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O Herói Perdido - CAP. 31

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XXXI - Jason


JASON TERIA MORRIDO CINCO VEZES no caminho para a porta da frente se não fosse por Leo.
Primeiro o alçapão sensível a calor no passeio, então os lasers nas escadas, depois o gás na grade da varanda, os pregos envenenados sensíveis a pressão no tapete de boas-vindas e é claro, a campainha explosiva.
Leo desativou tudo. Era como se ele pudesse farejar as armadilhas, e só pegava a ferramenta certa do seu cinto para desligá-las.
— Você é incrível, cara — Jason disse.
Leo fez carranca enquanto examinava a fechadura da porta da frente.
— Sim, sou incrível — ele disse. — Não posso consertar um dragão direito, mas sou incrível.
— Ei, aquilo não foi sua...
— A porta da frente está destrancada — Leo anunciou.
Piper olhou para a porta em incredulidade.
— Está? Todas aquelas armadilhas, e a porta está destrancada?
Leo virou a maçaneta. A porta abriu facilmente. Ele pisou no lado de dentro sem hesitação.
Antes que Jason pudesse seguir, Piper pegou seu braço.
— Ele precisará de algum tempo para superar Festus. Não leve isso para o lado pessoal.
— Eu sei — disse Jason. — Eu sei, tudo bem.
Mas ainda assim ele se sentia mal. Na loja de Medeia, ele dissera coisas bastante cruéis para Leo — coisas que um amigo não deveria dizer, sem mencionar o fato de que ele quase espetara Leo com uma espada. Se não fosse por Piper, ambos estariam mortos. E Piper também não superara aquilo.
— Piper — disse — sei que fui um idiota em Chicago, mas aquela coisa sobre o seu pai... se ele está em perigo, eu quero ajudar. Não me importo se é uma armadilha ou não.
Seus olhos sempre eram de cores diferentes, mas agora eles pareciam abalados, como se ela tivesse visto algo com que não pudesse competir.
— Jason, você não sabe o que está dizendo. Por favor... não me faça sentir pior. Vamos lá. Devemos ficar juntos.
Ela mergulhou para dentro.
"Juntos", Jason disse para si próprio. "Sim, estamos indo bem nisso."

Escuridão: essa foi primeira impressão de Jason da casa.
Do eco dos seus passos ele podia dizer que o hall de entrada era enorme, até maior que a suíte de Bóreas; mas a única iluminação vinha das luzes do jardim afora. Um brilho fraco entrava pelos intervalos nas cortinas grossas de veludo. As janelas tinham três metros de altura. Em intervalos regulares, junto às paredes, havia várias estátuas de metal em tamanho real. Enquanto os olhos de Jason se ajustavam à penumbra, ele viu sofás arranjados num formato de U no meio da sala, com uma mesa de centro e uma grande cadeira no outro lado. Um candelabro pesado reluzia no teto. Na parede de trás havia várias portas fechadas.
— Cadê o interruptor? — Sua voz ecoou assustadoramente pela sala.
— Não vejo um — Leo disse.
— Fogo? — Piper sugeriu.
Leo levantou sua mão, mas nada aconteceu.
— Não esta funcionando.
— Sem fogo? Por quê? — Piper perguntou.
— Bem, se eu soubesse...
— Ok, ok — ela disse. — O que fazemos... exploramos?
Leo balançou a cabeça.
— Depois de todas aquelas armadilhas la fora? Má ideia.
A pele de Jason formigou. Ele odiava ser um semideus. Olhando ao redor, via uma sala confortável para ficar. Ele imaginou espíritos da tempestade espreitando por trás das cortinas, dragões sob o tapete, um candelabro feito de pedaços de gelo letais, prontos para espetá-los.
— Leo tem razão — disse. — Não vamos nos separar de novo... não como fizemos em Detroit.
— Ah, obrigada por me fazer lembrar os ciclopes. — A voz de Piper tremulou. — Eu estava precisando disso.
— Faltam algumas horas para o amanhecer — disse Jason. — Está muito frio para esperar do lado de fora. Vamos trazer as jaulas para dentro e acampar nessa sala. Esperamos pela luz do dia; então podemos decidir o que fazer.
Ninguém ofereceu uma ideia melhor, então eles rolaram as jaulas com o Treinador Hedge e os espíritos da tempestade para dentro, e se estabeleceram. Agradecidamente, Leo não encontrou nenhum veneno jogado nos travesseiros ou almofadas elétricas nos sofás.
Leo não parecia no ânimo de fazer mais tacos. Além disso, eles não tinham fogo, então se contentaramcom comida fria. Enquanto Jason comia, estudava as estátuas de metal pelas paredes. Elas pareciam deuses gregos ou heróis. Talvez fosse um bom sinal. Ou talvez fossem usadas para prática de alvo. Na mesa de centro havia um aparelho de chá e vários livros, mas Jason não podia distinguir os títulos. A grande cadeira do outro lado da mesa parecia um trono. Nenhum deles tentou sentar nela.
As gaiolas não deixavam o lugar menos assustador. Os ventus continuavam se debatendo na prisão, sibilando e girando, e Jason teve a desconfortável sensação de que eles estavam o observando. Ele podia sentir o ódio deles pelas crianças de Zeus — o senhor do céu que ordenou a Éolo aprisionar sua espécie. Os ventus não gostariam de nada melhor que rasgar Jason. A respeito do Treinador Hedge, ele ainda estava congelado no meio de um grito, seu bastão levantado. Leo estava trabalhando na gaiola, tentando abri-la com várias ferramentas, mas a fechadura parecia estar lhe dando trabalho. Jason decidiu não sentar perto dele no caso de Hedge subitamente descongelar e entrar no modo de bode-ninja.
Apesar de se sentir agitado, mesmo com seu estômago cheio, Jason começou a adormecer. Os sofás eram bem confortáveis — muito melhores que as costas do dragão — e ele fizera as duas últimas patrulhas enquanto seus amigos dormiam. Estava exausto.
Piper já se enrolara em outro sofá. Jason quis saber se ela estava realmente dormindo ou evitando uma conversa sobre o seu pai. Seja lá o que Medeia tivesse insinuado em Chicago, sobre Piper ter seu pai de volta se ela cooperasse — não soou bem. Se Piper arriscara seu próprio pai para salvá-los, aquilo fez Jason se sentir mais culpado ainda.
E eles estavam correndo contra o tempo. Se Jason contou os dias certo, aquela era a manhã do dia 20 de dezembro. O que significava que no dia seguinte seria o solstício de inverno.
— Durma um pouco — Leo disse, ainda trabalhando na gaiola trancada.— É a sua vez.
Jason respirou fundo.
— Leo, sinto muito pelo o que eu disse em Chicago. Não era eu. Você não é irritante e você leva as coisas a sério, especialmente o seu trabalho. Eu queria poder fazer metade das coisas que você faz.
Leo abaixou sua chave de fenda. Ele olhou para o teto e balançou a cabeça como se pensasse, O que eu vou fazer com esse garoto?
— Eu tento muito ser irritante — Leo disse. — Não insulte minha habilidade de irritar. E como é que eu vou me ofender se você fica se desculpando? Eu sou um mecânico humilde. Você é como o principe do céu, filho do Senhor do Universo. Eu tenho que te invejar.
— Senhor do Universo?
— Certo, você é todo... bam! Homem raio. E "Me veja voando. Eu sou o gavião...
— Cale a boca, Valdez.
Leo controlou um sorriso.
— Sim, entendo. Eu irrito você.
— E eu peço desculpas por me desculpar.
— Obrigado. — Ele voltou ao trabalho, mas a tensão entre eles diminuiu. Leo ainda parecia exausto e triste, mas não tão irritado.
— Vá dormir, Jason — ordenou. — Vai demorar algumas horas para libertar esse homem bode. Depois, eu ainda tenho que descobrir como colocar os venti em uma cela menor, porque eu não vou arrastar aquela gaiola gigante para a Califórnia.
— Você consertou Festus, você sabe — Jason disse.— Lhe deu um propósito de novo. Acho que essa missão foi o ponto alto de sua vida.
Jason teve medo de ter falado isso e ter deixado Leo chateado mais uma vez, mas Leo só suspirou.
— Espero — ele disse. — Agora durma, cara. Eu quero algum tempo sem vocês, formas orgânicas de vida.
Jason não tinha muita certeza do que aquilo significava, mas não discutiu. Ele fechou os olhos e teve um sono sem sonhos, felizmente.
Ele só acordou quando a gritaria começou.

— Ahhhggggggh!
Jason ficou de pé. Ele não tinha certeza do que era mais irritante: a luz do sol toda que agora banhava a sala, ou o sátiro berrante.
— O Treinador está acordado — Leo disse, o que foi meio que desnecessário.
Gleeson Hedge estava por perto dando cambalhotas com seu traseiro peludo, sacudindo o bastão e gritando, “Morram!” enquanto esmagava o conjunto de chá, golpeava os sofás e o trono.
— Treinador! — Jason gritou.
Hedge virou, respirando duro. Seus olhos estavam tão selvagens que Jason teve medo que ele pudesse atacar.
O sátiro ainda estava vestindo sua camisa polo laranja e seu apito de treinador, mas seus chifres estavam claramente visíveis acima do seu cabelo encaracolado, e seu traseiro musculoso era definitivamente de bode. Você podia chamar um bode de musculoso? Jason colocou o pensamento de lado.
— Você é a nova criança — Hedge disse, baixando a clava. — Jason.
Ele olhou para Leo, depois Piper, que aparentemente também acabara de acordar. Seu cabelo parecia ter sido transformado num ninho para um hamster amigável.
— Valdez, McLean — o treinador disse. — O que está acontecendo? Estávamos no Grand Canyon. Os anemoi thuellai estavam atacando e... — Ele mirou para a gaiola dos espíritos da tempestade, e seus olhos se arregalaram. — Morram!
— Uou, Treinador! — Leo entrou no seu caminho, o que era bastante corajoso, mesmo que Hedge fosse quinze centímetros mais baixo. — Está tudo bem. Eles estão trancafiados. Nos só te tiramos da outra gaiola.
— Gaiola? Gaiola? O que está acontecendo? Só porque sou um sátiro não significa que não posso fazer vocês pagarem flexões, Valdez!
Jason tossiu.
— Treinador... Gleeson... hã, seja lá como queira que o chamamos. Você nos salvou no Grand Canyon. Foi totalmente corajoso.
—É claro que fui!
— A equipe de extração veio e nos levou para o Acampamento Meio-Sangue. Pensamos que havíamos perdido você. Então tivemos conhecimento que os espíritos da tempestade haviam te levado para a sua... hã, comandante, Medeia.
— Aquela bruxa! Espere... é impossível. Ela é mortal. Ela está morta.
— É, bem — Leo disse — de algum jeito ela não está mais.
Hedge assentiu, seus olhos se estreitando.
— Certo! Vocês foram mandados numa missão perigosa para me resgatar. Excelente!
— Hã... — Piper ficou de pé, levantando as mãos para que o Treinador Hedge não lhe atacasse. — Na verdade, Glee... eu ainda posso te chamar de Treinador Hedge? Gleeson parece errado. Estamos numa missão por algo mais. Nós meio que encontramos você por acidente.
— Ah. — A disposição do treinador pareceu esvaziar, mas só por um segundo. Então seus olhos brilharam novamente. — Mas não há acidentes! Não em missões. Isso estava destinado a acontecer! Então, esse é o covil da bruxa, é? Por que tudo é de ouro?
— Ouro? — Jason olhou em volta. Do jeito que Leo e Piper prenderam a respiração, supôs que eles também não haviam notado ainda.
A sala era repleta de ouro — as estátuas, o conjunto de chá que Hedge esmagara, a cadeira que era definitivamente um trono. Até as cortinas — que pareciam ter se abertas sozinhas no romper do dia — pareciam ser tecidas com fibra de ouro.
— Legal — Leo disse. — Não me admira que eles tenham tanta segurança.
— Esse não é... — Piper gaguejou. — Esse não o covil de Medeia, Treinador. É a mansão de alguma pessoa rica em Omaha. Fugimos de Medeia e aterrissamos aqui.
— É o destino, cupcakes! — Hedge insistiu. — Estou destinado a protegê-los. Qual é a missão?
Antes que Jason pudesse decidir se queria explicar ou só empurrar o Treinador Hedge de volta para a sua gaiola, uma porta abriu do outro lado da sala. Um homem atarracado num roupão branco saiu com uma escova de dentes dourada na boca. Ele tinha uma barba branca e uma daquelas antiquadas toucas de dormir cobrindo os cabelos brancos. Ele congelou quando os viu, e a escova de dente caiu da sua boca.
Ele olhou para a sala atrás dele e chamou:
— Lit, meu filho? Venha aqui, por favor. Há pessoas estranhas na sala do trono.
O Treinador Hedge fez o de sempre. Ele levantou sua clava e gritou:
— Morra!

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