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O Herói Perdido - CAP. 10

.. domingo, 31 de março de 2013

Capítulo X - Piper


A IDEIA DA FOGUEIRA NO acampamento assustava Piper. A fazia lembrar daquela grande fogueira púrpura dos sonhos, e seu pai amarrado num poste.
O que ela encontrou era quase tão apavorante quanto: as pessoas cantavam. As arquibancadas do anfiteatro tinham sido construídas ao lado de uma colina, de frente para uma fogueira alinhada com pedras. Cinquenta ou sessenta crianças enchiam as fileiras, agrupadas sob diferentes bandeiras.
Piper localizou Jason na frente, ao lado de Annabeth. Leo estava por perto, sentado com um grupo de campistas fortes sob uma bandeira prateada com um martelo como brasão. Em pé a frente do fogo, meia-dúzia de campistas com guitarras e harpas antiquadas e estranhas — liras? — estavam pulando, cantando uma música sobre pedaços de armaduras e algo sobre como as suas avós vestiam-se para a guerra. Todos
estavam cantando com eles e fazendo gestos para os pedaços de armadura e brincando. Era possivelmente a coisa mais estranha que Piper já viu — uma daquelas músicas de fogueira que seriam completamente embaraçosas na luz do dia; mas no escuro, com todos participando, era meio que brega e divertido. Conforme o nível de energia crescia, as chamas também cresciam, virando de vermelho para laranja e para dourado.
Finalmente a música acabou com vários aplausos desordeiros. Um sujeito num cavalo trotou. Pelo menos na luz bruxuleante, Piper pensou que era um sujeito num cavalo. Então ela percebeu que era um centauro — na metade de baixo era um garanhão branco, na sua metade de cima um sujeito de meia-idade com cabelo cacheado e uma barba cortada. Ele brandiu uma lança espetada com marshmallows tostados.
— Muito bem! E vamos dar as boas-vindas para os nossos novos companheiros. Eu sou Quíron, diretor do acampamento e das atividades, e estou feliz de que todos vocês chegaram aqui vivos e com a maioria dos seus membros fixados. Num momento, prometo que vamos aos marshmallows, mas primeiro...
— Que tal a captura a bandeira? — alguém gritou.
Gritos romperam de algumas crianças com armadura, que estavam sob uma bandeira vermelha com o emblema de uma cabeça de javali.
— Sim — o centauro disse. — Eu sei que o chalé de Ares está ansioso para retornar à floresta a às nossas atividades regulares.
— E para matar pessoas! — um deles gritou.
— Porém — Quíron disse — até o dragão ser posto sob controle, isso não será possível. Chalé 9, algo para informar a respeito disso?
Ele virou para o grupo do Leo. Leo piscou para Piper e atirou nela com uma arma imaginaria. A garota perto dele levantou-se desconfortavelmente. Ela vestia um casaco de exército como o de Leo, com seu cabelo coberto com uma bandana vermelha.
— Estamos trabalhando nisso.
Mais rosnados.
— Como, Nyssa? — uma criança de Ares exigiu.
— Duro, muito duro — a garota respondeu.
Ela sentou e seguiram-se vários gritos e reclamações, o que fez o fogo crepitar caoticamente. Quíron bateu o casco contra as pedras do poco de fogo — bang, bang, bang — e os campistas silenciaram.
— Teremos que ser pacientes — Quíron disse. — Entretanto, temos questões mais urgentes a discutir.
— Percy? — alguém perguntou.
O fogo ficava cada vez mais revolto, mas Piper não precisava olhar para as chamas para sentir a ansiedade da multidão.
Quíron gesticulou para Annabeth. Ela respirou fundo e se levantou.
— Eu não encontrei Percy — ela anunciou. Sua voz falhou um pouco quando ela disse seu nome. — Ele não estava no Grand Canyon como pensei. Mas não estamos desistindo. Temos equipes em todos os lugares. Grover, Tyson, Nico, as Caçadoras de Ártemis... todos estão procurando. Nós vamos encontrá-lo. Quíron esta falando sobre algo diferente. Uma nova missão.
— É a Grande Profecia, não é? — uma garota gritou.
Todos viraram. A voz viera de um grupo na parte de trás, com uma bandeira cor-de-rosa enfeitada com uma pomba. Eles estiveram conversando entre eles e não dando muita atenção até a líder deles se levantar: Drew.
Todos olharam surpresos. Aparentemente, Drew não discutia muito com a multidão.
— Drew? — Annabeth disse. — O que você quer dizer?
— Bem, vamos lá — Drew abriu as mãos como se a verdade estivesse óbvia. — O Olimpo está fechado. Percy está desaparecido. Hera lhe manda uma visão e você volta com três novos semideuses num dia. Digo, algo estranho está acontecendo. A Grande Profecia começou, certo?
Piper sussurrou para Rachel.
— Sobre o que ela está falando? Grande Profecia?
Então ela percebeu que todos estavam olhando para Rachel, também.
— Então? — Drew invocou. — Você é o oraculo. Começou ou não?
Os olhos de Rachel pareciam assustados na luz da fogueira. Piper tinha medo que ela pudesse apertar e começar a canalizar uma estranha deusa novamente, mas ela deu um passo a frente calmamente e disse ao acampamento:
— Sim — ela disse. — A Grande Profecia começou.
O pandemônio rompeu.
Piper pegou o olhar de Jason. Ele gesticulou com os lábios, Você está bem? Ela assentiu e administrou um sorriso, mas então desviou o olhar. Era muito doloroso vê-lo e não estar com ele.
Quando a conversa finalmente baixou, Rachel deu outro passo para a plateia, e mais de cinquenta semideuses recuaram dela, como se uma mortal ruiva e magra fosse mais ameaçadora que todos eles colocados juntos.
— Para todos que não ouviram — Rachel disse — a Grande Profecia foi minha primeira profecia. Chegou em agosto. E dia mais ou menos isto:


“Sete meio-sangues responderão ao chamado.
Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado..."

Jason se levantou. Seus olhos pareciam selvagens, como se tivesse acabado de ser acertado por uma arma de choque.
Até Rachel pareceu pega de surpresa.
— J-Jason? — ela disse. — O que está...
— Ut cum spiritu postrema sacramentum dejuremus — ele entoou. — Et hostes ornamenta addent ad ianuam necem.
Um silêncio inquietante estabeleceu-se no grupo. Piper pode ver pelos seus rostos que vários deles estavam tentando traduzir as linhas. Ela podia dizer que era latim, mas não tinha certeza porque seu esperançosamente futuro namorado estava subitamente cantando como um sacerdote católico.
— Você acabou de... terminar a profecia — Rachel gaguejou. — Um juramento a manter como um alento final / E inimigos com armas às Portas da Morte afinal. Como você...
— Eu conheço essas linhas — Jason tremeu e colocou as mãos nas têmporas. — Não sei como, mas eu conheço essa profecia.
— Em latim, ainda por cima — Drew gritou. — Bonito e esperto.
Houve alguns risos no chalé de Afrodite. Deus, que bando de perdedores, Piper pensou. Mas não fazia muito para quebrar a tensão. A fogueira estava queimando uma tonalidade caótica e nervosa de verde.
Jason sentou, parecendo embaraçado, mas Annabeth colocou uma mão no seu ombro e murmurou algo tranquilizador. Piper sentiu uma pontada de ciumes. Devia ser ela ao lado dele, reconfortando-o.
Rachel Dare ainda parecia um pouco perdida. Ela olhou para Quíron pedindo por orientação, mas o centauro continuou parado em silêncio, como se estivesse assistindo uma peça que não poderia interromper — uma tragédia que acabaria com muitas pessoas mortas no palco.
— Bem — Rachel disse, tentando recuperar sua compostura. — Então, esta é a Grande Profecia. Esperávamos que não se realizasse por anos, mas temo que esteja começando agora. Não posso provar. É apenas uma sensação. E como Drew disse, alguma coisa estranha esta acontecendo. Os sete semideuses, quem quer que sejam, ainda não foram reunidos. Tenho a sensação que alguns estão aqui essa noite. Alguns não.
Os campistas começaram a murmurar, olhando um para o outro nervosamente, até que uma voz sonolenta na multidão gritou:
— Estou aqui! Ah... vocês estavam fazendo chamada?
— Volte a dormir, Clovis — alguém gritou, e várias pessoas riram.
— Entretanto — Rachel continuou — não sabemos o que a Grande Profecia significa. Não sabemos que desafio os semideuses irão enfrentar, mas como a primeira Grande Profecia profetizou a Guerra dos Titãs, podemos supor que a segunda Grande Profecia irá profetizar algo, no mínimo, tão ruim quanto.
— Ou pior — Quíron murmurou.
Talvez ele não quisesse que todos ouvissem, mas ouviram.
A fogueira imediatamente ficou púrpura, a mesma cor como no sonho de Piper.
— O que nós sabemos — Rachel disse — é que a primeira fase começou. Um problema maior surgiu, e precisamos de uma missão para resolver isso. Hera, a rainha dos deuses, foi raptada.
Um silêncio de choque tomou conta de todos. Então cinquenta semideuses começaram a conversar de vez. Quíron bateu seu casco novamente, mas Rachel ainda teve que esperar antes que pudesse recuperar a atenção deles.
Ela contou-os sobre o acidente na passarela do Grand Canyon — como Gleeson Hedge sacrificou-se quando os espíritos da tempestade atacaram, e os espíritos alertaram que era só o começo. Eles aparentemente serviam alguma grande mestra que destruiria todos os semideuses.
Então Rachel contou para eles sobre o desmaio de Piper no chalé de Hera. Piper tentou manter uma expressão calma, mesmo quando ela notou Drew na fileira de trás, imitando um desmaio, e suas amigas rindo. Finalmente Rachel lhes contou sobre a visão de Jason na sala de estar da Casa Grande. A mensagem que Hera entregou era tão similar que Piper teve um calafrio. A unica diferença: Hera alertara para Piper não traí-la: Curve-se ao seu desejo, e o rei deles irá se erguer, condenando a todos nós. Hera sabia sobre a ameaça do gigante. Mas se aquilo era verdade, por que ela não alertara Jason, e expôs Piper como uma agente inimiga?
— Jason — Rachel disse. — Hã... você lembra de seu sobrenome?
Ele parecia pensar, mas sacudiu a cabeça.
— Vamos só lhe chamar de Jason, então — Rachel disse. — Está claro que a própria Hera lhe enviou uma missão.
Rachel pausou, como se desse a Jason uma chance de protestar seu destino. Os olhos de todos estavam nele; havia tanta pressão, Piper pensou que teria se curvado na sua posição. Contudo ele parecia corajoso e determinado. Ele endureceu a mandíbula e assentiu.
— Eu concordo.
— Você deve salvar Hera para prevenir um grande mal — Rachel continuou. — Algum tipo de rei está se erguendo. Por motivos que ainda não entendemos, deve acontecer no solstício de inverno, somente a quatro dias a partir de agora.
— Esse é o dia do conselho dos deuses — Annabeth disse. — Se os deuses já não sabem que Hera sumiu, eles definitivamente irão reconhecer sua a ausência então. Eles provavelmente começarão a brigar, acusando um ao outro de raptá-la. É o que eles geralmente fazem.
— O solstício de inverno — Quíron falou — também é a hora de maior escuridão. Os deuses se reúnem nesse dia, como mortais sempre fazem, pois há muita força em jogo. No solstício a magia do mal ganha força. Magia antiga, mais velha que os deuses. É o dia quando as coisas... se agitam.
Do jeito que ele disse isso, agitação soou absolutamente sinistro — como se fosse um crime, e não algo normal.
— Ok — Annabeth falou, olhando para o centauro. — Obrigada, Capitão Sunshine. O que quer que esteja acontecendo, eu concordou com Rachel. Jason foi escolhido para liderar essa missão, então...
— Por que ele não foi reclamado? — alguém gritou do chalé de Ares. — Se ele é tão importante...
— Ele foi reclamado — Quíron anunciou. — Tempos atrás. Jason, nos dê uma demonstração.
A principio, Jason não pareceu entender. Ele deu um passo para frente nervosamente, mas Piper não pôde deixar de pensar como ele parecia incrível com seus cabelos loiros brilhando na luz do fogo, suas feições reais como a de uma estátua romana. Ele olhou para Piper, e ela assentiu encorajadoramente. Ela fez uma mímica de arremessar uma moeda.
Jason colocou uma mão no bolso. Sua moeda cintilou no ar, e quando ele a pegou em sua mão, ele estava segurando uma lança — uma haste de ouro de aproximadamente dois metros, com uma ponta de dardo numa extremidade. Os outros semideuses ofegaram. Rachel e Annabeth deram um passo para trás para evitar a ponta, que parecia afiada como um furador de gelo.
— Isso não era... — Annabeth hesitou. — Pensei que você tivesse uma espada.
— Hã, algumas vezes cresce um pouco mais, eu acho — Jason disse. — A mesma moeda na forma de arma de longo alcance...
— Rapaz, eu quero uma! — gritou alguém do chalé de Ares.
— Melhor que a lança elétrica da Clarisse, cara! — um dos seus irmãos concordou.
— Elétrica... — Jason murmurou como se fosse uma boa ideia. — Afastem-se.
Annabeth e Rachel entenderam a mensagem. Jason levantou sua lança, e um trovão rompeu no céu  Todos os pelos no braço de Piper se eriçaram. Um raio arqueou para baixo através do ponto da lança dourada e acertou a fogueira com a forca de um projetil de artilharia.
Quando a fumaça dissipou, e o zumbido nos ouvidos de Piper diminuiu, o acampamento inteiro estava congelado em choque, meio cego, coberto de cinzas, olhando para o lugar onde a fogueia estava. Choveu cinzas de todo o lugar. Um pedaço de lenha queimando empalou-se alguns metros da criança dorminhoca Clovis, que não tinha nem se mexido.
Jason baixou sua lança.
— Hã... desculpe.
Quíron limpou algumas brasas queimando na sua barba. Ele fez uma careta como se seus piores medos fossem confirmados.
— Um pouco destruidor, talvez, mas você conseguiu o que queria. E acredito que saibamos que seu pai é.
— Júpiter — Jason disse. — Quero dizer, Zeus. O Senhor do Céu.
Piper não pode deixar de sorrir. Fazia perfeito sentido. O deus mais poderoso, o pai de todos os maiores heróis nos mitos antigos — ninguém mais poderia ser o pai de Jason.
Aparentemente, o resto do acampamento não tinha tanta certeza. Tudo quebrou em caos, com dúzias de pessoas perguntando coisas até Annabeth levantar os braços.
— Esperem! — ela disse. — Como ele pode ser filho de Zeus? Os Três Grandes... o pacto deles de não ter filhos mortais... como não pudemos saber sobre ele antes?
Quíron não respondeu, mas Piper teve a sensação de que ele sabia. E a verdade não era boa.
— A coisa importante — Rachel disse — é que Jason está aqui agora. Ele tem uma missão para cumprir, o que significa que ele precisará da sua própria profecia.
Ela fechou os olhos e desmaiou. Dois campistas correram para a frente e a pegaram. Um terceiro correu para o lado do anfiteatro e pegou um banco dourado de três pernas, como se tivessem sido treinados para essa função. Eles soltaram Rachel no banco em frente a fogueira arruinada. Sem o fogo, a noite era escura, mas névoa verde começou a redemoinhar ao redor dos pés de Rachel. Quando ela abriu os olhos, eles estavam brilhando. Fumaça esmeralda surgiu de sua boca. A voz que saiu era rouca e antiga — o som que uma cobra faria se pudesse falar:

“Filho do relâmpago, tome cuidado com o chão,
Da vingança dos gigantes os sete nascerão,
A forja e a pomba devem abrir a cela,
E liberar a morte pela raiva de Hera.

Após a última palavra, Rachel caiu, mas seus ajudantes estavam esperando para pegá-la. Eles a carregaram para fora do anfiteatro e a deitaram no canto para descansar.
— Isso é normal? — Piper perguntou. Então ela percebeu que havia falado no silêncio, e todos estavam olhando para ela. — Digo... ela costuma soltar fumaça verde constantemente?
— Deuses, como você é estupida! — Drew zombou. — Ela acabou de dizer uma profecia... a profecia de Jason para salvar Hera! Por que você simplesmente não...
— Drew — Annabeth vociferou. — Piper fez uma pergunta clara. Algo sobre essa profecia definitivamente não é normal. Se ao tirar Hera da prisão vamos libertar sua ira e causar várias mortes... por que a libertaríamos? Pode ser uma armadilha, ou... ou talvez Hera vá se virar contra seus salvadores. Ela nunca foi gentil com heróis.
Jason levantou.
— Não tenho muita escolha. Hera roubou minha memória. Preciso dela de volta. Além disso, não podemos simplesmente não ajudar a rainha dos céus se ela estiver em perigo.
Uma garota do chalé de Hefesto se levantou — Nyssa, a de bandana vermelha.
— Talvez. Mas você devia ouvir a Annabeth. Hera pode ser vingativa. Ela jogou seu próprio filho, nosso pai, do alto de uma montanha só porque ele era feio.
— Realmente feio — riu alguém de Afrodite.
— Cale a boca! — Nyssa rosnou. — Em todo o caso, também temos que pensar: por que tomar cuidado com o chão? E o que é a vingança dos gigantes? Com o que estamos lidando que é poderoso o bastante para sequestrar a rainha dos céus?
Ninguém respondeu, mas Piper notou Annabeth e Quíron tendo uma troca de olhar silenciosa. Piper pensou que era algo como:
Annabeth: A vingança dos gigantes... não, não pode ser.
Quíron: Não fale disso aqui. Não os assuste.
Annabeth: Você está brincando comigo! Não podemos ser tao azarados assim.
Quíron: Depois, criança. Se você contar-lhes tudo, eles estariam muito aterrorizados para continuar.
Piper sabia que era loucura pensar que ela podia ler suas expressões tão bem — duas pessoas que ela mal conhecia. Mas ela estava absolutamente certa de que ela os entendera, e ficou morta de medo.
Annabeth respirou fundo.
— A missão é de Jason — ela anunciou — então a escolha é de Jason. Obviamente, ele é o filho do relâmpago. Segundo a tradição, ele pode escolher dois companheiros quaisquer.
Alguém do chalé do Hermes gritou:
— Bem, você obviamente, Annabeth. Você tem mais experiência.
— Não, Travis — Annabeth disse. — Primeiro, eu não poderia ajudar Hera. Todas as vezes que tentei, ela me enganou, ou voltou para trapacear depois. Esqueça. Sem chance. Em segundo lugar, a primeira coisa que vou fazer amanhã é partir para encontrar Percy.
— Está conectado — Piper deixou escapar, sem saber como ela teve coragem. — Você sabe que é verdade, não é? Toda essa história, o desaparecimento do seu namorado... tudo está conectado.
— Como? — perguntou Drew. — Se você e tao esperta, como?
Piper tentou formar uma resposta, mas não conseguiu.
Annabeth a salvou.
— Você pode estar certa, Piper. Se isso esta conectado, vou descobrir o outro lado... procurando por Percy. Como disse, não poderia resgatar Hera, mesmo que seu desaparecimento coloque o resto dos olimpianos em guerra novamente. Mas há outro motivo para que eu não vá. A profecia diz outra coisa.
— Diz quem eu devo escolher — Jason concordou. — A forja e a pomba devem abrir a cela. A forja é o simbolo de Vul... Hefesto.
Sob a bandeira do Chalé 9, os ombros da Nyssa caíram, como se lhe fosse dada uma bigorna pesada para carregar.
— Se precisamos ter cuidado com a terra — ela disse — você devia evitar viajar por terra. Você precisará de transporte aéreo.
Piper estava prestes a gritar que Jason podia voar. Mas então ela pensou melhor a respeito. Aquilo era para Jason contar, e ele não fez isso. Talvez ele calculasse que já tivera alucinado-os o bastante para uma noite.
— A biga voadora está quebrada — Nyssa continuou — e quanto aos pégasos, estamos usando para procurar pelo Percy. Mas talvez o chalé Hefesto possa ajudar descobrindo algo mais para ajudar. Com Jake incapacitado, sou a campista veterana. Posso voluntariar-me para a missão.
Ela não soava entusiasmada.
Então Leo levantou-se. Ele estivera muito quieto, Piper quase esqueceu que ele estava ali, o que e totalmente fora do estilo de Leo.
— Sou eu — ele disse.
Seus companheiros se agitaram. Vários tentaram empurrá-lo de volta ao assento, mas Leo resistiu.
— Não, sou eu. Eu sei que é. Eu tenho uma ideia para o problema do transporte. Deixem-me tentar. Eu posso resolver isso!
Jason estudou-o por um momento. Piper tinha que certeza que ele ia dizer não para Leo. Então ele sorriu. — Começamos isso juntos, Leo. Parece certo que você venha também. Se você nos encontrar uma carona, você esta dentro.
— Yes! — Leo bateu o punho.
— Será perigoso — Nyssa o alertou. — Um caminho duro, com monstros e sofrimentos terríveis. Talvez nenhum de vocês volte vivo.
— Ah. — Subitamente Leo não pareceu tão animado. Então ele lembrou que todos estavam observando. — Digo... Ah, legal! Sofrimento? Amo sofrimento! Vamos fazer isso.
Annabeth assentiu.
— Então, Jason, você só precisa escolher o terceiro membro da missão. A pomba...
— Ah, absolutamente! — Drew estava de pé e brilhando um sorriso a Jason. — A pomba é Afrodite. Todos sabem disso. Eu sou totalmente sua.
As mãos de Piper cerraram-se. Ela deu um passo a frente.
— Não.
Drew virou os olhos.
— Ah, por favor, garota insuportável. Desista.
— Eu tive a visão de Hera; não você. Eu tenho que fazer isso.
— Qualquer um pode ter uma visão — Drew disse. — Você só estava no lugar certo na hora certa. — Ela virou para Jason. — Olhe, lutar é fácil, suponho. E pessoas que constroem coisas... — Ela olhou para Leo em desdém. — Bem, suponho que alguém tenha que sujar as mãos. Mas voce precisa de charme do seu lado. Eu posso ser muito persuasiva. Eu poderia ajudar muito.
Os campistas começaram a murmurar sobre como Drew era bastante persuasiva. Piper podia ver Drew conquistando-os. Até Quíron estava coçando a barba, como se a participação de Drew subitamente fizesse sentido para ele.
— Bem... — Annabeth falou. — Dadas as palavras da profecia...
— Não! — A própria voz de Piper soou estranha aos seus ouvidos — mais insistente e rica em tom. — Eu tenho que ir.
Então a coisa mais estranha aconteceu. Todos começaram a acenar, murmurando que sim, o ponto de vista da Piper fazia sentido também. Drew olhou em volta, incrédula. Atá algumas das suas próprias campistas estavam assentindo.
— Sai dessa! — Drew vociferou para a multidão. — O que Piper pode fazer?
Piper tentou responder, mas sua confiança começou a se esvair. O que ela podia oferecer? Ela não era uma lutadora, ou planejadora, ou uma montadora. Ela não tinha experiência exceto entrar em encrenca e ocasionalmente convencer pessoas a fazer coisas estúpidas.
E mais, ela era uma mentirosa. Ela precisava ir nessa missão por motivos que iam além de Jason — e se ela fosse ela acabaria traindo todos ali. Ela ouviu aquela voz no sonho: Execute nossa ordem, e você pode partir viva. Como ela podia fazer uma escolha assim — entre ajudar seu pai e ajudar Jason?
— Bem — Drew disse presunçosamente — suponho que isso resolve as coisas.
Subitamente ouve uma arfada coletiva. Todos olharam para Piper como se ela fosse explodir. Ela queria saber o que fez de errado. Então ela percebeu que havia um brilho avermelhado ao redor dela.
— O que é isso? — ela perguntou.
Ela olhou sobre si, mas não havia nenhum sinal queimando como o que apareceu sobre Leo. Então ela olhou para baixo e ganiu.
Suas roupas... o que no mundo ela estava vestindo? Ela desprezava vestidos. Ela não tinha vestidos. Mas agora ela estava adornada num bonito vestido branco sem mangas que descia aos tornozelos, com um decote em forma de V tao baixo que era totalmente embaraçoso. Delicados braceletes dourados estavam em seus braços. Um colar intrincado colar de âmbar, coral e flores douradas resplandecia em seu peito e seu cabelo...
— Ah, Deus — ela disse. — O que aconteceu?
Uma maravilhada Annabeth apontou para a adaga de Piper, que estava agora brilhava, pendurada ao seu lado por laços dourados. Piper não queria puxá-la. Ela tinha medo do que veria. Mas sua curiosidade venceu. Ela desembainhou Katoptris e olhou para seu reflexo na lamina de metal polida. Seu cabelo estava perfeito: luxuriante, longo e castanho-chocolate, trancado com fitas douradas num lado de forma que caia no seu ombro. Ela até usava maquiagem, melhor do que Piper jamais iria saber se produzir — toques sutis que faziam seus lábios vermelho-cereja e exibia todas as cores diferentes no seus olhos.
Ela estava... ela estava...
— Linda — Jason exclamou. — Piper, você... você está uma maravilha.
Sob diferentes circunstâncias, aquilo teria sido o momento mais feliz da sua vida. Mas agora todos estavam olhando para ela como se fosse um fenômeno. O rosto de Drew estava completo de horror e repulsão.
— Não! — ela gritou. — Não é possível!
— Esta não sou eu — Piper protestou. — Eu... não entendo.
O centauro Quíron dobrou as pernas frontais e inclinou-se para ela, e todos os campistas seguiram seu exemplo.
— Saudações, Piper McLean — Quíron anunciou gravemente, como se ele estivesse falando no seu funeral. — Filha de Afrodite, senhora das pombas, deusa do amor.

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