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O Herói Perdido - CAP. 30

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo XXX - Leo

ELES ESPIRALARAM EM QUEDA LIVRE pelo escuro, ainda em cima do dragão, mas Festus estava frio. Seus olhos de rubi estavam quase apagados.
— De novo não! — Leo gritou. — Você não pode cair de novo!
Ele mal conseguia se segurar. O vento batia com força em seus olhos, mas ele conseguiu abrir o painel no pescoço do dragão. Ele apertou os interruptores. Puxou os fios. As asas do dragão bateram mais uma vez, mas Leo sentiu o cheiro de bronze em chamas. O sistema principal estava sobrecarregado. Festus não tinha forca para continuar a voar, e Leo não poderia chegar ao painel de controle principal na cabeça do dragão... não enquanto voavam. Ele viu as luzes de uma cidade abaixo deles — apenas brilhos no escuro enquanto caiam em círculos. Eles teriam apenas alguns segundos antes de baterem.
— Jason — ele gritou. — Pegue Piper e voe para fora daqui!
— O quê?
— Nós precisamos aliviar a carga! Eu poderia reativar Festus, mas ele está carregando muito peso!
— E você? — Piper chorou. — Se você não puder reiniciá-lo...
— Eu vou ficar bem — Leo gritou. — Sigam-me até o chão. Vão!
Jason agarrou Piper pela cintura. Ambos soltaram das costas do dragão e num piscar de olhos eles se foram, disparando pelo ar.
— Agora — disse Leo. — É só você e eu, Festus... e duas gaiolas pesadas. Você pode fazer isso, rapaz!
Leo conversou com o dragão enquanto trabalhava, caindo em alta velocidade. Ele podia ver as luzes da cidade abaixo dele, cada vez mais próximas. Convocou fogo em sua mão para que ele pudesse ver o que estava fazendo, mas o vento continuava a extingui-lo.
Ele puxou um fio que considerou estar ligado ao nervo central da sua cabeça, esperando por um pequeno choque de despertar. Festus gemeu — metal rangendo dentro do seu pescoço. Seus olhos brilharam fracamente e ele abriu as asas. Eles pararam de cair e começaram a planar.
— Boa! — Leo disse. — Vamos lá, garoto. Vamos!
Eles ainda voavam com sobrecarga, e o chão estava se aproximando. Leo precisava de um lugar para pousar, e rápido.
Havia um grande rio... não. Não é bom para um dragão que cospe fogo. Ele nunca iria conseguir tirar Festus de lá se ele afundasse, especialmente em temperaturas congelantes. Então, nas margens do rio, Leo viu uma mansão branca com um gramado enorme nevado cercado por um muro alto feito de tijolos — como alguns recintos privados de pessoas ricas, todo resplandescente com a luz. Um campo de pouso perfeito. Ele fez o melhor para dirigir o dragão nessa direção, e Festus parecia voltar a vida. Eles poderiam conseguir!
Então tudo deu errado. Quando eles se aproximaram do gramado, os holofotes ao longo do cercado se fixaram neles, cegando Leo. Ele ouviu estouros como projéteis de fogo, o som de metal sendo cortado em retalhos — e BUM!
Leo desmaiou.

Quando Leo voltou a si, Jason e Piper estavam debruçados sobre ele. Ele estava deitado na neve, coberto de lama e graxa. Ele cuspiu um pedaço congelado de grama de sua boca.
— Onde...
— Se acalme — Piper tinha lagrimas em seus olhos. — Você caiu muito feio quando... quando Festus...
— Onde ele está? — Leo sentou-se, sua cabeça girando.
Eles pousaram no interior do complexo. Algo tinha acontecido no caminho... tiros?
— É sério, Leo — disse Jason. — Você pode estar ferido. Não deve...
Leo fez força para ficar de pé. Então viu os destroços. Festus deve ter deixado cair as gaiolas enquanto voava por cima da cerca, porque elas tinham rolado em diferentes direções e caíram no lado deles, perfeitamente intactas.
Festus não teve a mesma sorte.
O dragão tinha se desintegrado. Seus membros estavam espalhados pelo gramado. Sua cauda pendurada estava em cima do muro. A parte principal do seu corpo tinha deixado um rastro de seis metros de largura. O que restava dele ou estava carbonizado ou tinha virado uma pilha de sucata. Só o pescoço e a cabeça pareciam intactos, descansando em meio a rosas congeladas como um travesseiro.
— Não — Leo soluçou. Ele correu para a cabeça do dragão e acariciou o seu focinho. Os olhos do dragão tremeluziam fracamente. Óleo derramava do seu ouvido.
— Você não pode ir — suplicou Leo. — Você é a melhor coisa que eu já consertei.
As engrenagens na cabeça do dragão fizeram barulho, como se estivessem ronronando. Jason e Piper ficaram ao lado dele, mas Leo manteve os olhos fixos no dragão.
Ele lembrou que Hefesto havia dito: Não é a sua culpa, Leo. Nada dura para sempre, nem as melhores máquinas.
Seu pai estava tentando avisá-lo.
— Não é justo — disse ele.
O dragão deu um clique. Houve um longo rangido. Dois cliques curtos. Rangido. Rangido. Quase como um padrão... desencadeando uma antiga lembrança na mente de Leo. Leo percebeu que Festus estava tentando dizer algo. Ele estava usando o código Morse, exatamente como a mãe de Leo lhe havia ensinado anos atrás. Leo ouviu atentamente, traduzindo os cliques em letras: uma mensagem simples repetindo várias
vezes.
— Sim — disse Leo. — Eu entendo. Eu vou fazer isso. Prometo.
Os olhos do dragão escureceram. Festus havia partido.
Leo chorou. Ele não ficou envergonhado. Seus amigos estavam do seu lado, batendo no seu ombro, dizendo coisas reconfortantes; mas o zumbido nos ouvidos de Leo abafavam suas palavras.
Finalmente, Jason disse:
— Sinto muito, cara. O que você prometeu a Festus?
Leo fungou. Ele abriu o painel da cabeça do dragão, só para ter certeza, mas o disco de controle estava rachado e queimado além da reparo.
— Algo que meu pai me disse Leo disse: "Tudo pode ser reutilizado.”
— Seu pai falou com você? — Jason perguntou. — Quando foi isso?
Leo não respondeu. Mexeu nas dobradiças do pescoco de dragão até a cabeça ser desconectada. Pesava cerca de quarenta quilos, mas Leo conseguiu segurá-la em seus braços. Ele olhou para o ceu estrelado e disse:
— Leve-o de volta ao bunker, pai. Por favor, até que eu possa reutilizá-lo. Eu nunca lhe pedi nada.
O vento aumentou, e a cabeça do dragão flutuou para fora dos braços de Leo, como se não pesasse nada. Voou para o céu e desapareceu.
Piper olhou para ele com espanto.
— Ele te atendeu?
— Eu tive um sonho — Leo contou. — Conto a vocês mais tarde.
Ele sabia que devia uma explicação melhor a seus amigos, mas Leo mal podia falar. Sentia-se como uma máquina quebrada — como se alguém tivesse removido uma pequena parte dele, e agora ele nunca mais seria completo. Ele poderia se mover, falar, poderia continuar e fazer o seu trabalho. Mas sempre estaria fora do equilíbrio, nunca estaria calibrado corretamente.
Ainda assim, ele não podia se dar ao luxo de ficar triste para sempre. Caso contrário, Festus teria morrido em vão. Ele tinha que terminar essa missão... por seus amigos, por sua mãe, por seu dragão.
Ele olhou em volta. A grande mansão branca brilhava no centro do terreno. Paredes de tijolo com luzes fortes e câmeras de segurança cercavam o perímetro, mas agora Leo podia ver... ou melhor, sentir... como aquela segurança funcionava.
— Onde estamos? — perguntou ele. — Quero dizer, que cidade?
— Omaha, Nebraska — disse Piper. — Eu vi um cartaz enquanto voávamos. Mas não sei o que é esta mansão. Nós viemos atras de você, mas enquanto você estava pousando, Leo, juro que parecia que... eu não sei...
— Lasers — disse Leo. Ele pegou um pedaço dos destroços do dragão e jogou em direção ao topo do muro. Imediatamente, um revólver surgiu da parede e um raio de puro calor incinerou a placa de bronze em cinzas.
Jason silvou.
— Sistema de defesa. Como ainda estamos vivos?
— Festus — Leo disse miseravelmente. — Ele atraiu os raios. Os lasers o cortaram em pedaços enquanto ele descia, então não perceberam vocês. Eu o levei para uma armadilha mortal.
— Você não poderia saber — disse Piper. — Ele salvou nossas vidas novamente.
— Mas e agora? — Jason disse. — Os portões principais estão trancados, e eu suponho que não posso voar para nos tirar daqui sem levar um tiro.
Leo olhou o caminho que levava à grande mansão branca.
— Se não podemos sair, vamos ter que entrar.

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