais um favor.
— Obrigada, Mellie — Jason disse. — Espero que você consiga um trabalho novo.
Ela sorriu e então se dissolveu, envolvendo-os em uma agradável brisa suave. E então os ventos de verdade os atingiram, jogando-os do céu tão violentamente que Jason desmaiou.

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