O Herói Perdido - CAP. 17

Capítulo XVII - Leo


LEO ESTAVA completamente maravilhado.
A expressão no rosto de todos quando ele voou com o dragão no acampamento! Não tinha preço! Ele imaginou que seus companheiros de chalé estivessem enlouquecendo.
Festus foi incrível também. Ele não queimou um único chalé nem comeu nenhum sátiro, mesmo que ele tenha deixado pingar um pouco de óleo da orelha. Ok, muito óleo. Leo podia trabalhar nisso depois.
Talvez Leo devesse ter aproveitado a chance para contar a todos sobre o bunker 9 ou o desenho do barco voador. Ele precisava de algum tempo para pensar sobre isso. Ele podia contar para eles quando voltasse.
Se voltasse, parte dele pensou.
Que nada, ele voltaria. Ele tinha pegado um cinto de ferramentas mágico incrível no bunker, vários suprimentos agora seguramente guardados na sua mochila. Além disso, ele tinha um dragão que soltava fogo, apesar de vazar um pouco. O que poderia dar errado?
Bem, o disco de controle poderia explodir, a parte pessimista dele sugeriu. Festus poderia comer você.
Ok, então o dragão não estava tão consertado quanto Leo esperava ter deixado. Ele trabalhou a noite toda colocando aquelas asas, mas não encontrou nenhum cérebro extra de dragão em lugar nenhum do bunker. Ei, eles estavam sob um limite de tempo! Três dias até o solstício. Eles tinham que continuar. Além disso, Leo havia limpado o disco bastante bem. A maioria dos circuitos ainda estava bom. Só teriam que
ficar unidos.
Seu lado negativo começou a pensar, É, mas e se...
— Cale a boca — Leo disse em voz alta.
— O quê? — Piper perguntou.
— Nada — ele disse. — Longa noite. Acho que estou alucinando. Tô legal.
Sentado na frente, Leo não podia ver o rosto deles, mas assumiu pelo silêncio que seus amigos não estavam agradecidos em ter um motorista de dragão alucinado e com sono.
— Estou brincando brincando — Leo decidiu que seria bom mudar de assunto. — Então qual é o plano, gente? Vocês disseram algo sobre pegar vento, ou quebrar o vento ou algo assim?
Enquanto eles voavam sobre a Nova Inglaterra, Jason explicou o plano Primeiro, encontrar um sujeito chamado Bóreas e arrancar certa informação dele.
— O nome dele é Bóreas? — Leo teve que perguntar. — O que ele é, o Deus da Chatice?
Segundo, Jason continuou, eles tinham que encontrar aqueles ventus que os atacaram no Grand Canyon.
— Podemos simplesmente chama-los de espíritos da tempestade? — Leo perguntou. — Ventus os faz soarem como cafés-expresso do mal.
E terceiro, Jason acabou, eles tinham que descobrir para quem os espíritos da tempestade trabalhavam, então poderiam encontrar Hera e libertá-la.
— Então você quer procurar Dylan, o cara desagradável da tempestade, de propósito — Leo disse. —   O sujeito que me jogou da passarela do Grand Canyon e sugou o Treinador Hedge para as nuvens.
— É mais ou menos isso — Jason disse. — Bem... pode haver uma loba envolvida, também. Mas acho que ela é amiga. Provavelmente não vai nos comer, a menos que mostremos fraqueza.
Jason lhes contou sobre seu sonho — a grande loba-mãe e a casa queimada com espirais de pedra subindo da piscina de natação.
— Nossa — Leo disse. — Mas você não sabe onde esse lugar é.
— Não — Jason admitiu.
— Também há gigantes — Piper acrescentou. — A profecia diz a vingança dos gigantes.
— Espere aí — Leo disse. — Gigantes... tipo, mais que um? Por que não pode ser simplesmente um gigante que quer vingança?
— Eu acho que não — Piper disse. — Eu lembro que em algumas histórias gregas antigas, havia algo sobre um exército de gigantes.
— Legal — Leo murmurou. — É claro, com nossa sorte, é um exército. Então você sabe mais alguma coisa sobre esses gigantes? Você não fez várias pesquisas sobre mitos para aquele filme com seu pai?
— Seu pai é ator? — Jason perguntou.
Leo riu.
— Eu continuo esquecendo da sua amnésia. Esquecendo a amnésia. É engraçado. Mas sim, o pai dela e Tristan McLean.
— Hã.. Desculpe, mas quem é ele?
— Não importa — Piper disse rapidamente. — Os gigantes... bem, há vários gigantes na mitologia grega. Mas se eu estou pensando nos certos, eles são más notícias. Grandes, quase impossíveis de matar. Eles poderiam arremessar montanhas e essas coisas. Eu acho que eles são relacionados ao titãs. Eles se ergueram da terra depois de Cronos perder a guerra... eu quero dizer, a primeira guerra titã, milhões de anos atrás... e eles tentaram destruir o Olimpo. Se estamos falando sobre os mesmos gigantes...
— Quíron disse que estava acontecendo novamente — Jason lembrou. — O último capítulo. É o que ele quis dizer. Não me admira que ele não quisesse que soubéssemos todos os detalhes.
Leo assobiou.
— Então... gigantes que podem arremessar montanhas. Lobos amigáveis que irão nos comer se mostrarmos fraqueza. Cafés expressos do mal. Entendi. Talvez não seja hora de trazer minha babá psicótica a tona.
— Essa é outra piada? — Piper perguntou.
Leo lhes contou sobre Tía Callida, que era na verdade Hera, e como ela apareceu no acampamento. Ele não lhes contou sobre as habilidades com fogo. Aquele ainda era um assunto delicado, especialmente depois de Nyssa lhe contar que semideuses de fogo tendiam a destruir cidades e coisas. Além disso, Leo teria que falar como causou a morte da mãe, e... não. Ele não estava pronto para conversar sobre isso. Ele conseguiu falar sobre a noite que ela morreu, sem mencionar o fogo, apena dizendo que a oficina mecânica desabara. Era mais fácil sem olhar para os amigos, só mantendo os olhos direto a frente enquanto eles voavam.
E ele lhes contou sobre a mulher estranha em roupas de terra que parecia estar adormecida, e parecia saber o futuro.
Leo estimou que todo o estado de Massachusetts passou abaixo deles antes dos amigos falarem.
— É... perturbador — Piper disse.
— Isso resume tudo — Leo concordou. — O problema é que todos dizem para não confiar em Hera. Ela odeia semideuses. E a profecia disse que causaríamos morte se liberássemos sua raiva. Então eu me pergunto... por que estamos fazendo isso?
— Ela nos escolheu — Jason disse. — Todos nós. Somos os primeiros dos sete que serão reunidos para a Grande Profecia. Essa missão é o começo de algo muito maior.
Aquilo não fazia Leo se sentir melhor, mas ele não podia argumentar com a resolução de Jason. Sentia como se fosse o começo de algo grande. Ele só desejou que, se houvessem mais semideuses destinados a ajudá-los, eles aparecessem rápido. Leo não queria ser responsável por todas aquelas aventuras aterrorizantes de risco de vida.
— Além disso — Jason continuou — ajudar Hera é o único jeito para que eu possa conseguir minha memoria de volta. E aquela torre negra no meu sonho parecia ser alimentada pela energia de Hera. Se aquela coisa libertar um rei dos gigantes, destruindo Hera...
— Não é uma boa troca — Piper concordou. — Pelo menos Hera está do nosso lado, um pouco. Perdê-la iria lançar os deuses em caos. Ela que mantém a paz na família  E uma guerra contra os gigantes poderia ser ainda mais destrutível que a Guerra dos Titãs.
Jason assentiu.
— Quíron também falou sobre forças piores se agitando no solstício, com esse dia é uma boa época para magia negra, e tudo mais, algo que poderia acordar se Hera fosse sacrificada nesse dia. E essa mestra que está controlando os espíritos da tempestade, a que quer matar todos os semideuses...
— Pode ser aquela mulher estranha dormindo — Leo concluiu. — Mulher-Sujeira totalmente acordada? Não é algo que eu queira ver.
— Mas quem é ela? — Jason perguntou. — E o que ela tem a ver com gigantes?
Boas perguntas, mas nenhuma delas tinha resposta. Eles voaram em silêncio enquanto Leo pensava se ele fizera a coisa certa, compartilhando tanto. Ele nunca contara a ninguém sobre aquela noite na oficina. Mesmo que ele não tivesse contado toda a história, ainda se sentia estranho, como se abrisse seu peito e tirasse todas as engrenagens que o permitia fazer tique-taque. Seu corpo estava tremendo, e não era pelo frio. Ele esperou que Piper, sentada atrás dele, não pudesse ver.
A forja e a pomba devem quebrar a sela. Não era aquela linha da profecia? Significava que Piper e ele teriam que encontrar um jeito de quebrar aquela prisão mágica de rocha, assumindo que pudessem encontrá-la. Então eles libertariam a ira de Hera, causando muitas mortes. Bem, aquilo parecia divertido! Leo vira Tía Callida em ação; ela gostava de facas, cobras e de colocar bebês em lareiras acesas. Sim, definitivamente vamos libertar sua ira. Grande ideia.
Festus continuou voando. O vento ficou mais quente, e abaixo deles florestas nevadas pareciam continuar para sempre. Leo não sabia exatamente onde era Quebec. Ele disse para Festus levá-los ao palácio de Bóreas, e Festus continuou indo para o norte. Esperançosamente, o dragão saberia o caminho, e eles não acabariam no Polo Norte.
— Por que você não dorme um pouco? — Piper disse no seu ouvido. — Você esteve acordado a noite toda.
Leo queria protestar, mas a palavra dormir soou realmente bem.
— Você não vai me deixar cair?
Piper bateu de novo no seu ombro.
— Confie em mim, Valdez. Pessoas bonitas nunca mentem.
— Certo — ele murmurou. Ele se encostou no pescoço de bronze do dragão, que estava quentinho, e fechou os olhos.