Curta a página oficial do blogger para receber as notificações direto em seu Facebook, além de novidades que serão apenas postadas lá.

Procurando por algo?

0

O Herói Perdido - CAP. 34

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XXXIV - Piper

— LOBOS — PIPER DISSE. — E PARECEM PERTO.
Jason se levantou e pegou sua espada. Leo e o Treinador Hedge ficaram de pé também. Piper tentou, mas pontos negros dançaram na frente dos seus olhos.
— Fique aí — Jason lhe disse. — Iremos te proteger.
Ela rangeu os dentes. Odiava se sentir inútil. Ela não queria que alguém a protegesse. Primeiro o tornozelo estúpido. Agora a hipotermia estúpida. Ela queria ficar de pé, com sua adaga na mão.
Então, fora da luz do fogo na entrada da caverna, ela viu um par de olhos vermelhos brilhando na escuridão.
Ok, ela pensou. Talvez um pouco de proteção seja legal.
Mais lobos se aproximaram na luz do fogo — bestas negras maiores que cães, com gelo e neve endurecidos no pelo. Suas presas cintilavam, e seus brilhantes olhos vermelhos pareciam perturbadoramente inteligentes. O lobo no centro era quase tão alto quanto um cavalo, sua boca manchada de vermelho como se ele tivesse acabado de matar algo.
Piper puxou a adaga da bainha.
Então Jason deu um passo para frente e disse algo em latim.
Piper não achou que uma língua morta teria muito efeito em animais selvagens, mas o lobo alfa enrugou o lábio. O pelo se levantou pela sua espinha. Um dos seus companheiros tentou avançar, mas o lobo alfa mordeu a sua orelha. Então todos os outros voltaram para a escuridão.
— Rapaz, eu tenho que estudar latim. — O martelo de Leo sacudiu na sua mão. — O que você disse, Jason?
Hedge xingou.
— O quer que fosse, não foi o bastante. Olhem.
Os lobos estavam voltando, mas o alfa não estava com eles. Eles não atacaram. Eles esperaram. Havia pelo menos uma dúzia deles agora, num semicírculo irregular fora da luz do fogo, bloqueando a saída da caverna.
O treinador suspendeu sua clava.
— Esse é o plano. Eu vou matar todos eles, e vocês escapam.
— Treinador, eles vão te rasgar em pedaços — Piper disse.
— Não, sou bom nisso.
Então Piper viu a silhueta de um homem vindo pela tempestade, passando com dificuldade pela matilha de lobos.
— Mantenham-se juntos — Jason disse. — Eles respeitam outra alcateia. E Hedge, pare de dizer coisas malucas. Não vamos deixar ninguém para trás.
Piper sentiu um nó na garganta. Ela era um elo fraco no grupo deles agora. Não havia dúvida que os lobos podiam farejar o seu medo. Ela também podia estar usando uma placa que dizia "almoço grátis".
Os lobos deram passagem, e o homem pisou na luz. Seu cabelo era sujo e desigual, a cor da fuligem da lareira, com uma coroa acima dele que parecia ser feita de ossos de dedos. Suas roupas eram peles esfarrapadas — lobo, coelho, ursos, cervos e vários outros que Piper não conseguiu identificar. Os pelos não pareciam tratados, e pelo cheiro não eram novos. Seu corpo era ágil e musculoso, como o de um corredor de longa distância. Mas a coisa mais horrível era o seu rosto. Sua pele fina e pálida era puxada firmemente sobre seu crânio. Seus dentes eram afiados como presas. Seus olhos brilhavam em vermelho vivo como os dos lobos — e se fixaram em Jason com ódio absoluto.
— Ecce — disse — filli Romani.
— Fale inglês, homem lobo! — Hedge gritou.
O homem lobo rosnou.
— Fale para o seu fauno controlar a língua, filho de Roma. Ou ele será o primeiro da minha refeição.
Piper lembrou que fauno era o nome romano de sátiro. Não era exatamente uma informação útil. Agora, se ela pudesse lembrar quem esse homem lobo era na mitologia grega, e como derrotá-lo, isso ela poderia usar.
O homem lobo estudou seu pequeno grupo. Suas narinas se contraíram.
— Então é verdade — refletiu. — Uma filha de Afrodite. Um filho de Hefesto. Um fauno. E um filho de Roma, de Lorde Júpiter, nada menos. Todos juntos, sem matar um ao outro. Que interessante.
— Você sabia sobre nós? — Jason perguntou. — Quem contou?
O homem rosnou — talvez uma risada, talvez um desafio.
— Ah, estivemos procurando por vocês em todo o oeste, semideuses, esperando que fôssemos os primeiros a encontrá-los. O rei gigante me recompensará bem quando se erguer. Sou Licáon, rei dos lobos. E a minha matilha está com fome.
Os lobos rosnaram na escuridão.
No canto do olho, Piper viu Leo erguer seu martelo e deslizar mais algo do seu cinto de ferramentas — uma garrafa de vidro cheia de um líquido transparente.
Piper quebrou a cabeça tentando localizar o nome do homem lobo. Ela sabia que o ouvira antes, mas não podia lembrar-se de detalhes.
Licáon olhou para espada de Jason. Ele moveu para cada como se procurasse uma abertura, mas a lâmina de Jason se moveu com ele.
— Parta — ordenou Jason. — Não há comida para vocês aqui.
— A menos que queiram hambúrguer de tofu — Leo ofereceu.
Licáon exibiu suas presas. Aparentemente ele não era um fã de tofu.
— Por mim — Licáon disse com pesar — eu mataria você primeiro, filho de Júpiter. Seu pai me fez o que sou. Eu fui o poderoso rei mortal da Arcádia, com cinquenta e nove perfeitos filhos, e Zeus assassinou todos eles com raios.
— Rá — o Treinador Hedge disse. — Por um bom motivo!
Jason olhou sobre o ombro.
— Treinador, você conhece esse coroa?
— Eu conheço — Piper respondeu.
Os detalhes do mito voltaram para ela — uma história curta e horrível da qual ela e seu pai riram no café da manhã. Ela não estava rindo agora.
— Licáon convidou Zeus para um jantar — disse. — Mas o rei não tinha certeza se realmente era Zeus. Então para testar os seus poderes, Licáon tentou lhe dar carne humana para comer. Zeus ficou ultrajado...
— E matou meus filhos! — Licáon uivou. Os lobos atras dele fizeram o mesmo.
— Então Zeus o transformou em lobo — Piper disse. — Por isso... por isso chamam os lobisomens de licantropos, são nomeados por causa dele, o primeiro lobisomem.
— O rei dos lobos — o Treinador Hedge finalizou. — Um vira-lata imortal, fedorento e odioso.
Licáon rosnou.
— Eu vou te partir em pedaços, fauno!
— Ah, você quer um pouco de bode, amigo? Porque eu vou te dar bode.
— Parem — Jason disse. — Licáon, você disse que queria me matar primeiro, mas...?
— Infelizmente, Filho de Roma, você esta prometido. Desde que essa aí... — ele balançou suas garras para Piper — falhou em te matar, você deve ser entregue vivo na Casa dos Lobos. Uma das minhas companheiras pediu pela honra de te matar ela mesma.
— Quem? — Jason disse.
O rei lobo riu em silêncio.
— Ah, uma grande admiradora sua. Aparentemente, você realmente deixou uma boa impressão nela. Ela tomará cuidado de você muito em breve, e eu realmente não posso reclamar. Derramar o seu sangue na Casa dos Lobos deve marcar meu novo território muito bem. Lupa pensará duas vezes antes de desafiar
a minha matilha.
O coração de Piper tentou pular do seu peito. Ela não entendia tudo que Licáon dissera, mas uma mulher que queria matar Jason? Medeia, ela pensou. De algum modo, ela devia ter sobrevivido a explosão. Piper lutou para ficar de pé. Manchas dançaram em seus olhos de novo. A caverna parecia girar.
— Você partirá agora — Piper disse — antes de destruirmos você.
Ela tentou colocar poder nas palavras, mas estava muito fraca. Tremendo nos seus cobertores, pálida  suada e com pouca possibilidade de segurar uma faca, ela não poderia ter parecido muito ameaçadora.
Os olhos vermelhos de Licáon se enrugaram com humor.
— Uma brava tentativa, garota. Admiro isso. Talvez eu acabe com você de forma rápida. Só precisamos do filho de Júpiter vivo. O restante de vocês, sinto muito, será o jantar.
Naquele momento, Piper sabia que iria morrer. Mas pelo menos ela morreria de pé, lutando do lado de Jason.
Jason deu um passo para frente.
— Você não vai matar ninguém, homem lobo. Não sem antes passar por mim.
Licáon bramiu e estendeu as garras. Jason o acertou, mas sua espada dourada o atravessou como se o rei lobo não estivesse ali. Licáon riu.
— Ouro, bronze, aço... nenhum desses metais funciona contra meus lobos, filho de Júpiter.
— Prata! — Piper gritou. — Lobisomens não são feridos por prata?
— Não temos prata! — Jason disse.
Lobos saltaram na luz do fogo. Hedge correu com um grito orgulhoso:
— Raiz!
Mas Leo atacou primeiro. Ele jogou sua garrafa de vidro e ela se rachou no chão, esparramando todo o líquido sobre os lobos — o cheiro inconfundível de gasolina. Ele atirou uma labareda de fogo na confusão  e uma parede de chamas se ergueu.
Lobos ganiram e se retiraram. Vários pegaram fogo e tiveram que correr de volta para neve. Até mesmo Licáon olhava preocupadamente a barreira de chamas agora separando seus lobos dos semideuses.
— Ah, que isso — o Treinador Hedge reclamou. — Eu não posso acertá-los se eles estão do outro lado.
Todas as vezes que um lobo se aproximava, Leo atirava uma nova onda de fogo das mãos, mas cada esforço parecia deixá-lo mais cansado, e a gasolina já estava diminuindo.
— Eu não consigo soltar mais gases! — Leo avisou. Então seu rosto ficou vermelho. — Uau, essa saiu errada. Eu digo combustível. O cinto de ferramentas vai demorar um pouco para recarregar. O que vocês tem aí?
— Nada — Jason disse. — Nem uma arma que funcione.
— Raio? — Piper perguntou.
Jason se concentrou, mas nada aconteceu.
— Acho que a tempestade de neve está interferindo, ou algo assim.
— Liberte os venti! — Piper disse.
— Então não teremos nada para dar a Éolo — Jason disse. — Tudo o que passamos terá sido por nada.
Licáon riu.
— Eu posso cheirar o seu medo. Mais alguns minutos de vida, heróis. Rezem para os deuses que quiserem. Zeus não me concedeu clemência, e vocês não terão nenhuma de mim.
As chamas começaram a se extinguir. Jason xingou e abaixou sua espada. Ele se agachou como se estivesse pronto para ir para o corpo-a-corpo. Leo puxou seu martelo da mochila. Piper levantou sua adaga — não muito, mas era tudo que ela tinha. O treinador Hedge levantou seu bastão, e ele era o único que parecia animado em morrer.
Então um som espetacular cortou o ar — como um pedaço de papelão rasgado. Um longo graveto se projetou do pescoço do lobo mais próximo — o cabo de uma flecha de prata. O lobo se debateu e caiu, dissolvendo numa poça de escuridão.
Mais flechas. Mais lobos caídos. A matilha rompeu em confusão. Uma flecha flamejou para Licáon, mas o rei lobo a pegou no ar. Então ele gritou em dor. Quando deixou a flecha cair, ela deixou um corte fumegante e chamuscado na sua palma. Outra flecha o pegou no ombro, e o rei lobo cambaleou.
— Malditos! — Licáon gritou. Ele uivou para a matilha, e os lobos viraram e correram. Licáon fixou Jason com aqueles olhos brilhantes rubros. — Isso não acabou, garoto.
O rei lobo desapareceu na noite.
Segundos depois, Piper ouviu mais lobos latindo, mas o som era diferente — menos ameaçador, mais parecido com cães farejando a caça. Um lobo menor branco rompeu na caverna, seguido por mais dois.
Hedge disse:
— Matamos?
— Não! — Piper disse. — Espere.
Os lobos inclinaram a cabeça e estudaram os campistas com grandes olhos dourados.
Um batimento cardíaco depois e seus mestres apareceram: um grupo de caçadores usando roupas de camuflagem de inverno em branco-e-cinza, pelo menos meia dúzia deles. Todos carregavam arcos com aljavas de brilhantes flechas prateadas nas costas.
Seus rostos estavam cobertos com capuzes de pele, mas claramente eram todas meninas. Uma, um pouco mais alta que o resto, se agachou na luz do fogo e apanhou a flecha que feriu a mão de Licáon.
— Tão perto — ela virou para as suas companhias. — Phoebe, fique comigo. Observe a entrada. O resto de vocês, sigam Licáon. Não podemos perdê-lo agora. Eu alcançarei vocês.
As outras Caçadoras murmuraram em concordância e desapareceram, seguindo a trilha da matilha de Licáon.
A garota de branco virou na direção a eles, seu rosto ainda escondido pelo capuz de pele.
— Estivemos seguindo a trilha daquele demônio por mais de uma semana. Estão todos bem? Ninguém foi mordido?
Jason se levantou congelado, olhando para garota. Piper percebeu que algo na sua voz soou familiar. Era difícil atribuir semelhanças, mas o jeito que ela falou, o jeito que ela formou as palavras, a fazia lembrar-se de Jason.
— Você é ela — disse Piper. — Você é Thalia.
A garota enrijeceu. Piper teve medo que ela pudesse puxar o arco, mas ao invés disso ela abaixou o capuz de pele. Seu cabelo era preto e arrepiado, com uma tiara prateada na sua testa. Seu rosto tinha um aspecto saudável, como se ela fosse um pouco mais que humana, e seus olhos eram de um azul brilhante. Ela era a garota da fotografia de Jason.
— Eu conheço você? — Thalia perguntou.
Piper tomou folego.
— Pode ser um choque, mas...
— Thalia — Jason deu um passo para frente, sua voz tremendo. — Eu sou Jason, seu irmão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita. Que tal deixar um comentário?

Percyanaticos BR / baseado no Simple | por © Templates e Acessórios ©2013